quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Aprisionados & O Ritual


Aprisionados (Let Us Prey, Inglaterra / Irlanda, 2014) – Nota 6,5
Direção – Brian O’Malley
Elenco – Liam Cunningham, Pollyanna McIntosh, Bryan Larkin, Hanna Stanbridge, Douglas Russell, Niall Greig Fulton, Jonathan Watson, Brian Vernel.

Na primeira noite de trabalho como policial em uma pequena cidade da Escócia, Rachel (Pollyanna McIntosh) é recebida de forma bruta pelo sargento e por dois colegas de farda. Quando um desconhecido (Liam Cunningham) é detido, a noite se transforma em um inferno. O sujeito parece saber todos os segredos dos policiais, de um médico e de dois presos, que aos poucos se mostram desesperados. 

Típico terror B, este longa tem uma sinistra sequência inicial marcada por uma forte trilha sonora e a presença de pássaros de mal agouro pela cidade. A premissa do desconhecido assustador é bem interessante, porém o desenvolvimento da trama é apenas regular, sem grandes surpresas. Os destaques ficam para tensão e a violência que aumentam até o explosivo clímax. O filme perde pontos por causa das péssimas interpretações, com exceção do veterano Liam Cunningham. 

O resultado é um longa mediano, indicado para quem curte obras violentas de terror.

O Ritual (The Ritual, Inglaterra, 2017) – Nota 6,5
Direção – David Bruckner
Elenco – Rafe Spall, Arsher Ali, Robert James Collier, Sam Troughton, Paul Reid.

Cinco amigos de universidade se reencontram em um pub e tentam combinar uma viajar em conjunto. Um assalto em uma loja de conveniência termina com a morte de um deles. Meses depois, os quatro amigos decidem homenagear o falecido fazendo uma caminhada por uma trilha no interior da Noruega. Ao entrarem em uma floresta, eles passam a ser perseguidos por algo fora do normal. 

Este longa explora com alguma competência os clichês dos filmes de terror. A tensão aumenta gradativamente, assim como os conflitos entre os amigos que entram em desespero. Se por um lado tudo isso é previsível, por outro as locações na sinistra floresta se mostram um ponto positivo, tanto nas sequências noturnas como nas cenas durante o dia. 

É um filme para o fã de terror conferir sem grande expectativa.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

The Square: A Arte da Discórdia

The Square: A Arte da Discórdia (The Square, Suécia / Alemanha /  França / Dinamarca, 2017) – Nota 5,5
Direção – Ruben Ostlund
Elenco – Claes Bang, Elisabeth Moss, Dominic West, Terry Notary.

Christian (Claes Bang) é o curador de um famoso museu em Estocolmo na Suécia. Sua missão atual é promover uma nova obra de arte batizada de “The Square”, que nada mais é do que um quadrado desenhado no chão. 

Ele precisa lidar com os funcionários moderninhos do museu, com uma dupla de publicitários, uma jornalista deslumbrada (Elisabeth Moss), além de organizar um jantar para arrecadar fundos e ainda resolver problemas na sua vida pessoal. 

A proposta do diretor Ruben Ostlund em fazer uma crítica a elite que convive no mundo da arte rendeu um filme extremamente chato, com situações que se mostram mais ingênuas do que críticas, principalmente as cenas aleatórias com moradores de rua. 

A bizarra sequência do ator (Terry Notary) interpretando um macaco no jantar é muito mais marcante por causa do mal gosto do que por representar qualquer tipo de crítica social. 

O filme ganhou muitos admiradores no Brasil e tornou superestimado em virtude da discussão sobre exposições absurdas que aconteceram no país na época. 

É interessante a premissa de mostrar que muito do que as pessoas consideram arte na verdade são apenas embustes de artistas egocêntricos, mas por outro lado, o filme resulta numa obra tão vazia quanto o mundo da arte que o diretor pretendia criticar.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Sem Rastros

Sem Rastros (Leave No Trace, EUA / Canadá, 2018) – Nota 7,5
Direção – Debra Granik
Elenco – Ben Foster, Thomasin Harcourt McKenzie, Jeff Kober, Dale Dickey, Dana Millican.

Will (Ben Foster) e sua filha adolescente Tom (Thomasin Harcourt McKenzie) vivem como eremitas em um parque florestal em Portland. Ao serem encontrados por policiais, eles são levados para o departamento de assistência social analisar a situação. 

A solução surge quando é oferecido para Will um emprego em uma fazenda. Ele e a filha mudam para uma casa no local, porém Will sente muita dificuldade em se adaptar a uma vida normal. 

Em seu longa anterior chamado “Inverno da Alma”, a diretora e roteirista Debra Granik tinha como protagonista uma jovem vivida por Jennifer Lawrence que era obrigada a enfrentar os problemas da vida adulta em meio a um comunidade de pessoas brutas. 

Aqui em “Sem Rastros”, apesar de ter outra jovem que precisa tomar um rumo na vida como um dos personagens principais, o foco muda para a solidariedade. Os personagens que cruzam o caminho dos protagonistas são pessoas comuns que terminam por ajudá-los. 

O roteiro explora também o relacionamento entre pai e filha. O personagem de Ben Foster, que tem um atuação sóbria, claramente sofre de problemas psicológicos, porém é um sujeito calado e pacífico. Seu passado pode ser imaginado através de pequenos detalhes que são revelados durante a narrativa. 

Vale destacar também a sensível atuação da pouca conhecida Thomasin Harcourt McKenzie, que parece ter potencial para uma carreira sólida. 

