Carandiru (Brasil, 2003) – Nota 8
Direção – Hector Babenco
Elenco – Luiz Carlos Vasconcelos, Milton Gonçalves,
Ivan de Almeida, Ailton Graça, Maria Luisa Mendonça, Aida Lerner, Rodrigo
Santoro, Gero Camilo, Lázaro Ramos, Caio Blat, Wagner Moura, Floriano Peixoto,
Ricardo Blat, Milhem Cortaz, Antonio Grassi, Sabotage, Rita Cadillac.
Ontem o cinema perdeu o diretor Hector Babenco.
Argentino naturalizado brasileiro, Babenco deixou uma carreira com dez longas e
um documentário.
Eu prefiro a primeira fase da carreira, quando entregou filmes
com temáticas marginais como “O Rei da Noite”, “Lúcio Flávio, o Passageiro da
Agonia” e “Pixote: A Lei do Mais Fraco”, com estes dois últimos com certeza
entrando na lista de melhores da história do cinema brasileiro. Gosto também da
complexa adaptação de “Brincando nos Campos do Senhor” e deste polêmico “Carandiru”
que comento aqui.
Apesar das críticas terem sido as mais diversas possíveis,
com alguns elogiando bastante e outros odiando o resultado, esta adaptação do
livro de Dráuzio Varella é um grande filme, que foca na vida dentro daquele que
foi o maior maior presídio da América Latina, o Carandiru, culminando com o
massacre ocorrido em 1992.
Através da narração do médico (Luiz Carlos
Vasconcelos) que trabalhou no presídio durante os anos oitenta e noventa, o
espectador é apresentado a diversos personagens, suas histórias de vida
repletas de violência e sofrimento, além de conhecer as regras de um mundo a
parte.
Passam pela tela um travesti (Rodrigo Santoro), seu namorado (Gero
Camilo), um assaltante que tem duas esposas (Ailton Graça), o jovem que
assassinou o estuprador da irmã (Caio Blat), o assassino que abraçou a religião
(Milhem Cortaz) e um veterano que espera soltura (Milton Gonçalves), além de
várias outras figuras.
Um ponto polêmico foi a simpatia do roteiro com os
presidiários, que é semelhante ao retratado no livro. Em um país como o Brasil,
onde o trabalhador honesto sofre com salário miserável, desemprego e violência,
é inevitável que este tipo de olhar a favor do presos gere desconforto, mas
lógico que isso não justifica o terrível massacre.
Por sinal, a sequência da
lavagem da escada misturando água e sangue é uma das mais fortes do filme,
simbolizando o inferno que ocorreu naquele local.
Considero o filme tão forte
como o livro e para finalizar, cito uma frase que um amigo proferiu quando o
livro foi publicado: “Em cada parágrafo que leio, parece que sinto o cheiro de
mofo das celas”.
5 comentários:
eu gosto demais do trabalho do babenco e desse filme. gostei muito tb de o beijo da mulher aranha. beijos, pedrita
Uma perda para o cinema.
O filme Carandiru, nunca tive vontade de vê.
Sou daquelas que acha que o massacre matou poucos.
O beijo da mulher aranha, vi o filme e o livro.
Pedrita - Sei que a crítica e muitas cinéfilos adoram "O Beijo da Mulher Aranha", mas não está entre os meus favoritos do diretor.
Liliane - O filme é bom analisando como cinema. A história real é extremamente complexa, não existiam inocentes em lado algum do confronto.
Abraço
Resumiu perfeitamente numa só palavra: forte.
RIP Babenco.
Cumps.
Homenagem justa, pelo nome que foi o cineasta, mas eu to no time dos que não gosta de Carandiru, rs. Prefiro o Babenco do início. Há bons momentos no filme, mas há também apelações e alguns problemas de ritmo e "maquiagem" da realidade.
bjs
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