sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Showgirls

Showgirls (Showgirls, França / EUA, 1995) – Nota 6
Direção – Paul Verhoeven
Elenco – Elizabeth Berkley, Kyle MacLachlan, Gina Gershon, Glenn Plummer, Robert Davi, Alan Rachins, Gina Ravera.

Na história do cinema, vários filmes se transformaram em obras malditas. Casos de mortes durante as filmagens (“O Corvo”, “No Limite da Realidade”), mortes trágicas de várias pessoas ligadas a produção (“Poltergeist – O Fenômeno”, “Sangue de Bárbaros”), estouro absurdo de orçamento (“O Portal do Paraíso”, “Waterworld – O Segredo das Águas”), mas não lembro de filme algum que tenha sido tão massacrado por causa do conteúdo como este “Showgirls”. 

Para entender o filme é necessário conhecer um pouco da carreira do diretor holandês Paul Verhoeven e do roteirista húngaro Joe Eszterhas. A dupla chegou ao auge três anos antes com o polêmico e competente “Instinto Selvagem”, filme que alavancou também a carreira de Sharon Stone, misturando trama policial, violência e erotismo quase explícito. 

Por sinal, o sexo está presente na maioria dos roteiros escritos por Eszterhas, em alguns casos rendendo bons filmes como “Flashdance” e “Atraiçoados”, em outros resultando em bombas como “Jade” e “Invasão de Privacidade”. 

A carreira de Verhoeven é marcada por filmes que mostram as falhas de caráter do ser humano e da sociedade em que vivemos. As corporações e os governos gananciosos de “O Vingador do Futuro”. “Robocop” e “Tropas Estelares” e a violenta Idade Média retratada em “Conquista Sangrenta”, são repletos de personagens amorais, violentos e desonestos. A junção de pensamentos destes dois sujeitos rendeu a trama de “Showgirls”, uma luta sem escrúpulos por poder, sucesso e dinheiro, com doses fartas de erotismo e vulgaridade. 

A personagem principal é Nomi (Elizabeth Berkley), uma jovem ambiciosa que chega de carona a Las Vegas com objetivo de subir na vida a qualquer custo. De dançarina de boate, para corista de um show em cassino, até chegar a ser a estrela principal, Nomi se envolve com o produtor do show (Kyle MacLachlan) e enfrenta a protagonista (Gina Gershon), sem contar outros conflitos que surgem pelo caminho, numa sucessão de mentiras, traições e até violência. 

Ao meu ver, a escolha de Las Vegas como cenário, com suas luzes de neon, decoração cafona e personagens canalhas foram uma forma de chamar atenção do público ao mostrar o que ser humano tem de pior de uma forma exagerada e caricata, numa verdadeira crítica a ambição sem limites tão comum nas últimas décadas. 

O mesmo roteiro poderia ter sido adaptado para um drama dentro de uma corporação, de um hospital ou qualquer outro local onde pessoas estivessem disputando cargos e poder. Esta escolha do diretor em explorar o exagero ajudou a aumentar as críticas negativas ao filme e também as interpretações, que realmente são bem ruins. 

A atriz Elizabeth Berkley era protagonista da série adolescente “Saved By the Bell” e aqui seria sua grande chance de se tornar estrela de cinema, porém o gigantesco fracasso praticamente enterrou sua carreira. 

Visto hoje, este longa se tornou uma curiosidade cinematográfica e não se mostra tão ruim como foi rotulado.

7 comentários:

Gustavo H.R. disse...

Realmente é menos ruim do que a fama que tem, mas para um cineasta do porte de Verhoeve, acho vergonhoso. A culpa é do material. Não consigo enxergá-lo como uma versão de A Malvada passada no mundo das strippers.

Marcelo Keiser disse...

Dos filmes de Paul Verhoeven que eu até hoje assisti, esse é o que menos aprecio: não me agradou em quase nada. Vindo das mãos de outro realizador até daria para dar algum crédito positivo, mas considerando que os filmes de ficção cientifica conduzidos por ele são muito melhores, aos meus olhos essa produção só serviu para encher linguiça (estender a sua filmografia). Se alguém me pedisse uma indicação, eu recomendaria qualquer outro filme dele, sendo que esse inclusive eu havia esquecido que existia (o assisti em VHS ainda na década de 90).

abraço

Hugo disse...

Gustavo - Foi uma opção radical de Verhoeven se apoiar na caricato e no erotismo vulgar para tentar fazer sucesso com a polêmica.

Marcelo - Com certeza, os demais do trabalhos do diretor são bem superiores a este filme.

Abraço

Rodrigo Mendes disse...

Eu sempre tenho a sensação de que o filme fica melhor a cada revisão. Verhoeven teve má fama com ele, mas soube utilizar desta péssima recepção para ganhar alguma coisa com ele. Foi subestimado na época do lançamento.

Abraço.

Hugo disse...

Rodrigo - O exagero visual, os personagens caricatos e o erotismo foram escolhas do diretor, que pagou o preço pela ousadia.

Abraço

Gilberto Carlos disse...

Esse filme foi tão criticado quando foi lançado que eu nunca tive coragem de assistir.

Hugo disse...

Gilberto - Filmes detonados pela crítica valem a sessão pela curiosidade.
Abraço