É um filme com um narrativa cadenciada e com foco em personagens marcados pela simplicidade.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

The Giant Mechanical Man

The Giant Mechanical Man (The Giant Mechanical Man, EUA / Polônia, 2012) – Nota 7,5
Direção – Lee Kirk
Elenco – Jenna Fischer, Chris Messina, Malin Akerman, Rich Sommer, Topher Grace, Lucy Punch, Bob Odenkirk, Sarab Kamoo.

Tim (Chris Messina) é um artista que trabalha pelas ruas usando um terno prateado e andando com pernas de pau como se fosse um robô. Ele passa por uma crise na relação com sua namorada Pauline (Lucy Punch). 

Janice (Jenna Fischer) sofre com o desemprego e a falta de rumo em sua vida. Ela é obrigada a morar com a irmã (Malin Akerman) e o cunhado (Rich Sommer) que a pressionam para arrumar um namorado. O destino faz com que Tim e Janice se cruzem. 

Este sensível longa mistura drama, romance e pitadas de comédia em uma história aparentemente previsível, porém que ganha pontos pela química entre o casal principal e principalmente pela sobriedade. 

Os personagens são pessoas comuns, com problemas de dinheiro, de trabalho e que procuram a felicidade de forma simples. Enquanto para alguns a felicidade está no sucesso e no dinheiro, para outras as pequenas coisas são o suficiente. 

O alívio cômico da trama surge no patético personagem do escritor de autoajuda vivido por Topher Grace. 

O resultado é um simpático filme sobre relacionamento e também sobre como olhar para a vida.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Pergunte-me Tudo

Pergunte-me Tudo (Ask Me Anything, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Allison Burnett
Elenco – Britt Robertson, Christian Slater, Justin Long, Molly Hagan, Martin Sheen, Robert Patrick, Kimberly Williams Paisley, Max Carver, Max Hoffman, Gia Mantegna.

Ao invés de ir para a universidade, a jovem Katie Kampenfeldt (Britt Robertson) decide tirar um ano sabático para pensar o que fazer da vida. 

Aproveitando uma ideia de sua conselheira escolar, Katie decide criar um blog para escrever sobre sua vida, utilizando um pseudônimo. 

Ao mesmo tempo em que descreve suas experiências, inclusive sexuais, a jovem fica dividida entre o namorado adolescente (Max Carver) e um professor (Justin Long). 

À primeira vista o espectador acredita que verá mais um filme sobre uma adolescente insegura e problemática, o que não deixa de ser verdadeiro, porém com o desenrolar da história vem à tona situações adultas extremamente complicadas. 

A protagonista está longe de ser uma jovem confiável, suas atitudes movidas a paixão e desejo resultam em consequências nem sempre agradáveis. 

É interessante citar que o diretor e roteirista Allison Burnett adaptou seu próprio livro para o cinema, que apesar de ser ficção, entrega uma final surpreendente que deixa a impressão de que poderia ser uma história real. 

O longa é uma boa surpresa, que foge do lugar comum dos dramas adolescentes.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Adam: Memórias de uma Guerra

Adam: Memórias de uma Guerra (Adam Resurrected, Alemanha / EUA / Israel, 2008) – Nota 6
Direção – Paul Schrader
Elenco – Jeff Goldblum, Willem Dafoe, Derek Jacobi, Ayelet Zurer, Hana Laslo, Joachim Król, Evgenia Dodina.

Israel, 1962. Adam Stein (Jeff Goldblum) é um sobrevivente do Holocausto que sofre com problemas psicológicos e por este motivo está internado em uma espécie de manicômio que cuida apenas de judeus que sobreviveram ao nazismo. 

Antes da guerra, Adam foi um grande artista especialista em comédia e ilusionismo. Ele utiliza seu talento para tentar entreter os demais sobreviventes e também para ele mesmo esquecer o passado. Em paralelo, vemos em flashbacks a vida de Adam entre início dos anos trinta até o final da guerra. 

O tema habitual do sobrevivente traumatizado é desenvolvido de uma forma totalmente fora do normal, incluindo situações bizarras que surgem quando entra em cena um garoto com um diferente distúrbio de personalidade. 

As sequências do protagonista como artista são criativas, ao mesmo tempo em que as cenas no campo de concentração são humilhantes e transformam o longa em uma estranha experiência sobre perda de personalidade e crueldade. 

Mesmo com uma ótima atuação de Jeff Goldblum, este é um filme que agradará poucas pessoas.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

A Oitava Página & A Trajetória de Worricker


A Oitava Página (Page Eight, Inglaterra, 2011) – Nota 7
Direção – David Hare
Elenco – Bill Nighy, Rachel Weisz, Ewen Bremner, Michael Gambon, Judy Davis, Felicity Jones, Tom Hughes, Saskia Reeves, Ralph Fiennes, Alice Krige, Rakhee Thakhar, Kate Burdette, Marthe Keller.

Johnny Worricker (Bill Nighy) é um veterano analista do serviço secreto inglês, o MI5. Quando seu chefe e amigo de longa data Benedict Baron (Michael Gambon) recebe de um informante um documento que compromete o primeiro ministro inglês (Ralph Fiennes), os dois se tornam alvos de uma conspiração governamental. Ao mesmo tempo, Worricker se une a uma ativista (Rachel Weisz) que deseja vingança porque seu irmão foi assassinado em Israel. 

Este drama sobre espionagem tem como pontos positivos a trama bem amarrada com personagens escondendo segredos e criando alianças para sobreviverem no cargo, além da boa atuação de Bill Nighy como o sujeito frio e meticuloso. 

