O diretor canadense Denys Arcand ficou conhecido mundialmente quando o longa "O Declínio do Império Americano" concorreu ao Oscar de Filme Estrangeiro em 1987. O filme não venceu, mas Arcand se tornou um queridinho da crítica, fazendo em seguida bons trabalhos como "Jesus de Montreal" e "Amor e Restos Humanos".
Arcand voltaria ao Oscar para vencer com "As Invasões Bárbaras", uma continuação do filme de 1987.
Aqui comento estes dois filmes, trabalhos diferenciados recheados de diálogos afiados e com uma interessante visão do diretor em relação ao ciclo da vida e as relações humanas.
O Declínio do Império Americano (Le Déclin de L’Empire
Américain, Canadá, 1986) – Nota 7,5
Direção – Denys Arcand
Elenco – Dominique Michel, Dorothée Berryman, Louise Portal,
Pierre Curzi, Rémy Girard, Yves Jacques, Geneviéve Rioux, Daniel Briére,
Gabriel Arcand.
Numa casa de campo na beira de um lago, quatro amigos
intelectuais passam a tarde preparando um jantar e conversando sobre a vida,
seus amores, traições e principalmente sexo. Enquanto isso, quatro mulheres
estão numa academia conversando sobre os mesmos temas. No final do dia todos se
juntam para o jantar, onde em meio a discussões filosóficas, alguns segredos
vem à tona.
Clássico cult dos anos oitenta, este longa do canadense Denys
Arcand é falado em francês e tem como ponto principal os diálogos afiados que
mostram todo o cinismo, egoísmo e falhas de caráter do ser humano,
principalmente no quesito das relações amorosas.
O título do longa é o mesmo de
um livro escrito por uma das personagens, que pode também ser comparado ao
declínio das relações estáveis, já que nos anos oitenta o individualismo
começava a se tornar cada vez mais forte.
As Invasões Bárbaras (Les Invasions Barbares, Canadá, 2003)
– Nota 7,5
Direção – Denys Arcand
Elenco – Rémy Girard, Stéphanne Rousseau, Marie Josée Croze,
Marina Hands, Dorothée Berryman, Johanne Marie Tremblay, Yves Jacques, Louise
Portal, Dominique Michel.
Dezesseis anos após o filme original, o diretor Denys
Arcand reencontra seus personagens em outro estágio da vida. Se no filme
anterior eles estavam no auge da carreira e da vida sexual, aqui todos estão
entrando na terceira idade e desta vez a trama coloca como personagem principal
o mulherengo Rémy (Rémy Girard), que tem uma doença terminal e pede para a
ex-esposa Louise (Dorothée Berryman) chamar os velhos amigos. Rémy também
precisa se acertar com o filho Sébastien (Stéphanne Rosseau), que ao contrário
do pai que era professor, ele se tornou executivo do mercado financeiro. Um
interessante conflito se cria entre os ideais de vida do velho acadêmico e o
pragmatismo financeiro do filho.
É curioso também ver como se desenvolveram os
outros personagens. Temos o mulherengo (Pierre Curzi) que se casou com uma
jovem e agora tem dois filhos pequenos e as amigas Diane (Louise Portal) e
Dominique (Dominique Michel) que continuam trocando de amantes, mas que no
fundo sentem-se sozinhas.
O ponto principal aqui é mostrar as consequências de
nossos atos nas relações amorosas, relacionamento com filhos e amigos, com uma
pitada ainda do chamado conflito de gerações e as diferenças entre o passado e
a modernidade, inclusive nos valores.
As invasões bárbaras do título se referem
aos ataques de 11 de Setembro e também as mudanças de valores das últimas
décadas, onde a utopia de esquerda representada por Rémy e seus amigos
intelectuais deu lugar ao capitalismo frio e selvagem representado por
Sébastien.
5 comentários:
Só assisti As Invasões Bárbaras, que gostei muito.
Preciso ver o primeiro.
Taí dois filmes que preciso ver.
bjs
Renato - Os dois filmes se completam.
Amanda - Tenho certeza que irá gostar.
Abraço
Bem legal! Achei as sinopses muito interessantes.
Nani - São dois ótimos dramas.
Até mais
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