terça-feira, 30 de agosto de 2016

O Vento Será Tua Herança

O Vento Será Tua Herança (Inherit the Wind, EUA, 1960) – Nota 10
Direção – Stanley Kramer
Elenco – Spencer Tracy, Fredric March, Gene Kelly, Dick York, Donna Anderson, Harry Morgan, Claude Akins, Elliott Reid.

Na pequena cidade de Hillsboro no Oregon, o professor de ciências Bertram Cates (Dick York) é preso por ensinar a teoria da evolução de Darwin. A extrema religiosidade dos habitantes da cidade, exacerbada pelo discurso do Reverendo Brown (Claude Akins), faz com que o professor seja tratado como criminoso. 

O insólito caso chama atenção do país inteiro e atrai para cidade figuras conhecidas que desejam defender seu lado. O ex-candidato a presidente Matthew Harrison Brown (Fredric March) é recebido como herói por apoiar a punição ao professor, inclusive tomando o posto de promotor.

Por outro lado, o advogado liberal Henry Drummond (Spencer Tracy) assume a defesa do acusado, contando ainda com apoio de um jornalista (Gene Kelly). Assim, o circo está armado para um disputa de crenças, ideais e egos. 

Mais de cinquenta depois de ser lançado, este belíssimo longa ainda se mostra extremamente atual. O roteiro mexe num verdadeiro vespeiro ao colocar em discussão a crença em Deus e na Bíblia, confrontada com os avanços da ciência.

Os ótimos diálogos questionam situações da Bíblia que não tem explicação lógica, aquelas em que as pessoas acreditam pela fé. Além disso, vemos também como a religião é utilizada para dominar o povo menos esclarecido e até mesmo incitar o ódio a quem pensa diferente, situação que continua igual nos dias atuais. 

O embate de ideais no tribunal entre Spencer Tracy e Fredric March é fantástico, enquanto o personagem de Gene Kelly é o alívio cômico que solta frases cínicas a cada aparição. 

O filme é todo em preto e branco e baseado numa história real ocorrida em 1925. 

É um longa obrigatório para quem gosta de discussões profundas sobre a disputa entre religião e ciência.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Demolição

Demolição (Demolition, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Jean Marc Vallée
Elenco – Jake Gyllenhaal, Naomi Watts, Chris Cooper, Judah Lewis, C.J. Wilson, Polly Draper, Heather Lind.

Um acidente de automóvel causa a morte de Julia (Heather Lind), enquanto o marido Davis (Jake Gyllenhaal) sai ileso. Durante o funeral e os dias posteriores, Davis não demonstra sentimento algum. Seu relacionamento com o sogro (Chris Cooper), que é seu chefe também, começa a se deteriorar pela falta de interesse do rapaz pelo trabalho. 

Procurando ver a vida de uma forma diferente, David começa a desmontar objetos e tomar atitudes estranhas, como enviar cartas de reclamação para uma empresa, fato que atrai a curiosidade em uma desconhecida (Naomi Watts). 

Os trabalhos do diretor canadense Jean Marc Vallée geralmente apresentam protagonistas que precisam encontrar um caminho na vida para superar traumas, crises e dúvidas. A morte da esposa desperta o personagem de Gyllenhaal da apatia que ele escondia. Além do prazer pela demolição, o sujeito também passa a falar verdades incômodas. 

É um filme diferente, interessante em alguns momentos, com personagens fora do comum e mediano no resultado. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Fome

Fome (Hunger, Inglaterra / Irlanda, 2008) – Nota 7,5
Direção – Steve McQueen
Elenco – Michael Fassbender, Liam Cunningham, Stuart Graham, Brian Milligan, Liam McMahon.

Prisão Maze, Irlanda do Norte, 1981. Os detentos ligados ao IRA, o Exército Republicano Irlandês que defende a independência da Irlanda do Norte, se negam a usar os uniformes de presidiários e são tratados como terroristas, pois muitos foram detidos após cometerem assassinatos e atentados à bomba. 

Vivendo como animais em celas imundas e sendo espancados vez por outra pelos guardas, um dos seu líderes chamado Bobby Sands (Michael Fassbender), decide iniciar uma greve de fome como forma de protesto, sendo seguido por outros e resultando em tragédia. 

O diretor Steve McQueen, do posteriores “Shame” e “Doze Anos de Escravidão”, estreou em um longa com este drama pesadíssimo baseado em uma história real. É um filme para pessoas de estômago forte, daqueles em que o espectador é colocado à prova frente a situações limites, violência e humilhações. A lentidão proposital da narrativa transmite uma angústia ainda maior. 

Um dos destaques é a atuação visceral de Michael Fassbender, que repetiria o estilo em “Shame”. Uma sequência é sensacional. O diálogo entre o personagem de Fassbender e o padre vivido por Liam Cunnigham com a câmera focando os dois sentados em lados opostos de uma mesa, tem a duração de quinze minutos sem cortes, com direito a mais quatro ou cinco minutos de conversa posterior. O conteúdo da conversa é também uma belíssima explicação sobre o porquê da greve de fome e os sentimentos dos envolvidos em relação a luta do IRA contra o governo inglês. 

Está longe de ser um filme para o público comum.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O Homem do Tai Chi

O Homem do Tai Chi (Man of Tai Chi, EUA / China / Hong Kong, 2013) – Nota 5,5
Direção – Keanu Reeves
Elenco – Keanu Reeves, Tiger Hu Chen, Karen Mok, Hai Yu, Qing Ye.

O jovem “Tiger” Chen Lin Hu (Tiger Hu Chen) estuda a arte marcial Tai Chi com o mestre Yang (Hai You). O mestre procura ensinar Tiger a utilizar o Tai Chi para encontrar paz e harmonia entre corpo e mente, enquanto o jovem transforma o aprendizado em luta. 

Tiger se destaca durante um campeonato de artes marciais e chama a atenção do empresário Donaka Mark (Keanu Reeves), que comanda um clube de lutas clandestino em Hong Kong. Atraído pelo dinheiro e pela adrenalina das lutas, Tiger se envolve sem imaginar que pode ser um caminho sem volta. 

A estreia do ator Keanu Reeves como diretor se salva apenas pelas boas cenas de lutas. O roteiro é previsível, com direito a um clímax que comprova as motivações idiotas do personagem de Reeves, que interpreta o vilão da trama. 

As interpretações também são lamentáveis. Reeves está mais canastrão do que nunca e o até então dublê Tiger Hu Chen não demonstra carisma algum, tendo competência apenas nas cenas de luta. 

Quem gosta do gênero poderá se divertir com as lutas, mas mesmo assim, muitos longas semelhantes produzidos em Hong Kong são melhores até mesmo neste quesito.   

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Godzilla (1998 e 2014)


Godzilla (Godzilla, EUA / Japão, 1998) – Nota 5,5
Direção – Roland Emmerich
Elenco – Matthew Broderick, Jean Reno, Maria Pitillo, Hank Azaria, Kevin Dunn, Michael Lerner, Harry Shearer, Doug Savant, Vicky Lewis.