Por outro lado, o longa perde pontos pela total falta de ação. Até mesmo os poucos momentos de suspense se resolvem sem grande agitação. Acredito que esta escolha tenha ocorrido tanto por ser uma produção de tv, como pela presença do veterano Bill Nighy como protagonista. Com um ator mais jovem, com certeza o longa teria cenas de ação ou pelo menos sequências de suspense um pouco mais tensas. 

Caribe: A Trajetória de Worricker (Turks & Caicos, Inglaterra, 2014) – Nota 6,5
Direção – David Hare
Elenco – Bill Nighy, Helena Bonham Carter, Christopher Walken, Winona Ryder, Ewen Bremner, Rupert Graves, Dylan Baker, James Naughton, Zach Grenier, Malik Yoba, Meredith Eaton, Rajoh Fiennes.

Alguns meses após ter fugido da Inglaterra, o ex-agente Johnny Worricker (Bill Nighy) está vivendo no paraíso de Turks & Caicos. A aparente vida tranquila se torna perigosa quando um agente da CIA (Christopher Walken) o reconhece. O sujeito está espionando um grupo de empresários corruptos que pretendem construir um hotel no país. 

Com ajuda de um amigo jornalista (Ewen Bremner), Worricker descobre que os empresários tem ligações com um magnata inglês (Rupert Graves) que tem como seu braço-direito a antiga agente do MI5 Margot Tyrrell (Helena Bonhan Carter). 

Assim como no filme anterior, a trama aqui é complexa envolvendo poderosos e agentes do governo. Por mais que tenham coadjuvantes interessantes como Christopher Walken e Winona Ryder em papéis importantes, este longa tem ainda menos suspense que o anterior. É o tipo de filme que tudo se resolve com conversas, ameaças veladas e documentos. Faz passar o tempo, mais fica a clara impressão de que poderia ser bem melhor. 

Europa: A Trajetória de Worricker (Salting the Battlefield, Inglaterra, 2014) – Nota 6
Direção – David Hare
Elenco – Bill Nighy, Helena Bonham Carter, Ewen Bremner, Judy Davis, Felicity Jones, Saskia Reeves, Ralph Fiennes, Rupert Graves, Kate Burdette, Olivia Williams.

Neste final da trilogia, Johnny Worricker (Bill Nighy) está vivendo escondido na Europa com sua namorada Margot (Helena Bonham Carter), sempre preocupado com algum espião que possa encontrá-lo e também com sua filha (Felicity Jones) que ficou na Inglaterra e que está sendo vigiada pelo governo. 

Percebendo que não terá condições de fugir para sempre, Worricker utiliza seu amigo jornalista (Ewen Bremner) para divulgar documentos que comprometem seu maior inimigo, o primeiro ministro inglês (Ralph Fiennes). 

O roteiro explora novamente um emaranhado de intrigas políticas envolvendo várias autoridades e transporta a história por algumas cidades da Europa. O final em que tudo parece voltar a estaca zero resume bem essa razoável trilogia produzida para tv.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

O Quebra-Cabeça

O Quebra-Cabeça (Puzzle, EUA, 2018) – Nota 6
Direção – Marc Turtletaub
Elenco – Kelly Macdonald, Irrfan Khan, David Denman, Bubba Weiler, Austin Abrams, Liv Hewson.

Agnes (Kelly Macdonald) é uma dona de casa desligada do mundo que vive numa pequena cidade de subúrbio próxima a Nova York. 

Seu marido Louie (David Denman) é dono de uma oficina mecânica e seus dois jovens filhos (Bubba Weiler e Austin Abrams) ainda procuram um caminho na vida. Agnes dedica sua vida a cuidar da casa, da família e de ações na igreja. 

Ao ganhar de presente um quebra-cabeça, Agnes descobre um novo prazer. Por acaso ela encontra um sujeito (Irrfan Kahn) que disputa campeonatos de montagem de quebra-cabeça. Esta descoberta será o gatilho para uma grande mudança em sua vida. 

Em um primeiro olhar, este longa passa a impressão de ser uma história sobre uma pessoa sofrida que deseja mudar de vida, porém analisando a fundo, o que fica é uma tentativa forçada de mostrar que as mulheres tem apenas dois caminhos a escolher. Ela pode ser a dona de casa submissa ou a mulher independente que ignora a família. 

O que falta neste filme e até mesmo no mundo real na atualidade é o chamado meio-termo. Mesmo com pensamentos arcaicos, o marido da protagonista é um sujeito correto, trabalhador e carinhoso com a esposa. 

Sendo um filme, o roteiro pode seguir o caminho que o escritor desejar, porém ao invés de tentar resolver uma relação através de conversas verdadeiras, a mensagem que se passa é “destrua tudo”. 

A história é um reflexo da vida real, em que as pessoas preferem pular de galho em galho em busca de uma felicidade que jamais será plena

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Mandy

Mandy (Mandy, EUA / Bélgica / Inglaterra, 2018) – Nota 6,5
Direção – Panos Cosmatos
Elenco – Nicolas Cage, Andrea Riseborough, Linus Roache, Ned Dennehy, Richard Brake, Bill Duke, Olwen Fouéré, Line Pillet.

Red (Nicolas Cage) e Mandy (Andrea Riseborough) levam uma vida simples em uma casa isolada no meio da floresta. 

Quando um grupo de fanáticos religiosos chega na região e o líder chamado Jeremiah (Linus Roach) fica obcecado por Mandy, tudo muda. Os seguidores de Jeremiah se unem a um sinistro grupo de motoqueiros para sequestrar Mandy. Red é torturado, porém sobrevive e inicia sua busca por vingança. 

