quinta-feira, 30 de junho de 2011

Katyn


Katyn (Katyn, Polônia, 2007) – Nota 8
Direção – Andrzej Wajda
Elenco – Andrzej Chyra, Maja Ostaszewska, Artur Zmijewski, Danuta Stenka, Jan Englert, Magdalena Cielecka.

O veterano diretor polonês Andrzej Wajda comandou aos oitenta e um anos este drama que retrata o chamado “Massacre de Katyn” (que concorreu ao Oscar de Filme Estrangeiro), onde mais de vinte mil oficiais poloneses foram friamente executados pelo exército soviético em 1940 durante a Segunda Guerra Mundial. 

Wajda tem uma longa carreira iniciada ainda nos anos cinqüenta, sempre com filmes fortes que tocam em temas como política e história. Seu trabalho mais conhecido pelo público mundial é o drama histórico “Danton – O Processo da Revolução”. 

O longa “Katyn” começa em 1939 quando a Polônia tomada pelos nazistas é invadida ao leste pelo soviéticos, o que mundo não sabia é que o fato era uma conseqüência do pacto entre Hitler e Stalin para dominar e dividir a Europa. Logo os soldados poloneses são levados pelos nazistas, enquanto isso os oficiais se tornam prisioneiros dos soviéticos e levados para um campo de concentração onde após alguns meses são transportados em grupos para a Floresta de Katyn e assassinados um a um, tendo seus corpos jogados em valas coletivas. 

Wajda cria a fictícia história de três mulheres que sofrem pelos maridos e irmãos terem sido levados pelos soviéticos. A bela Anna (Maja Ostaszewska) acredita sempre que o marido, o oficial Andrzey (Artur Zmijewski) está vivo, a jovem Agnieszka (Magdalena Cielecka) entra na luta contra a opressão soviética após saber da morte do irmão e Roza (Danuta Stenka) tenta aceitar a morte do marido, um general. 

O filme segue de 1939 a 1945, mostrando além do drama da guerra, também a forma como o governo soviético dominou o país em seguida e criou a mentirosa versão de que os nazistas foram os assassinos em Katyn, situação que os poloneses foram obrigados a aceitar e quem tentou lutar contra acabou perseguido, sendo preso ou assassinado. 

Consta que o diretor Wajda também perdeu seu pai durante o massacre e mesmo durante a opressão soviética tentou mostrar a verdade, o que só foi possível em 1990 após o fim do regime comunista, traduzindo, foram quarenta e cinco de tortura para quem perdeu algum parente no massacre. 

Como coincidência trágica ou maldição, em 2010 um avião com o presidente polonês e grande parte dos políticos do alto escalão do pais morreram num acidente de avião quando se dirigiam a Katyn, onde haveria uma cerimônia que lembraria os setenta anos do massacre. 

Finalizando, não é um filme para todo público, sua narrativa é seca e não explica didaticamente a história, a intenção do diretor era mostrar que a ocupação soviética foi tão cruel quanto a invasão nazista, isso fica claro logo na primeira cena e posteriormente na realista sequência final, que deixa no espectador um misto de nó na garganta com perplexidade. 

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Filmes - Tema "Casamento"

Apesar de não estarmos no mês de maio, resolvi escrever sobre alguns filmes em que o casamento é o tema principal.

São comédias com pequenos dramas que mostram as alegrias e dificuldades de uma relação a dois. Desde os confusos preparativos para o grande dia até a complicada rotina diária.


Vestida Para Casar (27 Dresses, EUA, 2008) – Nota 6,5
Direção – Anne Fletcher
Elenco – Katherine Heigl, James Marsden, Edward Burns, Malin Akerman, Brian Kerwin, Melora Hardin, Judy Greer.

Jane (Katherine Heigl) já foi madrinha de casamento 27 vezes e guardou como lembrança todos os seus vestidos. Praticamente uma especialista em casamentos, ela espera o príncipe encantado em sua vida, que poderia ser seu chefe George (Edward Burns), porém ele tem olhos apenas para irmã de Katherine, Tess (Malin Akerman). Enquanto isso, em uma nova festa de casamento, Katherine conhece o jornalista Kevin (James Marsden), que escreve no jornal um coluna sobre casamentos. Katherine adora os textos de Kevin, que assina com pseudônimo, mas quando conhece o rapaz vê que ele pensa completamento diferente do que escreve. Esta comédia de amores complicados utiliza todos os clichês do gênero, mas diverte pela simpatia da bela Katherine Heigl e por algumas boas piadas sobre o tema e os relacionamentos em geral.

Licença para Casar (License to Wed, EUA / Austrália, 2007) – Nota 5
Direção – Ken Kwapis
Elenco – Robin Williams, Mandy Moore, John Krasinski, Eric Christian Olsen, Christine Taylor, Josh Flitter, Deray Davis, Peter Strauss, Grace Zabriskie, Roxanne Hart, Bob Balaban

Os noivos Ben (John Krasinski) e Sadie (Mandy Moore) estão prestes a se casar e como a família da noiva frequenta uma determinada igreja, o casal aceita participar de um curso preparatório ministrado pelo Reverendo Frank (Robin Williams). O problema é que Frank utiliza provas estranhas que deixam o casal em situações constrangedoras gerando em conflito entre eles pela excentricidade do sujeito e os questionamentos que ele coloca na cabeça dos jovens. A premissa que poderia ser engraçada se torna extremamente chata pelo antipático personagem de Robin Williams e as situações irritantes que ele cria. Para completar, os fracos Mandy Moore e John Krasinski não ajudam a melhorar qualidade do filme.  

O Casamento de Romeu e Julieta (Brasil, 2005) – Nota 6
Direção – Bruno Barreto
Elenco – Luana Piovani, Luís Gustavo, Marco Ricca, Martha Mellinger, Berta Zemel, Leonardo Miggiorin, Mel Lisboa, Renato Consorte, José Vasconcelos.

Romeu (Marco Ricca) e Julieta (Luana Piovani) se conhecem, rapidamente se apaixonam e pensam em casar. O problema é que Romeu é corintiano doente, enquanto toda a família de Julieta é palmeirense, principalmente seu fanático pai Alfredo Baragatti (Luís Gustavo). Para não criar conflito, Romeu se passa por palmeirense para enganar o sogro, mas a mentira causará uma tremenda confusão, inclusive com sua avó (Berta Zemel), corintiana fanática. O longa baseado no livro de Mário Prata faz piada com o fanatismo e a rivalidade entre palmeirenses e corintianos, tendo o diretor Bruno Barreto criado uma comédia que beira o pastelão em muitas situações, mostrando personagens exagerados. É um tipo de comédia que agrada ao público que gosta de novelas, mas com cinema deixa a desejar.

Particularidades de um Casamento (Married to It, EUA, 1991) – Nota 6,5
Direção – Arthur Hiller
Elenco – Beau Bridges, Stockard Channing, Robert Sean Leonard, Mary Stuart Masterson, Ron Silver, Cybill Shepherd.

Os preparativos para uma festa num colégio em Nova York reúne três casais bem diferentes entre si. Os simples John e Iris (Beau Bridges e Stockard Channing), os jovens Chuck e Nina (Robert Sean Leonard e Mary Stuart Masterson) e os ricos Leo e Claire (Ron Silver e Cybill Shepherd). O que começa timidamente como uma reunião formal, aos poucos se torna uma espécie de terapia onde todos acabam se conhecendo, inclusive os problemas porque cada casal está passando. O longa é um interessante estudo sobre o funcionamento dos relacionamentos entre homem e mulher, mostrando que não importa idade ou condição social, em todos os níveis ocorrem situações boas e ruins, ficando sempre a continuidade da relação à prova de diversos fatores. Mesmo não se aprofundando muito no tema, vale como uma análise deste tipo de relação. 

O Casamento de Betsy (Betsy’s Wedding, EUA, 1990) – Nota 7
Direção – Alan Alda
Elenco – Alan Alda, Madeline Kahn, Joe Pesci, Molly Ringwald, Joey Bishop, Ally Sheedy, Anthony LaPaglia, Catherine O'Hara, Burt Young, Nicolas Coster. Bibi Besch, Dylan Walsh, Allan Rich.

A jovem Betsy (Molly Ringwald) fica noiva de Jake (Dylan Walsh), um rapaz de família rica que logo se dispõe a pagar uma lua-de-mel em um local paradisíaco. Querendo igualar o presente, o pai de Betsy, Eddie (Alan Alda) resolve bancar uma grande festa, porém o problema é que ele passa por dificuldades financeiras. Seguindo o conselho do cunhado (Joe Pesci), Eddie faz um empréstimo com o mafioso Georgie (Burt Young), dando início a uma grande confusão, tanto pela dívida assumida, quanto pela dificuldade em realizar o evento. Esta simpática comédia de costumes foi a última aventura do ator Alan Alda (astro da série “Mash”) na direção e como em seus outro trabalhos, ele filma um roteiro onde o ponto principal são as relações humanas e todas as suas dificuldades e recompensas. Aqui temos a disputa das famílias, a pressão em cima dos noivos, o ciúme da irmã solteirona vivida por Ally Sheedy e toda a confusão que cerca um casamento. É uma comédia sincera que vale uma espiada.

