quarta-feira, 30 de março de 2016

Pecados Antigos, Longas Sombras

Pecados Antigos, Longas Sombras (La Isla Minima, Espanha, 2014) – Nota 8
Direção – Alberto Rodriguez
Elenco – Javier Gutierrez, Raul Arévalo, Salva Reina, Jesus Castro, Nerea Barros, Antonio de la Torre.

Em uma pequena comunidade rural na Espanha em 1980, duas irmãs adolescentes desaparecem. Uma dupla de policiais é enviada para investigar o sumiço. 

Pedro (Raul Arévalo) vê no caso a chance de voltar a trabalhar em Madrid e ficar ao lado da esposa que está grávida. Ele foi transferido para o interior após criticar seus superiores através de uma carta que fora publicada em um jornal. Seu parceiro é  Juan (Javier Gutierrez), um veterano policial que trabalhou para o governo durante a ditadura de Franco. 

A investigação é dificultada pela falta de cooperação das pessoas da região e da própria polícia local. Mesmo assim, aos poucos a dupla descobre terríveis segredos relacionados ao caso. 

Este ótimo longa policial explora a transição que a Espanha sofria na época. A ditadura de Franco que terminou em 1976, deixou encravado nas entranhas da sociedade espanhola o medo na população, a desconfiança nas autoridades e a certeza de impunidade para os poderosos. 

Os policiais mesmo com temperamento, valores e caráter bem diferentes entre si, se unem para resolverem o caso a qualquer custo. O relacionamento entre os dois policiais, assim como a locação numa região rural tomada por estradas de terra, rios e plantações, lembra muito a primeira temporada da ótima série “True Detective”, que foi lançada no mesmo ano. 

Assim como na série, neste longa não existe personagem totalmente honesto, todos carregam suas culpas, defeitos e tomam atitudes à margem da lei. 

Para quem gosta do gênero, esqueça o horrível título nacional e aproveite o ótimo filme. 

terça-feira, 29 de março de 2016

Neve Sobre os Cedros

Neve Sobre os Cedros (Snow Falling on Cedars, EUA, 1999) – Nota 7,5
Direção – Scott Hicks
Elenco – Ethan Hawke, Youki Kudoh, Max Von Sydow, Rick Yune, James Rebhorn, James Cromwell, Richard Jenkins, Arija Bareikis, Eric Thal, Celia Weston, Daniel Von Bargen, Akira Takayama, Ako.

No início dos anos cinquenta, em uma comunidade na divisa dos Estados Unidos com o Canadá, um pescador (Eric Thal) é encontrado morto. O suspeito principal é Kazuo Miyamoto (Rick Yune), outro pescador que é filho de japoneses e que foi a última pessoa a ver o sujeito com vida. 

Ainda com a lembrança do recente ataque a Pearl Harbor bem viva, parte da população vê o jovem oriental como culpado, mesmo que as provas sejam bastante duvidosas. Para defender o jovem, o veterano advogado Gudmundsson (Max Von Sydow) utiliza toda sua experiência. 

Todo o processo é acompanhado pelo jovem jornalista Ishmael (Ethan Hawks), que edita o jornal da cidade e que tem uma antiga paixão pela esposa de Kazuo, a bela Hatsue (Youki Kudoh). 

A história é baseada em um romance e explora principalmente o preconceito dos americanos em relação aos japoneses e seus descendentes que viviam no país durante a Segunda Guerra Mundial. 

Além do julgamento recheado de questões sobre preconceito, o filme destaca também o romance proibido entre os personagens de Ethan Hawke e Youki Kudoh e o sofrimento dos japoneses e suas famílias, que mesmo vivendo nos Estados Unidos foram encarcerados em campos de concentração durante a guerra. 

Por mais que a história seja sobre um tema complicado, a narrativa é fria como a temperatura da região onde se passa a trama. 

A tentativa do diretor em criar momentos poéticos funciona nas sequências do namoro proibido dos adolescentes e falha nas fracas cenas de combate filmadas em câmera lenta. 

O resultado é um filme muito mais interessante pela história do que pela narrativa. 

segunda-feira, 28 de março de 2016

Filmes Ruins com Vampiros - Resenhas Rápidas

A Rainha dos Condenados (Queen of the Damned, EUA / Austrália, 2002) – Nota 4
Direção – Michael Rymer
Elenco – Stuart Townsend, Aaliyah, Marguerite Moreau, Paul McGann, Lena Olin, Vincent Perez, Bruce Spence.

O vampiro Lestat (Stuart Townsend) se adaptou ao mundo atual e se tornou um astro de rock. Sua músicas terminam por despertar a poderosa rainha dos vampiros (Aaliyah), que deseja ter Lestat ao seu lado e aniquilar os demais vampiros. Para detê-la, será necessário a união de vários vampiros. O sucesso de “Entrevista com o Vampiro” rendeu esta verdadeira bomba baseada em uma obra de Anne Rice. Com um roteiro cheio de furos, personagens rasos e péssimas interpretações, pouco se salva aqui. O filme ganhou um mórbido destaque na época pela morte da cantora Aaliyah em um acidente de avião pouco antes do lançamento.

Vampiros – Os Mortos (Vampires: Los Muertos, EUA, 2002) – Nota 4
Direção – Tommy Lee Wallace
Elenco – Jon Bon Jovi, Cristian De La Fuente, Natasha Gregson Wagner, Arly Jover, Diego Luna, Darius McCrary.

Um equipe de caçadores de vampiros liderada por Derek (Jon Bon Jovi) persegue chupadores de sangue pelo interior do México. Sua equipe é formada por um padre (Christian De La Fuente), uma bela jovem (Natasha Gregson Wagner) e dois ajudantes (Darius McCrary e Diego Luna). A situação fica complicada quando o grupo é contratado para caçar uma poderosa vampira (Arly Jover). Este longa é uma sequência do divertido “Vampiros” que John Carpenter dirigiu quatro anos antes. O diretor e todo elenco pularam fora desta sequência, que deixa a clara o nível deste péssimo caça-níquel.

Vampiros do Deserto (The Forsaken, EUA, 2001) – Nota 6
Direção – J. S. Cardone
Elenco – Kerr Smith, Brendan Fehr, Johnathon Schaech, Izabella Miko, Phina Oruche, Simon Rex, Carrie Snodgress.

Sean (Kerr Smith) está atravessando o país de carro quando aceita dar carona a um desconhecido (Brendan Fehr). O que ele não sabe é que o jovem foi mordido por um vampiro e que precisa matar seu algoz antes de se transformar, para que possa voltar ao normal. Pelo caminho, eles cruzam com uma garota (Izabella Miko) que também foi atacada pelo mesmo vampiro. Este road movie vampiresco explora uma premissa típica dos filme B de suspense inserindo um vampiro como vilão. Algumas sequências são interessantes e o diretor explora bem a locação no deserto. O resultado é apenas razoável.  

Drácula 2000 (Dracula 2000, EUA, 2000) – Nota 5
Direção – Patrick Lussier
Elenco – Jonny Lee Miller, Gerard Butler, Christopher Plummer, Justine Waddell, Jennifer Sposito, Colleen Ann Fitzpatrick, Omar Epps, Sean Patrick Thomas, Danny Masterson, Lochlyn Munro, Nathan Fillion.

Van Helsing (Christopher Plummer) é dono de uma loja de antiguidades em Londres. O que ninguém sabe é que ele esconde o caixão de Drácula (Gerard Butler), seu grande inimigo aparentemente imortal. Numa determinada noite, um grupo de ladrões invade o local e entre vários objetos, leva também o caixão. Assim que descobre o roubo, Van Helsing sai a caça dos ladrões, sendo seguido por seu ajudante Simon (Jonny Lee Miller). O hábito de Hollywood em atualizar histórias clássicas começava a dar as caras no final dos anos noventa, quase sempre resultando em bombas. Esta produção muda completamente a trama de Drácula através de um péssimo roteiro repleto de situações mal explicadas, como o roubo do caixão por exemplo. Nem mesmo as cenas de suspense e terror se sustentam. Na época, Jonny Lee Miller falhava na tentativa de se tornar astro, conseguindo colocar a carreira nos eixos apenas em 2012 com a série “Elementar”, enquanto Gerard Butler ainda era quase um desconhecido, sequer aparecendo em algumas capas do filme.  

Vlad, O Príncipe das Trevas (Dark Prince: The True Story of Dracula, EUA, 2000) – Nota 4
Direção – Joe Chappelle
Elenco – Rudolf Martin, Jane March, Roger Daltrey, Christopher Brand, Michael Sutton, Peter Weller.