Na sequência inicial, vemos os testes nucleares realizados na Polinésia em 1954 e um lagarto com seus ovos. Décadas depois, o governo americano encontra enormes pegadas no Panamá, que não se assemelham a animal algum conhecido. Para analisar as pegadas é enviado o cientista Niko Tatopoulos (Matthew Broderick), especialista em mutações de DNA. Logo, ele descobre que o animal está seguindo em direção a Nova York. No rastro do animal, seguem o cientista, uma aspirante a jornalista (Maria Pitillo) e um cinegrafista (Hank Azaria), além do exército liderado por um oficial linha dura (Jean Reno). 

Massacrado pela crítica, este blockbuster tem o estilo Roland Emmerich de cinema, com uma explosão de efeitos especiais, muito barulho, correria e diálogos engraçadinhos, além de personagens mal desenvolvidos. Apesar de Matthew Broderick ser um bom ator, seu habitat natural é a comédia. Sua escolha para ser o protagonista de uma ficção de ação foi um grande erro. Não se pode esquecer também dos constrangedores “Bebês Godzillas”. 

É um filme totalmente esquecível.

Godzilla (Godzilla, EUA / Japão, 2014) – Nota 6
Direção – Gareth Edwards
Elenco – Aaron Taylor Johnson, Ken Watanabe, Bryan Cranston, Elizabeth Olsen, Sally Hawkins, Juliette Binoche, David Straithairn, Richard T. Jones, Victor Rasuk.

Em 1999, um grupo de cientistas liderados pelo Dr. Serizawa (Ken Watanabe) descobre o corpo de um enorme animal pré-histórico em uma ilha das Filipinas. Aparentemente, o animal deu a luz a um filhote que desapareceu no mar. No mesmo período, um terremoto atinge uma usina nuclear no Japão. Quinze anos depois, Joe Brody (Bryan Cranston), um dos sobreviventes da tragédia da usina, ainda investiga o caso. Obcecado em descobrir a verdade, Joe praticamente arrasta seu filho Ford (Aaron Taylor Johnson) para ajudá-lo. 

Esta nova versão de “Godzilla” começa muito bem, com um clima de tensão e suspense durante o desastre da usina, em sequências valorizadas pelas ótimas presenças de Bryan Cranston e Juliette Binoche. Por sinal, o personagem de Cranston é o melhor do filme. 

Infelizmente, a sequência da história é repleta de furos, situações absurdas e personagens mal desenvolvidos. O talentoso japonês Ken Watanabe e a ótima inglesa Sally Hawkins são totalmente desperdiçados. A parte final melhora um pouco quando a ação se torna o ponto principal e o Godzilla o protagonista. 

O resultado é mais um blockbuster vazio.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Renascido das Trevas

Renascido das Trevas (Blood Creek, EUA, 2009) – Nota 6
Direção – Joel Schumacher
Elenco – Henry Cavill, Dominic Purcell, Emma Booth, Michael Fassbender, Rainer Winkelvoss, Shea Whigham.

Em 1936, a família alemã Wollner recebe em sua fazenda na região de West Virginia, o historiador Richard Wirth (Michael Fassbender), que foi enviado pelo governo de Hitler aparentemente para uma pesquisa. O que eles não imaginavam é que a missão de Wirth é encontrar uma enorme pedra nórdica que está escondida na fazenda e supostamente utilizar seus poderes para criar a vida eterna. 

A trama pula para os dias atuais, quando o paramédico Evan (Henry Cavill) recebe em sua casa a inesperada visita de seu irmão Victor (Dominic Purcell), que estava desaparecido há dois anos. Desesperado, Victor procura armas e praticamente arrasta Evan para uma caçada num local afastado. 

Joel Schumacher é um diretor que não segue estilo algum. Ele já se aventou por todos os gêneros, do drama exagerado ao gore, do romance ao terror adolescente e do musical até a guerra. Considero seus dois melhores filmes o divertido “Os Garotos Perdidos” e o ótimo “Um Dia de Fúria”, provavelmente o trabalho pelo qual ele será lembrado no futuro. 

A premissa deste “Renascido das Trevas” é ao mesmo tempo maluca e intrigante ao misturar nazistas, ocultismo e runas nórdicas no meio de uma zona rural americana. Mesmo numa fase decadente da carreira, Schumacher consegue imprimir um ritmo alucinante com cenas de ação recheadas de sangue e violência. O problema principal é o roteiro maluco cheio de falhas e as explicações que não convencem. 

O final ainda deixa um gancho para a sequência da história, porém o fracasso do longa enterrou qualquer possibilidade de continuação.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Bicho de Sete Cabeças & O Beijo da Mulher Aranha


Bicho de Sete Cabeças (Brasil, 2001) – Nota 7,5
Direção – Lais Bodanzky
Elenco – Rodrigo Santoro, Othon Bastos, Cássia Kiss, Daniela Nefussi, Jairo Mattos, Caco Ciocler, Gero Camilo, Altair Lima, Marcos Cesana, Luís Miranda.

No início dos anos setenta, Neto (Rodrigo Santoro) é um jovem rebelde de classe média. Ele é detido após cometer um pequeno delito, fato que obriga seu pai (Othon Bastos) a buscá-lo na delegacia. Ao voltar para casa, seu pai encontra um cigarro de maconha no quarto de Neto e junto com a mãe (Cássia Kiss) e a filha mais velha (Daniela Nefussi), eles decidem internar o jovem em um manicômio. É o início do inferno na vida do garoto, que terá de enfrentar descaso, violência e maus tratos dentro da instituição. 

Este drama pesado é baseado na vida real de Austregésilo Carrano Bueno, que foi internado num manicômio por seu próprio pai, numa época em que qualquer menção as drogas levava os pais a histeria. 

O longa foi premiado em alguns festivais e a interpretação de Rodrigo Santoro bastante elogiada. O resultado é um retrato cruel das instituições psiquiátricas brasileiras. 

O Beijo da Mulher Aranha (Kiss of the Spider Woman, Brasil / EUA, 1985) – Nota 6,5
Direção – Hector Babenco
Elenco – William Hurt, Raul Julia, Sonia Braga, Nuno Leal Maia, José Lewgoy, Denise Dumont, Miriam Pires.

Durante uma ditadura em um país qualquer da América do Sul, dois prisioneiros são obrigados a conviver em uma cela e acabam se aproximando apesar das diferenças entre si. Valentin (Raul Julia) é um preso político que foi torturado, enquanto Molina (William Hurt) é um homossexual que cumpre pena por ter se relacionado com um menor. Para manter sua sanidade, Molina cria histórias como se fossem filmes românticos, fato que a princípio irrita o militante Valentin. 

O longa foi indicado ao Oscar de Filme, Diretor, Roteiro Adaptado e Ator (William Hurt), chamando grande atenção na época do lançamento por causa da história que misturava temas polêmicos como homossexualismo e ditadura. 