Até Que a Vida Nos Separe (A New Life, EUA, 1988) – Nota 7
Direção – Alan Alda
Elenco – Alan Alda, Ann Margret, Hal Linden, Veronica Hamel, John Shea, Mary Kay Place, Beatrice Alda.

Após vinte anos de casamento, Jackie (Ann Margret) resolve se divorciar de Steve (Alan Alda), que não entende o porquê da decisão mas acaba aceitando. Novamente solteiros, os dois procuram novos parceiros em encontros arranjados por amigos e cada um mergulha numa nova relação. Jackie se envolve com um homem mais jovem, o possessivo Doc (John Shea) e Steve se encanta pela bela Kay (Veronica Hamel). Lógico que nem tudo serão flores nestes novos relacionamentos. Assim como em seu filme anterior “Doce Liberdade”, novamente Alan Alda mostra a vida dos descasados de meia idade, que a princípio querem aproveitar novamente a liberdade, mas aos poucos percebem que isso pode não ser o bastante para completar uma vida. Em seus trabalhos como diretor, Alan Alda mostra que tem sensibilidade e bom humor para focar os relacionamentos.  




terça-feira, 28 de junho de 2011

Cinéfilo x Consumidor de Cinema


Há algum tempo a amiga Amanda do blog Cine Pipoca Cult escreveu sobre uma situação que a desagradou ao final de uma sessão de cinema. Assim que os créditos de encerramento apareceram na tela, as luzes se acenderam, praticamente todo o público começou a sair como de costume e os funcionários do cinema entraram rapidamente para limpar a sala quase que expulsando quem gostaria de ver os créditos até o final, onde ainda existiria uma cena importante do filme.

Esta situação é um exemplo de como os grandes complexos de cinema vêem o espectador. Para eles o espectador é apenas um consumidor de cinema e na minha opinião a grande maioria de pessoas são apenas consumidores mesmo, os cinéfilos são poucos, infelizmente.

As pessoas que vão ao cinema apenas para ver o grande lançamento da semana, do mês ou o filme brasileiro estrelado por atores de novela, são aqueles que muitas vezes estão mais preocupados com a pipoca e o refrigerante gigante (com preços absurdos por sinal, em SP muitas vezes mais caros que o ingresso) ou na bagunça que a turma de amigos fará durante a sessão. Horas depois da sessão o filme já foi esquecido e na maioria das vezes a pessoa não sabe quem era o diretor e em alguns casos não conhece nem mesmo os atores.

A saída rápida das pessoas após a sessão é uma consequência da cultura em que vivemos, onde tudo deve ser rápido, aprender, ganhar dinheiro, comer, os relacionamentos e por consequência a diversão, mesmo que pouco se aproveite dela.

Vou ao cinema desde meados dos anos oitenta e acompanhei toda esta mudança cultural e estrutural durante estes anos. Naquela época a maioria da salas de cinema eram na rua, os shoppings eram poucos, com isso além dos ingressos terem preços mais baixos, as salas eram maiores e os filmes ficavam em cartaz por mais tempo. Por exemplo, "Nove e Meia Semanas de Amor" ficou quase dois anos em cartaz no cine Belas Artes em SP, hoje em dia seria considerado um absurdo, mas na época o cinema lucrou muito com sessões lotadas por casais de namorados durante este período.

Outra situação que seria considerada completamente maluca hoje é sobre a saída as pessoas ao final da sessão. Muitas ficavam até o final dos créditos e algumas até mesmo repetiam a sessão, sem que algum funcionário tentasse expulsar a pessoa da sala. Algumas pessoas entravam no meio da sessão e ficavam para a sessão seguinte com o objetivo de assistir ao início do filme. Hoje com pequenas salas para cem pessoas fica impossível isso acontecer.

Cada vez mais o cinema é voltado para os consumidores em detrimento aos cinéfilos. Os cinemas de shoppings colocam no máximo uma sala com um filme de arte ou independente, as demais são voltadas apenas para os grandes lançamentos, sem questionamento de qualidade.

Aqui em SP o fechamento da maioria dos cinemas de rua diminuiu e muito este circuito que misturava com qualidade filmes comerciais com obras independentes e longas europeus. Sobraram poucas salas na região da Paulista para os cinéfilos.

Hoje assisto muita coisa em casa, vou pouco ao cinema e sempre durante a semana. Aqui em SP aos finais de semana é preciso ter paciência para encarar as filas nas salas de shopping, além dos preços absurdos e dependendo da situação ainda ter ouvir os barulhos e a bagunça dos "consumidores de cinema".

Infelizmente o espaço para os cinéfilos está cada vez menor em SP e acredito que no resto do país não seja diferente.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Elite de Assassinos


Elite de Assassinos (The Killer Elite, EUA, 1975) – Nota 7
Direção – Sam Peckinpah
Elenco – James Caan, Robert Duvall, Arthur Hill, Bo Hopkins, Mako, Burt Young, Gig Young, Tiana.

A dupla de mercenários Mike Locken (James Caan) e George Hansen (Robert Duvall) trabalha para uma organização que presta sujos principalmente para a CIA. Numa destas missões, George mata o sujeito que eles estão protegendo e atira no braço e no joelho do amigo, mas o deixa vivo. Mesmo sendo tratado como inutilizado pelos chefes da organização (Arthur Hill e Gig Young), Mike faz de tudo para se recuperar e voltar a ativa. A chance aparece quando um importante oriental, Yuen Chung (Mako) precisa de proteção após ser jurado de morte pelo líder de um grupo de ninjas que ainda contratou George para cumprir a missão. Mike reúne dois velhos companheiros (Burt Young e Bo Hopkins) para proteger o homem e se vingar de George. 

Este filme é talvez o trabalho menos conhecido do grande Sam Peckinpah, que usa temas recorrentes a sua filmografia, como a violência em câmera lenta, os diálogos cínicos e a luta de personagens que precisam provar ainda serem úteis. 

Peckinpah brinca ainda com o sucesso dos filmes de ninja da época, ao mostrar na sequência final os ninjas serem trucidados pelas metralhadoras dos mercenários e diferente dos filmes de ação atuais, a primeira hora é quase toda voltada para a recuperação do personagem de Caan, que se prepara para o momento da vingança. 

Não é o melhor de Peckinpah, mas mesmo assim mostra que um filme de ação não precisa ser rápido e repleto de cortes, mas apenas uma boa história misturada com sequência bem filmadas e atores competentes com certeza rendem uma boa diversão.

domingo, 26 de junho de 2011

Coisas de Família - O Adeus a Peter Falk


Coisas de Família (The Thing About My Folks, EUA, 2005) – Nota 6
Direção – Raymond de Felittta
Elenco – Peter Falk, Paul Reiser, Olympia Dukakis, Elizabeth Perkins.

Como fiquei alguns dias sem postar, apenas ontem li a notícia da morte de Peter Falk. Provavelmente desconhecido pela nova geração, Falk fez boa carreira no cinema em filmes de guerra como "A Defesa do Castelo" e "A Batalha de Anzio" e depois em comédias como "Assassinato por Morte" e "O Detetive Desastrado", além do papel dele mesmo no hoje clássico "Asas do Desejo" de Wim Wenders.

Mas com certeza Falk será lembrado pelo detetive Columbo da famosa série que foi ao ar regularmente de 1971 a 1978 e acabou retomada em 1989. Novos episódios foram produzidos esporadicamente até 2003. Peter Falk venceu quatro prêmios Emmy pelo personagem.

Como homenagem, escrevo sobre um pequeno filme produzido para a tv em que ele estrela ao lado de Paul Reiser, sendo um dos seus últimos trabalhos.

Seu parceiro aqui, o ator Paul Reiser teve alguma fama nos anos noventa quando estrelou o sitcom “Mad About You” com Helen Hunt durante sete temporadas. Após o final da série Reiser fez poucos trabalhos e um deles é este “Coisas de Família”, que ele escreve e co-estrela ao lado do veterano Peter Falk. Eles são pai e filho que se unem quando a mãe sai de casa abandonando o marido após quase cinqüenta anos de casamento. Este convívio entre pai e filho faz aflorar algumas mágoas do passado e boas lembranças também. 

O filme é um misto de drama e comédia com uma história simpática que toca em temas como convivência em família, relação pais e filhos, além da velhice. É apenas um bom passatempo que vale como lembrança pela bela carreira de Peter Falk.

sábado, 25 de junho de 2011

Doces Poderes


Doces Poderes (Brasil, 1997) – Nota 7
Direção – Lúcia Murat
Elenco – Marisa Orth, Antônio Fagundes, José de Abreu, Otávio Augusto, Cláudia Lira, Tuca Andrada, Sérgio Mamberti, Jonas Bloch, Elias Andreato, Chico Diaz, Stepan Nercessian, Zezé Polessa, Catarina Abdala, Cristina Aché, Luís Melo, Luís Antônio Pilar.

