segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Guerra Mundial Z

Guerra Mundial Z (World War Z, EUA / Malta, 2013) – Nota 8
Direção – Marc Forster
Elenco – Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz, James Badge Dale, Ludi Boeken, Matthew Fox, Fana Mokoena, David Morse, David Andrews, Elyes Gabel, Peter Capaldi, Piefrancesco Favino, Ruth Negga, Moritz Bleibtreu.

Notícias sobre pessoas agindo com violência surgem em vários países. A princípio as autoridades acreditam ser alguma doença que possa ser controlada, mas com o passar dos dias a situação se torna desesperadora. Quando um grande número de pessoas é infectada na Filadélfia e o terror toma conta da cidade, o ex-investigador da ONU Gerry Lane (Brad Pitt) faz de tudo para sobreviver com a esposa (Mireille Enos) e as duas filhas enquanto espera ser resgatado. 

Gerry consegue ser resgatado com sua família por um helicóptero da ONU, porém para mantê-las a salvo é obrigado por um comandante naval (David Andrews) a aceitar chefiar uma missão com destino a Coréia do Sul, levando um cientista (Elyes Gabel) com o objetivo de tentar chegar ao “ponto zero” do doença e assim quem sabe encontrar um caminho para desenvolver uma vacina. 

Pegando carona no sucesso da série “The Walking Dead”, o bom diretor Marc Forster (“Mais Estranho que a Ficção”,”007: Quantum of Solace”) levou às telas esta trama sob um apocalipse zumbi se baseando num conhecido livro, resultando num ótimo longa. 

A novidade em relação aos zumbis de”The Walking Dead” e aos trabalhos do mestre George Romero está na voracidade dos ataques, que lembram a violência do também ótimo “Extermínio”. Os zumbis clássicos atacam em bandos de forma lenta, enquanto aqui os ataques são rápidos e violentos, não dando praticamente chance alguma as vítimas. 

Outro ponto positivo é o ritmo alucinante da primeira meia hora, onde o espectador tem pouco tempo para respirar, sendo jogado quase que diretamente no meio da ação. 

A partir do momento do resgate da família do personagem de Pitt, o roteiro passa a mesclar as ótimas cenas de ação com a interessante história da busca por uma possível cura da doença, com sequências que passam pela Coréia do Sul, Israel e País de Gales. 

Para quem gosta do gênero, este longa é diversão de primeira qualidade. 

domingo, 27 de outubro de 2013

Primeiro Tempo

Primeiro Tempo (Brasil, 2013) – Nota 10
Direção – Rogério Zagallo
Documentário

Este documentário de 47 minutos é a primeira parte sobre a história do estádio Palestra Itália, a casa do Palmeiras. 

O diretor Rogério Zagallo filmou o último jogo oficial do Palmeiras no local, uma vitória de 4 x 2 contra o Grêmio em 2010, começando a mostrar o estádio e seus arredores desde o início da manhã até o final da partida. 

Durante o dia ele colheu depoimentos de ídolos eternos do clube, como o goleiro Marcos, César Maluco, Valdir Joaquim de Moraes, Evair, o maior craque da história do Palmeiras Ademir da Guia e o goleiro Oberdan Cattani, que na época tinha 91 anos e hoje é o único atleta vivo que jogou pelo clube quando este ainda se chamada Palestra Itália, ou seja, ele vive o Palmeiras desde 1940. 

O doc resgata ainda fotos do estádio desde o final dos anos dez, passando pelas décadas seguintes e citando as duas grandes reformas anteriores. A primeira em 1933 quando se transformou no primeiro estádio brasileiro com arquibancadas de concreto armado e a segunda em 1964 quando o estádio foi transformado no Jardim Suspenso. 

É um documentário simples, mas vale nota 10 por ser um fantástico registro histórico para os torcedores do clube que esperam ansiosamente a inauguração do novo estádio no próximo ano quando comemoraremos o centenário, fato que renderá a sequência do documentário que terá o título de ”Segundo Tempo”.

sábado, 26 de outubro de 2013

Quem Não Corre, Voa & Um Rally Muito Louco


Ontem o cinema perdeu Hal Needham, um nome quase desconhecido para a geração atual, mas que deixou uma bela carreira de quarenta anos como dublê e coordenador de cenas de ação, além de uma parceria com o astro Burt Reynolds em vários filmes, com destaque para o clássico da sessão da tarde "Agarra-me se Puderes".

Sua amizade com Reynolds e a experiência como dublê, principalmente em cenas de perseguições automobilísticas, resultou nestes dois filmes sobre uma corrida ilegal que reuniu diversos astros e fez sucesso nos início dos anos oitenta, principalmente "Quem Não Corre, Voa".

Quem Não Corre, Voa (The Cannonball Run, EUA, 1981) – Nota 6,5
Direção – Hal Needham
Elenco – Burt Reynolds, Roger Moore, Dom DeLuise, Farrah Fawcett, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Jack Elam, Jackie Chan, Michael Hui,Adrienne Barbeau, Jamie Farr, Peter Fonda.

Várias pessoas se preparam para participar de uma corrida ilegal que cruzará os Estados Unidos. Cada dupla pode escolher o veículo que desejar e para não serem perseguidos pela polícia, alguns chegam a disfarçar os carros. 

J. J. McClure (Burt Reynolds) e seu parceiro Victor (Dom DeLuise) utilizam uma ambulância e carregam como “paciente” o velho médico bêbado Nikolas Van Helsing (o veterano de westerns Jack Elam). Entre os outros concorrentes temos um inglês (Roger Moore) correndo com um Aston Martin cheio de traquitanas, uma dupla de amigos que sempre discute (Dean Martin e Sammy Davis Jr), as gostosas (Farraw Fawcett e Adrienne Barbeau), os orientais atrapalhados (Jack Chan e Michael Hui) e o filho de um sheik (Jamie Farr). 

Grande sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, este longa com algumas sequências engraçadas tem como destaque o elenco recheado de famosos que tiram sarro de suas próprias carreiras. Reynolds faz como sempre o sujeito machão, Roger Morre que era o 007 na época faz uma paródia do personagem, além dos eternos amigos Dean Martin e Sammy Davis Jr se divertindo como nos tempos do “Rat Pack”. 

Apesar de ser inferior, o longa segue a linha de sucessos dos anos sessenta como “A Corrida do Século” e “Deu a Louca no Mundo”.

Um Rally Muito Louco (Cannonball Run II, EUA, 1984) – Nota 5
Direção – Hal Needham
Elenco – Burt Reynolds, Dom DeLuise, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Jamie Farr, Marilu Henner, Telly Savalas, Jackie Chan, Frank Sinatra, Shirley MacLaine, Catherine Bach, Jack Elam,Susan Anton, Tony Danza, Richard Kiel, Ricardo Montalban, Henry Silva.

Nesta sequência do sucesso de 1981, os competidores malucos recebem uma proposta de um sheik para participar de uma corrida que pagará um milhão de dólares ao vencedor. O sheik deseja que seu filho (Jamie Farr) tenha chance de se redimir de um fracasso vencendo a corrida. A corrida seguirá o caminho contrário da disputa anterior e novamente será um evento ilegal. 

Não tenho muito mais o que citar sobre a trama, que é praticamente a mesma do filme anterior, sem contar que as piadas repetidas não ajudam. Infelizmente é um verdadeiro caça-níquel em que a maioria do elenco resolveu retornar os papéis provavelmente pela diversão (Roger Moore, Farrah Fawcett e Adrienne Barbeau caíram fora do projeto). 

O sucesso do original fez com que astros como Frank Sinatra e Shirley MacLaine aceitassem participar, mas pouco acrescentando ao filme. A única novidade engraçada é a parceria de Jackie Chan com o gigante Richard Kiel, o “Dentes de Aço” da série 007. 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Amor

Amor (Amour, França / Alemanha / Áustria, 2012) – Nota 8,5
Direção – Michael Haneke
Elenco – Jean Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Hupert, Alexandre Tharaud, William Shimell.

O austríaco Michael Haneke é um dos cineastas mais originais surgidos nos últimos vinte anos. Ele que tinha uma carreira na tv desde os anos setenta, chamou atenção de crítica e público em 1997 com o assustador “Violência Gratuita”. A partir daí seguiu uma carreira consistente com filmes marcantes como “A Fita Branca”, “Caché” e “A Professora de Piano”. Uma de suas marcas são as cenas silenciosas, onde pequenos detalhes como um gesto ou olhar tem importância crucial para entender o contexto. 

