No Festival de Cannes do ano passado, o elenco e o diretor
do filme “Aquarius” protagonizaram um protesto a favor de um governo corrupto
que levou o país ao caos generalizado que vivemos atualmente. Há poucos dias,
um grupo de cineastas e críticos assinaram um manifesto exigindo a retirada do
documentário “O Jardim das Aflições” do Festival de Cinema de Pernambuco, por ser
baseado em um livro do polêmico Olavo de Carvalho.
Estes dois casos vergonhosos escancaram como grande parte da
classe artística brasileira defende uma ideologia e seus próprios interesses.
No primeiro caso ocorrido em Cannes, o medo de perder o dinheiro da Lei Rouanet
foi o motivo do protesto. No segundo, a questão era a ideologia. Para este
grupo que adora falar em democracia, mas que elogia regimes totalitários como
Venezuela e Cuba, um filme que não defenda as ideias da esquerda deveria ser
banido.
Quando o governo bancou com nosso dinheiro um filme chapa-branca
como “Lula, o Filho do Brasil” ou outros longas sobre figuras como Marighella e
Lamarca, a maioria aplaudiu. Lógico, eram as ideias socialistas enfiadas goela
abaixo da população. Eu não assisti ao filme sobre Lula por questão pessoal,
assim como muita gente fez. Não houve protesto ou tentativa de
boicote, foi uma escolha pessoal. Numa democracia de verdade, cada cidadão decide o que assistir, o que
ler ou que consumir.
A tentativa de boicote ao documentário “O Jardim das
Aflições” escancara a hipocrisia da esquerda. Como eles odeiam Olavo de
Carvalho, acreditam que tem o poder de vetar a obra. Esquecem como sempre, que
a escolha é individual. Se eu não gosto de algo, não darei atenção. O problema
é que no pensamento socialista a decisão do cidadão não pode ser individual, para
eles o que vale é o grupo. Se você não pensa igual, você é o inimigo. Este maldito
pensamento é um dos motivos que estão transformando o Brasil num local de
ódio. Um detalhe, o documentário foi produzido por crowdfunding, ou seja, não teve
um real da Rouanet.
Esta questão de colocar a ideologia socialista como bandeira
nos deixou para trás na qualidade do cinema. Enquanto o cinema argentino e o
sul-coreano produzem obras no mesmo nível de qualidade de filmes americanos e
europeus, por aqui os cineastas continuam utilizando o cinema para doutrinação.
A outra metade do cinema brasileiro foca nas comédias rasteiras produzidas pela
Globo Filmes, que conseguiu transportar seu estilo novelesco para o cinema e
fazer o público da tv migrar junto. O resultado são sucessos de bilheteria com
qualidade sofrível.
No final dos anos noventa e ínício do novo século, o cinema
brasileiro parecia ter tomado um rumo com ótimos filmes como “Central do Brasil”,
“Cidade de Deus”, os dois “Tropa de Elite”, “O Invasor” e “Os Matadores”, mas isso ficou lá atrás. Hoje, os grandes filmes brasileiros são
pouquíssimos. Longas como “O Lobo Atrás da Porta” e “Que Horas Ela
Volta?” são ótimas exceções. Sobre “Aquarius”, eu
exerci meu direito de não assistir.
Nosso cinema somente será grande quando cineastas,
produtores e atores deixarem de utilizar seus filmes como palanque ideológico e pensarem apenas em fazer cinema de verdade.
4 comentários:
Que episódio triste para a imagem do cinema brasileiro, até onde vai essa rivalidade política, o cinema brasileiro só perde.
Marília - A rivalidade política está afetando o país em todos os setores. Nunca passamos um período tão complicado como agora.
Abraço
Tentei assistir Aquarius porque era um história de um Edifício aqui perto.
Mas achei uma porcaria. Nem cheguei ao meio.
O Diretor, vi num dia que fui numa Livraria e ele estava lá acho que apresentando o filme.
Detesto filmes nacionais.
Gostei de Tropa de Elite porque vi se matar bandidos e eu fiquei gostando disso.
Central do Brasil, não vi.
Pelo Instagram tenho "protestado" com tudo que sinto querer "venezuelar" esse país que para mim, não serve.
Liliane - O cinema brasileiro se transformou em uma forma da esquerda fazer sua propaganda. O que vale para muitos cineastas brasileiros é a ideologia.
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