Este filme sobre os bastidores da política brasileira produzido há quase quinze anos ainda se mostra extremamente atual. 

Aqui Marisa Orth é Bia, uma jornalista que é indicada para chefiar a redação de jornalismo da filial de Brasília do canal de tv com maior audiência no país durante as eleições estaduais. Ela chega imaginando ser um trabalho como outro qualquer, mas acaba sendo jogada numa disputa política entre os partidários de dois candidatos ao governo do estado, sendo um deles o empresário picareta Ronaldo Cavalcanti (José de Abreu) e o outro o operário Luizinho Vargas (Luís Antônio Pilar). Ela se envolverá também com dois homens: Um antigo amante, o deputado Chico Silva (Antônio Fagundes) que apoia Luizinho e o outro será seu assistente no canal de tv, Alex (Tuca Andrada), além de ter de seguir o que a emissora deseja em relação a eleição. 

A diretora Lúcia Murat se baseou na eleição que levou Fernando Collor de Mello à presidência do país, tendo sido a primeira eleição direta para o cargo após quase trinta anos e que teve uma influência direta da tv no resultado, principalmente pelo famoso debate entre Collor e Lula que foi editado a favor do primeiro. 

O filme mostra muito bem a relação de jornalistas com os candidatos que gastam fortunas para tentar se eleger e a influência dos canais de tv que manipulam as notícias de acordo com seus interesses. Os diversos personagens jornalistas do filme falam diretamente para câmera confessando que deixaram a ética e seus princípios de lado para poderem sobreviver na profissão e conseguir viver com algum dinheiro. No filme este personagens são jornalistas contratados para editar e manipular as imagens de candidatos para esconder a sujeira e mostrar apenas o lado bom dos futuros governantes. 

Infelizmente neste quinze anos este situação pouco se modificou.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Golpe Baixo (1974 e 2004)


Golpe Baixo (The Longest Yard, EUA, 1974) – Nota 7
Direção – Robert Aldrich
Elenco – Burt Reynolds, Eddie Albert, Ed Lauter, James Hampton, Michael Conrad, Harry Caesar, Bernadette Peters.

O ex-jogador de futebol americano Paul Crewe (Burt Reynolds), foge da polícia completamente bêbado dirigindo um carro emprestado, causando um grande acidente. Paul acaba preso e condenado a cumprir pena em uma penitenciária onde o diretor (Eddie Albert) comanda uma time de futebol formado pelos guardas e deseja que ele monte uma equipe de prisioneiros para servir de saco de pancadas para os guardas. Obrigado a aceitar o desafio, Paul comandará os prisioneiros com o intuito de vencer a partida e se vingar da brutalidade dos guardas e humilhar o diretor.

Misturando ação, violência e comédia, o longa foi um veiculo perfeito para o astro Burt Reynolds, que nos anos setenta estrelou vários filmes de sucesso principalmente com o público do sul dos Estados Unidos, sempre interpretando o anti-herói (“Agarra-me se Puderes” e “W. W. e Dixie” são exemplos). Este “Golpe Baixo” por sinal é um bom divertimento, misturando bem todos elementos citados e tendo a direção segura do ótimo Robert Aldrich, responsável por clássicos como “Os Doze Condenados” e “O Vôo da Fênix”. 

Golpe Baixo (The Longest Yard, EUA, 2004) – Nota 5
Direção – Peter Segal
Elenco – Adam Sandler, Chris Rock, Burt Reynolds, James Cromwell, Nelly, Michael Irvin, William Fichtner, Courteney Cox, Walter Williamson, Bill Goldberg, Terry Crews, Bob Sapp, Nicholas Turturro, Dalip Singh, Lobo Sebastian, David Patrick Kelly, Tracy Morgan, Kevin Nash, Steve Austin, Brian Bosworth, Cloris Leachman, Allen Covert, Rob Schneider, Ed Lauter.

O ex-astro astro de futebol americano Paul Crewe (Adam Sandler) é preso após roubar o carro da namorada (Courteney Cox) e fugir de diversos carros de polícia causando um grande acidente. Enviado para uma penitenciária rural, ele é obrigado pelo diretor (James Cromwell) a montar um time que deverá enfrentar a equipe dos guardas e perder o jogo. A questão é que Paul foi expulso do futebol profissional por ter sido acusado de entregar uma partida. 

Diferente do original, este refilmagem coloca em primeiro plano apenas as piadas ao estilo Sandler e cenas de pastelão principalmente nos treinos e no jogo. Com um roteiro cheio de furos, o filme é do tipo produzido para a platéia adolescente que gosta de piadas rasteiras. Para quem asssitiu ao original vale apenas como curiosidade de ver Burt Reynolds como o veterano treinador (no original o papel era do falecido Michael Conrad) e comparar as versões, nada mais que isso.

sábado, 18 de junho de 2011

Federal


Federal (Brasil, 2010) – Nota 4
Direção – Erik de Castro
Elenco – Carlos Alberto Riccelli, Selton Mello, Cesario Augusto, Christovam Neto, Eduardo Dussek, Michael Madsen, Carolina Gomez, Adriano Siri, Analu Silveira, Solange Barros, Roberto Cano.

Um grupo de agentes da polícia federal liderado por Vital (Carlos Alberto Riccelli) investiga uma chacina ligada ao tráfico de drogas, que tem como chefão em Brasília Beque Batista (Eduardo Dussek), que utiliza uma ONG e uma igreja para lavar dinheiro. A equipe de Vital tem o jovem Daniel (Selton Mello) e os policiais barra pesada Lua (Cesario Augusto) e Rocha (Christovam Neto) para combater os criminosos. 

Infelizmente não existe mais o que falar sobre esta trama repleta de clichês, com um roteiro que lembra os piores filmes policiais americanos, tendo ainda a pequena e inútil participação de Michael Madsen como um policial americano corrupto. O restante do elenco também está péssimo, Riccelli comprova porque sua carreira nos EUA nunca decolou e a participação de Selton Mello se justifica apenas se ele for amigo do diretor ou se estava precisando de dinheiro. 

O roteiro do próprio diretor Erik de Castro tenta ainda mostrar a vida pessoal dos policiais, criando alguns dramas paralelos de um modo rasteiro e incluindo ainda cenas de sexo. Para completar, até mesmo as cenas de ação são fracas, com tiroteios e mortes que parecem as encenações do programa “Linha Direta”, pontuadas por uma péssima trilha sonora que em alguns momentos lembram os filmes brasileiros dos anos setenta e em outros utiliza-se do som do berimbau para tentar criar tensão. 

Erik de Castro deveria assistir “Tropa de Elite” umas cem vezes e ainda fazer um estágio com o José Padilha para tentar aprender como se faz um filme policial decente.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Balconista I & II


O Balconista (Clerks, EUA, 1994) – Nota 7,5
Direção – Kevin Smith
Elenco – Brian O’Halloran, Jeff Anderson, Jason Mewes, Kevin Smith, Marilyn Ghigliotti.

O filme se passa um loja de conveniência em New Jersey, onde o balconista Dante (Brian O’Halloran) é obrigado a trabalhar no seu dia de folga em virtude da falta do outro empregado. Durante o dia Dante atenderá diversos clientes engraçados, sempre tendo a companhia de Randal (Jeff Anderson), o atendente de uma locadora ao lado que prefere ficar conversando com Dante ao invés de trabalhar. 

Os diálogos entre a dupla é o melhor do filme, eles discutem temas como sexo, filmes, históras em quadrinhos, além dos problemas de Dante com suas namoradas. Para completar, um dupla de maconheiros vive na porta do estabelecimento vendendo drogas, sendo eles Jay (Jason Mewes) e Silent Bob (o próprio diretor Kevin Smith). Enquanto Jay fala pelos cotovelos, Silent Bob não abre a boca. A dupla aparece em quase todos os filmes de Kevin Smith.

Este longa é a estréia de Kevin Smith na direção, que com pouco dinheiro e muito conhecimento do universo pop, filmou esta obra cult em preto e branco. O longa fez sucesso no circuito independente e deixou a impressão que Kevin Smith poderia se transformar num grande diretor, porém seus trabalhos posteriores mostraram que seu talento se restringia a este universo. Ele fez ainda o ótimo “Procura-se Amy” e o controverso “Dogma”, mas ficou longe de onde alguns críticos imaginava que poderia chegar.

O Balconista II (Clerks II, EUA, 2006) – Nota 7
Direção – Kevin Smith
Elenco – Brian O’Halloran, Jeff Anderson, Jason Mewes, Kevin Smith, Rosario Dawson, Jennifer Schwalbach Smith, Ethan Suplee, Jake Richardson, Ben Affleck, Jason Lee, Trevor Fehrman, Wanda Sykes, Earthquake.