Apesar de ter muitos fãs, principalmente entre os críticos de cinema, visto hoje o impacto é bem menor. Pessoalmente prefiro outros filmes de Babenco como “Pixote”, “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia” e até o criticado “Carandiru”.

domingo, 21 de agosto de 2016

Forsaken

Forsaken (Forsaken, EUA, 2015) – Nota 6,5
Direção – Jon Cassar
Elenco – Kiefer Sutherland, Donald Sutherland, Brian Cox, Michael Wincott, Aaron Poole, Demi Moore, Jonny Rees.

Dez anos após o final da Guerra da Secessão, John Henry Clayton (Kiefer Sutherland) volta para casa e descobre que sua mãe faleceu. John Henry se tornou um conhecido pistoleiro após a guerra, fato que não é aceito por seu pai, o Reverendo Clayton (Donald Sutherland). 

Sua volta para casa é uma tentativa de retomar a vida normal, porém tudo fica ainda mais complicado ao descobrir que um sujeito (Brian Cox) contratou assassinos para pressionar os fazendeiros da região a venderem suas terras, pois em breve a ferrovia passará no local. 

Sou fã de westerns e considero sempre bom assistir novos filmes do gênero, o problema é que muitas vezes os diretores não apresentem nada de novo em relação ao tema. É o que acontece neste longa, que apesar de ter um boa produção, uma bela fotografia e algumas cenas legais de tiroteios, a história é clichê do começo ao fim. Com quinze minutos filme já dá para saber o que acontecerá no final. 

Acredito que o filme tenha sido um projeto pessoal do astro Kiefer Sutherland e uma chance de contracenar com o pai Donald, que completou oitenta anos de idade em 2015. A presença de pai e filho é um dos pontos principais deste trabalho correto, porém totalmente previsível. 

Como informação, uma envelhecida Demi Moore interpreta a ex-namorada do personagem de Kiefer Sutherland, uma personagem pequena para uma atriz que já foi uma das mais famosas do cinema.  

sábado, 20 de agosto de 2016

Appropriate Adult

Appropriate Adult (Appropriate Adult, Inglaterra, 2011) – Nota 8
Direção – Julian Jarrold
Elenco – Emily Watson, Dominic West, Robert Glenister, Sylvestra Le Touzel, Monica Dolan.

Gloucester, Inglaterra, 1994. A polícia detém para interrogatório o casal Fred (Dominic West) e Rosemary West (Monica Dolan), que são suspeitos de terem assassinado uma das filhas. 

Os detetives consideram Fred um sujeito com sérios problemas psicológicos, por este convocam uma espécie de assistente social civil para acompanhar o interrogatório. A pessoa enviada para o trabalho é Janet Leach (Emily Watson), uma mulher comum mãe de quatro filhos, que vive com o segundo marido que é bipolar. 

Mesmo sendo o primeiro trabalho do tipo que enfrentará, Janet aceita o desafio. Logo na primeira conversa, ela se assusta ao ouvir Fred contar friamente como matou a filha e a enterrou no quintal de casa. Fred tenta esconder a participação da esposa no crime, mas deixa a entender que outras mortes ocorreram. 

Produzido em formato de minissérie para tv inglesa, esta obra descreve a história real de uma série de crimes cometidos pelo casal West que abalaram a cidade de Gloucester. 

Utilizando informações de conhecimento público, a minissérie explora ainda a relação quase de amizade que surge entre Fred e Janet, sendo que a segunda enfrenta um verdadeiro maremoto de sentimentos a cada nova revelação do assassino. 

A terrível história por si só é extremamente interessante, sendo valorizada ainda mais pelas ótimas interpretações da dupla principal.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

No Coração do Mar & Moby Dick


No Coração do Mar (In the Heart of the Sea, EUA / Austrália / Espanha / Inglaterra / Canadá, 2015) – Nota 8
Direção – Ron Howard
Elenco – Chris Hemsworth, Benjamin Walker, Cillian Murphy, Brendan Gleeson, Ben Whishaw, Michelle Fairley, Tom Holland, Paul Anderson, Frank Dillane, Jordi Molla.

Em 1850, o escritor Herman Melville (Ben Whishaw) viaja até a ilha de Nantucket para encontrar Tom Nickerson (Brendan Gleeson), o último sobrevivente da tragédia do navio Essex que ainda está vivo. Melville deseja saber a verdade sobre o ocorrido. Mesmo relutante, Nickerson decide contar a história. 

A partir daí, a trama volta para 1820, quando o navio comandado pelo novato capitão George Pollard (Benjamin Walker) e o experiente primeiro-imediato Owen Chase (Chris Hemsworth) segue para alto mar com o objetivo de caçar baleias para conseguir óleo, que na época era o principal combustível. 

O roteiro explora ao mesmo tempo o livro de Nathaniel Philbrick, que conta a história real do Essex, com o lado ficcional da visita de Herman Melville a Nantucket para saber os detalhes da história. Realmente Herman Melville utilizou o livro de Philbrick como inspiração para escrever o clássico “Moby Dick”, mas o encontro dele com Nickerson aparentemente é ficção. 

Apesar de ter fracassado nas bilheterias, o filme é extremamente competente, com um narrativa que mescla aventura e drama na medida certa, criando uma disputa de egos entre Pollard e Chase, dois sujeitos de classes diferentes, porém igualmente ambiciosos. 

Os efeitos especiais são outro destaque. A sequência do navio em meio a tormenta e as aparições da enorme baleia branca são assustadoras. 

Talvez a explicação para a falta de interesse do público seja a própria história que segue um estilo clássico, lembrando obras antigas sobre marinheiros em luta com os perigos do mar, como a própria adaptação de John Huston para “Moby Dick”. O longa de Huston era muito mais drama e um pouco superior, mas surpreendentemente, este longa de Ron Howard se mostra um belo filme também.

Moby Dick (Moby Dick, EUA, 1956) – Nota 8,5
Direção – John Huston
Elenco – Gregory Peck, Richard Basehart, Leon Genn, Frederich Ledebur, James Robertson Justice, Harry Andrews, Royal Dano, Bernard Miles, Noel Purcell, Orson Welles.

Anos após ter perdido a perna no ataque de uma enorme baleia branca, o capitão Ahab (Gregory Peck) organiza uma nova expedição em busca de vingança. Carregado de ódio e obcecado em encontrar a baleia, Ahab segue para alto mar sem se preocupar se voltará vivo, seu único objetivo é matar o animal. Os problemas naturais do mar e a loucura do capitão que aumenta com o passar do tempo, aos poucos transformam a expedição em um inferno, com os tripulantes se revoltando com a situação. 

O diretor John Huston explora o lado insano da obra de Herman Melville adaptada pelo escritor Ray Bradbury, tanto na obsessão do protagonista, quanto na ganância dos tripulantes, pontos habituais na filmografia do diretor. Vale destacar ainda os efeitos especiais em maquetes que eram comuns na época e que ainda impressionam, mesmo levando em conta quando o filme foi produzido. 