Neste novo longa que venceu a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de Filme Estrangeiro, Haneke situa praticamente toda a história dentro de um velho apartamento em Paris onde vive o casal de idosos Georges (Jean Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), dois músicos aposentados. O casal que vive junto há décadas, vê seu mundo virar de ponta cabeça quando Anne sofre um derrame que a deixa com sequelas. A esperança de melhora que surge logo após o problema, se transforma em agonia e tristeza com o passar do tempo, com Georges fazendo de tudo para dar algum conforto a esposa, que infelizmente definha aos poucos. 

O roteiro do próprio Haneke mostra uma realidade que todos temos de medo de enfrentar, as doenças que podem surgir com a velhice e como isso afeta os parceiros. Aqui mesmo tendo como protagonistas um casal que se ama e se respeita, as dificuldades enfrentadas pelo marido são dolorosas, não apenas a questão de ver a mulher amada sofrendo, mas também a difícil relação com a filha (Isabelle Hupert), que questiona o tratamento mesmo sem saber o que poderia fazer de diferente. Outra cena marcante é a discussão com a enfermeira, que nos faz pensar como muitas pessoas acreditam que ser profissional é mais importante do que pensar no lado humano. 

Não se pode deixar de destacar o ótimo casal principal. Os octogenários Jean Louis Trintignant e Emmanuelle Riva tem grandes atuações, inclusive com Riva sendo indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Por outro lado, Trintignant que foi um dos maiores atores franceses dos anos sessenta e setenta, estava afastado das telas há quase uma década. 

O resultado é um realista e doloroso drama.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Veículo 19

Veículo 19 (Vehicle 19, EUA, 2013) – Nota 5,5
Direção – Mukunda Michael Dewil
Elenco – Paul Walker, Naima McLean, Gys de Villiers.

O filme começa com Michael Woods (Paul Walker) pegando um carro alugado em um aeroporto e reclamando pelo telefone por terem entregado um modelo diferente do que ele pediu. Aos poucos o espectador descobre que Michael está na África do Sul para tentar se reconciliar com a esposa, com quem ele conversa pelo telefone. Não demora para Michael encontrar dentro do carro uma arma, um celular e uma surpresa no porta-molas, deixando claro que o sujeito entrou numa grande roubada. 

Esta produção do próprio Paul Walker rodada em Joanesburgo na África do Sul, tem até uma premissa interessante ao esconder os detalhes da trama do espectador, deixando um certo clima de suspense, mas infelizmente o desenrolar da trama falha por causa do roteiro confuso que não consegue amarrar a história de forma verossímil, chegando a um clímax exagerado. 

A história se passa praticamente toda com Paul Walker dentro do carro participando de várias perseguições, fazendo uma clara alusão a franquia “Velozes e Furiosos”, porém o resultado está mais para um filme de ação vagabundo. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Capitães da Areia

Capitães da Areia (Brasil, 2011) – Nota 6,5
Direção – Cecilia Amado
Elenco – Jean Luís Amorim, Ana Graciela, Robério Lima, Israel Gouveia, Paulo Abade, Marinho Gonçalves, Ana Cecília Costa, Diogo Lopes Filho, Jordan Mateus, Elielson Conceição, Zéu Britto, Edelvan de Deus.

Em Salvador nos anos cinquenta, um grupo de crianças de rua lideradas por Pedro Bala (Jean Luis Amorim) sobrevivem de pequenos roubos e utilizam como casa um velho trapiche na beira da mar. O grupo que tem ainda Professor (Robério Lima), Sem Pernas (Israel Gouveia), Gato (Paulo Abade), entre outros, é ajudado por um padre (Diogo Lopes Filho) e um mestre de capoeira (Marinho Gonçalves), mas isso é pouco em relação aos problemas que precisam enfrentar com a polícia, com a epidemia de varíola e entre eles mesmos, principalmente por causa de dois fatos. 

A expulsão de Ezequiel (Edelvan de Deus) que tenta roubar um dos garotos e que cria um outro grupo e jura vingança a Pedro Bala. O segundo fato é a chegada da menina Dora (Ana Graciela), que é trazida para o trapiche junto com seu irmão pequeno pelo Professor (Robério Lima), o único garoto do grupo que sabe ler. A chegada da menina causa uma excitação em todos os garotos e quase acaba em tragédia. 

A diretoria Cecilia Amado é neta do escritor Jorge Amado, autor do livro que é considerado um clássico da literatura brasileira e por isso considerado de difícil transposição para a tela. Não li a obra para fazer uma comparação, mas pelo filme fica claro que são várias pequenas histórias de cada personagem, o que dificultou ainda mais a adaptação, resultando em algumas passagens mal explicadas. 

Outro ponto que me incomodou foi a sequência final em que Professor narra o que seria o destino de cada personagem, cena que tenta criar uma emoção forçada. 

Mesmo com estas falhas, é um filme que merece ser visto por ter uma história triste e ainda atual, lembrando que o livro foi lançado em 1937 e a questão das crianças de rua está ainda pior nos dias de hoje. 

Finalizando, apesar de não comprometer, o elenco de crianças é irregular. A maioria das atuações são naturais, mas o protagonista Jean Luís Amorim é inexpressivo como Pedro Bala e na minha opinião o destaque é o garoto Robério Lima como o Professor.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

300

300 (300, EUA, 2006) – Nota 7,5
Direção – Zack Snyder
Elenco – Gerard Butler, Lena Headey, Dominic West, David Wenham, Vincent Regan, Michael Fassbender, Tim Wisdom, Andrew Pleavin, Andrew Tiernan, Rodrigo Santoro, Stephen McHattie.

Em 480 A.C., o rei dos persas Xerxes (Rodrigo Santoro) prepara suas tropas para invadir a Grécia após o rei de Esparta Leônidas (Gerard Butler) se negar a aceitá-lo como Deus. Os espartanos eram um povo guerreiro, mas mesmo assim o Conselho nega o pedido de Leônidas para entrar em guerra. Desobedecendo as ordens, Leônidas leva trezentos guerreiros para enfrentar o exército de Xerxes no litoral da Grécia, mesmo sabendo que o inimigo tem dez vezes mais soldados. 

O diretor Zack Snyder se baseou no graphic novel de Frank Miller, que por seu lado foi inspirado pela histórica batalha que transformou Leônidas e os espartanos em sinônimos de guerreiros. Os fãs do trabalho de Miller e com certeza a nova geração habituada com estilo videogame adoraram o filme, que realmente é um fantástico trabalho de CGI, com destaque para as violentas cenas de batalhas. 

O roteiro é apenas razoável, se apegando muito na questão da honra que o personagem de Leônidas cita várias vezes, sem se aprofundar na história e oferecendo até algumas soluções simplistas, como no conflito da rainha (Lean Headey) com um conselheiro corrupto (Dominic West). 

Sou de uma geração que cresceu nos anos oitenta e que gostava de épicos em que as batalhas eram repletas de figurantes, como “Ben Hur” e “Os Dez Mandamentos”, ou mesmo de filmes não tão antigos como “Dança com Lobos”, que também utilizou inúmeros figurantes, como na fantástica sequência do estouro de búfalos. 

Estes filmes atuais em que o CGI é ponto primordial me deixam a sensação de estar vendo algo feito para videogame e não cinema. Entendo que estes recursos são sensacionais quando utilizados em meio a um bom roteiro e bons atores como na trilogia “Senhor dos Anéis”, mas nunca devem ser o ponto principal do filme. Por este pensamento vejo “300” como uma experiência diferente, que diverte, mas fica aquém dos grandes épicos. 

Como informação, uma sequência está em pós-produção e será lançada em 2014.  

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Busca Implacável 2

Busca Implacável 2 (Taken 2, França, 2012) – Nota 7
Direção – Olivier Megaton
Elenco – Liam Neeson, Maggie Grace, Famke Janssen, Leland Orser, Jon Gries, D. B. Sweeney, Luke Grimes, Rade Sherbedgia.

Após salvar sua filha Kim (Maggie Grace) que havia sido sequestrada em Paris e destruir um rede de tráfico de mulheres, o ex-agente da CIA Bryan Mills (Liam Neeson) volta a trabalhar fazendo segurança de milionários. Num destes trabalhos, Bryan volta para Europa, especificamente para Istambul na Turquia. Ele convida sua filha e a ex-esposa Lenore (Famke Janssen) para um passeio após finalizar o trabalho, porém não imagina que o pai do chefão que ele matou (Rade Sherbedgia) planeja vingança. 

Esta sequência é muita semelhante ao filme original e mesmo com os exageros comuns ao gênero, a trama segue uma história que não ofende o espectador. O ponto alto com certeza são as cenas de ação, que aproveitam os cenários da Turquia, com destaque para a correria nos telhados e a também habitual perseguição de automóveis. 

