domingo, 15 de março de 2015

The Edukators

The Edukators (Die Fetten Jahre Sind Vorbei, Alemanha / Áustria, 2004) – Nota 7,5
Direção – Hans Weingartner
Elenco – Daniel Bruhl, Julia Jentsch, Stipe Erceg, Burghart Klaussner.

Em Berlin, os amigos Jan (Daniel Bruhl) e Peter (Stipe Erceg) são ativistas contra o capitalismo que protestam de uma forma inusitada. A dupla invade mansões durante a noite quando os moradores não estão em casa. Os amigos não tem interesse em roubar, ele apenas mudam móveis e objetos de lugares. O objetivo é assustar a elite, criando insegurança na aparente vida perfeita destas pessoas. 

Quando Peter precisa viajar, ele pede para Jan ajudar sua namorada Jule (Julia Jenstch) em uma mudança. Por sentir-se atraído pela garota, Jan conta o segredo das invasões para Jule, que vê a chance de se vingar de um milionário que arruinou sua vida. Uma surpresa durante a invasão mudará para sempre a vida dos envolvidos. 

O roteiro escrito pelo diretor Weingartner em parceria com Katharina Held faz ao mesmo tempo uma crítica à ganância capitalista e a ingenuidade dos jovens revolucionários. O ponto principal são os vários diálogos que colocam estas questões em discussão, com destaque para a conversa entre os jovens e o empresário milionário (Burghart Klaussner). A sequência compara as atitudes dos jovens rebeldes da atualidade, com aqueles que durante anos sessenta queriam mudar o mudo, mas que com o passar do tempo foram absorvidos pelo sistema. 

Uma pequena reviravolta que ocorre na parte final se mostra uma escolha correta do diretor, por se casar perfeitamente com a proposta do filme.    

sábado, 14 de março de 2015

Muito Mais Que um Crime

Muito Mais Que um Crime (Music Box, EUA, 1989) – Nota 7,5
Direção – Costa Gavras
Elenco – Jessica Lange, Armin Mueller Stahl, Frederic Forrest, Donald Moffat, Lukas Haas, Michael Rooker, Cheryl Lynn Bruce.

Após quase quatro décadas morando nos Estados Unidos, o imigrante húngaro Michael Laszlo (Armin Muller Stahl) é acusado pelo governo americano de ser um criminoso de guerra. As provas indicam que Laszlo foi um oficial da polícia húngara, que durante a Segunda Guerra apoiou os nazistas perseguindo, torturando e matando judeus, ciganos e comunistas. 

A filha de Laszlo, a advogada Ann (Jessica Lange), acredita que o governo esteja acusando o homem errado, confundindo seu pai com algum homônimo. A pedido do pai, ela mesmo aceita defendê-lo, porém assim que começa o julgamento e várias pessoas testemunham contra o velho Laszlo, Ann passa a questionar qual a verdadeira história de vida do pai. 

O roteiro de Joe Eszterhas, que havia escrito “Atraiçoados” um ano antes também para Costa Gavras e que ficaria famoso pouco tempo depois pelo roteiro de “Instinto Selvagem”, é vagamente inspirado na vida de um criminoso de guerra russo que fugiu para os Estados Unidos, levou uma vida normal por décadas até ser descoberto nos anos oitenta. 

Mesmo sem grandes surpresas, a narrativa prende a atenção pela força da história e tem como um dos pontos altos os relatos das vítimas que sobreviveram as torturas. 

Também vale destacar a direção sempre segura de Costa Gavras, especialista em filmes políticos e a atuação da dupla principal. Consta que Walter Matthau e Kirk Douglas queriam o papel de Laszlo, que acabou nas mãos do ótimo Armin Mueller Stahl, que cria o velho sujeito que trata a família com carinho, ao mesmo tempo em que nega com veemência as acusações. A sensível atuação de Jessica Lange rendeu uma merecida indicação ao Oscar. 

sexta-feira, 13 de março de 2015

Twin Peaks & Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer


Twin Peaks (Twin Peaks, EUA, 1990) – Nota 8  
Direção – David Lynch
Elenco – Kyle MacLachlan, Michael Ontkean, Sherilyn Fenn, Joan Chen, Ray Wise, Sheryl Lee, Lara Flynn Boyle, James Marshall, Dana Ashbrook, Everett McGill, Grace Zabriskie, Russ Tamblyn, Wendy Robie, Richard Beymer.