A atuação assustadora de Gregory Peck outro ponto alto, assim como o ótimo Richard Basehart que vive Ishmael, o primeiro em comando após o capitão. Como curiosidade, Orson Welles tem uma pequena participação interpretando um padre no início do longa.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Uma Noite de Crime 3: O Ano da Eleição

Uma Noite de Crime 3: O Ano da Eleição (The Purge: Election Year, França / EUA, 2016) – Nota 6,5
Direção – James DeMonaco
Elenco – Frank Grillo, Elizabeth Mitchell, Mykelti Williamson, Joseph Julian Soria, Betty Gabriel, Terry Serpico, Edwin Hodge, Kyle Secor.

Após muitos anos causando a morte de pessoas através de milhares de assassinatos, em sua maioria tendo como vítima a população pobre, a lei da “Noite do Expurgo” é alvo de protestos de grupos e também da senadora Charlie Roan (Elizabeth Mitchell), que é candidata a presidente e que promete revogar a lei caso seja eleita. 

Um dia antes de uma nova “Noite do Expurgo”, o governo altera a lei autorizando que até mesmo os políticos possam ser assassinados, lembrando que a lei original autoriza todo tipo de crime das sete da noite até a sete da manhã em apenas um dia do ano, quando as pessoas podem acertar as contas com inimigos e colocar todo seu ódio para fora. 

Mesmo tendo uma equipe de segurança reforçada comandada por Leo Barnes (Frank Grillo), a senadora se torna alvo de assassinos contratados pelo governo. Ela e Leo precisam fugir para tentar sobreviver e assim manter viva a chance de concorrer a presidência. 

Esta franquia é um exemplo de uma premissa extremamente interessante e uma realização pouco mais que razoável. O filme original é o melhor, com uma trama mais bem desenvolvida. A sequência é um filme de ação razoável, assim como esta terceira parte. 

A franquia tem algumas boas ideias, como a questão principal da liberação dos crimes em um determinado dia, assim como o novo governo que utiliza a indigesta mistura de patriotismo e religião. 

É basicamente uma série de filmes para o espectador se divertir com a trama e as cenas de ação, sem se preocupar com as falhas no roteiro e os exageros.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Jogo do Dinheiro

Jogo do Dinheiro (Money Monster, EUA, 2016) – Nota 7
Direção – Jodie Foster
Elenco – George Clooney, Julia Roberts, Jack O’Connell, Dominic West, Caitriona Balfe, Giancarlo Esposito, Christopher Denham, Lenny Venito, Chris Bauer, Dennis Boutsikaris, Emily Mead, Condola Rashad, Aaron Yoo.

Lee Gates (George Clooney) é um agitado apresentador de uma programa sensacionalista sobre investimentos, o “Money Monster” do título original. 

Durante um programa ao vivo, um sujeito armado (Jack O’Connell) invade o palco, ameaça matar Gates e explodir o estúdio caso o megainvestidor Walt Camby (Dominic West) não apareça para explicar como perdeu as economias de milhares de pessoas em apenas um dia. 

O programa continua ao vivo enquanto Gates, sua produtora Patty (Julia Roberts) e a polícia tentam encontrar uma solução para a situação. 

Este longa dirigido pela atriz Jodie Foster começa como uma espécie de comédia que aparentemente criticaria os programas sensacionalistas de tv e o absurdo mundo dos investimentos financeiros que pessoa alguma sabe explicar realmente como funciona. 

Em um segundo momento, a história se volta para o drama, quando descobrimos sobre a vida do jovem desesperado e as falcatruas financeiras começam à vir tona. Até esta parte a narrativa e os personagens seguram a boa história, que infelizmente perde pontos com a reviravolta na parte final. 

Por outro lado, a forte cena do clímax e a última conversa entre os personagens de Clooney e Julia Roberts são perfeitas em relação a proposta principal do roteiro, que é mostrar que o dinheiro está acima de tudo na sociedade em que vivemos.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Redemoinho

Redemoinho (Maelstrom, Canadá, 2000) – Nota 7,5
Direção – Denis Villeneuve
Elenco – Marie Josée Croze, Jean Nicolas Verreault, Stephanie Morgenstern, Kliment Denchev.

Na primeira cena, a jovem Bibiane (Marie Josée Croze) se prepara para um aborto. Após o procedimento, descobrimos que Bibiane é filha de uma celebridade e que herdou com o irmão uma rede de lojas de grife. 

Percebemos também que a jovem está em crise. Ela se mostra desleixada no trabalho, procura conversa com uma amiga (Stephanie Morgenstern) e por fim curte a noite em baladas regadas a bebida e sexo. Um acontecimento inesperado aumenta ainda mais a crise de Bibiane, resultando em consequências que afetam algumas pessoas. 

O diretor Denis Villeneuve cria uma narrativa entrecortada, em algumas sequências se aproveitando de pontos de vistas diferentes, mostrando a mesma situação por vários ângulos e assim cruzando o destino de três personagens.

A história é narrada por um sinistro peixe prestes a ser abatido por um sujeito coberto de sangue. Esta bizarrice está ligada ao trabalho e ao destino de um determinado personagem que surge no meio do trama e que mesmo sem falar uma única palavra, se revela extremamente importante. 

É um longa diferente, sendo na época o segundo trabalho do ótimo diretor canadense Dennis Villeneuve, hoje famoso por trabalhos como "Incêndios" e "Os Suspeitos".

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Outcast - 1º Temporada

Outcast (EUA, 2016)
Criador - Robert Kirkman
Elenco - Patrick Fugit, Philip Glenister, Wrenn Schmidt. David Denman, Reg E. Cathey, Brent Spiner.

Kyle Barnes (Patrick Fugit) volta a morar em sua casa de infância na área rural da pequena cidade de Rome em West Virginia após um complexo incidente que fez sua esposa se afastar levando a filha do casal.

Kyle é visto com desconfiança na cidade, tanto por causa do problema com a esposa, como por seu passado. Quando criança, sua mãe surtou, tentou matá-lo e acabou catatônica em uma cama de hospital.

Os únicos amigos de Kyle são sua irmã de criação Megan (Wrenn Schmidt) e o controverso reverendo Anderson (Philip Glenister), que dedica sua vida a exorcizar pessoas que ele acredita estarem possuídas pelo demônio. A quantidade de pessoas com atitudes estranhas na cidade, faz com que Anderson tenha certeza que a região sofra com alguma maldição. Anderson e Kyle se tornam peças-chaves na aparente luta do bem contra o mal.

Criada por Robert Kirkman, um dos responsáveis pela sensacional "The Walking Dead", esta nova série é mais focada no suspense, mesmo estando recheada de cenas violentas e sangue.

A inspiração da premissa é claramente o clássico "O Exorcista", que por sinal rende algumas cenas assustadoras de exorcismo durante os dez episódios da primeira temporada.

Um dos pontos altos é que as subtramas convergem para amarrar a trama principal, com destaque para as surpresas sinistras do dois últimos episódios, além das perguntas sem respostas que se tornaram ganchos para a próxima temporada.