É legal ver novamente o veterano Liam Neeson como herói de ação no alto dos seus sessenta anos e ao que parece, existem planos para uma terceira parte.

domingo, 20 de outubro de 2013

O Labirinto do Fauno

O Labirinto do Fauno (El Laberinto Del Fauno, Espanha / México / Estados Unidos, 2006) – Nota 8,5
Direção – Guillermo Del Toro
Elenco – Ivana Baquero, Sergi Lopez, Maribel Verdú, Doug Jones, Ariadna Gil, Alex Angulo.

Em 1944, a Guerra Civil Espanhola já havia terminado, porém grupos considerados rebeldes ainda lutavam contra a ditadura fascista do general Franco. 

Neste contexto, a menina Ofelia (Ivana Baquero) viaja de carro com a mãe Carmen (Ariadna Gil) para um posto do exército nas montanhas, onde ela encontrará o padastro, o capitão Vidal (Sergi Lopez). Carmen está grávida e doente, mas o sádico Vidal está preocupado apenas com o nascimento de seu filho, que ele tem certeza ser um garoto. 

A solitária Ofelia faz amizade com a empregada Mercedes (Maribel Verdú), que por seu lado ajuda os rebeldes que estão escondidos na floresta. Ofelia também se refugia nas história de seus livros de contos de fadas, até que surge uma espécie de fada que a leva até um enorme labirinto no quintal, onde a garota encontra um Fauno (o mímico Doug Jones). A estranha criatura diz que Ofelia é na verdade a rainha de um reino subterrâneo e que ela precisa realizar três missões para cumprir seu destino. 

O roteiro do próprio diretor mexicano Guillermo Del Toro é um dos pontos alto do filme, ao criar uma história que mistura um conto de fadas adulto com uma trama com fundo político e social. A saga da personagem Ofelia pode ser analisada pelo ponto vista da fantasia ou da realidade, com esta dualidade ficando clara na sequência final. Além disso, o longa é repleto de simbolismos, como o personagem do capitão Vidal que pode ser considerado mais cruel do que as sinistras criaturas que a menina Ofelia enfrenta. 

As atuações são competentes, principalmente Sergi Lopez, que cria um dos vilões mais cruéis da história do cinema, que me fez lembrar o nazista de Ralph Fiennes em “A Lista de Schindler”. 

A parte técnica também é fantástica, tanto a bela fotografia que explora a floresta em vários momentos, quanto as assustadoras criaturas, principalmente o Fauno e o Homem Pálido, os dois com Doug Jones por baixo da maquiagem. 

Mesmo tendo um carreira com bons filmes, este pode ser considerado o melhor trabalho de Del Toro. 

Como curiosidade, um dos produtores é o também diretor mexicano Alfonso Cuarón, atualmente em alta com o enorme sucesso de “Gravidade”. 

sábado, 19 de outubro de 2013

Comédias Românticas com Adolescentes

Dez Coisas Que Eu Odeio Em Você (10 Things I Hate About You, EUA, 1999) – Nota 7,5
Direção – Gil Junger
Elenco – Julia Stiles, Heath Ledger, Joseph Gordon Levitt, Larisa Oleynik, Larry Miller, Allison Janney, David Krumholtz, Gabrielle Uninon, Daryl Chill Mitchell.

A adolescente Bianca (Larisa Oleynik) está na fase em que deseja namorar, porém seu pai (Larry Miller) considera que ela é ainda muito nova. Depois de muita insistência, o pai diz que aceitará que ela namore desde que sua irmã mais velha Kat (Julia Stiles) também arrume um namorado. O problema é que Kat é uma feminista rabugenta que afasta os homens. Para tentar resolver a situação e conseguir namorar com Bianca, Cameron (Joseph Gordon Levitt) contrata o rebelde Patrick Verona (Heath Leadger) para domar Kat e assim conseguir a liberação do futuro sogro. 

Baseado livremente na peça ”A Megera Domada” de Shakespeare, esta adaptação para os dias atuais consegue criar momentos engraçados utilizando a chamada “guerra dos sexos”, principalmente pelo competente elenco jovem. O falecido Heath Leadger já mostrava seu talento, Julia Stiles está perfeita no papel da jovem de personalidade forte, além do sempre competente Joseph Gordon Levitt e do engraçado David Krumholtz como o amigo que tenta ajudá-lo a conquistar a garota. 

Digam o que Quiserem (Say Anything..., EUA 1989) – Nota 7,5
Direção – Cameron Crowe
Elenco – John Cusack, Ione Skye, John Mahoney, Lily Taylor, Joan Cusack, Loren Dean, Jeremy Piven, Eric Stoltz, Kim Walker, Bebe Neuwirth.

Ao final do colegial, Lloyd (John Cusack) ainda não tem a minima ideia de qual universidade cursar, tendo como único objetivo no momento conquistar a bela Diane (Ione Skye). Diane foi a melhor aluna do colégio e já está com viagem marcada para Inglaterra onde irá estudar. Nada disso importa para Lloyd, que fará de tudo para ficar com a garota. 

Este ótimo longa romântico foi a estreia de Cameron Crowe na direção. Ele era repórter da revista Rolling Stone e tinha apenas vinte e dois anos quando conseguiu levar às telas seu próprio roteiro, que diferente das comédias românticas habituais, cria personagens bem próximos da realidade, sem apelar para conflitos com namoradas rivais ou maldade entre adolescentes. 

O destaque é o elenco, além de John Cusack, a bela e hoje sumida Ione Skye está perfeita como a jovem dividida e o veterano John Mahoney cria um pai que muitas pessoas gostariam de ter. Como curiosidade, no mesmo ano Ione Skye estrelou outra comédia romântica marcante chamada “Namoros Eletrônicos”, dividindo a tela com o inglês Dexter Fletcher.

A Coisa Certa ou Garota Sinal Verde (The Sure Thing, EUA, 1985) – Nota 7
Direção – Rob Reiner
Elenco – John Cusack, Daphne Zuniga, Anthony Edwards, Tim Robbins, Boyd Gaines, Lisa Jane Persky, Nicolette Sheridan, Viveca Lindfors.

Walter (John Cusack) é o calouro de uma universidade na costa leste americana que sofre em não conseguir se relacionar com as garotas, que em sua maioria são jovens mimadas da classe alta. Quando chegam as férias, Walter é convidado por seu amigo de colégio Lance (Anthony Edwards) para visitá-lo na Califórnia, local onde ele cursa a universidade e diz ter mulheres aos montes. Lance instiga Walter ao enviar a foto de uma garota (Nicolette Sheridan) que diz ser a “a coisa certa” para ele. 

Para atravessar o país, Walter pega carona com um casal extremamente chato (Tim Robbins e Lisa Jane Persky), que levam ainda a jovem Alison (Daphne Zuniga), que deu um fora no pobre Walter. Lógico que durante a viagem os jovens vão se conhecer melhor, mas antes enfrentarão  vários conflitos. 

Este foi o segundo longa de Rob Reiner como diretor. Ele que era conhecido como ator pelo seriado “All in the Family” e por ser filho de Carl Reiner, estreou com o cult “This Is Spinal Tap” e em seguida comandou esta simpática comédia que se apoia na química entre John Cusack e Daphne Zuniga, além dos divertidos diálogos. 

É mais um filme que vale como curiosidade para ver ainda bem jovens atores como Tim Robbins e Anthony Edwards, além do casal de protagonistas, com Cusack tendo aqui seu primeiro papel principal. 

O Rei da Paquera (The Pick-up Artist, EUA, 1987) – Nota 6,5
Direção – James Toback
Elenco – Molly Ringwald, Robert Downey Jr, Dennis Hopper, Danny Aiello, Mildred Dunnock, Harvey Keitel, Lorraine Bracco, Vanessa Williams, Polly Draper.

Jack (Robert Downey Jr) é um sujeito metido a conquistador que usa sua lábia para conquistar garotas na rua. Numa destas investidas, Jack acaba se apaixonando por Randy (Molly Ringwald), uma garota que age diferente da maioria e que instiga Jack por tentar mantê-lo afastado. O problema é que Randy precisa cuidar do pai alcoólatra (Dennis Hopper) que para piorar ainda deve grana a um agiota (Harvey Keitel). Jack decide então tentar ajudar Randy a salvar o pai. 

Com uma temática mais adulta que os filmes protagonizados por Molly Ringwald nos anos oitenta, este longa tenta misturar pitadas de drama um pouco mais pesado com a história de amor entre os protagonistas. Molly Ringwald ficou famosa pelo carisma, pois ela não era bonita e nem mesmo grande atriz, o que se comprovou quando sua carreira não progrediu após a fase adolescente. Enquanto isso, Robert Downey Jr já mostrava seu talento carregando boa parte do filme nas costas com seu jeito de conquistador picareta.

