Uma Simples Formalidade (Una Pura Formalita, Itália /
França, 1994) – Nota 7,5
Direção –
Giuseppe Tornatore
Elenco –
Gerard Depardieu, Roman Polanski, Sergio Rubini.
Numa noite
chuvosa, a polícia está investigando o assassinato de uma mulher quando encontra
um sujeito (Gerard Depardieu) assustado e sem documentos. Ele é levado para a
delegacia para ser interrogado pelo inspetor (Roman Polanski). Mostrando
extrema arrogância, dando respostas irônicas e evasivas, o sujeito decide se
identificar dizendo ser o famoso escritor Onoff, que vive recluso há anos. O
inspetor passa tratá-lo aparentemente com respeito, ao mesmo tempo em que
utiliza sua lábia para tirar informações sobre a vida atual do escritor.
O
diretor Giuseppe Tornatore, do tocante “Cinema Paradiso”, cria aqui um embate
entre dois personagens complexos, com características completamente diferentes
entre si. O inspetor é contido e meticuloso, cada pergunta que faz carrega uma
isca para pescar a verdade nas entrelinhas da resposta. Já o escritor se
considera um intelectual, uma pessoa superior que vê no inspetor a representação
de um burocrata que sabe apenas seguir regras. As boas interpretações da dupla
principal são valorizadas pelos ótimos diálogos, que pouco a pouco revelam
pequenos segredos de cada um. O filme perde um pouco de fôlego na parte final
com a escolha de deixar algumas respostas por conta do espectador.
A Morte e a
Donzela (Death and the Maiden, Inglaterra / EUA / França, 1994) – Nota 7,5
Direção – Roman Polanski
Elenco –
Sigourney Weaver, Ben Kingsley, Stuart Wilson.
Em um país indefinido da América do Sul, após ser presa e torturada
durante a ditadura, Pauline Escobar (Sigourney) vive hoje com o marido Gerardo
(Stuart Wilson) em uma bela casa numa região isolada do país. Numa certa noite,
o marido que é um importante advogado, tem problemas com o carro na estrada e
por acaso recebe ajuda de um sujeito que estava passando pelo local e que se
identifica como o médico Roberto Miranda (Ben Kingsley). O médico oferece uma
carona ao advogado e ao chegar na residência do casal Escobar, sua voz é
reconhecida por Pauline como sendo seu torturador. Os traumas de Pauline vem à
tona, ela toma o sujeito como refém e inicia uma sessão de tortura com o objetivo
de conseguir uma confissão.
Baseado numa peça do argentino Ariel Dofman inspirada
nos abusos da ditadura que seu país sofreu por mais de uma década, o diretor
Roman Polanski cria uma incômodo jogo psicológico extremamente tenso, em que os
papéis de vítima e torturador se confundem, deixando o espectador em dúvida
sobre a verdadeira identidade do personagem de Ben Kingsley. O roteiro ainda
coloca em questão até que ponto vale a pena se vingar do seu algoz, se este
tipo de atitude realmente ajuda a vítima como uma espécie de terapia de choque
ou se apenas aumentará as feridas do passado. Vale destacar ainda as boas
interpretações de Ben Kingsley e Sigourney Weaver.
Inspeção
Geral (Strip Search, EUA, 2004) – Nota 7
Direção –
Sidney Lumet
Elenco – Glenn
Close, Maggie Gyllenhaal, Ken Leung, Bruno Lastra, Dean Winters, Tom Guiry,
Caroline Kava, Austin Pendleton.
Em uma
universidade, um professor (Austin Pendleton) questiona seus alunos se eles
aceitariam renunciar a um direito civil se isso acabasse com o terrorismo no
mundo. A classe toda aceita. Quando ele pergunta se aceitariam esta situação
pelo resto da vida, muitos mudam de opinião. Para ilustrar a situação, o
roteiro se divide em duas narrativas que mostram o perigo do poder total na
mão do Estado. Na China, uma jovem estudante de ciências políticas (Maggie
Gyllenhaal) é detida e levada para interrogatório sem direito a chamar um
advogado. O oficial que comanda o interrogatório (Ken Leung) acredita que a
jovem seja uma espiã. Na segunda narrativa, um jovem de origem árabe (Bruno
Lastra) que também estuda ciências políticas, é detido nos Estados Unidos de
forma semelhante e interrogado sem piedade por uma agente do FBI (Glenn Close).
Esta produção da HBO foi o antepenúltimo trabalho da carreira do diretor Sidney Lumet, que
utiliza um roteiro escrito por Tom Fontana para questionar o chamado “Ato
Patriótico” assinado pelo então presidente George Bush como retaliação aos
ataques de 11 de Setembro. O Ato tirava todos os direitos de defesa dos
suspeitos de terrorismo, situação que gerou absurdos como as torturas na
prisão de Guantánamo. Os interrogatórios mostrados aqui são cruéis,
principalmente pela violência psicológica e a humilhação de ser acusado de algo
por causa de sua nacionalidade ou etnia. O roteirista Tom Fontanta foi o
criador da violentíssima série “Oz – A Vida é uma Prisão” e alguns atores aqui
(Ken Leung, Austin Pendleton e Dean Wynters) faziam parte do elenco.
Finalizando, consta que o filme por completo foi ao ar apenas uma vez nos Estados Unidos, resultando numa grande pressão dos conservadores e do governo, o que fez com que o
longa fosse engavetado e remontado com menos de uma hora de duração. Aqui no
Brasil ele passou na HBO em sua versão completa.
4 comentários:
Assino embaixo o que escreveu sobre o filme do Polanski.
Cumps.
Três grandes filmes de três grandes cineastas! Do Giuseppe Tornatore eu vi pouco depois de "Cinema Paradiso". Somente "Malena" com Bellucci e o recente "O Melhor Lance", com Geoffrey Rush.
Abraço.
gostei demais de simples formalidade, foi uma grata surpresa
http://mataharie007.blogspot.com.br/2011/04/uma-simples-formalidade.html
eu adorei morte a donzela. só o terceiro que não vi. beijos, pedrita
Gustavo - É um filme tenso.
Rodrigo - O primeiro filme de Tornatore também é muito bom. Um drama sobre a máfia chamada "O Professor do Crime" com Ben Gazzara.
Pedrita - O filme de Lumet é mais sobre injustiça e um pouco inferior aos outros dois.
Abraço
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