A série perde alguns pontos no elenco. O protagonista Patrick Fugit é apenas correto, sendo algumas vezes ofuscado pelo reverendo obcecado interpretado por Philip Glenister, O xerife vivido por Reg E. Cathey é um destaque, enquanto o restante do elenco não mostra carisma algum.

A primeira temporada foi satisfatória, com uma crescente de tensão que deixa a curiosidade do espectador aguçada para a segunda temporada. Agora é esperar para conferir qual rumo tomará a história.

domingo, 14 de agosto de 2016

Rosetta

Rosetta (Rosetta, França / Bélgica, 1999) – Nota 7,5
Direção – Jean Pierre & Luc Dardenne
Elenco – Emilie Dequenne, Fabrizio Rongione, Anne Yernaux, Olivier Gourmet.

Rosetta (Emilie Dequenne) é uma jovem que vive com a mãe alcoólatra (Anne Yernaux) numa espécie de trailer em um camping. 

Logo no início do filme, a garota é dispensada de um emprego temporário e causa um grande tumulto na empresa. O desespero da jovem em conseguir trabalho e ter uma vida normal resulta em vários problemas, inclusive com Riquet (Fabrizio Rongione), um rapaz que tenta ajudá-la. 

Os irmãos Dardenne venceram a Palma de Ouro de Cannes com este drama que foca na falta de oportunidade de trabalho para os jovens, situação que já era comum no final dos anos noventa e principalmente nas consequências de uma família desestruturada. 

A interpretação espontânea e ao mesmo tempo nervosa da estreante Emilie Dequenne é perfeita. A agitação da garota fica mais assustadora com a escolha dos diretores em filmar com a câmera na mão, com muitas cenas em close e outras em ângulos inusitados, com o objetivo de fazer o espectador sentir o mesmo desconforto dos personagens. 

Visto hoje, não tem o mesmo impacto da época, mas mesmo assim ainda é um drama forte com uma protagonista complexa e desesperada.

sábado, 13 de agosto de 2016

Philomena

Philomena (Philomena, Inglaterra / EUA / França, 2013) – Nota 8
Direção – Stephen Frears
Elenco – Judi Dench, Steve Coogan, Sophie Kennedy Clark, Mare Winningham, Barbara Jefford, Anna Maxwell Martin, Ruth McCabe, Peter Herman, Sean Mahon.

Londres, ano 2000. O jornalista Martin Sixmith (Steve Coogan) perde o emprego numa emissora de tv e fica sem saber o que fazer da vida. Durante uma festa, ele é abordado por uma jovem (Anna Maxwell Martin) que o convida a conhecer sua mãe Philomena (Judi Dench) para escrever uma matéria sobre ela. 

Nos anos cinquenta, ainda adolescente, Philomena foi deixada pelo pai em um convento, sendo criada por freiras. Ela engravidou e deu a luz a um garoto, que pouco tempo depois foi entregue pelas freiras para um casal. Mesmo relutante, Sixmith aceita a oferta e aos poucos descobre uma triste e surpreendente história. 

Baseado numa história real contada em livro pelo próprio Martin Sixmith, este sensível longa aborda mais um tema polêmico relacionado aos pecados que a Igreja Católica tenta esconder debaixo do tapete. 

São vários destaques no filme. A inusitada química entre o contido Steve Coogan e a simplicidade da personagem de Judi Dench é valorizada pelos ótimas interpretações e os diálogos afiados, alguns até engraçados. É o tipo de relação em que duas pessoas completamente diferentes criam um laço de amizade e aprendem sobre a vida na troca de experiências. 

A história também é surpreendente à partir do momento em que a dupla principal descobre a identidade do filho desaparecido. 

Depois de alguns filmes com qualidade abaixo de seu talento, o inglês Stephen Frears voltou a acertar a mão neste belo trabalho.    

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Um Toque no Coração

Um Toque no Coração (Ring the Bell, EUA, 2013) – Nota 3
Direção – Thomas Weber
Elenco – Ryan Scharoun, Ashley Nicole Anderson, Casey Bond, Madison Miller.

Rob Decker (Ryan Scharoun) é um agente que cuida da carreira de jogadores de beisebol. Ele viaja até uma pequena cidade com o objetivo de convencer um talentoso jovem em assinar um contrato para ser tornar profissional, ao invés de aceitar o convite de uma universidade. 

Tentando mostrar a esperteza da cidade grande, Rob se surpreende ao descobrir que os habitantes do local e o próprio jovem jogador não se preocupam com fama ou dinheiro, preferindo colocar a fé em primeiro lugar. 

Quem visita meu blog sabe que comento sobre todo tipo de filme. É sempre um prazer pesquisar e descobrir filmes pouco conhecidos. Desta forma encontrei uma pequena resenha deste filme em um site. Ela dizia algo sobre um sujeito que deixava uma metrópole e mudava sua vida em uma cidade pequena. O que eu não imaginava é que o filme seria uma verdadeira propaganda sobre religião, com um roteiro que tenta passar uma mensagem rasteira e totalmente clichê sobre fé e amor ao próximo. 

O nível de interpretação do elenco também é sofrível. Desde a primeira cena fica clara a falta de talento do protagonista e por consequência do restante do elenco. 

O filme pode ser útil numa aula de catecismo ou algo do gênero. Como cinema é melhor esquecer.  

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Bosch

Bosch (EUA, 2015/2016)
Criador - Eric Ellis Overmyer
Elenco - Titus Welliver, Jamie Hector, Amy Aquino, Lance Reddick, Sarah Clarke, Madison Lintz, Troy Evans, Jason Gedrick, Jeri Ryan, Brent Sexton, Annie Wersching, James Ransone.

Hyeronimus "Harry" Bosch (Titus Welliver) é um veterano detetive da divisão de homicídios de Los Angeles. Visto por alguns superiores como rebelde por seguir seus instintos e não ter medo de dar sua opinião, Bosch também é extremamente competente nas investigações.

Ao lado do parceiro Jerry Edgar (Jamie Hector), na primeira temporada eles investigam o assassinato de um garoto de doze anos ocorrido vinte anos antes. Os restos do garoto são encontrados numa cova rasa em um bosque nos arredores da cidade. Em paralelo, a dupla precisa capturar um serial killer (Jason Gedrick).

Na segunda temporada o foco se volta para a investigação do assassinato de um produtor de filmes pornô com ligação com a Máfia Armênia de Las Vegas. A trama paralela desta temporada é a investigação de um grupo de policiais corruptos.

Nas duas temporadas o roteiro também explora a vida pessoal do protagonista, principalmente sua relação com a ex-esposa (Sarah Clarke) e a filha adolescente (Madison Lintz), além do gosto pelo jazz.

A série segue um estilo clássico do gênero policial, com uma dupla de detetives com personalidades e idades bem diferentes, investigações complexas e minuciosas, além de toda a politicagem que envolve os bastidores da polícia. Também não são deixadas de lado as perseguições, brigas e tiroteios, sempre realistas.