Que Garota, Que Noite (Mystery Date, EUA, 1991) – Nota 6,5
Direção – Jonathan Wacks
Elenco – Ethan Hawke, Teri Polo, Brian McNamara, Fisher Stevens, B. D. Wong, James Hong, Victor Wong, Don S. Davis.

O adolescente Tom (Ethan Hawk) é apaixonado pela bela vizinha Geena (Teri Polo), porém a timidez atrapalha a tentativa de aproximação. Quando as coisas dão certo e a garota aceita sair com Tom, o rapaz imagina uma noite perfeita. Para isso, Tom pede ajuda a seu irmão mais velho Craig (Brian McNamara), que empresta seu carrão e até mesmo roupas para a grande noite. O que Tom não sabe é que o irmão está envolvido com a máfia chinesa e que no porta-malas do carro ele carrega um cadáver. 

Esta divertida comédia com pitadas de filme policial e romance, estilo comum em longas da época, tem como curiosidade apresentar o astro Ethan Hawke e a bela Teri Polo ainda bem jovens.

Mais ou Menos Grávida (For Keeps?, EUA, 1988) – Nota 5,5
Direção – John G. Avildsen
Elenco – Molly Ringwald, Randall Batinkoff, Kenneth Mars, Conchata Ferrell, Miriam Flynn, Pauly Shore.

Darcy (Molly Ringwald) e Stan (Randall Batinkoff) namoram e estão no último do ano de colégio, já se preparando para a universidade. A vida do casal vira de ponta cabeça quando Darcy descobre estar grávida, situação que pode fazer com que eles tenham de desistir da universidade. A mãe de Darcy (Miriam Flynn) que a criou sozinha não quer que a filha abandone os estudos e os país católicos de Stan pensam a mesma coisa, gerando discussões sobre abortar ou dar a criança para adoção, pressionando o casal para uma difícil decisão. 

O longa é mais focado no drama da difícil decisão do casal que se ama, do que numa história de amor adolescente convencional, talvez por isso ele tenha fracassado. Esta foi uma das tentativas de alavancar a carreira adulta da então estrela adolescente Molly Ringwald, porém assim como o filme, a carreira da atriz não decolou. A mão pesada do diretor John G. Avildsen de “Rocky – Um Lutador” e “Karatê Kid” também não ajudou.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Esquadrão Sem Limites

Esquadrão Sem Limites (The Sweeney, Inglaterra, 2012) – Nota 6,5
Direção – Nick Love
Elenco – Ray Winstone, Ben Drew, Hayley Atwell, Steve Mackintosh, Alan Ford, Damian Lewis.

Jack Regan (Ray Winstone) é o líder de um esquadrão de elite da polícia inglesa conhecido como “The Sweeney”, tendo o jovem George (Ben Drew) como seu braço direito. Jack utiliza seu contato com o submundo através de um veterano informante (Alan Ford), que lhe passa dicas sobre grandes assaltos que estão sendo planejados na cidade. 

Os violentos métodos utilizados pela equipe de Regan são contestados por um policial da corregedoria (Steve Mackintosh), que deseja vingança por desconfiar que sua esposa, a policial Nancy (Hayley Atwell), tenha um caso com Regan. Para complicar ainda mais a situação de Regan, sua equipe precisa desvendar um roubo a banco e o assalto a uma joalheria que causou a morte de uma advogada, casos que podem estar ligados. 

Esta produção inglesa apresenta uma interessante trama na primeira hora, utilizando com inteligência os clichês do gênero ao ter como protagonista um policial durão que vive no limite da lei, enfrenta um conflito dentro da própria polícia e um perigoso inimigo externo, porém a meia-hora final brinca com a inteligência do espectador. 

Não vou entrar em detalhes para atrapalhar quem deseja assistir o filme, mas infelizmente o diretor e roteirista Nick Love (do interessante “Violência Máxima”) preferiu criar situações exageradas, uma delas resolvida de forma rápida demais e um clímax no estilo vingança com as próprias mãos. 

O filme ganha pontos pelas boas cenas de ação, mas infelizmente fica abaixo do que prometia no início. 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Gonzaga - De Pai pra Filho

Gonzaga – De Pai pra Filho (Brasil, 2012) – Nota 8
Direção – Breno Silveira
Elenco – Júlio Andrade, Chambinho do Acordeon, Adélio Lima, Land Vieira, Luciano Quirino, Silvia Buarque, Cláudio Jaborandy, Cyria Coentro, Nanda Costa, Magdale Alves, Roberta Gualda, Giancarlo Di Tommaso, Alison Santos.

Em 1981, o cantor Gonzaguinha (Júlio Andrade) está no auge do sucesso, mas sofre pela relação mal resolvida com o pai, o também cantor Luiz Gonzaga (Adélio Lima), conhecido como “O Rei do Baião”. Avisado pela madrasta que o pai passa por dificuldades financeiras, Gonzaguinha viaja até a pequena Exu no interior de Pernambuco para encontrá-lo e oferecer um contrato para vários shows. O complicado reencontro resultará numa espécie de entrevista onde o velho Gonzaga abre seu coração e conta toda sua história de vida para o filho. 

Antes de assistir ao filme eu sabia apenas que Luiz Gonzaga e Gonzaguinha tiveram problemas na relação de pai e filho, mas não imaginava a riqueza desta história. O filme aborda três tempos, começando em 1929 quando Luiz Gonzaga (Land Vieira) vive com seus pais e está apaixonado pela filha do coronel da cidade, em seguida passando rapidamente pelos dez anos em que ele serviu o exército. A segunda parte se passa entre os anos quarenta e sessenta, mostrando a luta de Gonzaga (agora Chambinho do Acordeon) em fazer sucesso, seu auge e a decadência profissional. A terceira parte é o reencontro com o filho em 1981. 

O diretor Breno Silveira que fez sucesso com “2 Filhos de Francisco”, aqui aborda um tema semelhante, porém com uma grande diferença, Gonzagão e Gonzaguinha já se foram, enquanto o filme sobre Zezé Di Camargo e Luciano teve a participação direta da dupla no roteiro e na produção. Confesso que não assisti “2 Filhos de Francisco” pela enorme aversão que tenho a esta dupla sertaneja, por este motivo não posso fazer uma comparação mais profunda entre os dois longas, mas gostei muito da biografia de Gonzaga e Gonzaguinha. 

O roteiro segue com clareza as passagens mais importantes da vida dos dois personagens, suas escolhas, seus erros e acertos, valorizados pelo ótimo elenco, com destaque para Júlio Andrade e os estreantes Adélio Lima e Chambinho do Acordeon. 

É uma bela biografia sobre dois interessantes personagens. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Bling Ring: A Gangue de Hollywood

Bling Ring: A Gangue de Hollywood (The Bling Ring, Estados Unidos / Inglaterra / França / Alemanha / Japão, 2013) – Nota 6,5
Direção – Sofia Coppola
Elenco – Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson, Claire Julien, Taissa Farmiga, Georgia Rock, Leslie Mann, Carlos Miranda, Gavin Rossdale, Stacy Edwards.

Marc (Israel Broussard) começa a estudar em um novo colégio no subúrbio de Los Angeles e rapidamente faz amizade com Rebecca (Katie Chang). A garota gosta de fazer pequenos roubos para comprar roupas e objetos de grife. Não demora para Rebecca e Marc começarem a invadir mansões nas colinas de Hollywood enquanto os donos estão fora. Após entrarem com facilidade na mansão de Paris Hilton e roubarem alguns objetos de valor, a dupla ganha a companhia de outras três garotas (Emma Watson, Claire Julien e Taissa Farmiga) para novas invasões, sempre nas casas de famosos que estão viajando. 

Baseado na história real de uma gangue de jovens ricas que ganhou o apelido de “The Bling Ring”, este longa de Sofia Coppola deixa no final uma sensação de vazio, tal qual a vida vazia dos personagens. São todos jovens de classe média alta, que se espelham em celebridades polêmicas como Paris Hilton, Lindsay Lohan e Megan Fox e se preocupam apenas em se divertir em lugares da moda, sempre utilizando roupas e objetos de marcas famosas. 

Esta vida de luxo e ao mesmo tempo vazia é o reflexo da família, sempre mostrando os pais como ausentes ou imaturos, tendo como maior exemplo a personagem de Leslie Mann, uma nova rica fútil e alienada que segue os preceitos do livro “O Segredo”. 

Sofia Coppola na primeira hora foca na “vida louca” dos jovens, alternando sequências entre invasões e baladas, sempre em ritmo agitado e com uma trilha sonora recheada de Gangsta Rap, para na meia-hora final mostrar as conseqüências e transformar o longa num drama raso com pitadas de ironia. 