Depois que o drama misturado com comédia “Menina dos Olhos” fracassou, o diretor Kevin Smith resolveu revisitar o filme que o fez conhecido e comandou a continuação de “O Balconista”. O filme se passa doze anos depois do original e a dupla Dante (Brian O’Halloran) e Randal (Jeff Anderson) estão na casa dos trinta anos e ainda trabalhando na mesma loja de conveniências. 

Quando o local pega fogo, a dupla encontra trabalho numa outra lanchonete, por sinal um emprego que odeiam, A dupla continua a passar os dias discutindo sobre os mais diversos temas, com Randal expondo suas teorias malucas sobre sexo, filmes e histórias em quadrinhos, enquanto Dante vive na dúvida se casa com Emma (Jennifer Schwalbach Smith, esposa de Kevin Smith na vida real) ou se continua com a sua vida quase de adolescente. 

Novamente temos a dupla Jay (Jason Mewes) e Silent Bob (Kevin Smith) vendendo drogas, porém agora eles deixaram de consumir o produto. Finalizando o elenco temos Becky (Rosario Dawson), que  é a chefe da dupla no novo restaurante e tem uma queda por Dante. 

Mesmo não sendo tão legal quando o original, está sequência novamente tem bons diálogos politicamente incorretos, além das participações de Ben Afleck e Jason Lee, amigos e colaboradores habituais de Kevin Smith.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Alexandre


Alexandre (Alexander, Alemanha / EUA / Holanda / França / Inglaterra / Itália, 2004) – Nota 6
Direção – Oliver Stone
Elenco – Colin Farrell, Anthony Hopkins, Angelina Jolie, Val Kilmer, Christopher Plummer, Brian Blessed, Jared Leto, Jonathan Rhys Meyers, Gary Stretch, Elliot Cowan, Tim Pigott Smith, Rosario Dawson.

Em Alexandria no Egito, Ptolomeu (Anthony Hopkins) narra para um escriba a vida e as conquistas de Alexandre, o Grande (Colin Farrell). Ptolomeu fora general do exército de Alexandre e seu fascínio pela figura do líder é nítido ao compará-lo até mesmo com um Deus. 

A história volta quarenta anos para mostrar a saga de Alexandre, filho da rainha Olímpia (Angelina Jolie) com quem cria uma relação quase de Édipo e do rei Philip (Val Kilmer). Alexandre segue os passos do pai, que começou a unificar vários povos e com sua ambição ambição tem o objetivo de conquistar o mundo. Alexandre consegue seu objetivo, criar império mas acaba morrendo cedo, aos trinta e três anos. 

O diretor Oliver Stone especialista em biografias controversas como “Nixon” e “W”, aqui apresenta a sua maneira uma versão da vida de um dos grandes nomes da história mundial. Mesmo criando interessantes batalhas, Stone preferiu focar a história nos dramas psicológicos vividos pelo protagonista, desde sua relação edipiana com a mãe e o conflito com o pai, passando pela insegurança mesmo tendo conquistado tudo o que queria e por final seus relacionamentos com homens e mulheres, dando ênfase a bissexualidade e o amor entre ele e seu general Hephaiston vivido por Jared Leto. Esta escolha de Stone em transformar um épico em drama colocando a sexualidade do protagonista em primeiro plano levou o filme ao fracasso, junto com a longa duração (quase três horas).

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Esquadrão Classe A - Filme & Série



Esquadrão Classe A (The A-Team, EUA, 2010) – Nota 6,5
Direção – Joe Carnahan
Elenco – Liam Neeson, Bradley Cooper, Jessica Biel, Quinton “Rampage” Jackson, Sharlto Copley, Patrick Wilson, Gerald McRaney, Henry Czerny, Yul Vazquez.

Esquadrão Classe A (The A-Team, EUA, 1983 a 1987) 
Criação – Stephen J. Cannel & Frank Lupo
Elenco – George Peppard, Dirk Benedict, Mr. T, Dwight Schultz.

Quatro oficiais do exército americano acabam se conhecendo durante uma confusão com um chefão do crime no México. Oito anos depois eles são uma equipe especial durante a Guerra do Iraque. 

Liderados pelo Coronel John “Hannibal” Smith (Liam Neeson), a equipe é enviada em uma missão extra-oficial para recuperar placas usadas para fabricação de dinheiro que foram roubadas. O grupo é composto pelo Tenente Templeton “Face” Peck (Bradley Cooper), o Sargento B. A. Baracus (Quinton “Rampage” Jackson”) e o maluco Capitão Murdock (Sharlto Copley). 

Esta missão faz com que o grupo fique no meio de uma briga entre o agente da CIA Lynch (Patrick Wilson) e a oficial Charissa Sosa (Jessica Biel), sendo enganados e condenados a prisão. Na cadeia o Coronel Hannibal arma um plano para fugir e provar a inocência do grupo. 

Infelizmente esta refilmagem deixa de lado todo o charme da série original, abusando dos efeitos especiais e criando sequências absurdas de ação repletas de violência. A série tinha cenas de ação, porém em sua maioria eram perseguições de carros e brigas bem mais ingênuas que as mostradas aqui, tendo como trunfo os toques de comédia e principalmente o carisma do quarteto principal. 

Em comparação do elenco a distância é menor, Liam Neeson não compromete, apesar de não ter o mesmo carisma e a engraçada canastrice de George Peppard, que interpretava um Coronel Hannibal especialista em disfarces estranhos e planos malucos. Bradley Cooper é mais ator que Dirk Benedict que fazia o “Cara-de-Pau” e Sharlto Copley chega próximo ao maluco Murdock de Dwight Schultz. O elo fraco do elenco fica com Quinton Jackson, que não chega as pés do carisma de Mr. T, que nunca foi ator de talento, mas era perfeito no papel de B. A. tanto nas cenas de briga, quanto nos momentos de fúria contra Murdock e no medo de voar, onde o grupo sempre inventava alguma armadilha para fazê-lo desmaiar. 

A maioria das refilmagens e adaptações de séries acabam se mostrando inferiores, quase sempre porque os produtores e diretores tentam adaptar a história ao público adolescente, dando ênfase as cenas de ação exageradas, sem se preocupar com a qualidade da história. É uma pena, neste caso apesar do filme não ser de todo ruim, fica claro que a decisão de modernizar a história passa longe do gosto dos antigos fãs.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Scoop - O Grande Furo



Scoop – O Grande Furo (Scoop, Inglaterra / EUA, 2006) – Nota 7
Direção – Woody Allen
Elenco – Scarlett Johansson, Hugh Jackman, Woody Allen, Ian McShane, Charles Dance, Julian Glover, Romola Garai, Anthony Head, Kevin McNally.

A americana estudante de jornalismo Sondra Pransly (Scarlett Johansson) está em Londres para entrevistar um famoso diretor de cinema (Kevin McNally), porém acaba sendo seduzida pelo sujeito e fica ainda sem a entrevista. 

Para refrescar a mente, aceita o convite de uma amiga (Romola Garai) para assistir ao show do mágico Splendini, na verdade Sid Waterman (Woody Allen). Sondra é chamada para participar de um número e no meio de um truque aparece o espírito de um jornalista morto (Ian McShane), que diz ter certeza que o famoso “Assassino das Cartas de Tarô” é o aristocrata Peter Lyman (Hugh Jackman), mas como sua situação não permite que investigue o sujeito, ele escala a jovem Sondra para desmascarar o assassino. 

Mesmo com a história maluca, Sondra resolve se aproximar do suspeito com a ajuda do mágico falastrão, que se apresenta como seu pai durante a farsa. A história se complica quando Sondra se apaixona por Peter, mesmo não tendo certeza se ele é inocente. 

Neste longa, Woody Allen utiliza Londres como cenário para contar uma história que mistura romance, comédia e investigação, tendo como pontos principais a simpática interpretação da bela Scarlett Johansson, num misto de frescor e curiosidade e o papel que ele mesmo interpreta, um sujeito de língua afiada que tem as melhores frases do longa. O desenrolar do filme é agradável, perdendo pontos apenas na forma apressada com que os crimes são solucionados para finalizar a história.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Livro - Como a Geração Sexo, Drogas e Rock'n'Roll Salvou Hollywood

Como a Geração Sexo, Drogas e Rock'n'Roll Salvou Hollywood (Easy Riders, Raging Bulls, EUA, 1998)
Autor - Peter Biskind

Demorou mais de dez anos para este delicioso livro sobre a revolução ocorrida no cinema americano nos anos setenta chegar ao Brasil. O autor Peter Biskind desmistifica os grandes diretores, atores, produtores e roteiristas da época, mostrando como os bastidores de clássicos como "O Poderoso Chefão", "Taxi Driver" e "Apocalipse Now" eram recheados de sexo, drogas, intrigas e traições, além de mostrar o sucesso e a queda de diversos personagens deste período.