O diretor Panos Cosmatos é filho do falecido George Pan Cosmatos, responsável por filmes como “Rambo II: A Missão” e “Tombstone”. Diferente do pai que era um diretor de filmes comerciais, Panos se mostra um sujeito com predileção para o bizarro, começando pela escolha das cores num estilo psicodélico que variam entre verde, vermelho e amarelo, além do ritmo pausado que passa a impressão de que estamos vendo um filme em câmera lenta. Os personagens sinistros e o banho de sangue que ocorre na segunda parte beiram o exagero. 

Vale destacar a atuação animalesca de Nicolas Cage, que se entrega totalmente ao personagem. Cage mostra novamente que é um bom ator, seu problema principal está na escolha de papéis em filmes ruins. 

Este “Mandy” é indicado para quem gosta de um terror extremamente violento, que lembra os filmes dos gênero dos anos oitenta.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O Impostor

O Impostor (The Imposter, Inglaterra, 2012) – Nota 7,5
Direção – Bart Layton
Documentário

Zona rural de San Antonio, Texas, 1994. O garoto Nicholas Barclay de apenas treze anos desaparece sem deixar pistas. Após mais de três anos, a família recebe uma ligação informando que o adolescente foi encontrado na cidade de Linares na Espanha. É início de uma absurda história real. 

Como o título do doc deixa claro, o rapaz encontrado na Espanha é um impostor. Desde o início o próprio impostor conta sua versão da história de uma forma cínica, descrevendo as situações bizarras que ele criou para enganar várias pessoas. 

Com vinte minutos de documentário minha vontade foi de desligar a tv, porém a curiosidade para saber como algo tão absurdo ocorreu me fez ir até o final e acabei não me arrependendo. 

A princípio é difícil aceitar que a família tenha acreditado que uma pessoa tão diferente fisicamente fosse o filho desaparecido, porém com o desenrolar da narrativa surge uma reviravolta tão maluca quanto o golpe dado pelo rapaz, fato que acaba criando uma justificativa para o ocorrido.   

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O Terceiro Assassinato

O Terceiro Assassinato (Sandome no Satsujin, Japão, 2017) – Nota 6,5
Direção – Hirokazu Koreeda
Elenco – Masaharu Fukuyama, Kôji Yakusho, Shinnosuke Mitshushima, Suzu Hirose, Kotaro Yoshida.

Misumi (Kôji Yakusho) confessa ter matado seu patrão após ter sido dispensado do emprego. Três advogados são encarregados de defender Misumi, que por seu lado a cada momento conta uma história diferente sobre o crime. 

Sem saber no que acreditar, Shigemori (Masaharu Fukuyama), que é um dos advogados, decide investigar a vida de Misumi. Uma pista leva Shigemori a acreditar que o assassinato tenha ligação com a filha da vítima, a adolescente Sakie (Suzu Hirose), que tem um problema na perna e dificuldade para andar. 

O ótimo diretor japonês Hirokazu Koreeda desta vez não conseguiu transmitir para o espectador a dor dos personagens, situação em que ele se mostrou especialista em seus trabalhos anteriores.

A dúvida sobre quem realmente cometeu o assassinato e sobre o porquê do crime se torna cansativa e repetitiva cada vez que o advogado conversa com o possível assassino. Falta emoção até mesmo nas cenas do julgamento. O ponto interessante é conhecer um pouco sobre como funciona o sistema judiciário japonês. 

O resultado é um filme apenas mediano.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Verão de 84

Verão de 84 (Summer of 84, Canadá / EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – François Simard, Anouk Whissell & Yoann Karl Whissell
Elenco – Graham Verchere, Judah Lewis, Caleb Emery, Cory Gruter Andrew, Tiera Skovbye, Rich Sommer, Jason Gray Stanford, Shauna Johannesen.

Em um bairro de subúrbio, quatro adolescentes aproveitam as férias do verão de 1984. 

A notícia de que garotos da região estão desaparecendo desperta a curiosidade em Davey (Graham Verchere), que passa a desconfiar do vizinho, um policial solitário (Rich Sommer). Davey convence os amigos a seguirem o policial e investigarem sua vida. 

O trio de diretores conhecido pelo cult “Turbo Kid”, aqui utiliza como premissa uma trama que bebe na fonte do clássico “Conta Comigo” e da recente série “Stranger Things”. 

É muito legal ver a diferença da vida de adolescentes dos anos oitenta em comparação com a forma que se vive no dias atuais. Os garotos brincando de polícia e ladrão durante a noite, rodando de bicicleta pela cidade e se divertindo com coisas simples da época. Um tipo de vida que deixou de existir. 

O roteiro segue os clichês do gênero até próximo ao final, criando algumas sequências de suspense interessantes. A grande e arriscada aposta dos diretores está na reviravolta que leva a um final bem diferente dos filmes do gênero. É um final forte que inclusive deixa um gancho para uma possível continuação.

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Gênio Diabólico

Gênio Diabólico (Evil Genius: The True Story of America's Most Diabolical Bank Heist, EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – Barbara Schroeder & Trey Borzillieri
Documentário

Erie, Pensilvânia, 2003. Um entregador de pizza entra em um banco com uma bomba presa ao pescoço, anuncia um assalto e tenta fugir com um saco de dinheiro. Perseguido pela polícia, o sujeito fica à espera de ajuda do esquadrão antibombas, que demora para chegar. O colar explore e o homem morre no local. 

A polícia encontra no carro do ladrão algumas folhas que indicam um roteiro que o homem teria que seguir para encontrar a chave para abrir o artefato e salvar a própria vida. É o início de uma bizarra história real que foi batizada pela mídia como “The Pizza Bomber Heist”. 