Na Transilvânia, Vlad (Rudolf Martin) é o filho do violento Drácula que aterrorizou a região. Ao herdar o reino do pai, Vlad precisa enfrentar seus inimigos com a mesma violência, ficando conhecido com “O Empalador”. Em meio as lutas para manter o reino, Vlad ainda precisa lidar com o sofrimento de sua amada Lidia (Jane March), que tem pesadelos com os horrores cometidos pelo marido. Mais uma adaptação bizarra e violenta da história de Drácula, que tenta contar a origem do personagem. São interessantes as locações na Romênia, mas pouco se salva além disso. O elenco cheio de canastrões não ajuda. Como curiosidade, o alemão Rudolph Martin repetiu o papel de vampiro no mesmo ano em um episódio da série “Buffy””, que fazia sucesso entre os adolescentes na época.

Vampiros Modernos (Modern Vampires, EUA, 1988) – Nota 4
Direção – Richard Elfman
Elenco – Caspen Van Dien, Natasha Gregson Wagner, Rod Steiger, Gabriel Casseus, Kim Cattrall, Craig Ferguson, Natasha Lyonne, Robert Pastorelli, Natasha Andreichenko, Udo Kier, Flex, Brent Briscoe, Conchata Ferrell, Marco Hofschneider.

Em Los Angeles, a vampira Nico (Natasha Gregson Wagner) se passa por prostituta para se alimentar do sangue de clientes. Com o número de mortes aumentando, o chefe dos vampiros conhecido como Conde (Robert Pastorelli), deseja matar Nico por considerar que ela não segue as regras dos vampiros. Para defender Nico, outro vampiro chamado Dallas (Caspar Dien) decide enfrentar o Conde. No meio da guerra entre vampiros, surge o obcecado Dr. Van Helsing (Rod Steiger) em busca de vingança. Produzido para tv, este longa é o verdadeiro “samba do vampiro doido”, com várias sequências de humor negro e situações absurdas. O curioso é o elenco repleto de canastrões conhecidos, além do antigo astro Rod Steiger. 

Um Vampiro no Brooklin (Vanpire in Brooklyn, EUA, 1995) – Nota 5
Direção – Wes Craven
Elenco – Eddie Murphy, Angela Bassett, Allen Payne, Kadeem Hardison, John Whiterspoon, Zakes Mokae, Joanna Cassidy, Mitch Pilleggi.

Maximilian (Eddie Murphy) é o último sobrevivente de um raça de vampiros que viviam no Caribe. Com o objetivo de manter a espécie viva, Maximilian segue para os EUA à procura de Rita (Angela Bassett), com quem deseja procriar. A mulher é uma policial que é filha de um vampiro com uma humana. A tentativa de misturar comédia com terror e policial resultou num péssimo filme, um dos piores das carreiras de Wes Craven e Eddie Murphy. Nada funciona, nem mesmo o romance entre Murphy e Angela Bassett.

Inocente Mordida (Innocent Blood, EUA, 1992) – Nota 6
Direção - John Landis
Elenco- Anne Parillaud, Anthony LaPaglia, Robert Loggia, Don Rickles, David Proval, Luiz Guzman, Leo Burmester, Angela Bassett, Chazz Palminteri, Sam Raimi, Tony Sirico, Kim Coates, Marshall Bell, Leo Burmester.

Marie (Anne Parillaud) é uma vampira que se alimenta apenas de bandidos. Ao atacar um chefão mafioso (Robert Loggia), Anne não consegue matar o sujeito, fato que o transforma em vampiro. O sujeito utiliza seu novo “dom” para transformar seus capangas em vampiros. Para deter o criminosos, Anne se aproxima de uma detetive (Anthony LaPaglia), que se torna seu parceiro na caça aos novos vampiros. O diretor John Landis, especialista em comédias, já não estava nos melhores dias da carreira quando comandou este longa, mesmo assim a mistura de filme policial com humor negro rende algumas boas sequências com muito sangue e violência. Um filme razoável, nada mais do que isso. 

Um Estranho Vampiro (Vampire’s Kiss, EUA, 1988) – Nota 5
Direção – Robert Bierman
Elenco – Nicolas Cage, Maria Conchita Alonso, Jennifer Beals, Kasi Lemmons, Bob Lujan, Elizabeth Ashley, Jennifer Lund.

O editor Peter (Nicolas Cage) acredita ter seduzido a bela Rachel (Jennifer Beals), sem saber que a jovem é uma vampira e tem outras intenções. Durante o sexo, Rachel morde Peter. No dia seguinte, Peter começa a sofrer com a transformação que acontece aos poucos. A luz que incomoda, o desejo por sangue e outras situações atormentam o sujeito, que chega a procurar uma psicanalista (Elizabeth Ashley) que não acredita em sua história. Para complicar ainda mais, Peter sofre pelo desejo de morder sua voluptuosa secretaria Alva (Maria Conchita Alonso). Recheado de humor negro absurdo e com uma atuação exagerada de Nicolas Cage, este longa foi um dos primeiros erros da carreira do ator. O filme vale apenas para ver duas atrizes sensuais dos anos oitenta. A eterna estrela de “Flashdance” Jennifer Beals e a ex-miss Venezuela Maria Conchita Alonso. 

domingo, 27 de março de 2016

A Batalha de Seattle

A Batalha de Seattle (Battle in Seattle, Canadá / EUA / Alemanha, 2007) – Nota 6,5
Direção – Stuart Townsend
Elenco – Martin Henderson, Woody Harrelson, Ray Liotta, Andre Benjamin, Michelle Rodriguez, Charlize Theron, Jennifer Carpenter, Channing Tatum, Connie Nielsen, Isaach De Bankolé, Rade Sherbedzija, Tzi Ma, Joshua Jackson, Christopher Jacot.

Entre o final de novembro e início de dezembro de 1999, a Organização Mundial do Comércio organizou um encontro mundial em Seattle para debater o crescimento da globalização e a abertura das fronteiras para o comércio. 

Vários grupos invadiram a cidade para protestar pelas mais variadas causas. O local se tornou um verdadeiro barril de pólvora e resultou em vários confrontos entre manifestantes e policiais no centro de Seattle. 

Esta história real foi a premissa explorada pelo ator irlandês Stuart Townsend para escrever o roteiro e estrear como diretor. Townsend criou personagens fictícios que se cruzam em meio ao caos que se transformou Seattle naqueles dias. 

O roteiro segue quatro manifestantes (Martin Henderson, Andre Benjamin, Jennifer Carpenter e Michelle Rodriguez), dois policiais (Woody Harrelson e Channing Tatum), a esposa de um deles (Charlize Theron), uma repórter (Connie Nielsen), dois palestrantes (Isaach De Bankolé e Rade Sherbedzija) que tentam lutar por melhorias para os países pobres e o prefeito de Seattle (Ray Liotta) pressionado por todos os lados. 

A história é explosiva e o diretor ainda utiliza cenas reais da época para dar maior veracidade aos conflitos, porém o filme perde pontos por certa ingenuidade do roteiro, que tende a mostrar os manifestantes como oprimidos, quando na verdade muitos deles queriam o confronto, destruindo lojas, bancos e tudo mais que estava pela frente. 

O final aparentemente feliz é rapidamente desmentido pelos letreiros que informam que nada mudou desde 1999.  

sábado, 26 de março de 2016

Caos Calmo

Caos Calmo (Caos Calmo, Itália / Inglaterra, 2008) – Nota 7,5
Direção – Antonello Grimaldi
Elenco – Nanni Moretti, Valeria Golino, Isabella Ferrari, Alessandro Gassman, Blu Yoshimil, Hippolyte Girardot, Kasia Smutniak, Roman Polanski.

Pietro (Nanni Moretti) e seu irmão Carlo (Alessandro Gassman) estão se divertindo na praia quando duas mulheres que estão se afogando pedem socorro. As pessoas atônitas na praia não se mexem, enquanto os dois irmãos pulam na água e salvam as mulheres. 

Ao voltar para casa, Pietro encontra a esposa morta e a filha pré-adolescente Claudia (Blu Yoshimi) em prantos. A tragédia modifica a percepção de vida de Pietro, que praticamente abandona o trabalho como executivo de uma empresa que está prestes a fazer uma grande fusão e decide passar os dias seguintes em uma praça em frente do colégio de sua filha, esperando a garota sair da aula. 

O ator, roteirista e diretor Nanni Moretti já abordou a dor da perda no sensível “O Quarto do Filho”, sendo que aqui ele deixa a direção nas mãos de Antonello Grimaldi e foca de uma forma diferente em uma situação semelhante. 

Nos dias que seguem a morte da esposa, o personagem de Moretti não demonstra emoção alguma, apenas a preocupação em dar atenção a filha. Aos poucos, com o aparecimento de outros personagens, como sua cunhada (Valeria Golino) e os executivos que trabalham com ele, entendemos o porquê da decisão do personagem em se desligar dos problemas e prestar atenção em situações simples como observar as pessoas que passam diariamente pela praça em que Pietro transforma em seu escritório. 