O personagem Bosch é o protagonista de uma série de livros que foram adaptados pelo roteirista Michael Connelly para este seriado de tv, que por sinal marca o primeiro papel principal do veterano ator de TV Titus Welliver.  Com participação em mais de cinquenta seriados desde os anos noventa, o ator tem aqui sua maior oportunidade na carreira.

No elenco, vale destacar ainda seu parceiro interpretado por Jamie Hector e principalmente o marcante chefe de polícia vivido por Lance Reddick.

Em cada temporada são dez episódios, sendo que mais dez estão programados para a terceira que deverá ir ao ar em 2017.

É uma ótima série para quem curte o gênero policial.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Negócio das Arábias

Negócio das Arábias (A Hologram for the King, EUA / França / Alemanha / EUA / México, 2016) – Nota 7,5
Direção – Tom Tykwer
Elenco – Tom Hanks, Alexander Black, Sarita Choudhury, Sidsen Babett Knudsen, Tracey Fairaway, Jane Perry, Tom Skerritt, Ben Whishaw.

Alan Clay (Tom Hanks) é enviado para Arábia Saudita com a missão de vender uma nova tecnologia para o rei daquele país que está construindo um megaempreendimento no meio do deserto. 

Passando por uma grave crise existencial, consequência da separação da esposa, da falta de dinheiro para pagar a universidade para a filha e por uma complicada decisão profissional que tomou tempos atrás, Alan vê na negociação uma espécie de última chance para se reerguer. 

O primeiro terço do filme, assim como o título nacional, passa a impressão de que veríamos uma comédia de erros focada na diferença de costumes entre americanos e árabes, porém no desenrolar da narrativa a trama muda o foco inserindo pitadas de drama, além de uma crítica social nas entrelinhas. 

O interessante do roteiro é que ele não divide a história entre mocinhos e vilões, os dois lados são mostrados com virtudes e defeitos. Do lado americano são discutidas as consequências da crise de 2008 que levou muitas empresas a transferir sua produção para o oriente em troca de um corte de custos, fato que resultou no aumento do desemprego nos Estados Unidos. 

Por outro lado, a Arábia Saudita é mostrada como um país que passa para o mundo a imagem de uma sociedade islâmica ortodoxa, mas no fundo esconde seus pecados, seja a exploração de imigrantes no trabalho e as festas e bebidas que a elite aproveita de forma privada. 

O filme é valorizado pela interpretação de Tom Hanks, que ao mesmo tempo passa simpatia e angústia em seu personagem. Outro destaque é o estreante Alexander Black, que interpreta o engraçado motorista árabe de forma perfeita. Foi até uma surpresa descobrir que o ator é americano. 

Recheada de músicas pop dos anos oitenta e com uma cena inicial de sonho do personagem de Hanks ao som de “Once a Lifetime” da banda Talking Heads, a trilha sonora é outro ponto alto. 

Mesmo não sendo cult como “Lola, Corra Lola” ou instigante como “A Viagem” que comandou em parceria com os irmãos Wachowski, novamente o alemão Tom Tykwer comprova ser um diretor diferenciado. 

terça-feira, 9 de agosto de 2016

O Homem que Copiava & Meu Tio Matou um Cara



O Homem que Copiava (Brasil, 2003) – Nota 7
Direção – Jorge Furtado
Elenco – Lázaro Ramos, Leandra Leal, Pedro Cardoso, Luana Piovani, Júlio Andrade, Carlos Cunha Junior, Paulo José.

Em Porto Alegre, André (Lázaro Ramos) é funcionário de uma copiadora e sonha em conquistar a jovem Silvia (Leandra Leal), que trabalha numa loja próxima. Para se aproximar da garota, André precisa conseguir dinheiro. Apaixonado cegamente, André e o amigo Cardoso (Pedro Cardoso) tem a ideia de utilizarem as máquinas da copiadora para “fabricar” dinheiro. O desejo de Cardoso é ficar com a sensual Marinês (Luana Piovani). Com o sucesso no primeiro passo dentro do mundo do crime, a dupla elabora um plano para assaltar um carro forte. 

O sucesso que o longa fez na época se deve bastante a interpretação de Lázaro Ramos, que de uma forma simpática narra a história e repete diversas vezes que seu “cargo” seria de “operador de fotocopiadora”. Seus diálogos com Pedro Cardoso também são outro ponto alto, que por seu lado faz o papel de otário metido a malandro. 

Como opinião pessoal, o filme perde alguns pontos a partir da sequência do assalto, mas no geral é uma divertida sessão da tarde.

Meu Tio Matou um Cara (Brasil, 2004) – Nota 6
Direção – Jorge Furtado
Elenco – Lázaro Ramos, Darlan Cunha, Ailton Graça, Dira Paes, Déborah Secco, Sophia Reis, Renan Gioelli, Júlia Andrade.

Eder (Lázaro Ramos) confessa ter assassinado um sujeito. Seu sobrinho Duca (Darlan) acredita que o tio está mentindo para proteger sua namorada Soraya (Déborah Secco), que é ex-mulher da vítima. Para elucidar o caso, Duca contrata um detetive (Júlio Andrade). Em paralelo, Duca tenta conquistar uma amiga de escola (Sophia Reis) que se mostra mais interessada em outro garoto (Renan Gioelli). 

Esta mistura de comédia e romance peca pela história novelesca e os personagens caricatos. Diferente de “O Homem Que Copiava” que tinha falhas que eram compensadas pelo ótimo protagonista, aqui em momento algum o espectador percebe carisma nos personagens. 

Em comparação com as comédias brasileiras atuais, este longa é superior, mas analisando em relação a um quadro maior, infelizmente o resultado deixa a desejar. 

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Tudo Acontece em Nova York

Tudo Acontece em Nova York (Happythankyoumoreplease, EUA, 2010) – Nota 7
Direção – Josh Radnor
Elenco – Josh Radnor, Michael Algieri, Malin Akerman, Kate Mara, Zoe Kazan, Pablo Schreiber, Tony Hale, Peter Scanavino, Richard Jenkins.

Com quase trinta anos de idade, Sam (Josh Radnor) ainda sofre para conseguir publicar seu primeiro livro. No dia em que tem uma reunião que pode mudar a situação, Sam cruza no metrô com um garotinho (Michael Algieri) que parece perdido. 

Sam tenta ajudá-lo e descobre que o garoto não deseja voltar para o lar adotivo. Ele acaba levando o menino para casa até descobrir o que fazer. Ao mesmo tempo, Sam tenta se aproximar de uma bela bartender (Kate Mara). 

O ator Josh Radnor, do seriado “How I Met Your Mother”, estreou na direção com este simpático longa sobre amizade e relacionamentos, tendo a cidade de Nova York com pano de fundo. 

O roteiro escrito pelo ator desenvolve ainda duas subtramas. A sua melhor amiga vivida por Malin Akerman se mostra dividida entre um um advogado careta e um roqueiro descompromissado, enquanto a prima do personagem de Radnor vivida por Zoe Kazan, passa uma crise com o namorado interpretado por Pablo Schreiber. 

