quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Contos do Dia das Bruxas

Contos do Dia das Bruxas (Trick 'r Treat, EUA, 2007) – Nota 7
Direção – Michael Dougherty
Elenco – Dylan Baker, Anna Paquin, Brian Cox, Leslie Bibb, Jean Luc Bilodeau.

Na noite de Halloween, vários personagens se cruzam em pequenas histórias repletas de violência. 

Um casal é atacado ao voltar para casa. Um grupo de garotos segue para uma pedreira isolada onde ocorreu a morte de crianças em um acidente. O diretor da escola (Dylan Baker) revela sua verdadeira face. Uma jovem virgem (Anna Paquin) é encorajada pelas amigas para encontrar alguém. E por fim um sujeito solitário (Brian Cox) recebe uma surpreendente visita. 

Os destaques deste longa são a montagem criativa e a forma como o roteiro liga as histórias através de um inusitado personagem. As cenas de violência beiram o humor negro, assim como alguns diálogos bizarros. 

É um pequeno filme de terror que consegue explorar o batido tema do Halloween de forma criativa.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

6 Dias

6 Dias (6 Days, Inglaterra / Nova Zelândia, 2017) – Nota 6,5
Direção – Toa Fraser
Elenco – Jamie Bell, Mark Strong, Abbie Cornish, Martin Shaw.

Londres, abril de 1980. Um grupo de iranianos fortemente armados invade a embaixada do seu país tomando funcionários e visitantes como reféns. Eles exigem a liberação de companheiros presos no Irã por conta de serem opositores do regime do Aiatolá Khomeini. 

Durante seis dias, o negociador inglês Max Vernon (Mark Strong) tenta resolver a situação na base da conversa, enquanto um grupo de soldados de elite espera a ordem das autoridades para invadir o local. 

Baseado numa história real, este longa apresenta erros e acertos. O roteiro falha ao condensar os seis dias de tensão em apenas uma hora e meia, desenvolvendo mal os personagens dos terroristas e dando muita ênfase ao treinamento dos soldados ansiosos por entrar em ação. 

Por outro lado, as cenas de ação do clímax são bem filmadas e a escolha de intercalar cenas reais do ocorrido em 1980 com as sequências do filme também funcionam.

O sempre competente Mark Strong segura bem o papel do negociador, enquanto Jamie Bell se mostra canastrão como o jovem soldado que ganha a chance de liderar o grupo de elite na ação. A bela Abbie Cornish tem um pequeno destaque como a repórter que vê a chance de crescer na carreira através da tragédia. 

A história é mais interessante do que o filme, que resulta numa obra apenas razoável.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Victoria & Abdul, Inglaterra / EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Stephen Frears
Elenco – Judi Dench, Ali Fazal, Tim Pigott Smith, Eddie Izzard, Adeel Akhtar, Michael Gambon, Paul Higgins, Olivia Williams, Fenella Woolgar, Julian Wadham, Simon Callow.

Inglaterra, 1887. Ao comemorar os cinquenta anos de reinado, a rainha Victória (Judi Dench) recebe um presente da Índia, que era colônia inglesa na época. Por um determinado motivo, ela decide que os dois serviçais indianos que trouxeram o presente fiquem trabalhando para a corte. 

Enquanto Mohammed (Adeel Akhtar) deseja voltar para a Índia, o falante Abdul Karim (Ali Faizal) ganha a confiança da rainha através de histórias sobre seu país. Mesmo visto como desprezo pelos demais integrantes da corte, Abdul se torna um espécie de mentor da rainha. 

Apenas em 2010 foram descobertos os diários deixados pelo indiano Abdul Karim contando sua relação de amizade com a rainha Victória, fato que foi praticamente apagado pela família real inglesa após a morte da majestade. O filme é inspirado nesta história real. 

O ponto interessante do roteiro é mostrar a angústia da rainha vivida pela ótima Judi Dench, que mesmo rodeada de serviçais se sentia solitária e totalmente frustrada por ser obrigada a participar de cerimônias tediosas. 

O personagem de Ali Fazal termina por preencher este vazio na vida da rainha, falando sobre assuntos que despertam nela a curiosidade de aprender algo novo. Mesmo criando um laço de amizade verdadeiro, o indiano vê na situação a chance de ter uma boa vida e até mesmo conseguir um título real. 