Quando o episódio piloto de quase duas horas de duração foi lançado em 1990, “Twin Peaks “ se tornou um fenômeno instantâneo e criou um novo estilo de seriado. Aqui no Brasil, os oito episódios da primeira temporada foram mostrados pela Globo nos domingos a noite. Na época não existia internet e as poucas séries que chegavam por aqui passavam na tv aberta em horários como domingo a tarde e muitas vezes sem sequência de episódios. Por todos estes fatores da época, eu assisti apenas o ótimo episódio piloto e até hoje ainda não conferi a série completa. 

O episódio piloto apresentava uma premissa intrigante. Na aparente pacata cidade de Twin Peaks, a adolescente Laura Palmer (Sheryl Lee) era encontrada assassinada. Para investigar o caso, o FBI envia o estranho agente Dale Cooper (Kyle MacLachlan), que terá a ajuda do xerife Harry S. Truman (Michael Ontkean). O crime brutal esconde diversos segredos que serão revelados durante a série, criando a famosa pergunta “Quem Matou Laura Palmer?”. 

O clima de suspense do episódio piloto é marcado pelo nevoeiro que encobre a cidade e os estranhos personagens que cruzam o caminho do agente Cooper, até maluca sequência final na sala vermelha. 

A primeira temporada fez grande sucesso, gerando uma segunda que perdeu audiência a partir da metade quando foi revelado o assassino de Laura Palmer. 

Não sou fã dos trabalhos de David Lynch, suas histórias malucas geralmente não me agradam, mas tenho de admitir que “Twin Peaks” é ótima, pelo menos o episódio piloto que assisti. 

Twin Peaks – Os Últimos Dias de Laura Palmer (Twin Peaks: Fire Walk With Me, EUA, 1992) – Nota 5
Direção – David Lynch
Elenco – Sheryl Lee, Ray Wise, Kyle MacLachlan, Chris Isaak, Kiefer Sutherland, James Marshall, Harry Dean Stanton, David Bowie, Madchen Amick, Dana Ashbrook, Grace Zabriskie, David Lynch, Jurgen Prochnow, Lenny Von Dohlen, Pamela Gidley, Miguel Ferrer, Heather Graham.

Como citei anteriormente, assisti apenas ao piloto da série, mas minha curiosidade fez encarar está versão para o cinema dos últimos dias de Laura Palmer (Sheryl Lee) e me decepcionei. Como geralmente acontece com seus trabalhos, David Lynch exagera na dose de loucuras com tramas cheias de pontas que parecem não chegar a lugar. 

Aqui, a história começa um ano antes da morte de Laura, quando o agente do FBI Chester Demond (o cantor Chris Isaak) investiga a morte de outra jovem, Teresa Banks (Pamela Gidley). Esta investigação é abandonada pelo roteiro, que segue para mostrar a última semana de vida de Laura Palmer, através de seu relacionamento com os dois namorados, as drogas, o sexo por dinheiro, a estranha relação com o pai e a aparente vida normal no colégio, finalizando com seu assassinato. Lógico que tudo isso com o estilo de Lynch, com direito a cenas surreais e uma narrativa entrecortada.

Lynch tem muitos fãs por causa deste estilo fora do normal, porém vejo em vários de seus trabalhos histórias sem sentido que servem apenas para o espectador procurar respostas que não existem. 

quinta-feira, 12 de março de 2015

Menino do Rio & Bete Balanço


Menino do Rio (Brasil, 1982) – Nota 5,5
Direção – Antonio Calmon
Elenco – André de Biase, Cláudia Magno, Ricardo Graça Melo, Nina de Pádua, Sérgio Mallandro, Cissa Guimarães, Evandro Mesquita, Claudia Ohana, Adriano Reyss, Ricardo Zambelli.

Ricardo Valente (André de Biase) é um surfista que ganha a vida consertando pranchas e que passa boa parte do tempo com um grupo de amigos na praia. Quando Valente se apaixona por Patrícia (Cláudia Magno), uma jovem mimada de família rica que está noiva, ele faz de tudo para conquistar a garota, sem saber que além do noivo, ela também tem como amante o pai do próprio Valente, o veterano Braga (Adriano Reys). 

Quando decidiu comandar este drama adolescente, o diretor Antonio Calmon era conhecido por filmes policiais, com destaque para o competente “Eu Matei Lúcio Flávio”. Sua virada na carreira resultou num grande sucesso de bilheteria, ao mesmo tempo em que a qualidade do trabalho se mostrou bastante inferior. 