Esta longe de ser um grande filme, vale apenas como registro de uma geração de pobres jovens ricos, que tem muito dinheiro e pouco caráter.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Antes da Meia-Noite

Antes da Meia-Noite (Before Midnight, EUA, 2013) – Nota 8
Direção – Richard Linklater
Elenco – Ethan Hawke, Julie Delpy, Seamus Davey Fitzpatrick.

Poucos vezes o cinema produziu uma química tão perfeita entre dois personagens como Celine (Julie Delpy) e Jesse (Ethan Hawke). Neste fechamento de trilogia (ou seria apenas mais um capítulo?), encontramos o casal oito anos depois do segundo encontro, agora vivendo juntos em Paris e com duas gêmeas como filhas. 

O longa se passa todo no litoral da Grécia durante as férias de verão na Europa, começando com uma sequência no aeroporto onde Jesse se despede do filho (Seamus Davey Fitzpatrick) que precisa voltar para os Estados Unidos e ficar com a mãe, a ex-esposa de Jesse. A distância do filho pré-adolescente faz com que Jesse sofra e por conseqüência dê início a uma discussão com Celine, que se estenderá por quase todo o longa. 

Um dos grandes acertos da trilogia é o desenvolvimento dos personagens em relação a idade e principalmente as prioridades naquele exato momento da vida. No filme original vemos o frescor daqueles dois jovens que desejam experimentar a vida, se conhecer e aproveitar a liberdade, sentimento que faz com que deixem a paixão à primeira vista em segundo plano, para quem sabe aproveitá-la no futuro. 

No segundo longa os personagens já estão na casa dos trinta anos, numa fase em que a afirmação profissional é importante e quando já passaram por várias experiências, inclusive relacionamentos frustrados. Este reencontro mostra que eles nunca se esquecerem, mas a vida os levou para lados diferentes, tendo naquele momento uma segunda chance. 

Aqui a situação é completamente diferente, o desafio é enfrentar os pequenos problemas do dia a dia que vão minando a paixão. Fato comum a qualquer casal, que nessa fase descobre se realmente o que eles sentiam era amor, que na realidade é uma mistura de amizade, desejo e respeito. 

Este enfoque faz com que o espectador se identifique com a situação. Tudo isto ganha força nos ótimos diálogos, sendo quatro sequências com o apenas o casal, com a habitual sequência em que eles andam pela cidade falando sobre tudo, aqui mostrando as belezas de uma pequena cidade do litoral grego. 

A novidade está na sequência do almoço na casa do escritor onde o casal está hospedado junto com outros dois casais e uma senhora viúva. É interessante a visão do casal mais jovem, que são gregos, moram em cidades diferentes e dizem conversar pelo Skype, sendo que a moça diz claramente saber que o relacionamento terá um fim em algum momento, algo completamente oposto ao que Jesse e Celine acreditavam, por sinal, eles fazem parte provavelmente da última geração que ainda acreditava no amor eterno. 

É um belíssimo filme, imperdível para os fãs da trilogia e como escrevi no início, quem sabe seja apenas mais um capítulo na vida do casal. Vamos esperar Jesse e Celine aos cinqüenta anos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

24 Horas Para Sobreviver

24 Horas Para Sobreviver (The Day, EUA, 2011) – Nota 7
Direção – Douglas Aarniokoski
Elenco – Shawn Ashmore, Ashley Bell, Dominic Monaghan, Cory Hardrict, Shannyn Sossamon, Michael Eklund.

Num futuro próximo, um grupo com cinco jovens vaga pelo interior dos Estados Unidos à procura de abrigo. Não demora para o espectador perceber que algo aconteceu e que aqueles jovens são sobreviventes de alguma tragédia global. O grupo encontra uma casa abandonada e decide descansar por um dia, mesmo com medo de serem atacados por algo ou alguém que ainda não sabemos o que é. 

Posso estar enganado, mas percebo que o sucesso da série “The Walking Dead” abriu caminho para várias produções sobre o fim do mundo, que utilizam como causa para o desastre a natureza, um vírus ou a ganância do homem. 

Este longa B produzido pelos atores Shawn Ashmore (“The Following”) e Dominic Monaghan (“Lost”) novamente aborda o tema, tendo como ponto positivo não perder tempo com explicações didáticas sobre o que ocorreu, preferindo trabalhar com imagens através dos personagens sujos e famintos e dos diálogos que variam da esperança ao desespero. 

Outro ponto interessante é a fotografia desbotada, que resulta num cinza nublado que passa a sensação de depressão. Não chega a ser um preto e branco, mas é impossível distinguir as cores, com exceção do vermelho que destaca o sangue nas violentas cenas de ação. 

Por sinal, algumas sequências violentas são claramente inspiradas no clássico “A Noite dos Mortos Vivos”, mas não esperem por zumbis, a ameaça é um pouco diferente. 

O resultado é um interessante e violento filme B. 

domingo, 13 de outubro de 2013

O Salário do Medo

O Salário do Medo (Le Salaire de La Peur, França / Itália, 1953) – Nota 8,5
Direção – Henri Georges Clouzot
Elenco – Yves Montand, Charles Vanel, Folco Lulli, Peter Van Eyck, Vera Clouzot, William Tubbs.

Num vilarejo miserável no interior da Guatemala, um grupo de homens de várias nacionalidades passam os dias à espera de algum trabalho e com a esperança de juntar dinheiro para voltarem aos seus países. Estes sujeitos foram levados para o local para trabalhar na construção de uma torre de petróleo, porém a empresa americana responsável pelo empreendimento abandonou o a obra pela metade.

Quando uma outra torre de petróleo desta empresa explode e as chamas parecem incontroláveis, o responsável pela companhia na região (William Tubbs), vê como única chance de diminuir a tragédia utilizar nitroglicerina para fechar o poço em chamas. O problema é que a nitroglicerina precisa ser transportada através de uma péssima estrada em caminhões sem proteção alguma, podendo explodir a qualquer momento.

Sem escrúpulos, o sujeito oferece dois mil dólares para os estrangeiros desempregados que aceitarem carregar os explosivos. Desesperados para sair do país, o arriscado trabalho parece ser a única salvação, o que faz com que vários homens se candidatem, porém apenas quatro são escolhidos para seguirem em dois caminhões. Os franceses Mario (Yves Montand) e Jo (Charles Vanel) formam uma dupla e o italiano Luigi (Folco Lulli) com o alemão Bimba (Peter Van Eyck) formam a segunda equipe.

O roteiro adaptado pelo próprio diretor Clouzot critica a exploração das empresas americanas em países do terceiro mundo, tema que continua atual, além de mostrar como a ganância faz aflorar o pior lado do ser humano. O desenvolvimento dos personagens é fundamental na trama, principalmente da dupla de franceses, que muda completamente o relacionamento durante a terrível travessia. Algumas cenas são de forte suspense, como a manobra do caminhão sobre as madeiras na beira do precipício.

O filme perde um pouco apenas na longa duração, por causa de algumas passagens desnecessárias na primeira parte e na atuação exagerada de Vera Clouzot, atriz brasileira que era casada com o diretor e que interpreta uma jovem apaixonada pelo personagem de Yves Montand.

Como informação, o longa é falado em pelo menos quatro línguas: francês, espanhol, italiano e alemão e venceu a Palma de Ouro em Cannes e o Urso de Prata em Berlim.

Finalizando, a trama foi refilmada por William Friedkin em 1977 com o título de “Comboio do Medo” (leia crítica aqui), tendo Roy Scheider como protagonista, mas foi um tremendo fracasso de público e crítica, mesmo sem ser um filme ruim.

sábado, 12 de outubro de 2013

É o Fim

É o Fim (This Is the End, EUA, 2013) – Nota 8
Direção – Evan Goldberg & Seth Rogen
Elenco – Seth Rogen, James Franco, Jay Baruchel, Jonah Hill, Craig Robinson, Danny McBride, Emma Watson, Michael Cera, Mindy Kaling, David Krumholtz, Christopher Mintz Plasse, Rihanna, Martin Starr, Paul Rudd, Jason Segel, Channing Tatum, Kevin Hart, Aziz Ansari, Evan Goldberg.

Na última década, o gênero comédia que estava desgastado, foi buscar inspiração nos grupos de comediantes que fizeram sucesso entre os anos trinta e cinquenta, como “Os Três Patetas” e “Os Irmãos Marx”. Mesmo longe da criatividade destes clássicos, alguns filmes divertidos surgiram com estes novos comediantes que juntaram forças no cinema. Podemos dividir em três grupos. 

O primeiro encabeçado por Adam Sandler, reúne atores que saíram do “Saturday Night Live”, como Rob Schneider, Chris Rock e David Spade, sem contar Kevin James, Allen Covert e as participações especiais de Steve Buscemi e John Turturro. 