O livro mostra o que de mais importante ocorreu no cinema americano entre 1967 com o sucesso de "Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas" dirigido por Arthur Penn, até o fim de uma era com o fracasso colossal de "O Portal do Paraíso" de Michael Cimino em 1980. O autor cita com razão que em meados dos anos sessenta o cinema americano não produzia filmes que estavam de acordo com a época, enquanto os jovens protestavam contra a Guerra do Vietnã e o consumo de drogas crescia, os grandes estúdios ainda produziam filmes politicamente corretos, onde nem mesmo os roteiros podiam ter palavrões. Além disso os atores e diretores ainda trabalhavam sob contrato e muitos vezes os filmes eram montados sem a presença do diretor.

Esta situação começou a mudar quando o ator Warren Beatty lutou e conseguiu produzir "Bonnie & Clyde" que foi um grande sucesso. Em seguida a dupla Dennis Hopper e Peter Fonda emplacaram o hoje clássico "Sem Destino" e a porta estava aberta para novos diretores como Francis Ford Coppola, William Friedkin, Peter Bogadnovich, Bob Rafelson, Martin Scorsese e um pouco depois George Lucas e Steven Spielberg fazerem seus filmes da forma que desejavam.

Esta turma de jovens realizadores transformaram a indústria no início dos anos setenta com clássicos como "O Poderoso Chefão", "Operação França", "A Última Sessão de Cinema" e "Caminhos Perigosos", que fizeram sucesso e deram liberdade para tocarem projetos mais ousados. Os problemas começaram a partir daí, com muito dinheiro, fama e rodeado de mulheres e drogas, essa turma se afundou nos prazeres da vida e mesmo criando outros grandes filmes como "Touro Indomável" e "Apocalipse Now", acabaram perdendo todo o poder que tinham sobre os estúdios em virtude dos excessos, principalmente os estouro dos orçamentos e o fracasso destes filmes nas bilheterias.

O tiro de misericórdia veio com "O Portal do Paraíso", um misto de drama e western que uma megalomaníaco Michael Cimino dirigiu com carta branca sobre o orçamento e fez a United Artists quebrar. Cimino dois anos antes havia sido o grande vencedor do Oscar com "O Franco Atirador" e conforme o autor do livro se achava quase um deus. Seu filme tinha mais de três horas e meia de duração e após o fracasso no lançamento foi remontado com uma hora a menos, mas nem isso salvou o longa da tragédia.

No meio desta história os grandes vitoriosos foram George Lucas que criou "Star Wars" em 1977 e Spielberg com "Tubarão" de 1975, filmes que renderam milhões e criaram os chamados Blockbusters. Era a vitória do cinema pipoca sobre os filmes autorais. Toda aquela geração que reinventou o cinema era fã dos filmes europeus e num primeiro momento transportaram o gênero com sucesso para os EUA, mas no final da década foram atropelados pelos filmes-pipoca.

Lucas e Spielberg conseguiram construir uma carreira milionária repleta de sucessos, Lucas mais como produtor e a turma dos autores nunca mais teve a mesma força daquela época. Apenas Scorsese conseguiu se reerguer e hoje ainda é um dos diretores mais festejados.

O autor mostra os diretores e produtores como personagens com egos gigantescos, que a princípio queriam apenas fazer filmes e depois do primeiro sucesso se tornaram insuportáveis. Coppola é descrito como o próprio Poderoso Chefão, culminando com a loucura das filmagens de "Apocalipse Now", que demoraram pelo menos dois anos nas selvas das Filipinas. Scorsese era o sujeito introvertido que despejava todos os seus rancores nos personagens. Peter Bogdanovich é citado como um sujeito que se considerava um intelectual e talvez tenha sido o que teve a maior queda. Dennis Hopper então era o hippie maluco viciado em drogas. Até mesmo George Lucas e Steve Spielberg são citados como manipuladores que não aceitam a opinião de terceiros.

O único ponto que considero um pouco enfadonho são as descrições que o autor faz de roupas, ambientes e discussões entre os personagens, um excesso de detalhes em alguns momentos que deixam a impressão de ser algo para enfeitar um pouco, mas no geral é um livro obrigatório para os fãs de cinema que conhecem e gostam dos clássicos dos anos setenta.

domingo, 12 de junho de 2011

Uma Noite Sobre a Terra


Uma Noite Sobre a Terra (Night on Earth, França / Inglaterra / EUA / Japão, 1991) – Nota 8
Direção – Jim Jarmusch
Elenco – Winona Ryder, Gena Rowlands, Armin Mueller Stahl, Giancarlo Esposito, Rosie Perez, Beatrice Dalle, Isaach de Bankolé, Roberto Benigni, Paolo Bonacelli, Matti Pellonpaa.

O diretor e roteirista Jim Jarmusch (“Flores Partidas” e “Daunbailó”) apresenta cinco histórias que se passam dentro de um taxi em cinco cidades pelo mundo na mesma noite. 

Em Los Angeles, uma senhora rica (Gena Rowlands) tenta entender a simplicidade da motorista (Winona Ryder) que tem como objetivo de vida fazer um curso de mecânica. 

Em Nova York, um jovem negro (Giancarlo Esposito) não consegue fazer com que taxi algum o aceite como passageiro e acaba recebendo a oferta de carona de um velho imigrante (Armin Mueller Stahl) com quem trocará experiências, apesar da diferença cultural e a dificuldade do idoso com a língua inglesa. 

Em Paris, um taxista camaronês (Isaach de Bankolé, figura carimbada nos filmes Jarmusch) discute com dois outros passageiros africanos que fazem piada com sua nacionalidade e depois acaba pegando como passageiro uma moça cega (Beatrice Dalle) extremamente inteligente. 

Em Roma, um taxista falastrão (Roberto Benigni, outro colaborador habitual de Jarmusch) ao pegar um padre (Paolo Bonacelli) como passageiro, resolve contar todos os seu pecados, terminando o episódio de forma trágica e engraçada ao mesmo tempo. 

Para finalizar temos o episódio em Helsinque na Finlândia, onde um taxista (Maati Pellonpaa) pega três passageiros que reclamam de tudo entre si, até que ele resolve contar sua triste vida calando os sujeitos. 

O ótimo roteiro de Jarmusch mistura comédia e drama com uma sutileza comum ao diretor, todos os episódios tem os dois lados, como o de Nova York que mostra o preconceito dos taxistas com os negros, sendo que a maioria dos taxistas são imigrantes. No episódio de Paris também fica claro que o preconceito existe entre os iguais, no caso eram imigrantes africanos que discutiam entre si, mesmo que parte dos diálogos acabassem sendo engraçados. O único episódio que pende para tristeza é o último sobre o taxista finlandês. 

Outros destaques, são elenco internacional que dá realismo as sequências e a bela trilha sonora do sempre competente Tom Waits, outro colaborador habitual de Jarmusch, muitas vezes até na frente da câmeras.

sábado, 11 de junho de 2011

Boardwalk Empire

Boardwalk Empire (Boardwalk Empire, EUA, 2010)
Elenco - Steve Buscemi, Michael Pitt, Kelly McDonald, Michael Shannon, Shea Whigham, Aleksa Paladino, Dabney Coleman, Gretchen Mol, Michael Stuhlbarg, Stephen Graham, Vincent Piazza, Paz de la Huerta, Michael Kenneth Williams, Anthony Laciura.
Criador - Terence Winter
Produtor - Martin Scorsese

Esta série produzido por Martin Scorsese para HBO é mais um grande acerto do canal de TV a cabo que já criou uma verdadeira grife na produção de séries, como "Oz - A Vida é uma Prisão", "À Sete Palmos", "A Escuta" e a "A Família Soprano", que também tinha participação de Terence Winter, criador de "Boardwalk Empire".

A história desta série começa em 1919 no dia em que a Lei Seca entra em vigor no EUA e em Atlantic City o tesoureiro da cidade Enoch "Nucky" Thompson (Steve Buscemi) comemora em uma festa num grande hotel  não o que seria o início da moralidade, mas sim a oportunidade de enriquecer ainda mais com a venda ilegal de bebidas. Além de tesoureiro, Nucky é chefão da cidade, comandando um esquema de prostituição, cobrança de propinas dos comerciantes e uso do cargo para ter mais poder do que o prefeito, além de ter seu irmão Eli (Shea Whigham) como chefe de polícia.

Diversos personagens vivem ao redor de Nucky, como o jovem Jimmy Darmody (Michael Pitt), protegido de Nucky desde criança, ele volta após lutar na Primeira Guerra Mundial querendo um lugar de destaque no grupo e como Nucky pede para que tenha paciência, Jimmy acaba se envolvendo com num crime com participação de Al Capone (Stephen Graham), que detona uma crise com o gângster Arnold Rothstein (Michael Suthlbarg) chefão em Nova York.