O “Caos Calmo” do título pode ser definido pela aparente calma do personagem principal após a tragédia, que abandona a loucura do trabalho e dos problemas para se tornar um espectador do caos em que amigos e parentes vivem.

sexta-feira, 25 de março de 2016

A Bíblia... No Início

A Bíblia… No Início (The Bible: In the Beginning…, EUA / Itália, 1966) – Nota 6
Direção – John Huston
Elenco – Michael Parks, Ulla Bergryd, John Huston, Richard Harris, Stephen Boyd, George C. Scott, Ava Gardner, Peter O'Toole, Franco Nero, Rudolf Nureyev, Gabriele Ferzetti.

Levar aos cinemas a adaptação dos capítulos iniciais da Bíblia, o “Gênesis”, foi uma aposta arriscada do grande diretor e ator John Huston, que provavelmente para não irritar aos devotos, seguiu as histórias bem próximas da forma como são narradas no livro sagrado. 

Como uma narração em off do próprio Huston, o longa explora as histórias de Adão e Eva (Michael Parks e Ulla Bergryd), Caim e Abel (Richard Harris e Franco Nero), Noé (John Huston) e o dilúvio, o fim das cidades de Sodoma e Gomorra, a história de Nimrod (Stephen Boyd) e a Torre de Babel e por fim segue a vida de Abrahão (George C. Scott) e sua esposa Sarah (Ava Gardner). 

Por mais que sejam histórias conhecidas, a produção seja caprichada e o elenco talentoso, o filme é cansativo. Com quase três horas de duração e várias sequências arrastadas, o longa perde muito na qualidade. Hoje, pode ser considerado um filme que agradaria apenas as pessoas religiosas.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Ganhar ou Ganhar - A Vida é um Jogo

Ganhar ou Ganhar – A Vida é um Jogo (Win Win, EUA, 2011) – Nota 7
Direção – Tom McCarthy
Elenco – Paul Giamatti, Amy Ryan, Alex Shaffer, Bobby Cannavale, Jeffrey Tambor, Burt Young, Melanie Lynskey, Margo Martindale, David W. Thompson.

Em um subúrbio de New Jersey, Mike Flaherty (Paul Giamatti) é um advogado casado com Jackie (Amy Ryan), pai de duas filhas pequenas e especializado em auxiliar idosos em pequenas causas. No tempo livre, Mike também é o treinador da equipe de luta greco-romana do colégio. 

Passando por dificuldades financeiras, Mike toma uma complicada decisão que inclusive fere sua ética como advogado. Ele se oferece para ser o guardião oficial de um cliente que é idoso (Burt Young) e que está em fase inicial de demência. Ele passa a receber mil e quinhentos dólares por mês, mas coloca o sujeito em uma casa de repouso da cidade, que por sinal trata muito bem os pacientes. 

A situação se torna ainda mais complexa quando o garoto Kyle (Alex Sheffer) chega na comunidade procurando o avó e descobre que o homem está sob os cuidados de uma instituição. Mike é obrigado a abrigar o garoto em sua casa.

O diretor e ator Tom McCarthy foi surpreendentemente indicado ao Oscar deste ano pelo ótimo “Spotlight – Segredos Revelados”, sendo que seus trabalhos anteriores na direção foram em filmes pequenos com personagens comuns. Dois exemplos são “O Agente da Estação” e “O Visitante”. 

Aqui ele novamente demonstra sua predileção por histórias simples sobre a vida de personagens comuns. O ponto principal do roteiro é a ambição, não aquela exagerada ou megalomaníaca, mas sim as tentações que colocam à prova a honestidade das pessoas em pequenas situações. 

Mesmo sem apresentar grandes surpresas, o longa é extremamente agradável. A simpatia pelos personagens ajuda bastante. O ótimo Paul Giamatti é um especialista em sujeitos comuns e perdedores, aqueles que sofrem para enfrentar os problemas do dia a dia. Aqui ele novamente entrega uma boa atuação com este tipo de personagem. 

Para quem gosta de histórias simples, com estilo de filme independente, este é uma boa opção.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Homens de Preto - A Trilogia

Homens de Preto (Men in Black, EUA, 1997) – Nota 8
Direção – Barry Sonnenfeld
Elenco – Tommy Lee Jones, Will Smith, Linda Fiorentino, Rip Torn, Vincent D'Onofrio, Tony Shalhoub, Siobhan Fallon Logan, Mike Nussbaum, Jon Gries, Fredric Lehne.

O agente K (Tommy Lee Jones) trabalha em uma agência secreta do governo que fiscaliza as atividades alienígenas na Terra. O sisudo K recruta como parceiro o agente J (Will Smith), que se mostra um sujeito falante e contestador. As diferenças de personalidade são colocadas de lado quando descobrem que um alienígena chegou na Terra à procura de um objeto de que pode destruir o planeta. O estranho alien toma o corpo de um agricultor (Vincent D’Onofrio) e segue em busca do artefato. 

Baseado em um comic book, este longa fez um merecido sucesso ao misturar ficção científica com comédia de uma forma extremamente agradável. São vários pontos positivos. A química entre a dupla principal rende diálogos divertidíssimos, inclusive nas cenas em que participa o chefe da agência, o veterano agente Z (Rip Torn). As piadas sobre as personalidades que seriam alienígenas são outra bela sacada. Os ótimos efeitos especiais e a maquiagem dos diversos aliens criadas pela mestre Rick Baker é um outro destaque. Tudo isso é valorizado pelos coadjuvantes, como os impagáveis Vincent D’Onofrio e Tony Shalhoub, além da presença feminina de Linda Fiorentino como uma patologista. 

Diversão de primeira qualidade.

Homens de Preto 2 (Men in Black II, EUA, 2002) – Nota 6,5
Direção – Barry Sonnenfeld
Elenco – Tommy Lee Jones, Will Smith, Rip Torn, Lara Flynn Boyle, Johnny Knoxville, Rosario Dawson, Tony Shalhoub, Patrick Warburton, Jack Kehler, David Cross, Peter Graves, Michael Jackson.

Cinco anos após salvar o planeta, o agente K (Will Smith) não consegue a se adaptar a seus novos parceiros. Quando uma nova ameaça alienígena chega na Terra e toma o corpo de uma bela modelo (Lara Flynn Boyle), K é obrigado a procurar seu antigo parceiro J (Tommy Lee Jones), que agora trabalha em uma agência de correios numa pequena cidade. A dupla tentará novamente salvar o planeta. 

O tempo de espera de cinco anos entre o filme original e esta sequência mostra que faltava uma ideia original para continuar a história. Isto fica claro no filme, que praticamente repete a mesma fórmula, apenas trocando alguns personagens. O hospedeiro aqui é uma mulher ao invés de um homem e o terceiro elo dos heróis é vivido por Rosario Dawson, num papel muito parecido com o de Linda Fiorentino. O agente Z de Rip Torn, o alienígena de Tony Shalhoub e cachorro falante também retornam. 

Por mais que os efeitos especiais sejam ótimos e algumas piadas divertidas, o qualidade do longa fica muito aquém do original. 

Homens de Preto 3 (Men in Black 3, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Barry Sonnenfeld
Elenco – Willl Smith, Tommy Lee Jones, Josh Brolin, Jemaine Clement, Emma Thomspon, Michael Stuhlbarg, Mike Colter, Alice Eve, Michael Chernus, David Rasche, Bill Hader.

O psicopata interplanetário Boris “The Animal” (Jemaine Clement) consegue escapar de uma prisão de segurança máxima na lua. Ela volta para Terra com o objetivo de encontrar um artefato que o faça viajar no tempo até 1969 para assassinar o agente K (Tommy Lee Jones), que o prendeu na época, A volta ao passado faz o presente mudar completamente, restando ao agente J (Will Smith) fazer o mesmo percurso para impedir os planos de Boris. 

Os dez anos de espera desde o segundo filme se mostraram um respiro para a franquia. Não que este filme seja ótimo ou chegue perto do original na qualidade, mas pelo menos resulta num divertimento sem compromisso. A sacado do roteiro em levar grande parte do filme para 1969 é interessante, muito também para diminuir a presença em cena de Tommy Lee Jones, que aos sessenta e oito anos na época, já não tinha a agilidade suficiente para cenas de ação. 

A entrada de Josh Brolin interpretando K na juventude é um acerto. Assim como Jones, Brolin também tem um rosto duro para fazer um contraponto ao engraçadinho personagem de Will Smith. Os coadjuvantes também são interessantes. Além do vilão Boris, vale destacar Michael Stuhlbarg como o sujeito que consegue ver várias dimensões ao mesmo tempo e o comediante Bill Hader interpretando o maluco Andy Warhol. 