É um típico filme independente com pequenas histórias sobre pessoas comuns. 

Radnor faria um filme ainda melhor na sequência, o sensível “Histórias de Amor”

domingo, 7 de agosto de 2016

Mente Criminosa

Mente Criminosa (Criminal, Inglaterra / EUA, 2016) – Nota 6,5
Direção – Ariel Vromen
Elenco – Kevin Costner, Gary Oldman, Tommy Lee Jones, Ryan Reynolds, Jordi Molla, Gal Gadot, Michael Pitt, Alice Eve, Amaury Nolasco, Antje Traue, Scott Adkins.

Em Londres, o agente da CIA Bill Pope (Ryan Reynolds) é monitorado por seus superiores e ao mesmo tempo perseguido por assassinos ao tentar encontrar com um sujeito conhecido como o “Holandês”. Bill termina assassinado e a CIA não sabe se ele contou para os criminosos onde estaria escondido o holandês. 

Para tentar descobrir o que ocorreu, é chamado o Dr. Franks (Tommy Lee Jones), que desenvolveu uma pesquisa com o objetivo de transferir a memória de pessoas mortas para outras. Para ser utilizado como cobaia, o Dr.  Franks escolhe Jericho Stewart (Kevin Costner), um psicopata que cumpre pena. As consequências da cirurgia criam um caos ainda maior. 

Este agitado longa de ação e ficção explora elementos que já vimos em vários outros filmes do gênero. A transferência de memória lembra o recente “Sem Retorno” protagonizado por Ryan Reynolds, a escolha do assassino para auxiliar na situação extrema é semelhante ao ótimo “A Rocha” dos anos noventa, além de utilizar outros clichês como a experiência científica maluca, o vilão megalomaníaco e um final açucarado. 

Quem não se importar com estes clichês e com os furos do roteiro, poderá se divertir com o elenco de astros, o bom ritmo da narrativa e as várias cenas de ação, algumas bastante violentas. 

O diretor israelense Ariel Vromen entregou um filme bem melhor em seu trabalho anterior. O drama policial “O Homem de Gelo” com Michael Shannon merece ser descoberto.

sábado, 6 de agosto de 2016

Vítimas de uma Paixão & Malícia


Vítimas de uma Paixão (Sea of Love, EUA, 1989) – Nota 7,5
Direção – Harold Becker
Elenco – Al Pacino, Ellen Barkin, John Goodman, Michael Rooker, Richard Jenkins, William Hickey, Paul Calderon, John Spencer, Michael O’Neill.

Um sujeito é assassinado pela parceira durante o sexo. Para investigar o caso é designado o detetive Frank Keller (Al Pacino). Pouco tempo depois, outro homem é encontrado morto nas mesmas condições. Keller se junta ao detetive Sherman (John Goodman) e descobre que as duas vítimas haviam publicado um anúncio em jornal à procura de uma namorada. Para tentar atrair a assassina, Keller publica um anúncio semelhante e termina por encontrar a voluptuosa Helen (Ellen Barkin). Quanto mais Keller se envolve com Helen, mais pistas apontam para a garota. 

Este interessante suspense policial marcou a volta de Al Pacino ao cinema após quatro anos afastado das telas. Dizem que Pacino ficou frustrado com o enorme fracasso do épico “Revolução” em 1985 e por este motivo decidiu dar um tempo na carreira. Sua escolha de filme para retorno foi um acerto, além da história que deixa a dúvida sobre a identidade da assassina, vale destacar também o clima sensual marcado pelas fortes cenas de sexo entre Pacino e Ellen Barkin. 

O longa tem ainda bons coadjuvantes como John Goodman e Richard Jenkins no papel de um rival de Pacino. Outro ponto positivo é a canção “Sea of Love”, que toca em alguns momentos do filme, inclusive no créditos finais na inconfundível voz de Tom Waits. 

Como curiosidade, mesmo sem a mesma polêmica, o longa lembra um pouco o posterior e ainda mais bem sucedido “Instinto Selvagem”. 

O sucesso do filme ajudou a recolocar a carreira de Pacino nos trilhos.

Malícia (Malice, EUA, 1993) – Nota 7,5
Direção – Harold Becker
Elenco – Alec Baldwin, Nicole Kidman, Bill Pullman, Bebe Neuwirth, Peter Gallagher, Josef Sommer, Tobin Bell, George C. Scott, Anne Bancroft, Debrah Farentino, Gwyneth Paltrow.

Andy (Bill Pullman) é um psicólogo que trabalha em uma universidade numa pequena cidade de Massachusetts. Casado com a bela Tracy (Nicole Kidman), eles sofrem pela dificuldade dela em engravidar. A situação piora quando Tracy é internada após passar mal. No hospital, Andy reencontra um antigo colega de universidade, o egocêntrico médico Jed (Alec Baldwin), que termina por atender Tracy. Os dois iniciam uma estranha disputa de poder, uma inimizade velada. Em paralelo, um serial killer está agindo na região. 

O ponto alto deste suspense é a complexa trama escrita pelo roteirista Aaron Sorkin, que revela aos poucos a verdadeira face de cada personagem. Bill Pullman e Nicole Kidman estão bem como o casal aparentemente perfeito, porém quem brilha é Alec Baldwin, que cria uma médico arrogante até a médula. Vale destacar ainda a participação de Tobin Bell, que ficaria famoso anos depois ao interpretar o vilão da franquia “Jogos Mortais”. 

Para quem curte um suspense com algumas surpresas e uma narrativa que prende a atenção, este longa é uma boa opção.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Polícia, Adjetivo

Polícia, Adjetivo (Politist, Adjectiv, Romênia, 2009) – Nota 8
Direção – Corneliu Porumboiu
Elenco – Dragos Bacur, Vlad Ivanov, Ion Stoica, Irina Saulescu, Cerasela Trandafir.

Cristi (Dragos Bacur) é um policial de uma pequena cidade da Romênia. Sua missão atual é seguir um adolescente que todos os dias fuma haxixe com um colega e uma garota. O tal colega do adolescente é um informante que alega para a polícia que o garoto e seu irmão que vive em Bucareste são traficantes. 

Durante vários dias, Cristi segue o adolescente e tenta descobrir alguma ligação dele ou de sua família com o tráfico. Ao mesmo tempo, seus chefes o pressionam para prender o garoto, mesmo sem ter prova alguma. 

Assim como em “A Leste de Bucareste”, aqui o diretor Corneliu Porumboiu faz uma crítica bem humorada sobre a dificuldade da sociedade romena em se adaptar aos novos tempos após o final do comunismo no inicio dos anos noventa. 

A polícia é mostrada como um órgão arcaico, onde um policial sofre para conseguir informações básicas sobre os suspeitos e os superiores são burocratas que agem como se ainda estivessem no comunismo. 

É interessante a narrativa imposta pelo diretor, que é ao mesmo tempo lenta e realista. A câmera segue o policial em longos planos-sequências durante a investigação, assim como na relação com outros policiais dentro da delegacia e principalmente com a esposa. 