Outra personagem que cruza com Nucky é a imigrante irlandesa Margaret Schroeder (Kelly McDonald), jovem que participa de um grupo de mulheres que lutam pelo direito de voto, fica curiosa com as palavras de Nucky em um evento do grupo e vai a ele pedir ajuda, o que desagrada ao seu marido, um sujeito frustrado e  violento.

O contra ponto da história é o agente do governo Nelson Van Alden (Michael Shannon), um sujeito ambicioso que deseja a todo custo prender Nucky Thompson e seu bando. A curiosidade é que Nelson é um sujeito extremamente religioso, que trata com frieza sua esposa e tenta reprimir seus desejos através da autoflagelação.

Este quatro personagens são os pilares da trama que mistura ficção com história real para recriar um período da história americana em que o poder dos gângsters influenciava políticos e policiais, além de muitos serem tratados como figuras importantes na sociedade, como é o caso do personagem Nucky Thompson.

Por sinal, os produtores dizem ter ser inspirado num personagem real para criar Nucky, que interage como personagens que existiram como o gângster Arnold Rothstein que este envolvido no escândalo do beisebol na Wolrd Series em 1919, os mafiosos de Chicago Big Jim Colosimo e Johnny Torrio, além de Al Capone aqui mostrado ainda como um jovem ambicioso que era capanga dos chefões e até a participação Warren Harding, que se elegeria presidente e morreria durante mandanto, sendo lembrado como o pior presidente da história americana em virtude da corrupção que o rodeava.

O elenco é outros dos pontos fortes, com o ótimo Steve Buscemi finalmente tendo um merecido papel de protagonista numa produção de destaque, a simpática escocesa Kelly McDonald como a jovem simples mas muito inteligente e o sinistro Michael Shannon como o policial obcecado.

Destaque também para o roteiro que cita diversos acontecimentos da época para dar veracidade a história, além do realismo nas cenas de assassinatos com muito sangue, cenas de sexo com nudez total dos personagens, que em sua maioria fumam e falam palavrões aos montes.

Finalizando, a caprichada produção é uma marca habitual da HBO, que recria com qualidade a cidade de Atlantic City na época, principalmente o 'calçadão" (boardwalk) do título original, onde fica o principal hotel da cidade.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Um Diretor Contra Todos & 187 - O Código da Violência


Desde o clássico "Ao Mestre com Carinho" que o cinema produz filmes colocando professores como heróis em histórias edificantes, onde estes profissionais transformam a vida dos alunos. Na maioria destes filmes os professores enfrentam o desafio de lecionar em escolas em locais pobres e violentos, como em "O Preço do Desafio" e "Mentes Perigosas" por exemplo. Em outros casos as histórias tem como local colégios tradicionais, como em "O Sorriso da Monalisa" e o já clássico "A Sociedade dos Poetas Mortos".

Estes dois filmes que cito na postagem seguem um caminho diferente, o tema principal é a violência e apenas palavras não são suficientes para os professores modificarem a situação. Em "Um Diretor Contra Todos" a violência dos alunos e combatida com violência, transformando a escola num palco de guerra. Já "187 - O Código da Violência" aborda as consequências da violência contra o professor que fica profundamento abalado e procura enfrentar o problema de uma forma não ortodoxa.

Um Diretor Contra Todos (The Principal, EUA, 1987) – Nota 6,5
Direção – Christopher Cain
Elenco – James Belushi, Louis Gossett Jr, Rae Dawn Chong, Michael Wright, Jeffrey Jay Cohen, Esai Morales, Troy Winbush, Jacob Vargas, Kelly Jo Minter.

O professor Rick Latimer (James Belushi) é um sujeito briguento que está prestes a perder o emprego por causa de seu temperamento. Após um incidente com o namorado da ex-esposa, ele ao invés de perder o emprego acaba sendo promovido a diretor. A questão é que a promoção é um castigo para Latimer, que será o responsável por uma escola de péssima reputação, localizada num bairro pobre e dividida pela violência entre gangues de negros e latinos. Logo ele é avisado pelo chefe da segurança da escola (Louis Gossett Jr) sobre o que acontece no local e resolve tomar uma atitude drástica, punir todos que se envolvam com drogas e violência dentro do colégio, o que causará rapidamente um conflito com os líderes das gangues.

Mesmo tendo sido produzido há quase vinte e cinco anos, o filme já mostrava que as drogas e a violência tomavam conta de muitas escolas nas regiões pobres das grandes cidades americanas. O diretor Christopher Cain que teve alguns momentos de fama nos anos oitenta com o drama “A Força da Inocência” e o western “Os Jovens Pistoleiros”, aqui opta por uma história que privilegia a ação e a violência, deixando de lado as medidas educativas que geralmente este tipo de produção prega, sempre mostrando professores que querem salvar os alunos. Aqui o diretor deseja limpar a escola, nem que para isso tenha de usar a violência, o que mesmo sendo politicamente incorreto, acaba sendo um ponto positivo de uma abordagem bem diferente do problema.

187 – O Código da Violência (One Eight Seven, EUA, 1997) – Nota 7
Direção – Kevin Reynolds
Elenco – Samuel L. Jackson, John Heard, Kelly Rowan, Clifton Collins Jr, Tony Plana, Karina Arroyave, Lobo Sebastian, Jack Kehler.

Trevor Garfield (Samuel L. Jackson) é um professor numa escola pública no Bronx repleta de alunos violentos. Em constante conflito com os jovens, ele não aceita aprovar um aluno que o ameaça e acaba sendo esfaqueado. Após algum tempo afastado, ele se muda para Los Angeles em busca de nova vida e ao voltar a sala de aula encontra novamente os mesmos problemas. Um diretor (Tony Plana) que não quer ser envolver e os professores acuados com medo dos jovens que se dividem em gangues dentro da escola. Com apoio de uma jovem professora (Kelly Rowan), Trevor resolve enfrentar o problema para tentar modificar a situação. 

A direção de Kevin Reynolds (“Robin Hood – O Príncipe dos Ladrões”com Kevin Costner) capta com qualidade a decadência da escola pública nas grandes cidades americanas, aqui especificamente em Los Angeles e coloca o personagem de Samuel L. Jackson como protótipo do professor acuado, que no caso do filme tenta resolver sua situação a seu modo.


quinta-feira, 9 de junho de 2011

Homem de Ferro 2


Homem de Ferro 2 (Iron Man 2, EUA, 2010) – Nota 7
Direção – Jon Favreau
Elenco – Robert Downey Jr, Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Scarlett Johansson, Sam Rockwell, Mickey Rourke, Samuel L. Jackson, Clark Gregg, John Slattery, Garry Shandling, Kate Mara, Leslie Bibb, Jon Favreau. Tim Guinee.

O cientista Tony Stark (Robert Downey Jr) é chamado ao Senado para se defender contra a acusação de que sua armadura pode ser copiada por algum inimigo, o que ele contesta com veemência e ironia. Além disso, o Senador Stern (Garry Shandling) tem interesse em utilizar a invenção de Stark como arma para o governo, tendo apoio de outro inventor de armas, o picareta Justin Hammer (Sam Rockwell). Ao mesmo tempo na Rússia, Ivan Vanko (Mickey Rourke) deseja se vingar de Stark em virtude de um briga entre seu pai que acaba de falecer e o pai de Stark. 

O primeiro filme tinha um roteiro mais interessante, que mostrava o desenvolvimento da armadura do Homem do Ferro e apresentava os detalhes de cada personagem, que além do carismático Tony Stark interpretando por Downey Jr, conhecemos também sua assistente Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) e seu amigo Coronel Rhodes (Terrence Howard no primeiro e Don Cheadle aqui).

Esta sequência apresenta um roteiro inferior e também um vilão previsível feito por Mickey Rourke, porém para compensar tem a bela Scarlett Johansson, Sam Rockwell e principalmente a pequena mais importante participação de Samuel L. Jackson que faz uma ponte para o filme “The Avengers” que está em produção e colocará vários heróis da Marvel juntos, inclusive o Homem de Ferro.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Bruna Surfistinha


Bruna Surfistinha (Brasil, 2011) – Nota 6,5
Direção – Marcus Baldini
Elenco – Deborah Secco, Cássio Gabus Mendes, Drica Moraes, Cristina Lago, Fabiula Nascimento, Guta Ruiz, Clarisse Abujamra, Luciano Chirolli, Sérgio Guizé, Juliano Cazarré.

O longa é baseado no livro “O Doce Veneno do Escorpião” de Raquel Pacheco, uma prostituta que ficou famosa ao descrever sua vida sexual num blog, onde entre detalhes íntimos dava até notas para o desempenho de seus clientes na cama. Não é fácil analisar um filme com tema polêmico baseado em alguém que todos conhecem e que contou a versão de sua própria vida. 

O roteiro começa com Raquel (Deborah Secco) ainda adolescente como estudante num colégio de classe média paulistana, onde vive deslocada e após um incidente sexual com um aluno rico, ela acaba fugindo de casa, em virtude também de ser filha adotiva e se achar ignorada pelo pai e mal tratada pelo irmão de criação. 