O segundo grupo tem Ben Stiller como uma espécie de líder que divide a tela em vários longas com Vince Vaughn, Will Ferrell e os irmãos Owen e Luke Wilson, que por sinal estes dois últimos ligados ao diretor Wes Anderson e ao veterano Bill Murray. 

O terceiro e mais jovem grupo tem Seth Rogen (e o diretor Jude Apatow) à frente e protagoniza esta nova comédia que pode ser considerada uma das melhores dos últimos anos.  É um filme escrachado, recheado de piadas sobre sexo, escatologia e cultura pop, que tem como ponto principal tirar um sarro dos próprios atores, que interpretam eles mesmos dando ênfase a seus defeitos. 

A trama começa com o reencontro entre os amigos Jay Baruchel e Seth Rogen, que após meses sem contato, passam o dia bebendo, fumando maconha e jogando videogame. No final dia, mesmo a contragosto, Baruchel aceita ir a uma festa na casa de James Franco, local onde toda a turma de Rogen estará. A dupla logo encontra Jonah Hill, Craig Robinson, Jason Siegel, Martin Starr, David Krumholtz, Michael Cera e até a cantora Rihanna e a estrela de “Harry Potter” Emma Watson. A festa regada a bebida e drogas se transforma em desespero quando ocorre um aparente terremoto. Os poucos sobreviventes se abrigam na casa e precisam lidar com suas manias e seus egos enquanto esperam socorro. 

Apesar de alguns exageros, a trama funciona ao tirar um sarro dos filmes sobre o fim do mundo, de uma forma em que a relação entre os atores lembra até mesmo um reality show. São vários momentos engraçados, como a sequência de “Segurando as Pontas” que eles tentam criar dentro da casa, a cena do mal entendido com Emma Watson e as pequenas participações de um Michael Cera completamente drogado. Vale destacar a versatilidade de James Franco, que mostra a mesma naturalidade em dramas, filmes românticos e comédias malucas como esta. 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Assassinato no Mississipi & Explosão de Ódio


Assassinato no Mississippi (Murder in Mississippi, EUA, 1990) – Nota 7,5
Direção – Roger Young
Elenco – Tom Hulce, Jennifer Grey, Blair Underwood, Josh Charles, CCH Pounder, Andre Braugher, John Dennis Johnston.

Em 1963, o casal Mickey (Tom Hulce) e Rita Schwerner (Jennifer Grey) e o jovem negro James Chaney (Blair Underwood) são militantes em prol dos direitos civis. Eles vão de Nova York em até uma pequena cidade no Mississipi onde se juntam a outro jovem, Andrew Goodman (Josh Charles). O objetivo do grupo em fazer campanha pelos direitos civis é rapidamente combatido pelos brancos racistas do local e até mesmo por negros que não acreditam em mudanças ou que tem medo de entrar em algum conflito. Com o passar dos dias a tensão vai aumentando, até resultar numa tragédia. 

Este bom filme produzido para a tv, é baseado numa história real que inspirou o ótimo “Mississipi em Chamas” de Alan Parker, com a diferença de que aqui vemos os acontecimentos que antecederam o crime, enquanto no longa de Parker o foco é a investigação do caso. 

Vale destacar o elenco com os na época jovens Josh Charles e Blair Underwood, a eterna estrela de”Dirty Dancing” Jennifer Grey e principalmente Tom Hulce, que era famoso por sua interpretação de Mozart em “Amadeus” de Milos Forman, mas que em seguida fez poucos filmes, até quase abandonar a carreira em meados dos anos noventa.  

Explosão de Ódio ou O Caso Howard Beach (Howard Beach: Making a Case of Murder, EUA, 1989) – Nota 7,5
Direção – Dick Lowry
Elenco – Daniel J. Travanti, William Daniels, Joe Morton, Cliff Gorman, Dan Lauria, Bruce A. Young, Regina Taylor, Shanesia Davis, Gregory Alan Williams.

Em dezembro de 1986, três homens de cor negra (Joe Morton, Bruce A. Young e Gregory Alan Williams) se envolvem numa confusão ao sair de um bar no bairro de Howard Beach no Queens. Os sujeitos são espancados e um deles morre atropelado. O local é um bairro de classe média branca e os agressores todos brancos, fato que transforma o crime num caso racial e desperta uma onda de protestos e discussões por todo o país. 

Baseado num caso real, este telefilme foca no processo judicial que foi considerado por muitos como uma disputa racial e que mobilizou advogados, público e a mídia que tentava influenciar a opinião pública e por conseqüência o veredito. 

O protagonista é vivido pelo ator Daniel J. Travanti, com participações pequenas em seriados nos últimos anos, mas que na época era famoso pela ótima série policial “Hill Street Blues”.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Ted

Ted (Ted, EUA, 2012) – Nota 7,5
Direção – Seth MacFarlane
Elenco – Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth MacFarlane, Joel McHale, Giovanni Ribisi, Patrick Warburton, Matt Walsh, Jessica Barth, Aedin Mincks, Bill Smitrovich, Patrick Stewart, Sam J. Jones, Tom Skerritt, Ryan Reynolds, Norah Jones.

John Bennett era uma criança solitária, que na noite de Natal pediu como presente ganhar um amigo. Por um milagre, o urso de pelúcia Ted ganha vida, dando início a uma amizade para o resto da vida. 

Agora com trinta e cinco anos, John (Mark Wahlberg) trabalha numa locadora de automóveis e divide o apartamento com a namorada Lori (Mila Kunis) e com Ted (voz do diretor Seth MacFarlane), mas ainda vive como adolescente. Ele e Ted adoram fumar maconha, beber e assistir tv, situações que começam a atrapalhar a relação com Lori, que por seu lado é cortejada por seu chefe, o insuportável Rex (Joel McHale). 

A história é clichê puro e o roteiro apresenta todas as reviravoltas comuns aos filmes românticos, porém o grande acerto está nos divertidos diálogos sobre sexo, besteirol e cultura pop, com várias referências a filmes de sucesso e celebridades. 

Algumas piadas chegam ao limite do exagero, mas não atrapalham as várias outras tiradas, quase todas saídas da boca de Ted, que pode ser considerado uma mistura de Howard o Super-Herói com o alienígena Alf, astro do antigo seriado que aqui também é alvo de piadas. 

Duas sequências são imperdíveis: a briga entre John e Ted no quarto do hotel e a festa regada a bebida e drogas com a participação do sumido canastrão Sam J. Jones, o astro do fracassado “Flash Gordon” de 1980. 

O grande mérito do sucesso vai para o diretor Seth MacFarlane, o criador da série de animação “Uma Família da Pesada”,  que mostra todo seu talento para escrever diálogos afiados e para dublar o desbocado Ted. 

Merecidamente o filme deverá ter uma continuação.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Prefontaine - Um Nome Sem Limites & Prova de Fogo


Prefontaine – Um Nome sem Limites (Prefontaine, EUA, 1997) – Nota 7
Direção – Steve James
Elenco – Jared Leto, R. Lee Ermey, Ed O’Neill, Amy Locane, Lindsay Crouse, Laurel Holloman, Kurtwood Smith.

Prova de Fogo (Without Limits, EUA, 1998) – Nota 7,5
Direção – Robert Towne
Elenco – Billy Crudup, Donald Sutherland, Monica Potter, Jeremy Sisto, Matthew Lillard, Gabriel Olds, Dean Norris, Billy Burke, Judith Ivey, William Mapother.

Desde os anos oitenta, os grandes estúdios de Hollywood tem o hábito de criar uma disputa ao planejar filmes semelhantes em paralelo. As vezes um estúdio é mais rápido e o outro acaba desistindo, mas por outro lado ocorre também de filmes muito parecidos serem lançados quase de modo simultâneo.

A biografia do corredor Steve Prefontaine foi um destes casos que resultaram em dois longas lançados com uma diferença de menos de um ano. Prefontaine era especialista em provas de fundo e foi recordista do cinco mil metros, mas era um nome pouco conhecido no Brasil e por isso os dois trabalhos foram lançados apenas em dvd.

São dois bons filmes, com uma pequena diferença no enfoque da vida do atleta.

Em "Prefontaine" de 1997, o roteiro começa mostrando a infância do corredor (Jared Leto) que vivia no Estado do Oregon, passando por sua adolescência, a descoberta do dom para a corrida ao cruzar o caminho do treinador Bill Bowerman (R. Lee Ermey), o relacionamento com amigos e companheiros de corrida e a disputa na Olimpíada de Munique.

É um filme certinho, que foca principalmente no lado pessoal do atleta, com suas angústias, a ambição pela vitória e a dedicação aos treinos.

