Direção – Paulo Sacramento
Documentário
O complexo do Carandiru foi o maior presídio da América
Latina até ser desativado em 2002. Este documentário foi produzido durante os
últimos meses antes do fechamento do local e tem como um dos pontos principais
ter sido filmado em grande parte pelos próprios detentos. O diretor Paulo
Sacramento deixou um câmera com alguns detentos, que filmaram praticamente todo
o local, inclusive em horários como a madrugada, conseguindo mostrar ao
espectador como funcionava e como viviam os presos naquele verdadeiro inferno.
O local que ficou conhecido mundialmente pelo chamado “Massacre do Carandiru”
em 1992 e depois pela versão para o cinema do livro de Drauzio Varela, que foi dirigido
por Hector Babenco, era uma cidade com regras próprias, muitas delas criadas
pelos próprios presos para tentar manter alguma ordem em meio ao caos, o
abandono e a falta de condições para se viver.
A câmera na mão dos detentos
captou todo o tipo de situação e abriu caminho para vários presos darem
seus depoimentos. Vemos o pessoal que organizava os jogos de futebol, os
lutadores de boxe, os estrangeiros reclamando de estarem abandonados, os cultos
com os detentos que se tornaram evangélicos, o precário atendimento médico
prestado ainda por Drauzio Varela, as diversas alas, entre elas a dos
homossexuais e o maldito Pavilhão 9, além dos negócios feitos pelos presos, que
utilizavam cigarro como moeda de troca, sem contar verdadeiras aulas de como
produzir drogas e destilar cachaça, crimes que vários detentos cometiam dentro
do local debaixo das vistas grossas das autoridades.
Sem entrar no mérito de
como deve ser tratado um presidiário ou o tipo de pena para cada crime, um
local como o Carandiru era um depósito de pessoas, uma verdadeira escola do
crime que tinha de acabar. O depoimento de um detento que virou pastor mostra
bem a falência do sistema. Ele citava que após a criação da famosa facção
criminosa, a vida do preso melhorou e a violência no local praticamente acabou,
ou seja, este grupo tomou o lugar que seria das autoridades.
Finalizando, quem
vive ou conhece São Paulo e viajou de metrô passando ao lado do Carandiru
quando este existia, jamais vai esquecer as roupas e panos pendurados nas
grades dos enormes pavilhões e a fila de visitantes que se formava em frente ao
local aos domingos.
3 comentários:
Um filme forte, cru até, que mostra muito bem a questão dos presos e daquele lugar...
bjs
Um dos poucos filmes da retomada do cinema brasileiro que eu ainda não vi, mas já tenho o link e pretendo baixá-lo. Abraços.
Amanda - Extremamente real.
Gilberto - É um documentário forte.
Abraço
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