Este documentário da Netflix conta a história em quatro episódios, detalhando várias situações estranhas ligadas ao crime inicial, inclusive outras mortes. Entre os vários personagens envolvidos de uma forma ou de outra, os dois que se destacam pela inteligência e também pela loucura são Marjorie Diehl Armstrong e Bill Rothstein. 

Ela era uma belíssima jovem que por causa de problemas mentais se transformou numa mulher manipuladora e perigosa, enquanto ele era um antigo namorado que também acreditava ter uma inteligência superior. 

Para quem não conhece a história, como eu mesmo não conhecia, o ideal é assistir o doc com o mínimo de informações. Como diz o subtítulo original, este com certeza é um dos crimes mais diabólicos e absurdos que já foi colocado em prática. 

Mesmo entendendo que o doc poderia ser ainda melhor com apenas dois ou três episódios, não deixa de ser uma obra extremamente interessante para quem tem curiosidade sobre crimes reais e absurdos como neste caso.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Megan Leavey

Megan Leavey (Megan Leavey, EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Gabriela Cowperthwaite
Elenco – Kate Mara, Edie Falco, Ramon Rodriguez, Common, Tom Felton, Will Patton, Bradley Whitford, Miguel Gomez.

Em 2003, a jovem Megan Leavey (Kate Mara) leva uma vida sem perspectivas após a morte de um amigo. Desempregada e tendo um péssimo relacionamento com a mãe (Edie Falco), ela decide se alistar no exército. 

Após enfrentar um difícil treinamento e conseguir se formar, Megan ainda se mostra perdida. Tudo muda quando surge a chance de treinar um cão para ser farejador de explosivos. É o início de uma belíssima amizade com o animal e também a oportunidade de mostrar seu valor como soldado.

Baseado numa história real, este interessante longa pode ser dividido em duas partes. A primeira foca no treinamento da protagonista e na sua atuação no deserto do Iraque. A segunda metade muda a história ao criar uma situação em que Megan é obrigada a lutar de uma forma diferente da guerra. 

Ao mesmo tempo em que a história de vida da protagonista é dura e cheia de desafios, fica claro também que ela é uma pessoa complicada, muito por causa do relacionamento com a família. 

Mesmo com Kate Mara sendo boa atriz, fica um pouco estranho acreditar nela no papel de soldado. A verdadeira Megan Leavey, que aparece rapidamente no longa, é bem mais forte que a atriz. 

O resultado é um bom filme, que emociona em alguns momentos através da relação da protagonista com o cão.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Não Conte a Ninguém

Não Conte a Ninguém (Ne le dis à Personne, França, 2006) – Nota 7,5
Direção – Guillaume Canet
Elenco – François Cluzet, Marie Josée Croze, André Dussollier, Kristin Scott Thomas, François Berleand, Nathalie Baye, Jean Rochefort, Marina Hands, Gilles Lellouche, Guillaume Canet.

Após uma reunião entre amigos, o casal Alexandre Beck (François Cluzet) e Margot (Marie Josée Croze) seguem para um local isolado onde eles costumam passar as férias para nadar em um lago. Após nadarem, Alexandre é atacado por um desconhecido e Margot termina assassinada. 

Oito anos depois, dois corpos de homens são encontrados enterrados na mesma região, ao mesmo tempo em que Alexandre começa a receber emails que aparentam ser de sua esposa morta. É o início de uma complexa trama que inclui a polícia e assassinos profissionais. 

Baseado em um livro de Harlan Coben, este longa explora uma emaranhado de personagens e situações que prendem a atenção e que em alguns momentos podem até deixar o espectador um pouco perdido. 

O ator, diretor e roteirista Guillaume Canet consegue imprimir um ritmo ágil na narrativa e criar cenas de suspense competentes, inclusive uma ótima perseguição a pé por Paris. 

O ponto que pode desagradar um pouco é o clichê do personagem que no clímax explica os segredos da história didaticamente. 

No geral é um bom filme policial indicado para quem gosta do gênero.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Manglehorn

Manglehorn (Manglehorn, EUA, 2014) – Nota 6,5
Direção – David Gordon Green
Elenco – Al Pacino, Holly Hunter, Harmony Korine, Chris Messina.

Manglehorn (Al Pacino) é um chaveiro solitário que sofre por um amor perdido há décadas. 

Dividindo o tempo entre os pequenos serviços, refeições em um restaurante popular e o carinho por um gatinha de estimação, ele sente que algo pode mudar quando começa a flertar com uma caixa de banco (Holly Hunter). 

O problema é que seu temperamento excêntrico tende a afastar as pessoas, inclusive atrapalhando o relacionamento com seu filho (Chris Messina). 

É um filme extremamente simples sobre solidão na terceira idade e principalmente frustrações que marcam para sempre a vida da pessoa. A dificuldade em esquecer um amor perdido pode durar a vida inteira, mesmo com a pessoa passando por outros relacionamentos. 

O filme não apresenta grandes surpresas, o foco é mostrar esta luta contra os próprios sentimentos. 

Mesmo sem ser espetacular, a atuação de Al Pacino é o destaque.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Coração Louco

Coração Louco (Crazy Heart, EUA, 2009) – Nota 7,5
Direção – Scott Cooper
Elenco – Jeff Bridges, Maggie Gyllenhaal, Robert Duvall, Colin Farrell, James Keane, Beth Grant, Tom Bower, Ryan Bingham.

Bad Blake (Jeff Bridges) é um decadente astro da música country que sobrevive com shows em bares de cidades pequenas do oeste. 

Alcoólatra e solitário, Bad se sente atraído pela jovem jornalista Jean (Maggie Gyllenhaal), que é mãe solteira e que luta para conseguir um emprego melhor do que o jornal da cidade onde vive. 