Apesar de não ter surpresas, o filme prende a atenção através de uma agradável narrativa e das atuações de Judi Dench e do desconhecido Ali Fazal.

domingo, 28 de outubro de 2018

11 Minutos

11 Minutos (11 Minut, Polônia / Irlanda, 2015) – Nota 7
Direção – Jerzy Skolimowski
Elenco – Richard Dormer, Paulina Chapko, Wojciech Mecwaldowski, Andrzej Chyra, Dawid Ogrodnik.

Em Varsóvia na Polônia, várias pessoas que não se conhecem tem seus destinos cruzados. Um diretor de cinema, uma aspirante a atriz, seu marido ciumento, um vendedor de hot dog, um entregador drogado, um limpador de janelas, sua amante, uma jovem rebelde e um grupo de freiras enfrentarão o inesperado. 

O veterano ator, diretor e roteirista polonês Jerzy Skolimowski entrega um curioso longa que bebe na fonte de obras como “Magnólia” e “Crash”. O roteiro escrito por ele mesmo foca em apenas 11 minutos na vida dos personagens. 

A trama ocorre entre as 17:00 hs e as 17:11 hs, intercalando as várias pequenas histórias até o criativo e ao mesmo tempo bizarro clímax. A irregularidade da narrativa acaba compensada pela ótima sequência final e pela curta duração (em torno de uma hora e vinte minutos). 

É um filme que vale a sessão para quem tiver curiosidade por obras estranhas.

sábado, 27 de outubro de 2018

O Matador

O Matador (The Gunfighter, EUA, 1950) – Nota 7,5
Direção – Henry King
Elenco – Gregory Peck, Helen Westcott, Millard Mitchell, Jean Parker, Karl Marlden, Skip Homeier, Richard Jaeckel.

Jimmy Ringo (Gregory Peck) é considerado o gatilho mais rápido do oeste e por este motivo se tornou alvo de pistoleiros que desejam matá-lo para ficarem famosos. 

Desiludido com a fama, Ringo chega a uma pequena cidade com o objetivo de reencontrar a esposa (Helen Westcott) e o filho que ainda não conhece. 

Visto com medo por parte da população e como celebridade pelas crianças, Ringo precisa resolver rapidamente o assunto com a esposa, antes que três pistoleiros que o estão seguindo cheguem a cidade. 

Este western clássico resvala para o drama e ainda insere uma pitada de melancolia, mas sem deixar de lado os inevitáveis tiroteios. Mesmo sendo um fora da lei, o protagonista vivido por Gregory Peck é semelhante as pessoas que lutam para se tornarem celebridades e que depois sofrem por causa do assédio. 

O resultado é um western um pouco diferente que merece ser conhecido pelos fãs do gênero.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Bem-Vindo à Vida

Bem-Vindo à Vida (People Like Us, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Alex Kurtzman
Elenco – Chris Pine, Elizabeth Banks, Michael Hall D’Addario, Michelle Pfeiffer, Olivia Wilde, Mark Duplass, Philip Baker Hall.

Após o funeral do pai, com quem tinha uma relação um pouco distante, Sam (Chris Pine) recebe de um advogado uma pequena bolsa deixada pelo falecido. 

Dentro da  bolsa Sam encontra cento e cinquenta mil dólares e um bilhete do pai pedindo para entregar o dinheiro em um determinado endereço. Passando por um crise profissional e precisando de dinheiro, Sam fica dividido entre procurar a pessoa ou ficar com a grana. 

Curioso, ele descobre que o pai abandonou uma filha (Elizabeth Banks), que hoje é mãe de um garoto (Michael Hall D’Addario). Antes de dar o dinheiro, Sam decide se aproximar dos dois para tentar entender porque seu pai escondeu sua irmã, além de não ter coragem de contar a história para sua mãe (Michelle Pfeiffer). 

Este sensível drama foca em uma história não tão incomum, sobre o sujeito que tem duas famílias e esconde uma delas da “família oficial”. O roteiro foca nas consequências das atitudes do pai que afetaram diretamente os dois filhos que não se conheciam e também a esposa. 

O filme ganha pontos pela química entre elenco e as interpretações do quarteto principal.

O resultado é um drama sóbrio sobre segredos e mentiras.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A Era da Escuridão

A Era da Escuridão (Mil-Jeong, Coreia do Sul, 2016) – Nota 7
Direção – Jee Woon Kim
Elenco – Kang Ho Song, Yoo Gong, Byung Hun Lee, Ji Min Han, Tae Goo Eom.