Como curiosidade, o treinador Bill Bowerman desenvolvia tênis para as corridas e sua experiência no assunto o transformou em co-fundador da Nike.

Já "Prova de Fogo" de 1998 é um filme mais bem trabalhado, com um bom roteiro do veterano diretor Robert Towne, que mescla a vida pessoal, com a ambição pelas vitórias e principalmente sua frustração na Olimpíada de Munique em 1972, quando fracassou, muito pelo abalo psicológico causado pelo atentado terrorista que matou atletas judeus em pleno parque olímpico.

O roteiro de Towne se aprofunda ainda na relação de Prefontaine (Billy Crudup) com outros corredores, principalmente na rivalidade com Frank Shorter (Jeremy Sisto) e com a equipe da Alemanha Oriental.

Outro ponto superior é o elenco, se Jared Leto e Billy Crudup tem atuações no mesmo nível, "Prova de Fogo" leva vantagem ao ter Donald Sutherland como o treinador Bill Bowerman.

Para quem gosta de um bom drama sobre esportes, são dois filmes que valem a sessão, também pelo interessante personagem que foi Prefontaine.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

The Colony

The Colony (The Colony, Canadá, 2013) – Nota 7
Direção – Jeff Renfroe
Elenco – Kevin Zegers, Bill Paxton, Laurence Fishburne, Charlotte Sullivan, Dru Viergever, Atticus Dean Mitchell, John Tench.

Num futuro próximo, uma drástica mudança climática fez a Terra padecer debaixo de uma neve intermitente. Os poucos sobreviventes vivem em colônias subterrâneas onde conseguem cultivar alimentos em laboratório através de sementes que foram preservadas. 

Uma destas colônias é comandada por Briggs (Laurence Fishburne), que para manter a ordem criou regras rígidas, sendo uma delas a de expulsão do membro que for atacado pelo vírus da gripe. A vítima da doença é obrigar a sair e tentar sobreviver na neve, caso não aceite a pessoa é sacrificada, trabalho sujo feito por Mason (Bill Paxton). Esta regra é questionada por Sam (Kevin Zegers) quando Mason começa agir por conta própria, fato que causa uma crise entre Briggs e Mason. 

A situação fica mais complicada quando chega um sinal de socorro de uma outra colônia e faz com que Briggs, Sam e o garoto Graydon (Atticus Dean Mitchell) sigam até o local para saber o que está ocorrendo, sem imaginar o terrível perigo que terão de enfrentar. 

Este misto de ficção, suspense e terror, é o típico filme cheio de falhas, com um roteiro que apresenta personagens que são puro clichê, mas por outro lado diverte pelo clima de suspense, as boas e violentas cenas de ação em sua maioria com ajuda de CGI, além da curta duração, que sem contar os créditos, são menos de uma hora e meia de projeção. 

A trama é narrada pelo personagem de Kevin Zegers e deixa uma enorme brecha para uma sequência. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Os Sete Samurais

Os Sete Samurais (Sichinin no Samurai, Japão, 1954) – Nota 10
Direção – Akira Kurosawa
Elenco – Takashi Shimura, Toshiro Mifune, Kamatari Fujiwara, Isao Kimura, Daisake Kato, Yoshio Inaba.

No Japão Feudal, uma comunidade de agricultores que já fora atacada por bandidos, se desespera quando percebe que o mesmo grupo voltará para roubar os alimentos assim que a colheita for finalizada. Sem saber o que fazer, os líderes da comunidade pedem a opinião de um ancião, que diz ver como única saída a contratação de ronins para defender a aldeia. 

Os ronins eram samurais desempregados, que não tinham um mestre e vagavam pelo país em busca de trabalho, sempre para defender alguém em troca de dinheiro. O problema é ainda maior porque a aldeia é extremamente miserável, não tendo dinheiro para pagar os samurais. Mesmo assim, um pequeno grupo de homens vai até a cidade tentar convencer alguns samurais para trabalhar em troca de comida. Após várias negativas, o veterano samurai Kambei (Takashi Shimura) aceita o trabalho e utiliza seu conhecimento e inteligência para fazer com que outros samurais também enfrentem o desafio. 

Este sensacional épico em preto e branco, com quase três horas e meia de duração, é para muitos críticos o melhor filme japonês de todos os tempos. O mestre Akira Kurosawa consegue manter a atenção do espectador mesmo com a longa duração, criando uma narrativa que pode ser dividida em três tempos: a primeira parte ao mostrar como o grupo de samurais é montado, a segunda parte apresenta o medo dos habitantes em relação aos samurais, fato que gera situações até engraçadas e finalizando com as batalhas entre samurais e bandidos, uma verdadeira guerra estratégica armada pelo personagem Kambei no perímetro da aldeia, tendo como clímax uma fantástica sequência de lutas em meio a chuva e a lama. 

O roteiro tem espaço ainda para uma história de amor proibida, que serve como exemplo de como os samurais eram considerados pela população como mercenários ou algo do gênero, fato que fica mais claro ainda na frase dita pelo personagem de Takashi Shimura na cena final do longa. 

Do ótimo elenco, vale destacar a dupla Takashi Shimura e Toshiro Mifune que em 1950 haviam trabalhado com Kurosawa em “Rashomon”. Enquanto Shimura faz o cérebro dos samurais, Mifune interpreta um samurai rebelde que carrega um passado traumático. 

Como curiosidade, o longa serviu de inspiração para o clássico western “Sete Homens e um Destino”, outro grande filme.

domingo, 6 de outubro de 2013

A Maldição dos Mortos-Vivos

A Maldição dos Mortos-Vivos (The Serpent and the Rainbow, EUA, 1988) – Nota 7,5
Direção – Wes Craven
Elenco – Bill Pullman, Cathy Tyson, Zakes Mokae, Paul Winfield, Brent Jennings, Conrad Roberts, Badja Djola, Theresa Merritt, Michael Gough, Paul Guilfoyle, Dey Young.

Dennis Alan (Bill Pullman) é um cientista que trabalha para uma indústria farmacêutica e que viaja para o Haiti com o objetivo de analisar um pó que aparentemente transforma as pessoas em zumbis. Dennis acredita se tratar de algo que poderá ser utilizado para fabricação de um anestésico e desdenha das histórias dos zumbis, porém chegando ao país ele entra em contato com uma cultura estranha e com o medo das pessoas em relação ao poder do pó e dos curandeiros que o manipulam. Durante a pesquisa, ele mesmo sentirá na pele o poder do pó. 

Quando este longa chegou por aqui, a tradução do título e a direção de Wes Craven fizeram boa parte do público acreditar que seria um novo filme de terror explícito, uma mistura de “A Hora do Pesadelo” com “A Volta dos Mortos-Vivos”. Os fãs do terror com muito sangue se decepcionaram, porém o público que gosta de um suspense assustador ficou satisfeito. 

O filme é livremente baseado na história real de Wade Davis, que alega ter tido contato com o chamado “pó zumbi” e sofrido de forma semelhante ao protagonista interpretado por Bill Pullman. 

Além de Pullman em um dos seus primeiros papéis no cinema, vale destacar também o hoje falecido sul-africano Zakes Mokae como o assustador curandeiro.

sábado, 5 de outubro de 2013

Vivos

Vivos (Alive, EUA, 1993) – Nota 7,5
Direção – Frank Marshall
Elenco – Ethan Hawke, Vincent Spano, Josh Hamilton, Bruce Ramsay, John Newton, Sam Behrens, Illeana Douglas, Jack Noseworthty, Michael De Lorenzo, José Zuñiga, Danny Nucci, John Cassini, Josh Lucas, John Malkovich.

Um avião que transporta uma equipe uruguaia de rugby com destino ao Chile para disputar um torneio, sofre um acidente e cai na Cordilheira dos Andes. A princípio, os mais de vinte sobreviventes procuram ajudar os feridos e esperar um provável resgate, porém o mal tempo causado pelo rigoroso inverno e o erro de rota do piloto que causou o acidente, faz com que os jovens fiquem abandonados por mais de dois meses. 

Baseado numa história real ocorrida em 1972, este drama dirigido por Frank Marshall tem uma assustadora cena de acidente aéreo, com certeza uma das mais realistas sequências do gênero já filmadas. 

O terrível destaque da história fica por conta do sofrimento dos sobreviventes, que conseguiram utilizar o gelo como água, mas após algum tempo os poucos alimentos acabaram e eles foram obrigados a praticar o canibalismo para sobreviver. 

Esta versão não apela para o explícito, foca mais no drama, diferente de um longa mexicano de 1976 chamado “Os Sobreviventes dos Andes”, que se tornou cult nos anos oitenta e passou várias vezes no SBT. 