Hoje este longa se transformou quase em cult por mostrar até de forma ingênua a vida da juventude carioca dos anos oitenta. Os amores, o luau, as músicas e até os baseados são parte de um roteiro simplista recheado de diálogos ao estilo “Malhação”. Mesmo com estes defeitos, o filme tem seu charme, principalmente para quem viveu a época e por causa do curioso elenco repleto rostos conhecidos, hoje veteranos da tv. 

O sucesso do longa gerou uma continuação fraquíssima chamada “Garota Dourada” e serviu de inspiração para a série de tv “Armação Ilimitada” que tinha o mesmo André de Biase como um dos protagonistas. 

Como informação, o filme foi inspirado na canção “Menino do Rio” de Caetano Veloso. 

Finalizando, este longa foi produzido por Bruno Barreto, que está preparando um remake.

Bete Balanço (Brasil, 1984) – Nota 5,5
Direção – Lael Rodrigues
Elenco – Débora Bloch, Lauro Corona, Diogo Vilela, Hugo Carvana, Maria Zilda, Cazuza.

Bete (Débora Bloch) é uma jovem que deixa sua cidade natal, Governador Valadares em Minas Gerais e segue para o Rio de Janeiro com o objetivo de ser tornar cantora. Na nova cidade, ela vai morar de favor com seu amigo Paulinho (Diogo Vilela), enquanto não consegue um contrato com uma gravadora. Sua busca por oportunidade esbarra em portas fechadas, até que uma determinada situação a coloca no caminho do fotógrafo Rodrigo (Lauro Corona). Os dois iniciam um romance e Rodrigo tenta ajudá-la a realizar seu sonho. 

Com uma história fraquinha, o longa foi uma espécie de propaganda para várias bandas de rock/pop que estavam surgindo na época e que tiveram suas músicas incluídas na trilha sonora. A música tema do Barão Vermelho fez enorme sucesso, assim como o filme, além do próprio grupo aparecer na tela. 

A trilha sonora foi um dos pontos que ajudaram no sucesso do longa, assim como as cenas quentes entre Débora Bloch e o falecido Lauro Corona e os temas como drogas, sexo, nudez e ditadura que eram tabus para época. 

É mais um filme que envelheceu mal e um exemplo de que pouca coisa se salva no cinema brasileiro dos anos oitenta.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Irmãos Desastre

Irmãos Desastre (The Skeleton Twins, EUA, 2014) – Nota 6,5
Direção – Craig Johnson
Elenco – Bill Hader, Kristen Wiig, Luke Wilson, Ty Burrell, Boyd Holbrook, Joanna Gleason.

Após tentar o suicídio sem sucesso, Milo Dean (Bill Hader) recebe no hospital a visita da irmã gêmea Maggie (Kristen Wiig). Os irmãos estão separados há dez anos e a quase tragédia faz com que tentem recomeçar a relação. 

Maggie convida Milo para sair de Nova York e se mudar para sua casa no subúrbio, para passar um tempo ao lado dela e do marido Lance (Luke Wilson). A reaproximação faz com que os irmãos tragam à tona seus traumas e escancarem os problemas psicológicos que enfrentam na vida adulta. 

O título nacional deixa a impressão de ser uma comédia rasgada, porém a trama é extremamente simples e voltada para o drama. Ela foca basicamente na estranha relação entre os irmãos e na repetição dos erros pessoais, como se fosse uma espécie de autodestruição de relacionamentos. 

É interessante ver o comediante Bill Hader, especialista em personagens malucos e dublagens, interpretando aqui um sujeito irônico e depressivo. Kristen Wigg também dá conta do recado como a irmã que tenta esconder seus defeitos. Vale destacar a importância dos coadjuvantes, com Luke Wilson interpretando o ingênuo marido, Ty Burrell como um homossexual enrustido e a veterana Joanna Gleason como a péssima mãe metida a guru existencial. 

É um filme pequeno, sensível e estranho, que vale como curiosidade para quem gosta do estilo.

terça-feira, 10 de março de 2015

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman: Or (The Unexpected Virtue of Ignorance), EUA, 2014) – Nota 8
Direção – Alejandro Gonzalez Iñarritu
Elenco – Michael Keaton, Emma Stone, Edward Norton, Naomi Watts, Zack Galifianakis, Andrea Riseborough, Amy Ryan, Lindsay Duncan.