Coreia, 1920. Com o país sob o domínio do Japão, os coreanos criam grupos de resistência contra a ocupação. Neste contexto, Lee Jung Chool (Kang Ho Song) é um ex-revolucionário que se tornou policial e que trabalha para os japoneses. 

Ele recebe a missão de investigar um grupo que pretende utilizar explosivos em um atentado. Dividido entre o dever de policial e a simpatia pelos rebeldes, Lee se torna um agente duplo que tenta agradar aos dois lados. Conforme o cerco aos rebeldes se fecha, vai chegando o momento em que Lee precisará decidir para qual lado lutar. 

O ponto alto deste longa sul-coreano é a ótima reconstituição de época, incluindo figurinos e cenários. A história explora os conflitos que foram consequência da ocupação japonesa na Coreia de 1910 a 1945. Apesar de interessante, o filme é um pouco irregular, principalmente por causa da longa duração (duas horas e vinte minutos). Diferente de outros longas sul-coreanos, aqui não são muitas as sequências de ação, tendo maior destaque as cenas de suspense dentro do trem. 

Não é um filme ruim, mas fica a sensação de que a história poderia render algo melhor.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Esqueça Paris & Só Você


Esqueça Paris (Forget Paris, EUA, 1995) – Nota 7
Direção – Billy Crystal
Elenco – Billy Crystal, Debra Winger, Joe Mantegna, Cynthia Stevenson, Richard Masur, Julie Kavner, John Spencer, Cathy Moriarty, William Hickey, Robert Constanzo, Tom Wright.

Andy (Joe Mantegna) e sua noiva Liz (Cynthia Stevenson) estão em um restaurante esperando alguns convidados para jantar quando ele decide contar para a noiva a história do amigo Mickey (Billy Crystal) que é árbitro de basquete e de sua esposa Ellen (Debra Winger). 

Enquanto outros casais vão chegando, em flahsback vemos os detalhes da relação de Mickey e Ellen durante quatro anos. Eles se conheceram quando Mickey foi para França enterrar o pai e iniciaram um romance complicado, enfrentando primeiro a distância, depois os percalços normais de um casal como discussões sobre trabalho, viagens e filhos. 

Este simpático longa foi o segundo trabalho na direção do ator e comediante Billy Crystal. Intercalando piadas inofensivas com discussões sobre relacionamento e coadjuvantes que servem como narradores da história, Crystal acertou a mão ao detalhar de forma leve e até sensível os problemas de um casamento.  

O “Esqueça Paris” do título se refere a paixão do início do relacionamento em que o casal passeava pela bela cidade, em contraste com a rotina e o desgaste do dia a dia da posterior vida a dois. 

Crystal está divertido como protagonista e tendo uma ótima química com a bela Debra Winger, um dos rostos mais bonitos do cinema nos anos oitenta e noventa. 

É um bom filme que vai além de uma comédia romântica.  

Só Você (Only You, EUA / Itália, 1994) – Nota 6,5
Direção – Norman Jewison
Elenco – Marisa Tomei, Robert Downey Jr, Bonnie Hunt, Joaquim de Almeida, Billy Zane, Fisher Stevens, John Benjamin Hickey, Siobhan Fallon Hogan.

Durante uma brincadeira com uma tábua ouija quando era criança, Faith (Marisa Tomei) foi “informada” por espíritos que se casaria com um sujeito chamado Damon Bradley. 

Muitos anos depois, com casamento marcado com um médico (John Benjamin Hickey), Faith descobre que seu noivo tem um conhecido chamado Damon Bradley que está viajando para Veneza. 

Acreditando no destino, Faith larga tudo e viaja atrás do sujeito. Na viagem, ela cruza o caminho de um galanteador (Robert Downey Jr), que complica ainda mais sua vida. 

Este longa explora uma história de desencontros amorosos indicada para os românticos. A busca pelo amor verdadeiro é o ponto principal do roteiro, que se aproveita das locações na Itália para aumentar o clima de romance. 

Está longe de ser um grande filme, mas cumpre seu papel o público específico.  

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Buscando...

Buscando... (Searching, EUA / Rússia, 2018) – Nota 8,5
Direção – Aneesh Chaganty
Elenco – John Cho, Debra Messing, Michelle La, Joseph Lee, Sara Sohn.