Foi uma boa surpresa, eu esperava um mero caça-níquel e no final acabei me divertindo. 

terça-feira, 22 de março de 2016

Encontro Explosivo

Encontro Explosivo (Knight and Day, EUA, 2010) – Nota 6
Direção – James Mangold
Elenco – Tom Cruise, Cameron Diaz, Peter Sarsgaard, Viola Davis, Jordi Molla, Paul Dano, Marc Blucas, Lennie Loftin, Maggie Grace.

Roy Miller (Tom Cruise) é um agente secreto que está sendo perseguido por seus colegas por supostamente ter roubado um valioso artefato. Em meio à fuga, Roy se aproxima de June (Cameron Diaz) em um aeroporto com o objetivo de utilizá-la para passar o artefato pela segurança. Sem imaginar o que está acontecendo, June também se torna alvo da perseguição. 

Entre os vários de filmes de ação que Tom Cruise vem protagonizando desde o primeiro “Missão Impossível”, este é com certeza o mais fraco. A tentativa do roteiro em misturar comédia com ação não funciona. A trama é um amontoado de clichês recheado de furos, diálogos que não são engraçados e muito menos podem ser levados a sério. 

As cenas de ação exageradas estão mais para um filme de ficção adolescente do que longa de espionagem. Lógico que o público que gosta do estilo se divertiu com a correria, mas para o restante dos espectadores, o longa é totalmente descartável. 

Como preferência pessoal, gostei bastante da trilha sonora recheada de músicas pop dos anos oitenta. 

É o típico blockbuster vazio, que prende a atenção pela agitação, mas que se apaga da memória minutos depois do final.

segunda-feira, 21 de março de 2016

A Águia Pousou

A Águia Pousou (The Eagle Has Landed, Inglaterra, 1976) – Nota 7
Direção – John Sturges
Elenco – Michael Caine, Donald Sutherland, Robert Duvall, Jenny Agutter, Donald Pleasence, Treat Williams, Larry Hagman, Anthony Quayle, Jean Marsh, John Standing, Sven Bertil Taube, Judy Geeson.

Com a guerra praticamente perdida, os nazistas tentam uma última cartada. O coronel Redl (Robert Duvall) cria um plano para enviar um grupo de soldados até o interior da Inglaterra com o objetivo de sequestrar o primeiro-ministro inglês Winston Churchill. 

O escolhido para liderar o grupo é o orgulhoso coronel Steiner (Michael Caine), que levará seus homens disfarçados de soldados poloneses para agir durante um final de semana em que o político estará numa pequena comunidade. Para abrir caminho, antes de todos é enviado o professor Liam Devlin (Donald Sutherland), um irlandês ligado ao IRA que vive na Alemanha e que odeia a Inglaterra. 

A trama baseada em livro de Jack Higgins é interessante, a ideia de assassinar um líder inimigo durante um conflito é uma cartada ousada e geralmente suicida. O filme é mediano, com falhas principalmente na duração de duas horas e quinze minutos que se torna cansativa, principalmente pela lentidão da primeira hora, onde o diretor John Sturgess perde muito tempo apresentando os personagens e criando um laço entre o personagem de Sutherland e os habitantes da pequena vila, inclusive com um caso de amor que foge da proposta principal. O longa melhora na hora final, quando os nazistas disfarçados chegam na vila e o conflito se inicia. 

Como informação, este foi o último trabalho do diretor Sturgess, que em trinta anos de carreira deixou filmes melhores como os clássicos “Fugindo do Inferno” e “Sete Homens e um Destino”.

domingo, 20 de março de 2016

A Chave do Sucesso & O Vendedor do Ano


A Chave do Sucesso (The Big Kahuna, EUA, 1999) – Nota 7
Direção – John Swanbeck
Elenco – Kevin Spacey, Danny DeVito, Peter Facinelli.

Em Wichita, no Kansas, três vendedores organizam uma pequena festa em um hotel com o objetivo de fazer uma grande venda para o presidente de uma empresa. O problema é que eles sabem apenas o nome do sujeito. A chance de fracasso é grande. Os vendedores são extremamente diferentes entre si. Larry (Kevin Spacey) é um sujeito cínico e manipulador. Phil (Danny DeVito) é um veterano vendedor inteligente e cauteloso, enquanto Bob (Peter Facinelli) é o novato religioso. 

Este longa é baseado em uma peça de teatro e dirigido também por um diretor de teatro, John Swanbeck, que tem aqui seu único trabalho no cinema. O texto é ótimo, com diálogos afiados e uma bela construção de personagens. Os dois veteranos vendedores utilizam todas as artimanhas possíveis para fechar o negócio, a ética é algo que não existe. O contraponto é o correto Bob, que se torna um peão e também um problema para os veteranos. Kevin Spacey e Danny DeVito dominam o filme, enquanto Peter Facinelli é quase uma escada para os dois atores. 

O filme peca um pouco pela falta de ritmo, os noventa minutos parecem mais longos do que o normal. É um longa para quem gosta de um teatro filmado.

O Vendedor do Ano (Vacuuming Completely Nude in Paradise, Inglaterra, 2001) – Nota 6,5
Direção – Danny Boyle
Elenco – Timothy Spall, Michael Begley, Katy Cavanagh, Caroline Ashley, David Crellin.

O jovem Pete (Michael Begley) consegue um emprego como vendedor de aspirador de pó. Para aprender o serviço, Pete é colocado para trabalhar ao lado do vendedor Tommy (Timothy Spall), sujeito que utiliza métodos que beiram a falta de ética convencer os compradores. O objetivo de Tommy é ser o melhor do vendedor do ano e por consequência ganhar um prêmio oferecido pela empresa. 

Entre o fracasso do interessante “A Praia” e o sucesso do ótimo “Extermínio”, o diretor Danny Boyle comandou esta produção para tv que mistura comédia com drama focando na ambição e na complicada relação entre mentor e aluno.

É um filme estranho, onde situações engraçadas e pequenos dramas correm em paralelo. O destaque fica para a atuação do sempre competente Timothy Spall. 

sábado, 19 de março de 2016

Felicidade

Felicidade (Happiness, EUA, 1998) – Nota 8
Direção – Todd Solondz
Elenco – Jane Adams, Dylan Baker, Lara Flynn Boyle, Philip Seymour Hoffman, Cynthia Stevenson, Camrym Manhein, Ben Gazzara, Louise Lasser, Jon Lovitz, Jared Harris.

Na primeira cena, Joy (Jane Adams) dispensa o namorado em um restaurante. A conversa aparentemente calma e educada, desnuda todas as frustrações do fim da relação. Em seguida, a trama acompanha vários personagens comuns em busca da felicidade, ao mesmo tempo em que lutam contra seus demônios pessoais. 

O foco principal está na família de Joy. Seu pai (Ben Gazzara) decide abandonar a esposa (Louise Lasser) após quarenta anos de casamento. Sua irmã Helen (Lara Flynn Boyle) é promíscua, enquanto Trish (Cynthia Stevenson) esconde a insatisfação cuidando do casal de filhos e nem imagina que seu marido Bill (Dylan Baker) é um pedófilo. A trama segue ainda o solitário Allen (Philip Seymour Hoffman) que aproveita as horas vagas se masturbando e a gordinha Kristina (Camrym Manheim) que acredita estar sendo perseguida. 

O roteiro escrito pelo próprio diretor Solondz vai além dos dramas sobre pessoas comuns, ele explora o lado obscuro da personalidade de cada um de forma cru, deixando claro que sua visão do mundo é extremamente pessimista. Solondz mistura situações engraçadas com constrangimentos, mentiras e hipocrisia, deixando o espectador desconfortável em relação as sua próprias reações para cada sequência ou diálogo. 

Por sinal, a sequência em que o personagem de Dylan Baker cria um cenário para abusar de um amigo de seu filho é um verdadeiro soco no estômago, não por explicitar algo, mas por mostrar uma pessoa aparentemente comum tendo uma atitude de um monstro, comprovando que o mal pode estar escondido em qualquer pessoa. 

Esta sequência foi motivo de conflito entre Solondz e os produtores. O diretor bateu o pé e o filme foi lançado do seu jeito, porém em poucas salas no circuito alternativo. Mesmo assim o longa se tornou cult. 

sexta-feira, 18 de março de 2016

Filmes Antigos - Resenhas Rápidas

Sansão e Dalila (Samson and Delilah, EUA, 1949) – Nota 7
Direção – Cecil B. DeMille
Elenco – Victor Mature, Hedy Lamarr, George Sanders, Angela Lansbury, Russ Tamblyn, Henry Wilcoxon.