A chance de recuperar um pouco sua vida e carreira surge quando seu ex-pupilo Terry Sweet (Colin Farrell) o convida para abrir seu show. 

O ator, diretor e roteirista Scott Cooper consegue entregar um filme sóbrio e realista mesmo explorando uma história de decadência pessoal e profissional que tinha tudo para cair no dramalhão. 

O protagonista vivido por Jeff Bridges é o típico músico que fez um caminhão de besteiras na vida, torrou todo o dinheiro e que chegou a um momento em que precisa decidir se tornar responsável ou se entregar totalmente a bebida. A relação que nasce entre ele e a personagem de Maggie Gyllenhaal é a chance de ver a vida de outra forma. 

Além da parte dramática, vale destacar as cenas de shows em que Jeff Bridges e Colin Farrell soltam a voz com competência. É curioso ver que o nome de Colin Farrell não aparece nos créditos iniciais. 

Finalizando, Jeff Bridges venceu o Oscar de Melhor Ator por este trabalho.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Manhatttan Night

Manhattan Night (Manhattan Night, EUA, 2016) – Nota 6,5
Direção – Brian DeCubellis
Elenco – Adrien Brody, Yvonne Strahovski, Campbell Scott, Jennifer Beals, Steven Berkoff.

Porter Wren (Adrien Brody) é um famoso repórter investigativo que escreve uma coluna em um grande jornal.

Em uma festa, ele é procurado pela belíssima viúva Caroline Crowley (Yvonne Strahovski), que deseja saber o que realmente aconteceu na morte de seu marido (Campbell Scott), que era uma cineasta famoso. 

Mesmo casado e com dois filhos, Porter se sente atraído por Caroline e aceita investigar o caso. Em paralelo, ele também é pressionado pelo novo proprietário do jornal (Steven Berkoff), que deseja descobrir quem o está chantageando utilizando uma filmagem clandestina. 

O roteiro escrito pelo diretor Brian DeCubellis explora uma típica história do cinema noir atualizada para os dias atuais. DeCubellis utiliza uma narração em off do protagonista e cria personagens comuns ao gênero, como a mulher fatal, o empresário canalha e o artista temperamental. 

Apesar da boa produção e de algumas cenas quentes com a protagonista, o filme se perde na narrativa irregular e sem emoção. As motivações estranhas dos personagens também não convencem. 

Um detalhe curioso é o cartaz original que coloca Adrien Brody na frente e a bela Yvonne Strahovski ao fundo, porém a foto da atriz está muito mais parecida com a estrela Cameron Diaz. Minha impressão é de ser algo proposital para confundir o espectador.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Dark Figure of Crime & Novo Julgamento


Dark Figure of Crime (Amsusalin, Coreia do Sul, 2018) – Nota 7,5
Direção – Tae Gyoon Kim
Elenco – Yoon Seok Kim, Ji Hoon Ju.

Busan, Coreia do Sul. O detetive Hyung Min (Yoon Seok Kim) é surpreendido ao receber a ligação de Tae Oh (Ji Hoon Ju), um criminoso que está preso e condenado por assassinar uma jovem. O sujeito diz para Hyung que confessará outros sete assassinatos. Mesmo sem acreditar no assassino, Hyung decide visitá-lo na cadeia. Tae Oh descreve os sete assassinatos com alguns detalhes, porém o policial terá de encontrar os corpos para provar os crimes.

Baseado numa história real ocorrida recentemente na Coreia do Sul, este longa parte da interessante premissa de um possível serial killer que revela detalhes sinistros para manipular o detetive. O ponto principal é a investigação em que o detetive precisa ligar os pontos e analisar cada atitude do assassino para descobrir o que realmente é verdade na confissão. Alguns flashbacks ajudam a amarrar o quebra-cabeça.

O resultado é mais um competente filme policial sul-coreano.

Novo Julgamento (Jaesim, Coreia do Sul, 2017) – Nota 7
Direção – Tae Yun Kim
Elenco – Wo Jung, Ha Neul Kang, Dong Hwi Lee. Jae Youn Han.

Ano 2000, em uma cidade do interior da Coreia do Sul, o jovem Jo Hyun Woo (Ha Neul Kang) sofre um pequeno acidente de moto e em seguida encontra um taxista assassinado dentro do próprio automóvel. Incriminado injustamente por policiais corruptos, ele acaba condenado como sendo o assassinado. 

Dez anos depois, um advogado fracassado (Wo Jung) consegue uma nova chance de trabalho em um grande escritório. Dentre os pequenos casos que ele tem de analisar, surge o pedido da mãe de Jo Hyun Woo. O filho foi libertado após dez anos na cadeia, porém uma empresa de seguros cobra uma fortuna como indenização pelo assassinato. Sem dinheiro, a mãe do rapaz deseja limpar o nome do filho e se livrar da dívida. 

Baseado numa história real, este longa explora um tema comum ao cinema sul-coreano, a questão da violência e da corrupção policial. O roteiro também coloca em discussão a ética dos advogados. O protagonista é um jovem advogado que a princípio pensa apenas em lucrar com a profissão, não importando se vai defender um inocente ou um culpado. O desenrolar da trama termina modificando a visão de mundo do sujeito. 

Não posso colocar entre os melhores filmes sul-coreanos, mas mesmo assim esta obra prende a atenção através de uma história de sofrimento e esperança.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O Estranho

O Estranho (The Stranger, EUA, 1946) – Nota 6,5
Direção – Orson Welles
Elenco – Edward G. Robinson, Loretta Young, Orson Welles, Philip Merivale, Richard Long, Konstantin Shayne.

