Direção –
Louis Malle
Elenco – Wallace
Shawn, Andre Gregory.
Neste filme, o falecido diretor francês Louis Malle pode ser
considerado apenas espectador de uma conversa entre dois sujeitos que discutem
filosoficamente temas como carreira, teatro, destino, casamento, crenças, entre
vários outros durante um jantar de quase duas horas.
O longa foi uma ideia do
ator Wallace Shawn e do diretor de teatro Andre Gregory, que durante um jantar
real decidiram que a conversa entre os dois poderia render um roteiro. Eles repetiram
o jantar algumas vezes e a partir daí desenvolveram o roteiro que resultou
neste interessante filme.
Exceto um prólogo que tem em torno de cinco minutos,
com o ator Wallace Shawn se deslocando por Nova York para encontrar o amigo
Andre e o epílogo quando ele retorna para casa de taxi analisando a conversa do
jantar, o restante do filme se passa em um restaurante no tempo real do jantar
da dupla.
Os atores interpretam basicamente a si mesmos. Shawn estudava teatro
com Andre e sonhava ser dramaturgo, mas desistiu da carreira pelo falta de
oportunidades e decidiu se tornar ator. O fato o deixa preocupado em
reencontrar o amigo após vários anos, também por que as informações que ele
tinha era que Andre tinha surtado, abandonado carreira e família para viajar o
mundo.
Logo que se encontram, Shawn parece receoso, mas logo é envolvido pela
fluente conversa do amigo, que conta ter viajado o mundo para ter novas
experiências, o que conseguiu ao passar por vários países como Polônia, Índia e
Tibete.
Os diversos temas levantados por Andre fazem Shawn se envolver e
opinar, o que gera um interessante debate, que mostra Shawn como um sujeito
racional, que não acredita no acaso e deseja apenas ganhar seu dinheiro para
viver, enquanto Andre procura algo mais do que bens materiais ou carreira.
É
difícil descrever o teor das conversas, algumas discussões chegam a ser incompreensíveis
pela enorme quantidade de divagações ou por citações filosóficas demais. Os
dois atores são o protótipo dos intelectuais novaiorquinos que Woody Allen
costuma satirizar em seus filmes. É o tipo de longa que os cinéfilos que gostam
apenas dos filmes de arte amam, enquanto o cinéfilo comum pode ser cansar com o
falatório exagerado. Eu fico no meio termo, considero a premissa interessante,
resultando em alguns bons diálogos que nos fazem refletir sobre a vida, porém o
excesso de conversa filosófica acaba cansando e diminui a força da ideia.
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