Brazil, o
Filme (Brazil, Inglaterra, 1985) – Nota 7.5
Direção – Terry Gilliam
Elenco –
Jonathan Pryce, Kim Greist, Robert De Niro, Ian Holm, Michael Palin, Bob
Hoskins, Peter Vaughan, Ian Richardson, Katherine Helmond, Jim Broadbent.
Visto nos dias de hoje, “Brazil, o Filme” pode ser
considerado uma obra profética, que misturava os problemas que o mundo
enfrentava na época, com outros que surgiriam nas décadas seguintes. A história
se passa num futuro cinzento, em uma sociedade opressora onde o papel do Estado
é basicamente dominar a população na base da burocracia exagerada e do medo. A
escolha do “Brazil” como título pode ser uma alusão ao final da ditadura pelo
qual o país passava no início dos anos oitenta e também pela sociedade anacrônica
da época, onde a burocracia era tão grande que existia até mesmo o Ministério
da Desburocratização.
No filme, o governo totalitário utiliza computadores enormes
e máquinas estranhas para catalogar as pessoas, tudo criado pela mente do ótimo
Terry Gilliam. O personagem principal é o funcionário público Sam Lowry
(Jonathan Pryce) sujeito politicamente alienado, que passa seu tempo livre
sonhando em voar, com o mar e também com uma garota (Kim Greist). Quando Sam
descobre que a garota realmente existe, o sujeito apaixonado se envolve com a
jovem que luta contra o governo. A decisão amalucada de Sam o coloca como um
terrorista procurado pelo governo.
A profecia que citei no início do texto,
pode ser comprovada por situações mostradas no filme, como o hábito das
personagens mais velhas em se submeterem a cirurgias plásticos absurdas, a
importância dos computadores em “organizar” e “ vigiar” a sociedade e até o
terrorismo, perigo comum na atualidade.
Vale destacar ainda a participação de
Robert De Niro como um encanador que também luta contra o governo e os vários
bons coadjuvantes com Ian Holm, Bob Hoskins e Michael Palin. Por sinal, Palin e
o diretor Terry Gilliam foram companheiros de “Monty Python” e o estilo de
comédia visual anárquica do grupo é um dos pontos principais deste filme.
Alguns
críticos citam que “Brazil, o Filme” pode ser considerado uma mistura de “1984”
de Orwell, com “O Processo” de Kafka e o humor do Monty Python.
Não é uma obra
para todos os gostos, mas não deixa ter uma grande importância cinematográfica,
sendo um verdadeiro cult.
1984 (Nineteen
Eighty-Four, Inglaterra, 1984) – Nota 7
Direção –
Michael Radford
Elenco –
John Hurt, Richard Burton, Susanna Hamilton, Cyril Cusack, Gregor Fisher.
Após a
guerra atômica, em uma sociedade futurista totalitária, Winston Smith (John
Hurt) é um funcionário do Ministério da Verdade que não se importa em se
submeter as vontades do governo, entre elas, a obrigação de diariamente adorar
a figura do “Grande Irmão”, uma espécie de Deus.
Winston praticamente não
lembra de seu passado e trabalha publicando novas versões de notícias antigas,
sempre de acordo com os interesses do governo. Sua vida passa a correr perigo,
quando ele começa a sentir-se atraído por uma colega de trabalho (Susanna
Hamilton), lembrando que o sexo é autorizado apenas para procriação. Ao mesmo
tempo, um burocrata do partido do governo (Richard Burton) se aproxima de
Winston, a princípio como um amigo, mas tendo como verdadeira intenção utilizar
o sujeito como um instrumento político.
O clássico livro de George Orwell
escrito em 1949 se baseou no poder que líderes mundiais demonstraram
naquela época. Carniceiros como Hitler e Stalin foram exemplos de figuras que controlavam as massas com apoio de uma elite repressora. Neste contexto, o controle
do Estado sobre a população seria o ponto principal, situação que por mais de
quarenta anos foi comum nos países comunistas e em outras ditaduras espalhadas
pelo mundo.
O filme é frio, o futuro mostrado é cinza e as pessoas parecem
zumbis obedecendo cegamente as leis, sem questionamento algum.
Vale destacar a
atuação de um assustado e sofrido John Hurt e citar que este foi o último trabalho do
grande Richard Burton, que faleceria no mesmo ano.
4 comentários:
Concordo com os dois textos. Não tinha percebido a presciência de BRAZIL. É um filme que definitivamente não está datado.
Mas acho que o texto de Orwell se beneficiaria de uma versão um pouquinho menos apática que a de Radford, a despeito de seu bom elenco e da produção.
Cumps.
Gustavo - "Brazil" é um filme que não envelheceu.
Também acho o filme de Radford apenas razoável.
Abraço
Não vi Brazil, mas, interessante essa comparação. Já 1984, enquanto filme deixa a desejar mesmo.
bjs
Amanda - Brazil é uma verdadeira viagem maluca.
Bjos
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