Para ganhar a vida, ela procura emprego em um prostíbulo no centro de SP, onde a cafetina é Larissa (Drica Moraes), que tenta manter as moças na linha, não aceitando que elas usem drogas. A história mostra o difícil começo de Raquel na vida de prostituta, onde aos poucos se torna a preferida do lugar e também consegue fazer amizade com as colegas de profissão. Sua vida muda quando conhece em uma boate a garota de programa Carol (Guta Ruiz), que vive as custas de gente rica e abre o caminho para Raquel neste meio, que parte para a carreira solo como Bruna Surfistinha, cria o blog de sucesso e também se afunda nas drogas. 

O filme não chega a ser ruim, mas peca em alguns aspectos, primeiro ao abordar com um pouco de glamour a vida de garota de programa, principalmente na segunda parte quando Raquel vai morar no flat. Depois erra também ao ignorar a violência que ronda esse meio, ao mesmo tempo em que o diretor enche o filme com cenas de sexo simulado, ele não cita em momento algum os clientes violentos ou mesmo aqueles tratam mal as prostitutas, passando uma mensagem mentirosa de que não existe violência nesse meio. 

Outro detalhe que parece servir apenas como clichê (como não li o livro não sei dizer se realmente existiu), é o personagem de Cássio Gabus Mendes, que interpreta o primeiro cliente de Bruna e se torna o amigo apaixonado, que deseja salvar a garota daquele mundo. 

Por outro lado vale destacar o papel de Drica Moraes como a cafetina e o desempenho totalmente desinibido e corajoso de Deborah Secco, que se entrega ao papel em cenas que poucas atrizes famosas aceitariam. 

Como curiosidade, a verdadeira Bruna Surfistinha faz uma ponte como a hostess do restaurante na cena de jantar entre os personagens de Debora Secco e Cássio Gabus Mendes.

Quatro Dias em Outubro


Quatro Dias em Outubro (Four Days in October, EUA, 2010) – Nota 7
Direção – Gary Waksman
Documentário

Produzido para a série da ESPN “30 for 30”, este documentário mostra os quatro dias da incrível virada da equipe de baseball Boston Red Sox sobre o gigante New York Yankees em 2004. 

A série melhor de sete partidas era decisão da liga nacional e levaria o campeão a disputar a World Series. Os Yankees vernceram as três primeiras partidas e já davam como certo o título, porque nunca uma equipe havia conseguido virar um placar de 0 x 3 para 4 x 3 em playoffs da modalidade, mesmo se perdessem três partidas decidiriam o último jogo em casa, onde nunca perderam uma série. Além disso o maior de todos os tabus era que o Red Sox carregava uma maldição de 86 anos sem títulos. 

O documentário começa após a terceira derrota do Red Sox e mostra a inacreditável virada em quatro dias, com quatro vitórias seguidas, sendo uma deles memorável pelo fato de um atleta chamado Curt Schilling arremassar 99 bolas mesmo estando com o tornozelo recém operado e sangrando. 

O diretor mostra as entrevistas e os noticiário de tv da época e deixa as imagens das partidas falarem por si só. Uma história sensacional para quem gosta de se emocionar com o esporte.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bellini e a Esfinge & Bellini e o Demônio


Bellini e a Esfinge (Brasil, 2001) – Nota 7,5
Direção – Roberto Santucci
Elenco – Fábio Assunção, Malu Mader, Maristane Dresch, Eliane Guttman, Paulo Hesse, Marcos Damigo, Rosaly Papadopol, Cláudio Gabriel, Carlos Meceni, Maximiliano Ferrantz.

O investigador Remo Bellini (Fábio Assunção) trabalha para Dora Lobo (Eliana Guttman) e recebe a missão de encontrar um jovem prostituta que desapareceu e era amante de um famoso médico (Paulo Hesse). Dora ainda coloca no caso para trabalhar em parceria com Bellini, a jovem Beatriz (Maristane Dresch). Para descobrir o que aconteceu com a prostituta desaparecida, Bellini visitará o submundo paulistano e aos poucos descobrirá que a história é bem mais complicada do que imaginava e muitos segredos virão à tona. Bellini se envolverá ainda com outra prostituta, a bela Fátima (Malu Mader).

Esta adaptação do livro de Tony Bellotto da banda “Titãs” é competente ao criar um clima de filme noir e usar a cidade de São Paulo e seus inferninhos noturnos como locação. A trama tem todos os ingredientes do gênero, mostrando os segredos de pessoas da classe alta, mulheres sensuais e perigosas, além de personagens típicos como o delegado durão, o traficante e outros pequenos delinqüentes.

É um bom exemplar de um gênero que o cinema brasileiro poderia explorar mais. 

Bellini e o Demônio (Brasil, 2008) – Nota 5
Direção – Marcelo Galvão
Elenco – Fábio Assunção, Rosane Mulholland, Caroline Abras, Nill Marcondes, Christiano Cochrane, Marília Gabriela.

O detetive Remo Bellini (Fábio Assunção) está em depressão profunda, vivendo a base de remédios, cheio de dívidas e sem caso algum para resolver, até que ele recebe uma ligação para localizar um certo “Livro da Lei”, dando início a uma estranha investigação em que Remo parece totalmente perdido, além dele começar a ter pesadelos e delírios. Ao mesmo tempo a jornalista Gala (Rosane Mulholland), ex-amante de Remo, se envolve na investigação do brutal assassinato de uma jovem (Caroline Abras) dentro de um colégio. Além disso, dois policiais (Nill Marcondes e Christiano Cochrane) seguem as pistas do crime para tentar localizar o assassino. 

O filme original funcionou seguindo com qualidade o estilo noir, focando na investigação e em bons personagens coajudantes misteriosos, já esta sequência segue um caminho bem diferente e erra feio. O diretor Marcelo Galvão até cria um interessante clima de suspense/terror, mas exagera nas cenas de alucinações do personagem de Fábio Assunção, que parece estar realmente dopado durante todo o filme, além do confuso roteiro escrito pelo próprio diretor, que mistura Aleister Crowley, magia negra com direito a pentagrama desenhado no chão e até uma sessão de macumba.

Para completar as falha ainda temos a péssima Marília Gabriela num papel pequeno mas importante e seu filho canastrão Christiano Cochrane com um dos policiais que pouco tem a fazer na história. É uma pena ver uma premissa interessante ser despediçada num filme equivocado.


domingo, 5 de junho de 2011

Alice Não Mora Mais Aqui


Alice Não Mora Mais Aqui (Alice Doesn’t Live Here Anymore, EUA, 1974) – Nota 7
Direção – Martin Scorsese
Elenco – Ellen Burstyn, Kris Kristofferson, Alfred Lutter, Harvey Keitel, Diane Ladd, Jodie Foster, Vic Tayback, Valerie Curtin, Billy Green Bush.

Alice (Ellen Burstyn) quando criança vivia numa fazenda em Monterrey e sonhava em ser cantora, porém aos trinta e cinco anos está casada com o mal humorado Donald (Billy Green Bush), que não dá a mínima atenção para ela e briga diariamente com o pequeno filho Tommy (Alfred Lutter). Quando Donald morre em um acidente, ela fica sozinha com o filho e sem saber o que fazer, resolve voltar para Monterrey onde passou sua infância. Pelo caminho Alice tenta retomar a carreira de cantora que abandonou quando casou, mas terá de enfrentar a dura realidade de bares decadentes e ainda trabalhar de garçonete, além de se relacionar com dois homens, o jovem Ben (Harvey Keitel) e o fazendeiro David (Kris Kristofferson). 

Este filme menor de Scorsese foi feito numa época de mudança de costumes, onde ainda a maioria das mulheres dependiam dos maridos para sobreviver e quando se viam sozinha ficavam perdidas. O roteiro toca ainda na liberdade sexual, violência doméstica e a dificuldade em criar um filho sem pai. 

A atriz Ellen Burstyn tem um dos seus melhores desempenhos da carreira, criando uma personagem que ao mesmo tempo é forte para enfrentar a situação e frágil ao mostrar que sente falta do marido que não a tratava bem. 

Apesar de um pouco envelhecido, o longa ainda vale como retrato de uma época de transição.

sábado, 4 de junho de 2011

A Guerra de Hart


A Guerra de Hart (Hart’s War, EUA, 2002) – Nota 7
Direção – Gregory Hoblit
Elenco – Bruce Willis, Colin Farrell, Terrence Howard, Cole Hauser, Marcel Iures, Linus Roache, Vicellous Reon Shannon, Rory Cochrane, Rick Ravanello, Sam Jaeger, Adrian Grenier.

Durante a Segunda Guerra em um campo de concentração alemão, um grupo de soldados presos recebe com preconceito a chegada de dois oficiais americanos negros (Terrence Howard e Vicellous Reon Shannon), o que resulta em um crime onde um destes soldados é acusado de assassinato. Ao invés de ser executado, o soldado é levado a julgamento em virtude da intervenção do Coronel McNamara (Bruce Willis) que escolhe o soldado que estudara direito antes da guerra, Tommy  Hart (Colin Farrell) para defender o acusado. Os nazistas aceitam a idéia do Coronel, mas não imaginam que por trás existe um plano de fuga a ser executado durante o julgamento. 

