Direção – André Iki Siqueira & Beto Macedo
Documentário
Este documentário conta a trajetória de João Saldanha, uma
das figuras mais polêmicas do jornalismo esportivo brasileiro. Sem papas na
língua, brigão e comunista, Saldanha além de jornalista foi também técnico de
futebol, tendo sido campeão carioca em 1957 dirigindo o Botafogo, seu time de
coração e também foi o responsável pela montagem da seleção brasileira
tricampeã do mundo em 1970 no México. A passagem de Saldanha pela seleção é
provavelmente o ponto principal do documentário.
Em 1966, a seleção brasileiro
fez uma péssima campanha na Copa do Mundo da Inglaterra e passou a ser
bombardeado por todos os lados. Saldanha era um dos maiores críticos,
principalmente da antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que era
comandada a mão de ferro por João Havelange. O esperto Havelange, pensando em deixar
de ser o alvo das críticas, de forma surpreendente convidou Saldanha para
dirigir a seleção, que também estranhamente aceitou o convite.
O trabalho de
Saldanha foi impecável, conseguiu montar um belo time que venceu todas as
partidas nas eliminatórias e transformou o Brasil em grande favorito, porém o seu
sucesso passou a ameaçar o governo militar do General Médici. O pensamento do
governo era ver Saldanha fracassar, mas quando perceberam a possibilidade do
país ser campeão sendo dirigido por um comunista, eles acionaram a chamada
“imprensa marrom”, as bocas de aluguel que começaram a criar pequenos fatos e
deturpar notícias para enfraquecer Saldanha, que acabou sendo demitido poucos
meses antes da Copa, dando lugar a um conhecido amigo dos poderosos, Zagallo,
sujeito que jamais entraria em conflito com os superiores.
Esta situação
infelizmente continua comum nos dias atuais, mesmo vivendo numa democracia, a
força da mídia levanta ou derruba uma pessoa de acordo com seus interesses. No
jornalismo esportivo atual vemos diariamente “especialistas” defendendo ideias
absurdas em favor dos interesses de seu empregador ou do seu time do coração.
Saldanha foi um ícone numa época em que ainda existia o jornalista por
ideologia, que tinha opinião própria e não se preocupava em agradar alguém em
troca de algo, seguir manuais de redação ou linha editorial.
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