Apesar de ser um ótimo filme, chega a surpreendente a vitória no Oscar, principalmente pela trama que é uma crítica ferina ao cinema, ao teatro e a todos aqueles que trabalham ao redor deste mundo, como críticos, jornalistas e agentes. 

O personagem principal é o veterano e decadente ator Riggan (Michael Keaton), que foi famoso vinte anos antes quando protagonizou três filmes sobre um “Homem-Pássaro” (o Birdman do título). Tentando recuperar o sucesso, ele investe tudo em uma peça de teatro baseada num livro de Raymond Carver. Na verdade, Riggan deseja não somente recuperar o prestígio, mas também provar para si mesmo que sua vida não é um fracasso. Sua esposa (Amy Ryan) o abandonou, ele jamais deu atenção para filha (Emma Stone) que tem problemas com as drogas e trata sua amante (Andrea Riseborough) com indiferença. 

O roteiro segue os bastidores malucos da montagem da peça, recheados de problemas causados pelos atores e pelo próprio Riggan. Além de Riggan e a amante, a peça tem um ator arrogante (Edward Norton) e uma atriz insegura (Naomi Watts), sem contar o agente (Zack Galifianakis) que tenta colocar ordem na loucura. 

Os dramas criados pelos personagens são exagerados, sendo uma curiosa forma de mostrar o ridículo das atitudes baseadas em inveja, ciúme e medo, assim como as “viagens” de Riggan, que conversa sozinho com seu alter-ego Birdman e imagina conseguir voar e mover objetos apenas com o pensamento, situação que resulta em algumas das melhores sequências do filme. 

Um dos pontos que ajudaram para a vitória no Oscar foram os vários e longos planos-sequência, com personagens se cruzando pelos bastidores do teatro, num magistral trabalho de câmera e de direção de atores. 

Na minha opinião, outro grande acerto foi a escolha de Michael Keaton para o papel principal. A carreira de Keaton tem semelhanças com a vida do personagem Riggan. Para quem não conhece a história, Keaton surgiu no início dos anos oitenta como comediante e assim estrelou diversos filmes do gênero como “Os Trapaceiros da Loto” e “Fábrica de Loucuras”. 

Em 1988, após ser elogiado pelo trabalho em “Os Fantasmas se Divertem” de Tim Burton, o diretor o escalou para viver Batman no ano seguinte. Sua escolha foi polêmica, mas Keaton deu conta do recado e protagonizou também a sequência. Infelizmente, a continuação da carreira Keaton sofreu com altos e baixos, até o renascimento com este novo filme. 

Como curiosidade, o poster de Birdman que aparece no camarim do personagem de Keaton é muito parecido com o Batman que ele protagonizou e que até então tinha sido o ponto alto de carreira. 

O resultado é um filme diferente, com uma criativa visão dos bastidores do teatro e de tudo que cerca a vida dos atores.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Sabotagem

Sabotagem (Sabotage, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – David Ayer
Elenco – Arnold Schwarzenegger, Olivia Williams, Sam Worthington, Terrence Howard, Joe Manganiello, Josh Holloway, Mireille Enos, Max Martini, Martin Donovan.

Um esquadrão de elite do DEA liderado por Breacher (Arnold Schwarzenegger), invade o esconderijo de um cartel de drogas, assassina os traficantes e rouba dez milhões de dólares. O sumiço de uma quantia tão elevada chamada a atenção do governo, que suspeita de Breacher e seus comandados. 

Após alguns interrogatórios, nada é provado e Breacher volta para seu trabalho. O golpe aparentemente perfeito se transforma em problema quando o dinheiro desaparece e os parceiros de Breacher começam a ser assassinados. Uma detetive de homicídios (Olivia Williams) é indicada para investigar as mortes e se vê no meio de uma trama repleta de mentiras e traições. 

O roteiro escrito pelo diretor David Ayer (“Os Reis da Rua”, “Marcados para Morrer”) em parceria com Skip Woods, é bem amarrado, tem boas reviravoltas, cria um clima de desconfiança entre os personagens e dúvida no espectador. 

O ponto alto são as cenas de ação extremamente violentas, que lembram o estilo dos anos oitenta, mas diferente da recente franquia “Os Mercenários”, a trama aqui não tem espaço para piadas, tudo é muito sério. 

Mesmo longe do preparo atlético de antigamente, o astro Schwarzenegger ainda dá conta do recado como herói. 

Para quem curte o estilo, este é um bom filme de ação.