O hebreu Sansão (Victor Mature) é dono de uma força fora do normal e está prestes a se casar com Semadar (Angela Lansbury). Os filisteus planejam assassinar Sansão após o casamento, porém terminam por matar Semadar. Triste pela morte da esposa, Sansão é seduzido por sua cunhada Dalila (Hedy Lamarr), que em troca de algumas moedas, deseja descobrir o segredo de sua força. 

O sucesso deste longa deu início a uma série de filmes com temas ligados a bíblia, como o clássico “Os Dez Mandamentos” dirigido pelo mesmo Cecil B. DeMille e o “Manto Sagrado”, que também tinha o astro Victor Mature como protagonista ao lado de Richard Burton. Mesmo com o sucesso, Victor Mature sempre foi considerado pela crítica como um canastrão, que funcionava apenas como herói musculoso semelhante a Schwarzenegger, mas sem o carisma do austríaco.

Sangue Sobre a Neve (The Savage Innocents, França / Itália / Inglaterra, 1962) – Nota 7
Direção – Nicholas Ray
Elenco – Anthony Quinn, Yoko Tani, Peter O’Toole, Carlo Giustini.

Inuk (Anthony Quinn) é um esquimó que vive da caça. Solitário, ele procura uma esposa na sua comunidade, até encontrar Asiak (Yoko Tani). Inuk fica com a jovem e com a velha sogra. Numa de suas caçadas, outro esquimó mostra um rifle para Inuk, que fica curioso sobre o artefato. Ele procura alguns homens brancos pretendendo trocar peles por um rifle. Um desentendimento resulta na morte de um missionário. Inuk volta para sua comunidade, mas se torna um fugitivo perseguido pela justiça dos brancos. 

O roteiro foca basicamente na intolerância com o desconhecido e no choque de culturas. O longa mostra situações comuns na vida dos esquimós, como a troca de esposas, a posição da mulher que é vista apenas como reprodutora e do homem como provedor. O filme fez sucesso por mostrar esta cultura desconhecida para a maioria do público e pela bela fotografia que explora o gelado norte do Canadá. Por outro lado, muitos criticaram a escolha do mexicano Anthony Quinn para o papel do esquimó. Quinn fez uma carreira eclética, interpretando italianos, mexicanos, americanos e até gregos.  

Ídolo, Amante e Herói (The Pride of the Yankees, EUA, 1942) – Nota 7,5
Direção – Sam Wood
Elenco – Gary Cooper, Teresa Wright, Babe Ruth, Walter Brennan, Dan Dureya, Elsa Janssen, Ludwig Stossel.

Em 1939, o astro do beisebol Lou Gehrig (Gary Cooper) faz um discurso emocionado no estádio dos Yankees para encerrar prematuramente a carreira. Gehrig sofre de uma doença muscular progressiva e sabe que lhe restam pouco tempo de vida. A partir daí, o longa mostra a trajetória de Gehrig em flashback, começando pela vida numa cidade do interior, seu relacionamento com a mãe que não queira que ele se tornasse jogador, a chegada aos Yankees, o relacionamento com o astro da equipe Babe Ruth que interpreta a si mesmo e o casamento com Eleanor (Teresa Wright). 

É uma biografia clássica que explora com competência a vida do personagem e que não exagera no melodrama, mesmo com um final extremamente triste. A doença que o matou ficou conhecida informalmente como a “Doença de Lou Gehrig”. 

Copacabana (Copacabana, EUA, 1947) – Nota 5,5
Direção – Alfred E. Green
Elenco – Groucho Marx, Carmen Miranda, Steve Cochran, Andy Russell, Gloria Jean.

Lionel Q. Devereaux (Groucho Marx) é um picareta que apresenta sua noiva Carmen (Carmen Miranda) para Steve (Steve Cochran), dono da boate Copacabana, dizendo que ela é uma famosa cantora francesa chamada Fifi. A moça é contratada, mas logo fica chateada ao ver o noivo flertando com outras garotas. Para irritar Lionel, Carmen se aproxima de Steve, dando início a uma grande confusão de identidades e sentimentos. 

Visto hoje, o filme é uma comédia com piadas ingênuas e poucas situações engraçadas, mesmo com a presença do ótimo Groucho Marx. Por sinal, este é um dos poucos trabalhos que Groucho fez sem a companhia dos irmãos. Muitos críticos brasileiros elogiam o filme pela participação de Carmen Miranda, que realmente era uma cantora talentosa, mas o longa está longe de ser um clássico.

quinta-feira, 17 de março de 2016

O Circo Vergonhoso e a Hora da Mudança


Peço desculpas aos leitores do blog, hoje mudarei o foco da alegria que é escrever sobre cinema, para comentar o circo armado pelo governo, fato que transformou este dia em um dos mais vergonhosos da história do país.

Todos os fatos estão expostos em gravações, documentos, discursos e atitudes, não há muito o que comentar sobre os detalhes, culminando com a vexatória tentativa de transformar um suspeito em ministro. Além disso, é assustadora a forma como este governo reage aos fatos comprovados, ameaçando o judiciário, a polícia federal, a imprensa e por consequência o povo.

O governo acabou, é impossível qualquer solução que não seja o afastamento da presidente e dos ministros. É o momento do povo continuar a pressão nas ruas, o que está acontecendo em quase todo o país, dando apoio ao judiciário, a polícia federal e aos congressistas honestos (ainda existem alguns), caso contrário poderemos sofrer um golpe ainda mais forte que jogará o país em um verdadeiro buraco negro.

É inacreditável que ainda existam pessoas que apoiam este governo, jamais o país sofreu uma crise tão forte como esta, nem mesmo quem viveu na época do impeachment do Collor, que no final renunciou, viu uma situação caótica igual aos dias atuais.

Amanhã voltarei as postagens normais sobre cinema, mas hoje foi impossível não se manifestar sobre esta crise sem precedentes.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Escudo de Palha

Escudo de Palha (Wara no Tate, Japão, 2013) – Nota 8
Direção – Takashi Miike
Elenco – Takao Ohsawa, Nanako Matsushima, Tatsuya Fujiwara, Gorô Kishitani, Masatô Ibu, Kento Nagayama.

Uma menina de sete anos é brutalmente assassinada. Seu avó, um milionário moribundo, oferece uma fortuna em dinheiro para quem matar o assassino (Tatsuya Fujiwara). O jovem psicopata decide se entregar à polícia com medo de morrer, mesmo sabendo que deverá ser condenado a morte por ser reincidente. 

Para levar o sujeito da cidade de Fukuoka até Tóquio, são designados cinco policiais, que terão de enfrentar pelo caminho diversas tentativas de assassinato, pois muitas pessoas desejam receber a recompensa. 

O diretor japonês Takashi Miike é conhecido por filmes violentos que misturam as tradições japonesas com o jeito ocidental de filmar. Neste longa, Miike explora uma premissa que lembra um western, daqueles em que caçadores de recompensa ou mesmo um xerife precisam transportar o condenado por território hostil. Os atentados são violentos e alguns até bizarros, com destaque para as sequências dentro do trem. 

É também interessante os conflitos entre os policiais, que passam a desconfiar entre eles mesmos de quem estaria enviando informações para o milionário. Estas discussões lembram obras de John Carpenter como “Assalto ao 13º DP” e “O Enigma do Outro Mundo”, com pitadas de “Cães de Aluguel” de Tarantino. 

Ainda não assisti outras obras de Miike para comparar, mesmo assim, este longa se mostra uma ótima surpresa.

terça-feira, 15 de março de 2016

The Factory

The Factory (The Factory, EUA, 2012) – Nota 5,5
Direção – Morgan O’Neill
Elenco – John Cusack, Jennifer Carpenter, Dallas Roberts, Mae Whitman, Sonia Walger, Mageina Tovah, Katherine Waterston, Gary Anthony Williams.

Durante um inverno rigoroso na cidade de Buffalo, um serial killer (Dallas Roberts) sequestra jovens prostitutas sem deixar pistas. O detetive Mike Fletcher (John Cusack) e sua parceira Kelsey (Jennifer Carpenter) investigam o caso de forma incansável, porém sem sucesso. 

Quando Abby (Mae Whitman), a filha rebelde de Mike é confundida com uma prostituta e sequestrada pelo maluco assassino, a dupla de detetives sabe que terá pouco tempo para salvar a garota. 

Este longa foi filmado em 2008 e lançado apenas em 2012 direto em DVD. É fácil entender o porque. O diretor até consegue criar um clima de suspense filmando a maioria das cenas a noite e explorando o clima gelado da cidade. Os problemas que surgem no desenvolvimento da trama jogam por água abaixo a qualidade do filme. O roteiro abusa dos clichês e das coincidências improváveis para amarrar a história, desandando de vez na absurda reviravolta final, por sinal, uma das piores dos últimos anos. 