Wilson (Edward G. Robinson) é um agente do governo que investiga o paradeiro de criminosos de guerra foragidos. Uma pista o leva até o alemão Konrad Melnike (Konstantin Shayne), que fora companheiro do criminoso nazista Franz Kindler. 

Melnik se tornou missionário e ao chegar nos Estados Unidos segue para uma pequena cidade de Connecticut com o objetivo de visitar o professor Charles Rankin (Orson Welles), que está prestes a casar com a jovem Mary (Loretta Young). Wilson desconfia que Rankin na verdade seja o nazista Kindler. 

Apesar dos elogios da crítica, principalmente por ser um trabalho de Orson Welles, este longa envelheceu bastante no formato e nas interpretações, com exceção do ótimo Edward G. Robinson. As atuações de Orson Welles e Loretta Young são exageradamente dramáticas. As cenas de violência são ingênuas, inclusive o final na torre do relógio. 

É um filme que vale como curiosidade para o cinéfilo que curte obras antigas.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Hereditário

Hereditário (Hereditary, EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – Ari Aster
Elenco – Alex Wolff, Toni Collette, Gabriel Byrne, Milly Shapiro, Ann Dowd.

Após a morte da mãe, Annie (Toni Collette) tenta seguir a vida com o marido Steve (Gabriel Byrne) e o casal de filhos adolescentes Peter (Alex Wolff) e Charlie (Milly Shapiro). 

A família vive em uma belíssima casa em um local afastado. A dificuldade em superar o luto aumenta na medida em que a garota Charlie passa a ter atitudes estranhas. Uma sequência de situações bizarras transforma a vida da família em um inferno. 

Os pontos altos deste longa são o criativo roteiro escrito pelo diretor estreante Ari Aster e a crescente tensão que resulta em uma clima assustador. Por mais que a história termine de forma estranha, existe uma explicação para toda a loucura. 

Os destaques do elenco ficam para as interpretações de Alex Wolff, que se mostra quase catatônico em algumas sequências e de Toni Collette, que aos poucos vai perdendo a razão. 

É um bom filme de suspense e terror que dá um novo gás ao gênero.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Os Olhos de Julia

Os Olhos de Julia (Los Ojos de Julia, Espanha, 2010) – Nota 6,5
Direção – Guillem Morales
Elenco – Belén Rueda, Lluís Homar, Pablo Derqui, Francesc Orella, Joan Dalmau, Boris Ruiz, Dani Codina.

Julia (Belén Rueda) se desespera ao descobrir que sua irmã gêmea Sara cometeu suicídio. A irmã sofria de uma doença degenerativa ocular, mas mesmo assim não demonstrava que queria morrer. 

Não acreditando na história e também sofrendo da mesma doença da irmã, Julia tenta convencer o marido (Lluís Homar) a investigar o aparente suicídio. 

Mesmo sem o aval do marido, Julia vasculha a vida da irmã e passa a acreditar que ela fora assassinada por um desconhecido. Não demora para ela mesma acreditar que está sendo vigiada. 

Nos últimos anos, o cinema espanhol entregou alguns ótimos longas de suspense assinados por Oriol Paulo. Este que comento foi seu primeiro roteiro para o cinema, porém ficou um pouco abaixo dos trabalhos seguintes como “El Cuerpo” e “Contratiempo”. 

Mesmo com uma surpresa revelada na parte final, situação habitual em seus roteiros, o desenrolar da trama deixa um pouco a desejar, explorando um estilo de sustos e perseguições nas sombras que lembram os filmes B de suspense produzidos nos Estados Unidos. 

Deixando esta questão de lado e relevando alguns absurdos, o filme prende a atenção do espectador que gosta do gênero.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Green Book: O Guia

Green Book: O Guia (Green Book, EUA, 2018) – Nota 8
Direção – Peter Farrelly
Elenco – Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda Cardellini, Sebastian Maniscalco, Dimiter D. Marinov, Mike Hatton, Don Stark.

Nova York, 1962. Tony “Lip” Vallelonga (Viggo Mortensen) trabalha como chefe de segurança na famosa boate Copacabana. Quando o local fecha as portas por algum tempo para reforma, Tony recebe a proposta para trabalhar como motorista do famoso pianista Dr. Don Shirley (Mahershala Ali). 

O problema é que o músico fará uma turnê pelo sul dos EUA, local onde os negros ainda eram tratados com grande preconceito. Deixando de lado seus próprios preconceitos e precisando de dinheiro, Tony aceita a proposta para ser uma mistura de motorista e segurança. É o início de uma inusitada amizade. 

Especialista em comédias escrachadas, o diretor Peter Farrelly consegue de forma surpreendente achar o tom certo para contar esta história real sem abusar das piadas infames ou cair na armadilha do vitimismo tão comum na atualidade. 

O roteiro escrito pelo também cineasta Nick Vallelonga, filho do personagem real Tony Vallelonga, mostra que o preconceito existe em todas as classes sociais e etnias. O personagem vivido por Mahershala Ali é tratado com desprezo pelos negros que o vêem como alguém que quer ser branco e por outro lado os brancos aceitam o pianista apenas por causa de seu talento. 

O personagem bruto de Viggo Mortensen acaba se mostrando muito mais realista e humano do que parecia a princípio. O filme ganha pontos também por mostrar como a amizade derruba barreiras. 