O destaque do elenco é um ainda bem jovem Ethan Hawke e a narração de John Malkovich.  

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Produções B Filmadas na Amazônia

A Amazônia já serviu de cenário para diversos filmes como "Amazônia em Chamas", "O Curandeiro das Selvas", "Anaconda" e "Brincando nos Campos do Senhor".

Nesta postagem eu comento sobre cinco produções B filmadas na região, todos longas esquecidos ou pouco conhecidos pelo público.

A Floresta de Esmeraldas (The Emerald Forest, Inglaterra, 1985) – Nota 7
Direção – John Boorman
Elenco – Powers Boothe, Meg Foster, Charley Boorman, Dira Paes, Estee Chandler, Eduardo Conde, Átila Iório, Gracindo Júnior.

O engenheiro Bill Markham (Powrs Boothe) trabalha na construção de uma hidrelétrica na Amazônia quando seu filho Tommy é sequestrado por índios. Durante dez anos, Bill procura seu filho visitando tribos isoladas em lugares remotos da Amazônia. O destino faz com que ele encontre seu filho já adolescente (Charley Boorman), vivendo agora como um índio loiro adotado pelo chefe da tribo. Tommy se nega a voltar com o pai, pois seu povo está em guerra como outra tribo extremamente violenta e canibal. 

A trama fantasiosa foi detonada pela crítica e transformou o filme no maior fracasso da carreira do diretor inglês John Boorman (“Excalibur”, “Inferno no Pacífico”). Uma das críticas principais também foi pela escolha de seu filho Charley Boorman para o papel do jovem índio. Apesar da trama fora do normal, o filme é interessante, o roteiro trabalha a clássica relação conflituosa entre pai e filho, lembrando um pouco a história de “Tarzan”. Outros pontos positivos são a fotografia que explora as belezas da floresta amazônica e as boas cenas de ação e violência. Vale destacar os vários brasileiros em papéis de coadjuvante, inclusive uma ainda adolescente Dira Paes. 

Selva Viva (Where the River Runs Black, EUA, 1986) – Nota 6
Direção – Christopher Cain
Elenco – Charles Durning, Peter Horton, Chico Diaz, Alessandro Rabelo, Ajay Naidu, Castulo Guerra, Dana Delany, Conchata Ferrell, Divana Brandão.

O menino Lazaro (Alessandro Rabelo) tem sua mãe assassinada por garimpeiros e é jogado no rio, porém é salvo por um boto. Em seguida, o garoto é levado para um orfanato em Belém que é comandado pelo velho padre O’Reilly (Charles Durning). O padre sabe que o garoto é fruto da relação de outro padre (Peter Horton) com uma mulher da região (Divana Brandão). Mesmo muito jovem, Lazaro deseja se vingar dos assassinos da mãe e voltar para selva. 

Com um bom elenco de americanos e com apoio do brasileiro Chico Diaz, está produção explora bem os cenários de Belém do Pará e da Amazônia para contar uma história que utiliza partes de lendas como a do boto e da mulher-águia. 

O diretor Christopher Cain era promissor nos anos oitenta, tendo feito bons filmes como “A Força da Inocência”, porém se perdeu nos anos noventa em produção fracas.  

O Rio da Morte (River of Death, EUA, 1989) – Nota 5
Direção – Steve Carver
Elenco – Michael Dudikoff, Donald Pleasence, Robert Vaughn, Herbert Lom, L. Q. Jones, Cynthia Earland, Sarah Maur Thorp.

O mercenário Hamilton (Michael Dudikoff) lidera uma expedição pelo rio Amazonas em busca de uma cidade perdida. Enfrentando perigos como o rio selvagem, nativos e animais, o grupo ainda cruza com um cientista nazista (Robert Vaughn) que faz experiências com os nativos. 

Esta produção com uma trama absurda estrelada pelo eterno “American Ninja” Michael Dudikoff chega a ser divertida, tanto pelas cenas de ação feitas com poucos recursos, quanto pelo elenco de veteranos vilões. Além de Vaughn (“Os Agentes da UNCLE”), o filme tem ainda Donald Pleasence (o dr. Loomis do clássico “Halloween”) como um sujeito ganancioso, Herbert Lom (o comandante Dreyffus do original “A Pantera Cor-de-Rosa”) como um coronel e L. Q. Jones (vilão em vários westerns) como outro aventureiro.   

800 Léguas Abaixo do Amazonas (Eight Hundred Leagues Down the Amazon, EUA / Peru, 1993) – Nota 4
Direção – Luis Llosa
Elenco – Daphne Zuniga, Tom Verica, Barry Bostwick, Adam Baldwin

John Garral (Barry Bostwick) é um fazendeiro que vive nas margens do Rio Amazonas no lado peruano, mas que não pode entrar no Brasil por ter sido condenado por um crime que não cometeu. Quando sua filha (Daphne Zuniga) vai se casar com o aristocrata Manoel (Tom Verica), Garral decide enfrentar o perigoso rio para participar do enlace. Garral precisa ainda escapar de um caçador de recompensas (Adam Baldwin) que deseja capturá-lo. 

Baseado na obra de Julio Verne, esta produção dirigida pelo peruano Luis Llosa foi um dos trabalhos que sabe-se lá porque chamaram a atenção de Hollywood e abriram as portas para a carreira internacional do diretor. Ele já havia comandado bombas como “Caçador do Futuro” com David Carradine e “O Assassino do Presidente” como Erik Estrada. Aqui o nível é o mesmo, com um elenco recheado de canastrões americanos e algumas cenas que chegam até a ser engraçadas. O gosto por filmar na Amazônia fez Llosa comandar também o clássico trash “Anaconda”. 

Bem-Vindo À Selva (The Rundown, EUA, 2003) – Nota 4
Direção – Peter Berg
Elenco – Dwayne “The Rock” Johnson, Seann William Scott, Rosario Dawson, Christopher Walken, Ewen Bremner, Jon Gries, William Lucking, Ernie Reyes Jr.

Beck (Dwayne Johnson) é contratado por um milionário para buscar o filho Travis (Seann Wiliam Scott) que foi para o Brasil à procura de um tesouro que estaria escondido num lendário local conhecido como Eldorado. Beck não demora para encontrar Travis, que por seu lado faz a cabeça do sujeito com a história da fortuna e consegue transformar o caçador de recompensas em seu parceiro. Além dos perigos naturais, a dupla terá de enfrentar também o mercenário Hatcher (Christopher Walken) que deseja encontrar o tesouro. 

Mesmo assistindo sem se preocupar com as falhas, a trama ou as atuações, fica difícil encarar esta aventura exagerada que mostra uma selva brasileira totalmente estranha e o povo falando espanhol. Para piorar, não vejo graça alguma em Seann William Scott, enquanto The Rock tenta salvar o dia dando porrada. O ponto positivo é o sempre competente Christopher Walken se divertindo como o vilão. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Curvas da Vida

Curvas da Vida (Trouble with the Curve, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Robert Lorenz
Elenco – Clint Eastwood, Amy Adams, Justin Timberlake, John Goodman, Matthew Lillard, Robert Patrick, Bob Gunton, George Wyner, Jack Gilpin, Ed Lauter, Chelcie Ross, Ray Anthony Thomas.

Gus Lobel (Clint Eastwood) é um veterano recrutador de jogadores de beisebol que descobre estar sofrendo de um sério problema na visão. Não querendo se aposentar, Gus esconde o fato do clube para qual trabalha, porém seu amigo Pete (John Goodman) não se deixa enganar e pede ajuda para a filha de Gus, a advogada Mickey (Amy Adams). Mickey, que trabalha num caso importante, decide mesmo assim ajudar o pai no trabalho que pode ser o último da carreira dele. A situação faz com que os dois que brigam por qualquer motivo, tenham um tempo maior para tentar se entender e resolver pendências do passado. 

Em todos os trabalhos de Clint Eastwood como ator desde “Poder Absoluto” em 1997, ele parece interpretar o mesmo personagem, o veterano durão que tem dificuldades para se relacionar com a família e os amigos, além de carregar traumas. 

Neste novo longa o personagem é o mesmo, a única diferença está na direção que ele entregou para Robert Lorenz, que foi seu diretor de segunda unidade em vários de seus filme e aqui mostra que a influência de Clint é enorme no seu trabalho. 

Se a direção é correta, o ponto negativo está no roteiro certinho demais. Com pouco mais de meia hora fica fácil entender o que irá acontecer, o que se comprova no final, que por sinal parece apressado, com várias situações sendo resolvidas rapidamente. 

Não é um filme ruim, tem um bom elenco e o carisma de Clint, mas falta ousadia e fica a dever quanto a originalidade.