O elenco também tem altos e baixos. O astro John Cusack trabalha no piloto automático, deixando os destaques para a garota Mae Whitman, que segura bem o papel da adolescente rebelde e para o psicopata interpretado por Dallas Roberts, que com sua fala mansa se mostra assustador. O ator repetiu o papel de psicopata em alguns episódios da ótima série “Law & Order: SVU”. 

Finalizando, por incrível que pareça, este longa diz se baseado em fatos reais.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Homens, Mulheres e Filhos

Homens, Mulheres e Filhos (Men, Women & Children, EUA, 2014) – Nota 8
Direção – Jason Reitman
Elenco – Adam Sandler, Jennifer Garner, Rosemarie Dewitt, Judy Greer, Dean Norris, Emma Thompson, Tinothée Chalamet, Olivia Crocicchia, Kaitlyn Dever, Ansel Elgort, J. K. Simmons, Dennis Haysbert.

Ao mesmo tempo em que tecnologia atual coloca o mundo ao alcance de todos, cada vez mais as pessoas se isolam do mundo real. O diretor Jason Reitman explora as consequências da influência do avanço da tecnologia nos relacionamentos entre pais, filhos e casais, misturando com os problemas comuns existentes em qualquer relação pessoal. 

Num típico subúrbio americano, vários personagens enfrentam dilemas pessoais. Um casal em crise busca parceiros pela internet, seu filho se excita apenas com pornografia virtual, um jovem desiste do esporte e se entrega aos jogos virtuais após sua mãe abandonar o casamento, uma jovem tem o objetivo de ficar famosa a qualquer custo, enquanto outra passa fome com medo de ganhar peso e por fim, uma mãe superprotetora vigia a vida virtual da filha com rigor extremo. 

Uma das grandes sacadas de Reitman foi mostrar como os clichês comuns às relações pessoais se modificaram com a chegada das redes sociais. A mãe antiga que não deixava a filha sair sozinha, hoje é aquela que utiliza programas para rastrear o celular da garota. O cônjuge insatisfeito que procurava parceiros conhecidos para trair, hoje com a internet encontra sexo com algum desconhecido facilmente. 

Vale destacar a narração de Emma Thompson, que no início e no final do longa cita o lançamento da sonda Voyager pela Nasa em 1977, que carregava milhões de sons e imagens da Terra para o caso dela ser encontrada por habitantes de outro planeta. A ironia é que quase quarenta anos depois, muitas das informações dentro da Voyager perderam o sentido. Neste período, nosso mundo mudou bastante, enquanto nossos erros e acertos como seres humanos continuam os mesmos. 

domingo, 13 de março de 2016

007 - Quantum of Solace

007 – Quantum of Solace (007 – Quantum of Solace, EUA, 2008) – Nota 7,5
Direção – Marc Forster
Elenco – Daniel Craig, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Judi Dench, Giancarlo Giannini, Gemma Arterton, Jeffrey Wright, David Harbour, Jesper Christensen, Anatole Taubman, Rory Kinnear, Tim Pigott Smith.

A história começa onde parou “Cassino Royale”, com James Bond (Daniel Craig) e M (Judi Dench) interrogando o criminoso Sr. White (Jesper Christensen). Uma inesperada traição faz com que Sr. White seja assassinado e M escape por pouco. 

O fato leva Bond até o Haiti em busca de pistas, local onde encontra Camille (Olga Kurylenko) que trabalha para Dominic Green (Mathieu Amalric), sujeito que planeja derrubar o governo da Bolívia para abrir caminho a um general exilado e por consequência fazer negócios com o futuro ditador. É o início de uma perseguição que acabará no deserto boliviano. 

Muitas pessoas não gostaram desta sequência com Daniel Craig como Bond, mas mesmo sendo inferior a estreia do ator na série, este longa se mostra um interessante filme de ação e espionagem, com uma boa história que tem a vingança como ingrediente principal e cenas de ação competentes, apesar de não serem em grande número. 

Apesar das tramas da série continuarem a rodar o mundo, os filmes atuais são menos fantasiosos do que o da era Roger Moore por exemplo, mantendo um bom nível de qualidade e de diversão. 

Como curiosidade, com apenas cento e seis minutos de duração, este é o filme mais curto de toda a série. 

sábado, 12 de março de 2016

A Última Ceia

A Última Ceia (Monster’s Ball, EUA, 2001) – Nota 8
Direção – Marc Forster
Elenco – Billy Bob Thornton, Halle Berry, Heath Ledger, Sean Combs, Peter Boyle, Mos Def, Coronji Calhoun.

Em uma cidade do sul dos Estados Unidos, Hank (Billy Bob Thornton) e seu filho Sonny (Heath Ledger) trabalham como guardas em um presídio e se preparam para a execução do detento Laurence (Sean Combs). Hank é um viúvo de meia-idade que cuida do pai doente (Peter Boyle), um ex-carcereiro racista que se orgulha do filho, que aparentemente segue a mesma ideologia do pai. 

A execução de Lawrence afeta o relacionamento de Hank com Sonny, além de colocar em cena a esposa do detento, a bela Leticia (Halle Berry), que sofre para criar sozinha o filho pré-adolescente (Coronji Calhoun). 

O diretor Marc Forster (“Guerra Mundial Z” e “Em Busca da Terra do Nunca”) filmou de forma crua esta triste história sobre pessoas perdidas na vida que buscam a redenção. Não é um filme agradável, várias situações incomodam. As cenas de racismo são cruéis, as discussões familiares dolorosas e a longa sequência da preparação até a execução do preso é angustiante. 

O roteiro desnuda as várias faces de cada personagem, deixando claro que o bem e o mal existem dentro de todos, a diferença está em até que ponto cada pessoa consegue conviver com estes dois lados. 

O elenco apresenta ótimas atuações de um atormentado Billy Bob Thornton, a crueldade em pessoa na pele do falecido Peter Boyle, além da total entrega de Halle Berry, que venceu o Oscar de Melhor Atriz. O desempenho da atriz é profundo nas cenas com o filho, na desilusão do relacionamento com o marido e principalmente na ousada cena de sexo que beira o explícito, umas mais quentes da história do cinema. 

É um drama pesado e deprimente em vários momentos, mas que vale a sessão para quem gosta do gênero.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Perdido em La Mancha

Perdido em La Mancha (Lost in La Mancha, Inglaterra / EUA, 2002) – Nota 7,5
Direção – Keith Fulton & Louis Pepe
Documentário com Terry Gilliam, Phil Patterson, Johnny Depp, Jean Rochefort.

Terry Gilliam era o único americano do grupo inglês Monty Python, que marcou época nos anos setenta e oitenta com seu humor ferino e politicamente incorreto, tanto na tv, quanto no cinema. Após o final do grupo, cada integrante seguiu seu caminho no cinema, com Gilliam se tornando um diretor de uma criatividade impar e também de um azar na mesma proporção. Todos os seus filmes são visualmente fantásticos e com histórias malucas como a cabeça do diretor. Esta experimentação rendeu grandes filmes como “Os Doze Macacos” e “Brazil: O Filme”. 

A marca de azarado começou no final dos anos oitenta, quando Gilliam rodou o divertido “As Aventuras do Barão Munchausen”, longa que estourou o orçamento rapidamente e que foi finalizado com muitos problemas, inclusive brigas com o produtor que prometeu mais dinheiro do que realmente tinha. 

Gilliam seria "premiado" novamente com o azar em 2009, quando o ator Heath Ledger faleceu no meio das filmagens de “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus”. O fato foi contornado pela criatividade do diretor, que modificou o roteiro e contratou três atores diferentes para finalizar o trabalho de Ledger, o que surpreendentemente funcionou. 

A grande maldição da carreira de Gilliam é a obsessão para levar às telas “O Homem que Matou Don Quixote”. Parte desta saga é contada neste documentário sobre a fracassada tentativa de produzir o filme em 2000. São várias situações bizarras e equívocos, que a história chega a ser engraçada. 

Em 2000, Gilliam já estava há dez anos tentando filmar o roteiro em Hollywood sem sucesso, quando aceitou diminuir o valor do orçamento e conseguiu o dinheiro com um produtor francês. Com a pré-produção pronta na Espanha e um elenco que seria encabeçado pelo francês Jean Rochefort como Don Quixote e Johnny Depp como um personagem que seria confundido pelo protagonista como Sancho Pança, além da cantora francesa Vanessa Paradis e alguns atores ingleses como Peter Vaughan, Bill Patterson e Miranda Richardson, o longa começou a ser filmado e os problemas surgiram. 

