quarta-feira, 15 de março de 2017

Eu, Daniel Blake

Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake, Inglaterra / França / Bélgica, 2016) – Nota 8,5
Direção – Ken Loach
Elenco – Dave Johns, Hayley Squires, Brianna Shann, Dylan McKiernan.

Daniel Blake (Dave Johns) é um marceneiro viúvo que após sofrer um infarto precisa enfrentar toda a burocracia do sistema previdenciário inglês para tentar receber seu benefício. 

Em uma de suas tentativas de resolver a situação, Daniel cruza o caminho de uma jovem mãe solteira de duas crianças (Hayley Squires), que também sofre para conseguir receber seus direitos junto ao governo. Os dois criam um laço de amizade e ajuda mútua em busca de uma vida melhor. 

Em qualquer que seja o país, a relação entre indivíduo e Estado é cruel. Por mais que o país seja organizado, a burocracia tende a dificultar a vida de quem precisa solicitar algum serviço para o Estado. Em nome de uma falsa igualdade, o Estado trata o indivíduo como um número, que precisa se adequar as regras impostas. Se ele reclamar, é até mesmo ameaçado. O fator humano nunca é levado em conta. 

Este terrível contexto que vemos diariamente no Brasil, é retratado de uma forma crua neste longa de Ken Loach, diretor especialista em filmes com críticas sociais. Além da sensibilidade com que Loach trata seus personagens, vale destacar que o roteiro não explora algum viés ideológico ou político, a proposta é mostrar que o Estado é um obstáculo na vida do indivíduo. 

Outro ponto alto é a interpretação do desconhecido Dave Johns. Ator com experiência na tv inglesa, aqui ele faz sua estreia no cinema da melhor forma possível. Ele passa todo o sentimento de desilusão e também de preocupação com o próximo. É o retrato do sujeito honesto que passou toda a vida trabalhando com as mãos e quando mais precisa de ajuda é descartado pela sociedade. 

É um filme simples, doloroso e realista, daqueles que nos deixam com um sentimento de impotência.  

6 comentários:

Liliane de Paula disse...

Esse eu quero muito vê.
Mas sei que por ter passado em cinema, nem tão cedo estará liberado por aqui.

Não sei se sistema é sempre cruel quando se precisa dele, nos países de 1º mundo.
Penso que não.
Nada pode ser pior do que isso aqui.

Hugo disse...

Liliane - Normalmente o Estado é cruel, mas lógico que em países de primeiro mundo o tratamento dado as pessoas é muito melhor do que recebemos no Brasil.

O filme é ótimo, com certeza você irá gostar.

Marília Tasso disse...

Nossa!! Que filme!! Doloroso acompanhar a saga do protagonista se humilhando por um pouco de dignidade. Daniel Blake nos representa.

Hugo disse...

Marília - Doloroso é a palavra exata. A saga do personagem lembra muito as injustiças que vemos diariamente aqui no Brasil.

Abraço

Amanda Aouad disse...

Um soco no estômago mesmo.

bjs

Hugo disse...

Amanda - É um sofrimento absurdo.

Bjos