A Próxima Vítima (Brasil, 1983) – Nota 7,5
Direção – João Batista de Andrade
Elenco – Antônio Fagundes, Mayara Magri, Othon Bastos,
Gianfrancesco Guarnieri, Louise Cardoso, Goulart de Andrade, Aldo Bueno, João
Acaiabe, Walter Breda.
O jornalista David Duarte (Antônio Fagundes) é escalado por
seu chefe (Goulart de Andrade) para cobrir uma série de assassinatos de
prostitutas no decadente bairro do Brás em São Paulo. Mesmo a contragosto,
David aceita o trabalho e ao procurar testemunhas, encontra um velho italiano
(Gianfrancesco Guarnieri) que se diz dentista, mas que na verdade é um cafetão.
O sujeito dá algumas pistas sobre as mortes para David, que a partir daí chega
na jovem prostituta Luna (a deliciosa Mayara Magri), com quem acaba se
envolvendo. Em paralelo, o delegado encarregado da investigação (Othon Bastos)
faz de tudo para encerrar os casos, nem que para isso tenha de acusar um
sujeito inocente (Aldo Bueno).
Este longa policial hoje praticamente esquecido,
é um belo trabalho do diretor mineiro João Batista de Andrade (“O Homem que
Virou Suco”), que além da trama policial em si, ainda faz uma crítica ao
preconceito e a corrupção policial e política, sendo que este último ponto é
trabalhado através de imagens reais da então campanha eleitoral para o governo
do Estado de SP de 1982, que envolvia figuras como Jânio Quadros, Lula e Franco
Montoro, tendo ainda a importância de ter sido a primeira eleição direta para o
cargo desde o início dos anos sessenta.
Um dos pontos altos do roteiro é o
desenvolvimento do personagem principal, que se mostra uma pessoa sem esperança
alguma de mudança com as eleições e que vai se tornando cada vez mais cético ao
ver a ação corrupta da política, além de toda violência e degradação dos casos
que investiga.
Acredito que um dos fatores que fez este filme ser esquecido, foi
ter sido produzido numa época em que o cinema brasileiro estava em transição,
com as pornochanchadas da Boca do Lixo dando lugar aos pornôs, situação que
deixou outros filmes ( entre eles “República de Assassinos” e “Eu Matei Lúcio
Flávio”) numa espécie de limbo, com o público associando de forma equivocada a cinema
de baixa qualidade.
4 comentários:
Por um segundo pensei que fosse uma crítica sobre a novela! Confesso desconhecer esse filme, mas me interessou.
Gustavo - Sei que teve uma novela com o mesmo nome, mas não acompanho novelas.
O filme é interessante, descobri e assisti faz pouco tempo.
Abraço
Interessante mesmo, não conhecia. E você tem razão, a década de 80 foi meio nebulosa para o cinema brasileiro, mas é possível pescar boas obras.
bjs
Amanda - Foi uma década de transição, onde o cinema brasileiro chegou ao fundo no início do governo Collor, para renascer aos poucos a partir da metade dos anos noventa.
Bjos
Postar um comentário