Logo no primeiro dia, Gilliam descobriu que local de filmagem ficava próximo a uma base militar, sendo que várias vezes ao dia jatos sobrevoavam a região fazendo um enorme barulho. Dias depois, uma tempestade destruiu todo o set de filmagem. Para completar a tragédia, assim que as filmagens recomeçaram, o ator Jean Rochefort reclamou de fortes dores nas costas. Ao voltar para França para ser atendido por seu médico, ele descobriu que não poderia voltar a montar a cavalo, o que praticamente destruiu as chances do filme terminar. 

Este doc na verdade seria o making of do filme, mas acabou se tornando o relato vivo de um grande fracasso. 

Por incrível que pareça, até hoje Terry Gilliam tenta levar seu Don Quixote às telas, mas continua sem sucesso.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Mojave

Mojave (Mojave, EUA, 2015) – Nota 5
Direção – William Monahan
Elenco – Garrett Hedlund, Oscar Isaac, Mark Wahlberg, Walton Goggins, Dania Ramirez, Matt Jones.

Thomas (Garrett Hedlund) é um famoso ator que está deprimido com o sucesso. Ele deixa sua bela casa em Hollywood e se aventura com um jipe pelo deserto de Mojave. Após sofrer um acidente, Thomas é abordado por um estranho (Oscar Isaac), que cita frases de efeito sobre a vida e o diabo. Os dois entram em conflito, resultando em outro acidente. Thomas volta para Los Angeles sem imaginar que o desconhecido seguirá seu rastro. 

Muitas vezes a linha é tênue entre um filme ser considerado cult ou pretensioso e vazio. Infelizmente este longa se enquadra no segundo caso. O diretor William Monahan (“O Último Guarda-Costas”) entrega uma obra com diálogos em que os personagens divagam sobre obras clássicas e sentimentos, lembrando um teatro filmado no pior sentido. 

O personagem principal de Garrett Hedlund faz cara de paisagem durante todo o filme. Oscar Isaac pelo menos tenta colocar pitadas de ironia no maluco perseguidor. É estranho também a pequena participação de Mark Wahlberg como um produtor de cinema, fato que deve ser explicado apenas por amizade do ator com alguém envolvido no projeto ou para pagar alguma dívida profissional. 

O resultado é uma verdadeira perda de tempo para o espectador.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Estão Todos Bem

Estão Todos Bem (Everybody’s Fine, EUA, 2009) – Nota 7
Direção – Kirk Jones
Elenco – Robert DeNiro, Drew Barrymore, Kate Beckinsale, Sam Rockwell, Lucian Masiel, Damian Young, Melisssa Leo, James Frain, Brenda Sexton III, Seamus David Fitzpatrick.

Frank (Robert DeNiro) é um aposentado que ficou viúvo faz pouco tempo e que vive sozinho em um subúrbio de uma cidade próxima a Nova York. Após esperar uma visita dos quatro filhos que jamais acontece, ele decide viajar sozinho pelo país para visitá-los de surpresa. 

Frank passa por Nova York, Chicago, Denver e Las Vegas, sendo surpreendido com as mentiras dos filhos a cada encontro. Frank sempre incentivou os filhos a serem os melhores, porém a realidade de vida de cada um é bem diferente do que o velho pai sonhou. 

Este simpático longa sobre terceira idade e relacionamentos familiares é uma refilmagem de “Estamos Todos Bem”, produção italiana de 1990 dirigida por Giuseppe Tornatore (“Cinema Paradiso”) e protagonizada por Marcello Mastroianni. 

Este remake é mais um exemplo de como Hollywood se aproveita dos chamados “filmes estrangeiros” para vender a mesma história como novidade ao público americano. 

Para quem não assistiu ao original, este longa é até interessante, mesmo que não se aprofunde nos dramas dos personagens. Já para quem conhece o filme com Mastroianni, fica a sensação de repetição. 

Como informação, o diretor inglês Kirk Jones comandou até agora apenas quatro filmes e estreou no cinema com o ótimo “A Fortuna de Ned”.

terça-feira, 8 de março de 2016

Guardiões da Galáxia

Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, EUA / Inglaterra, 2014) – Nota 7
Direção – James Gunn
Elenco – Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Lee Pace, Michael Rooker, Karen Gillan, Djimon Hounsou, John C. Reilly, Glenn Close, Benicio Del Toro.

Logo após sofrer com a morte da mãe, o garoto Peter é abduzido por uma nave alienígena. Mais de vinte anos depois, Peter (Chris Pratt) se tornou um ladrão espacial, que no momento deseja vender um estranho objeto cilíndrico conhecido como Orbe. O objeto também é alvo de um ditador espacial, Ronan (Lee Pace), que envia Gamora (Zoe Saldana) para recuperar o Orbe. 

Em meio à busca pelo objeto, uma dupla de caçadores, a raposa Rocket (voz de Bradley Cooper) e o homem-árvore Groot (voz de Vin Diesel) desejam sequestrar Peter para lucrar. Algumas situações obrigam os quatro personagens a se unirem com o grandalhão Drax (Dave Bautista) para evitarem que Ronan destrua o planeta em que vivem. 

Por mais que tenham efeitos especiais perfeitos e um ótimo ritmo, os filmes da Marvel e da DC Comics parecem se repetir a cada novo lançamento. Com exceções como a sensacional trilogia “Batman” e o primeiro “Os Vingadores”, os demais seguem o mesmo estilo de apresentação dos personagens, conflitos iniciais, alianças e o clímax explosivo entre heróis e vilões. 

A geração atual fã deste gênero espera ansiosa pelos lançamentos do ano, mas no meu caso, que gosto de praticamente todos os gêneros, está repetição se torna cansativa. 

Neste filme que comento, tudo que citei acontece, além de apresentar personagens humanos sem carisma. A meu ver, o mais interessante aqui é a raposa mercenária, que tem os melhores diálogos. 

Como sou curioso, com certeza continuarei vendo os filmes do gênero, mas está longe de ser minha primeira opção.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Mr. Robot

Mr. Robot (Mr. Robot, EUA, 2015)
Criador - Sam Esmail
Elenco - Rami Malek, Carly Chaikin, Portia Doubleday. Martin Wallstrom, Christian Slater, Stephanie Corneliussen, Michael Cristopher, B. D. Wong, Bruce Altman, Gloria Reuben.

Elliott Alderson (Rami Malek) é um jovem técnico em informática que trabalha em uma empresa de segurança virtual que presta serviços para uma corporação chamada "E Corp". Nos momentos de folga, Elliott utiliza seus conhecimentos em informática para hackear todos a seu redor, na maioria dos casos para conhecer a verdadeira face da pessoa.

Logo no primeiro episódio percebemos que existe algo de errado com Elliott. Com uma grande dificuldade em se relacionar, cada vez que conversa com alguém seus pensamentos sobre a pessoa e o assunto são comentados por sua consciência direto para o espectador,

Seu talento chama a atenção de um grupo de hackers denominado "F Society", que tem como o líder o maluco M. Robot (Christian Slater), que faz uma proposta para Elliott. Se juntar ao grupo para destruir a "E Corp", também conhecida como "Evil Corp".

É impossível dar alguma explicação a mais sobre a complexa trama, que envolve vários outros personagens interessantíssimos e que faz críticas a vários temas atuais. O excesso de tecnologia na vida das pessoas e seus perigos, a força da grandes corporações, a ganância pessoal, os problemas existenciais de cada um e até o primitivo desejo de vingança.

A tecnologia é sem dúvida o ponto principal, com destaque até mesmo nos nomes dos episódios que misturam letras, números e até uma extensão como se fosse um arquivo. As ações dos hackers podem até conter absurdos na visão dos especialistas da área, mas analisando como cinema, a forma utilizada aqui é perfeita, passando uma impressão de aquilo realmente poderia acontecer.

O elenco recheado de desconhecidos dá conta do recado, com destaque para o protagonista interpretado por Rami Malek, uma espécie de gênio desequilibrado e para o sinistro executivo vivido por Martin Wallstrom, um personagem amoral, ambicioso e frio, que se envolve em situações bizarras. O único famoso do elenco é Christian Slater.

Muitos críticos consideram que a série copiou ideias de "Clube da Luta". Realmente existem algumas semelhanças, porém o conteúdo da história é bem diferente, sem contar os enquadramentos de câmera fora do comum e a ótima parte técnica, que se mostra perfeita sem apelar para efeitos especiais.