Em uma destas sequências sem cortes, o protagonista chega em casa, fala rapidamente com a esposa, vai para a cozinha jantar, volta para sala e novamente conversa com a mulher, até resolver dormir. É uma sequência sem cortes com mais de dez minutos, que por si só mostra o talento do diretor. 

É um filme indicado para quem gosta de obras diferentes.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

47 Ronins

47 Ronins (47 Ronin, EUA, 2013) – Nota 7,5
Direção – Carl Rinsch
Elenco – Keanu Reeves, Hiroyuki Sanada, Ko Shibasaki, Tadanobu Asano, Min Tanaka, Jin Akanishi, Masyoshi Haneda, Takato Yonemoto, Cary Hiroyuki Tagawa, Rinko Kikuchi, Natsuki Kunimoto.

No Japão Feudal, um garoto chamado Kai é resgatado por Lord Asano (Min Tanaka) e criado junto com os samurais. Anos depois, Kai (Keanu Reeves) sofre com o preconceito dos samurais por ser mestiço, fato que o impede de viver com a bela Mika (Ko Shibasaki), filha de Lord Asano. 

Quando um senhor feudal inimigo utiliza uma bruxa para desgraçar Lord Asano, seus samurais são expulsos de suas terras se tornando Ronins (samurais sem dono). Liderados por Oishi (Hiroyuki Sanada) e Kai, os samurais buscarão vingança. 

É sempre bom quando um filme nos surpreende de forma positiva. Eu esperava pouco deste longa e no final fiquei satisfeito. A história é baseada na famosa lenda japonesa dos “47 Ronins” e tem o elenco composto de japoneses, com exceção do astro Keanu Reeves como protagonista. 

A história clássica sobre honra, traição e lealdade se mistura com fantasia representada pelas ações da bruxa e pelas criaturas que surgem durante o desenrolar da trama. Os efeitos especiais se mostram um complemento competente para as boas cenas de ação, com destaque para confronto entre samurais no clímax. 

Está longe de ser um filme de Akira Kurosawa, mas mesmo assim é um eficiente divertimento para quem curte o gênero. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O Bom Coração

O Bom Coração (The Good Heart, Islândia / Dinamarca / EUA / França / Alemanha, 2009) – Nota 7
Direção – Dagur Kari
Elenco – Brian Cox, Paul Dano, Isild Le Besco, Damian Young, Daniel Raymont, Clark Middleton.

Jacques (Brian Cox) é o rabugento dono de um bar que sofre de um complicado problema no coração. Lucas (Paul Dano) é um jovem morador de rua que tenta o suicídio. 

O destino faz com que os dois fiquem lado a lado no hospital. Jacques vê no garoto a chance de deixar um “herdeiro” para seu bar. Lucas se torna seu aluno e aos poucos, a convivência transforma a forma de cada um deles ver a vida. 

Este interessante longa dirigido pelo francês Dagur Kari apresenta uma narrativa estranha, alguns diálogos bizarros e coadjuvantes pra lá de excêntricos. O foco principal é o contraponto entre o frustrado personagem de Brian Cox e a bondade de Paul Dano, figuras opostas que criam um laço de amizade. 

O roteiro também não se preocupa em detalhar o passado dos personagens, deixando a questão por conta da imaginação do espectador. Por outro lado, o desenrolar da trama deixa várias pistas sobre o final da história, que tenta ser surpreendente, mas que se mostra clichê. 

É um filme diferente, que tem como destaque maior as interpretações da dupla principal. 

terça-feira, 2 de agosto de 2016

A Convocação

A Convocação (The Calling, EUA / Canadá, 2014) – Nota 6,5
Direção – Jason Stone
Elenco – Susan Sarandon, Gil Bellows, Topher Grace, Ellen Burstyn, Donald Sutherland, Christopher Heyerdahl.

A pacata comunidade de Fort Dundas no Canadá fica abalada após dois assassinatos similares. As pistas levam Hazel (Susan Sarandon), a chefe de polícia da cidade, a acreditar que um serial killer esteja agindo na região. 

A princípio sendo ignorada pelos superiores em Ontario, Hazel tem auxílio apenas de dois policiais (Gil Bellows e Topher Grace), além de lidar com fortes dores nas costas e uma depressão disfarçada pela bebida. 

O longa tem uma interessante premissa que desperta a curiosidade do espectador quanto a motivação dos crimes, deixando clara logo no início a identidade do assassino interpretado por um enigmático Christopher Heyerdahl. 

A narrativa também prende a atenção com a ajuda das belíssimas locações do interior do Canadá, que por sinal lembram a série “Arquivo X” que era filmada na região, muitas vezes com sequências em bosques, florestas e estradas afastadas. 

Vale destacar também as participações dos veteranos Donald Sutherland no papel de um padre e Ellen Burstyn como a mãe da policial interpretada por Susan Sarandon. 

O resultado é um filme policial simples com uma história bem amarrada, mas que faltou um pouco de ação e também um diretor mais experiente.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Dois Caras Legais

Dois Caras Legais (The Nice Guys, EUA, 2016) – Nota 7
Direção – Shane Black
Elenco – Russell Crowe, Ryan Gosling, Angourie Rice, Matt Bomer, Margaret Qualley, Kim Basinger, Yaya DaCosta, Beau Knapp, Keith David, Lois Smith, Gil Gerard, Murielle Telio.

Jackson Healy (Russell Crowe) é um detetive particular sem licença, especializado em pressionar e bater em pessoas em troca de dinheiro. Ele é contratado pela jovem Amelia (Margaret Qualley) que deseja afastar outro detetive, o atrapalhado Holland March (Ryan Gosling) que fora contratado por uma senhora para encontrar sua sobrinha. 

Após um violento primeiro encontro, os detetives terminam por unir forças para investigar o assassinato de uma atriz pornô (Murielle Tellio) que pode estar ligado a fuga da garota Amelia. 

O diretor e roteirista Shane Black é aplaudido até hoje pelo roteiro do primeiro e ótimo “Máquina Mortífera”. Nos trinta anos seguintes, Black assinou alguns roteiros de blockbusters de ação e se aventurou na direção do elogiado “Beijos e Tiros”, filme que eu considero superestimado, além da terceira parte da franquia “Homem de Ferro”. 

Esta nova incursão de Black na direção é superior a “Beijos e Tiros”, mesmo assim ainda é um filme irregular, que intercala algumas boas piadas sobre Richard Nixon e os Waltons e uma dupla de protagonistas carismática que tem o divertido apoio da garotinha Angoure Rice, com uma história rocambolesca que não convence, mesmo sendo analisada como paródia do gênero policial. 

Não sou grande fã do estilo, geralmente paródias resultam num meio termo em que nem a comédia e nem a trama policial se sobressaem. 

O filme até prende a atenção, tem várias cenas de ação, violência e correria. 

Pelas críticas, o longa agradou ao público, mas mesmo assim vejo como uma obra esquecível.