O resultado é um sensível longa com uma abordagem sóbria para um tema extremamente complicado.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

O Ídolo

O Ídolo (Ya Tayr el Tayer, Palestina / Inglaterra / Qatar / Holanda / Egito / Emirados Árabes Unidos, 2015) – Nota 7
Direção – Hany Abu Assad
Elenco – Tawfeek Barhom, Qais Attalah, Hiba Attalah, Teya Hussein, Dima Awawdeh.

Faixa de Gaza, 2005. O garoto Mohammed Assaf (Qais Attalah), sua irmã Nour (Hiba Attalah) e mais dois amigos formam um banda que luta para conseguir instrumentos para tocar em pequenos eventos. Um triste acontecimento afasta Mohammed do sonho de se tornar cantor. 

A trama pula para 2012, quando Mohammed (agora vivido por Tawfeek Barhom) está trabalhando como motorista de táxi. Cansado da vida sem perspectivas, ele decide participar do famoso programa de tv "Arab Idol”. 

Além da dificuldade da disputa, sua luta começa para conseguir sair da região e chegar até o Cairo no Egito, local onde acontecerão as primeiras audições para o show. 

Baseado na história real do jovem palestino que conseguiu vencer o programa musical em 2013, este longa de Hany Abu Assad (do ótimo "Paradise Now" e do fraco “Depois Daquela Montanha”) apresenta erros e acertos. 

O diretor acerta na escolha do protagonista, que tem uma ótima voz e que lembra o verdadeiro Mohammed Assaf e também na primeira parte do longa que foca na infância do protagonista. As crianças tem um bom desempenho e a história apesar de triste mostra bem a realidade da vida na Faixa de Gaza. 

O filme perde alguns pontos na segunda parte ao exagerar algumas situações, como a forma utilizada pelo protagonista para conseguir participar da audição. 

É uma história de superação e talento nato, que entrega algumas cenas emocionantes.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Outside In & Conflitos em Família


Outside In (Outside In, EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Lynn Shelton
Elenco – Edie Falco, Jay Duplass, Kaitlyn Dever, Ben Schwartz, Charles Leggett, Eryn Rea.

Após cumprir uma pena de vinte anos na prisão, Chris (Jay Duplass) consegue a liberdade com ajuda de sua ex-professora Carol (Edie Falco). Ele volta para a pequena cidade onde vivia e tenta se reintegrar à sociedade.

A dificuldade em conseguir emprego e a paixão que ele sente por Carol são obstáculos a serem enfrentados. Enquanto isso, a própria Carol sofre com um casamento falido e com a difícil relação com a filha adolescente (Kaitlyn Dever).

Apesar do ritmo lento e da sensação de que pouca coisa acontece, o longa tem a seu favor a forma sensível como a diretora Lynn Shelton desenvolve a narrativa.

Esqueça os filmes em que ex-presidiários voltam ao crime, o foco aqui é mostrar as dificuldades que o protagonista tem em se readaptar a um mundo completamente diferente do que ele conhecia, além é claro do desafio em criar novas laços de amizade e reatar os antigos. O roteiro também oferece uma explicação para o crime que levou o protagonista para prisão.

É basicamente um filme independente indicado para quem gosta de dramas sobre relacionamento.

Conflitos em Família (Landline, EUA, 2017) – Nota 6
Direção – Gillian Robespierre
Elenco – Jenny Slate, Edie Falco, John Turturro, Abby Quinn, Jay Duplass, Finn Wittrock.

Manhattan, 1995. Dana (Jenny Slate) está noiva de Ben (Jay Duplass), porém fica dividida ao reencontrar um antigo amor da universidade (Finn Wittrock). Sua irmã adolescente Ali (Abby Quinn) está na fase de odiar os pais, usando drogas e transando para mostrar um rebeldia sem sentido. Os pais (Edie Falco e John Turturro) precisam lidar também com o desgaste do próprio casamento. 

A diretora Gillian Robespierre explora esta ciranda de crises de relacionamento de uma forma totalmente parcial. Enquanto a traição feminina é mostrada como um deslize de alguém numa fase complicada, a infidelidade masculina é tratada como algo imperdoável. Esta diferença de tratamento deixa o longa com cara de obra panfletária em prol do feminismo. 

O longa ganha alguns pontos pelas boas interpretações do elenco, com destaque para a espevitada e pouco conhecida Jenny Slate. 

O resultado é no máximo mediano.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Nancy

Nancy (Nancy, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Christina Choe
Elenco – Andrea Riseborough, Steve Buscemi, J. Cameron Smith, Ann Dowd, John Leguizamo.

Nancy Freeman (Andrea Riseborough) mora com a mãe (Ann Dowd) que sofre de Parkinson. O péssimo relacionamento com a velha senhora transformou Nancy em uma pessoa estranha, que mente para esconder seus problemas. 

Após ver uma reportagem na tv sobre um casal (J. Cameron Smith e Steve Buscemi) que teve a filha desaparecida sem pistas há trinta anos, Nancy passa a acreditar ser a garota que foi raptada quando tinha apenas cinco anos de idade. Ela procura o casal, que a princípio se divide. Enquanto a mãe acredita em Nancy, o pai fica cheio de dúvidas. 

Este drama de baixo orçamento escrito pela diretora estreante em longas Christina Choe explora personagens sofridos em situações extremas. O inimaginável sofrimento de não saber o paradeiro da filha faz com que os pais desconfiem de todos e também renovem as esperanças com cada nova pista que surja. 

O outro lado da moeda é a jovem complicada que usa esse desespero para tentar resolver seus próprios problemas emocionais e a falta de uma família estruturada. 

O roteiro não apresenta surpresas e o ritmo é lento. O que pode despertar o interesse do espectador é a relação que nasce entre a protagonista e o sofrido casal.

O resultado é um drama mediano.