O longa é um drama bem produzido na parte técnica, com um elenco de bons atores, tendo Bruce Willis em seu papel habitual de durão e Colin Farrell competente com o soldado idealista, porém é necessário não levar a sério a história, que é extremamente fantasiosa. 

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Bombas - Wes Craven, Tobe Hooper e Clive Barker

Quem gosta de filmes e histórias de terror pode estranhar por ver três nomes famosos gênero ligados à bombas cinematográficas.

Os três citados acima já dirigiram grandes filmes do gênero, mas também erraram feio em algumas ocasiões, sendo que hoje apenas Wes Craven ainda é um nome forte na cinema, os outros dois entraram em decadência há algum tempo.

Wes Craven apareceu para a crítica quando fez o sinistro "Quadrilha de Sádicos" ainda nos anos setenta, depois sofreu até explodir com "A Hora do Pesadelo" em 1984. Escrevo abaixo sobre um filme que ele fez neste meio tempo e outro longa ruim produzido em 1990. Depois disso ele consolidou sua carreira com longas como "Vôo Noturno" e principalmente a série "Pânico".

O nome de Tobe Hooper sempre estará ligado a sua estréia no cinema, com o cultuado "O Massacre da Serra Elétrica". Depois deste sucesso, Hooper fez alguns filmes que nem chegaram ao Brasil e foi abraçado por Spielberg na produção de "Poltergeist". Um ótimo filme, porém que tem mais a cara de Spielberg do que de Hooper. Com este novo sucesso, Hooper partiu para o interessante "Força Sinistra", que teve sucesso de público, mas não de crítica. Este longa é de 1985 e a partir deste data a carreira de Hooper foi ladeira abaixo, com produções cada piores, como as duas que cito nesta postagem.

Já Clive Barker era conhecido do fãs de terror por seus livros e HQs e quando se aventurou no cinema em 1987 com "Hellraiser" se tornou também famoso como diretor. Por sinal, Hellraiser teve diversas continuações sem a participação efetiva de Barker. Após este sucesso todos esperavam o novo filme de Barker e com certeza se decepcionaram com os dois trabalhos posteriores. Provavelmente ele também se decepcionou, pois estes dois filmes foram seus últimos trabalhos como diretor.

O Monstro do Pântano (Swamp Thing, EUA, 1982) – Nota 4
Direção – Wes Craven
Elenco – Louis Jourdan, Adrienne Barbeau, Ray Wise, David Hess, Nannette Brown.

O cientista Alec Holland (Ray Wise) criou junto com sua irmã (Nannette Brown) um fórmula para cultivo de super vegetais, sendo por este motivo perseguido pelo vilão Anton Arcane (Louis Jourdan). O governo envia a agente Alice Cable (Adrienne Barbeau) que consegue salvar a fórmula, mas não impede que o vilão destrua o laboratório e mate a irmã do cientista. Alec consegue fugir e após ter contato com sua própria fórmula, se transforma no Monstro do Pântano, pois seu laboratório ficava ao lado de um pântano. O longa é baseado nos quadrinhos da D.C. Comics, mas foi levado ao cinema numa época em este tipo de adaptação na maioria das vezes se dava em filmes de baixo orçamento como este. O diretor Wes Craven erra feio aqui, mas iria se redimir dois anos depois com o lançamento de “A Hora do Pesadelo”.

Shocker – 100.000 Volts de Terror (Shocker, EUA, 1990) – Nota 5,5
Direção – Wes Craven
Elenco – Peter Berg, Michael Murphy, Camille Cooper, Mitch Pileggi, Richard Brooks, Ted Raimi.

Numa pequena cidade americana, o jovem Jonathan Parker (o hoje diretor Peter Berg) sonha que sua família será assassinada por um técnico de tv a cabo. O crime acaba acontencendo e o assassino é Horace Pinker (Mitch Pileggi da série “Arquivo X”). Horace é preso pelo policial Don Parker (Michael Murphy) sendo condenado a cadeira elétrica. Na hora da execução a descarga elétrica não mata Horace e sim o transforma em alguém com poderes de se apoderar do corpo das pessoas e de se transportar através de ondas magnéticas. Desta forma Horace dá início a uma série de assassinatos. A premissa é interessante, assim como personagem Horace Pinker, que conforme Wes Craven foi criado com a idéia de ser um novo Freddy Krueger, porém o roteiro maluco transformou o filme numa grande confusão. 

A Morte Veste Vermelho (I’m Dangerous Tonight, EUA, 1990) – Nota 2
Direção – Tobe Hooper
Elenco – Madchen Amick, Corey Parker, Dee Wallace Stone, Anthony Perkins, R. Lee Ermey.

Uma tunica asteca se mistura a tecidos nos dias atuais e acaba sendo transformada em vestido para uso da bela Amy (Madchen Amick de “Twin Peaks”), o problema é que o pano carrega uma maldição, fazendo com que as pessoas passem a ter um comportamente libertino e assassino. Dos trabalhos de Hooper que eu assisti, com certeza este é o pior. O roteiro absurdo, os tempos mortos e o elenco totalmente perdido ajudam a tornar este filme produzido para a tv totalmente descartável. Até a presença do sinistro Anthony Perkins em um dos seu últimos trabalhos é inútil, seu personagem nada tem a fazer como um professor perdido no meio da história.

Noites de Terror (Night Terrors, Canadá / Egito / EUA) – Nota 3
Direção – Tobe Hooper
Elenco – Robert Englund, Zoe Trilling, Alona Kimhi, Chandra West, William Finley.

O filme começa no século 18 com o Marquês de Sade (Robert Englund, o Freddy Krueger original) sendo espancado por um carcereiro e levado para uma prisão. Em seguida a história pula para os dias atuais, onde o arqueólogo Dr. Mattheson (William Finley) recebe sua filha Genie (Zoe Trilling) no Egito onde faz uma escavação importante. A jovem é salva de um estupro por uma estranha (Alona Kimhi) e ao fazer amizade com ela acaba entrando numa espécie de culto ao sexo e as depravações descritas pelo Marquês de Sade. O roteiro extremamente confuso e cheio de furos transforma este longa do outrora famoso Tobe Hooper num trabalho no mínimo trash. As cenas de sadomasoquismo e sexo são levadas a sério, sendo o mais interessante do filme, principalmente pela presença da bela e fraquinha atriz Zoe Trilling. Por conta destes trabalhos é que a carreira de Hooper afundou. 

Criaturas das Trevas (Nightbreed, EUA, 1990) – Nota 5
Direção – Clive Barker
Elenco – Craig Sheffer, Anne Bobby, David Cronenberg, Hugh Quarshie, Charles Haid, Doug Bradley.

Aaron Boone (Craig Sheffer) sofre com pesadelos que se passam num mundo habitado por monstros chamado Midian. Para tentar descobrir o porquê dos pesadelos, Aaron vai se consultar com um psiquiatra (o diretor David Cronenberg), que logo o entrega para a polícia, pois os sonhos de Aaron são descrições completas de assassinatos que ocorreram na região. Aaron consegue fugir e em sua busca pelo culpado, chega na verdadeira cidade de Midian. Na época o cartaz de Clive Barker estava no auge, após o sucesso de “Hellraiser”, os fãs esperavam esta adaptação de seu próprio trabalho em HQ, mas o resultado foi frustrante. Apesar das cenas de violência bem feitas, o roteiro é confuso e o elenco fraco, principalmente o canastrão Craig Sheffer. Salva-se apenas o diretor David Cronenberg como o enigmático psiquiatra.

O Mestre das Ilusões (Lord of Illusions, EUA, 1995) – Nota 5,5
Direção – Clive Barker
Elenco – Scott Bakula, Kevin J. O'Connor, Famke Janssen, Sheila Tousey, Vincent Schiavelli, Daniel Von Bargen.

No início dos anos oitenta, Philip Swan (Kevin J. O’Connor) arma uma revolta contra o líder de um seita que pretendia sacrificar uma jovem. Philip e outros membros matam o líder chamado Nix (Daniel Von Bargen). Nos dias atuais, Dorothea Swan (a bela Famke Janssen) contrata o detetive Harry D’Amour (Scott Bakula) para proteger seu marido Philip, hoje um mágico famoso que está sendo ameaçado por antigos seguidores de Nix, que desejam ressuscitar o sujeito. Harry acaba sendo jogado no meio de uma trama onde fica difícil saber o que é ilusão ou verdade. Nesta terceira incursão de Clive Barker na direção, novamente ele utiliza um conto de sua autoria, mas entrega um filme fraco e confuso, que tem como único ponto interessante o veterano ator de séries de tv Scott Bakula.