Após dez ótimos episódios, a trama fechou vários pontos, ao mesmo tempo em que deixou dois ganchos enormes para a segunda temporada que terá mais dez episódios.

domingo, 6 de março de 2016

Uma Noite de Crime: Anarquia

Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy, EUA / França, 2014) – Nota 6,5
Direção – James DeMonaco
Elenco – Frank Grillo, Carmen Ejogo, Zach Gilford, Kiele Sanchez, Zoe Soul, Michael Kenneth Williams, Justina Machado, John Beasley, Jack Conley, Noel Gugliemi, Castulo Guerra, Edwin Hodge.

Em 2023, o “Dia do Expurgo” já é algo comum nos Estados Unidos. No fatídico dia, das sete horas da noite até as sete da manhã, todos os crimes estão liberados. O governo acredita que este dia sirva para as pessoas liberarem seu ódio, fato que diminuiria os crimes e a violência no restante do ano. 

Neste contexto, algumas pessoas se cruzam naquela noite, sendo obrigadas a se unirem para sobreviver. Mãe (Carmen Ejogo) e filha (Zoe Soul), um casal (Zach Gilford e Kiele Sanchez) e um sujeito que deseja vingar a morte do filho (Frank Grillo) se tornam alvos dos justiceiros. Além disso, um grupo rebelde que vê o “Dia do Expurgo” como uma forma de matar pobres para diminuir a população, divulga sua mensagem pela internet e promete lutar contra o governo. 

O filme original tinha como foco uma família da elite que se escondia em sua casa durante a temível noite dos crimes. Aqui o ponto principal é a luta nas ruas, mostrando diversos grupos que com objetivos distintos espalham a violência. 

O roteiro tem algumas ideias interessantes, como a manipulação do povo por parte do governo, que utiliza uma mistura de populismo com religiosidade para legitimar a violência do expurgo, a forma como a elite lida com a violência, sempre se protegendo ao máximo e por fim a discussão sobre até que ponto a vingança cura uma ferida. 

É uma pena que estas boas ideias no final se resumam a um filme de ação com muita correria e violência, sem grande profundidade. 

A parte três deve ser lançada este ano.  

sábado, 5 de março de 2016

Atividades Criminosas

Atividades Criminosas (Criminal Activities, EUA, 2015) – Nota 6
Direção – Jackie Earle Haley
Elenco – Michael Pitt, Dan Stevens, John Travolta, Christopher Abbott, Rob Brown, Edi Gathegi, Jackie Earle Haley.

Quatro amigos de colégio se reencontram no velório de outro colega que faleceu após ser atropelado por um ônibus. Durante as conversas sobre o passado e a vida atual, Bryce (Rob Brown) conta sobre uma empresa que estaria desenvolvendo um produto inovador, fato que faria suas ações dispararem de valor em pouco tempo. 

Aguçados pela dica, Zach (Michael Pitt) e Warren (Christopher Abbott) alegam não ter dinheiro para investir, mas por outro lado, Noah (Dan Stevens) diz que pode arrumar o dinheiro. Eles fecham o acordo, porém após poucos meses, o CEO da empresa é preso por fraude e as ações despencam. Rapidamente eles descobrem que Noah pegou dinheiro emprestado com um mafioso (John Travolta), que como pagamento da dívida, exige que os amigos sequestrem um inimigo dele. 

A estreia do ator Jackie Earle Haley atrás das câmeras é extremamente curiosa, não pela qualidade do filme, pois o desenvolvimento da trama é acelerado, tudo acontece muito rápido sem grandes detalhes. A curiosidade está no clímax, com o diretor utilizando o estilo “Jogos Mortais”, explicando passo a passo a reviravolta final através de flashbacks. 

Este final deixa claro que a premissa era bem interessante e poderia render um filme bem melhor nas mãos de um diretor talentoso e experiente. Da forma que foi filmado, resultou num filme descartável. 

sexta-feira, 4 de março de 2016

A Grande Escolha

A Grande Escolha (Draft Day, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Ivan Reitman
Elenco – Kevin Costner, Jennifer Garner, Denis Leary, Frank Langella, Chadwick Boseman, Terry Crews, Sam Elliott, Patrick St. Spirit, Chi McBride, Sean Combs, Ellen Burstyn, Josh Pence, Timothy Sims, David Ramsay, Wade Williams, Brad William Henke, Wallace Langham, W. Earl Brown, Christopher Cousins, Kevin Dunn, Tom Welling.

Sonny Weaver Jr (Kevin Costner) é o gerente da equipe de futebol americano Cleveland Browns, responsável pela escolha dos atletas para a próxima temporada. Seu clube tem direito a primeira escolha do draft, ou seja, pode escolher o jogador considerado mais promissor entre todos que jogam nas universidades. 

Em meio a pressão do dono da equipe (Frank Langella), do treinador (Denis Leary), tendo de lidar com a namorada (Jennifer Garner) que está grávida e com a recente morte do pai que fora treinador do mesmo time, Sonny precisa decidir qual jogador irá escolher. 

O roteiro foca no dia chamado de “Draft Day”, onde uma escolha ruim pode resultar numa temporada fracassada. A questão é que não existe a escolha certa, qualquer que seja ela será uma aposta, por isso que o personagem de Costner e seus auxiliares procuram analisar os prováveis escolhidos de todas as maneiras, utilizando inclusive a intuição. 

É legal que depois de muitos anos comandado trabalhos inexpressivos, o diretor Ivan Reitman entregue um longa interessante, mesmo que ainda fique longe da qualidade de seu maior sucesso, o ótimo “Os Caça-Fantasmas”. 

É um filme indicado para quem gosta de esportes, não porque ele irá ver cenas de jogos, mas pelo enfoque em detalhes dos bastidores. 

quinta-feira, 3 de março de 2016

Walt nos Bastidores de Mary Poppins & Mary Poppins


Walt nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr. Banks, Inglaterra / EUA / Austrália, 2013) – Nota 7,5
Direção – John Lee Hancock
Elenco – Emma Thompson, Tom Hanks, Colin Farrell, Annie Rose Buckley, Ruth Wilson, Paul Giamatti, Bradley Whitford, B.J. Novak, Jason Schwartzman, Kathy Baker, Melanie Paxson, Rachel Griffiths.

Em 1961, a escritora P.L. Travers (Emma Thompson) precisa de dinheiro e por este motivo aceita ir de Londres até Los Angeles para negociar a venda dos direitos de seu livro “Mary Poppins” para Walt Disney (Tom Hanks), que deseja adaptá-lo para o cinema há mais de vinte anos. Solitária e seca com as pessoas, Travers coloca uma condição para fechar o negócio. Ela deseja fazer uma revisão do roteiro e das músicas que serão utilizadas no filme. 

Em paralelo, a trama volta para 1906, quando Travers ainda criança (Annie Rosie Buckley) vai viver com a mãe (Ruth Wilson), duas irmãs pequenas e o pai (Colin Farrell) no interior da Austrália. A convivência com o amoroso pai, a princípio esconde os problemas que sua família terá de enfrentar. 

A tradução do título nacional tenta colocar Walt Disney como personagem principal, quando na realidade a história é sobre a participação da escritora Travers nos bastidores da realização do filme e como o livro escrito por ela era em parte uma autobiografia que misturava fantasia e redenção. 

Mesmo que muitas destas situações tenham sido diferentes na vida real, o roteiro é muito interessante ao contrapor a radiante criança Travers, cheia de sonhos e mimada pelo pai, com a senhora de meia-idade amargurada com a vida e com as pessoas. A interpretação de Emma Thompson é um dos pontos altos do filme, chegando ao auge na sequência da pré-estreia. 

Uma gravação original de Travers discutindo o roteiro é ouvida nos créditos finais, deixando claro como ela era uma pessoa complicada.  

Vale destacar ainda a participação de um Colin Farrell cheio de energia e o simpático motorista vivido por Paul Giamatti. 

É um bom filme sobre a história de vida da escritora P.L. Travers.

Mary Poppins (Mary Poppins, EUA, 1964) – Nota 8
Direção – Robert Stevenson
Elenco – Julie Andrews, Dick Van Dyke, David Tomlinson, Glynis Johns, Karen Dotrice, Matthew Garber.

Londres, 1910. As crianças Jane (Karen Dotrice) e Michael (Matthew Garber) ficam mais uma vez sem babá. O pai, Mr. Banks (David Tomlinson) é um sujeito rígido e autoritário, que pensa apenas em trabalho. Quando inesperadamente surge Mary Poppins (Julie Andrews), transmitindo alegria com seu guarda-chuva e sua cantoria, as crianças ficam desesperadas para que ela seja a nova babá. 

A história narrada pelo personagem do músico interpretado por Dyck Van Dyke é daquelas que atingem adultos e crianças. Com músicas que colam nos ouvidos e coreografias criativas, o longa se tornou um clássico do gênero. Mesmo para quem não é grande fã de musicais, como é o meu caso, o filme é um divertido passatempo.