A jovem estudante Margot (Michelle La) desaparece após avisar o pai David (John Cho) de que iria passar a noite estudando com amigos. David aciona a polícia que envia a detetive Vick (Debra Messing) para investigar o caso. 

Em paralelo, David utiliza as redes sociais, os contatos por celular e todos os meios tecnológicos possíveis para encontrar pistas do que teria acontecido com sua filha. 

Alguns filmes são produzidos no momento histórico exato, se casando perfeitamente com a época. É o caso deste “Buscando...” que desenvolve uma história policial clássica sobre desaparecimento de adolescente utilizando aplicativos de informática como ferramentas de investigação. A própria filmagem é feita através de câmeras de computador, de celular ou de vigilância. 

Além deste acerto, o roteiro escrito pelo diretor estreante Aneesh Chaganti em parceria com Sev Ohanian amarra muito bem a trama através de pequenos detalhes, criando pistas falsas e levando até a reviravolta final. 

Vale destacar a atuação de John Cho, ator que nasceu na Coreia do Sul mas vive nos EUA desde criança e que tinha uma carreira voltada para a comédia. Desde que mudou o foco para outros gêneros, ele vem se destacando, como no recente drama “Columbus”

O resultado é um ótimo filme que mistura policial e suspense com uma roupagem extremamente atual.  

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O Tratamento

O Tratamento (De Behandeling, Bélgica, 2014) – Nota 8
Direção – Hans Herbots
Elenco – Geert Van Rampelberg, Ina Geerts, Johan van Assche, Laura Verlinden, Dominique Van Malder.

O policial Nick Cafmeyer (Geert Van Rampelberg) sofre pelo desaparecimento do irmão quando ainda era criança. Como o corpo do garoto nunca foi encontrado, o suspeito Ivan Plettinckx (Johan van Assche) vive tranquilamente e ainda envia cartas enigmáticas para Nick. 

Quando ocorre um terrível crime sexual na cidade envolvendo um casal e uma criança, Nick acredita que o novo criminoso tenha alguma ligação com Plettinckx e com uma possível rede de pedofilia. 

Esta produção belga é um daqueles filmes que incomodam bastante o espectador. A forma de agir do psicopata que ataca famílias é sinistra, assim como sua própria figura e a motivação dos crimes. O clima de tragédia que permeia toda a história é potencializado pelas locações na pequena cidade rodeada de bosques e com ruas vazias. O roteiro amarra muito bem a trama, inclusive entregando um final que foge do lugar comum. 

Para quem curte um suspense policial, este longa é uma bela opção.

domingo, 21 de outubro de 2018

Sicário: Dia do Soldado

Sicário: Dia do Soldado (Sicario: Day of the Soldado, EUA / México, 2018) – Nota 7,5
Direção – Stefano Sollima
Elenco – Benicio Del Toro, Josh Brolin, Isabela Moner, Jeffrey Donovan, Catherine Keener, Manuel Garcia Rulfo, Matthew Modine, Shea Whigham, Elijah Rodriguez, Bruno Bichir.

Um atentado suicida em um supermercado no Kansas está ligado a entrada de terroristas no país com ajuda de um cartel de traficantes mexicanos. Como retaliação, o governo americano convoca o agente da CIA Matt Graver (Josh Brolin) para iniciar uma guerra entre cartéis. 

Graver, seu parceiro Alejandro (Benicio Del Toro) e uma equipe de mercenários sequestram a filha adolescente (Isabela Moner) do chefão de um cartel, criando uma narrativa como se o crime tivesse sido cometido por um cartel rival. A situação sai do controle e os agentes precisam resolver o assunto sem envolver o governo americano. 

Nesta sequência do longa de 2015, o roteiro deixa de lado as aparências e vai direto ao serviço sujo que os agentes clandestinos da CIA se prestam a fazer. Enfrentar a violência sem limite dos cartéis que dominam as cidades na fronteira entre México e Estados Unidos levam os agentes a agirem da mesma forma. Não existem leis ou regras neste conflito. 

O diretor italiano Stefano Sollima, do ótimo “Suburra”, acerta no ritmo da narrativa, na forma como explora as várias sequências no deserto e na violência que permeia toda a história. A cena final ainda deixa um pequeno gancho para quem sabe uma nova sequência.

sábado, 20 de outubro de 2018

Batalha Incerta

Batalha Incerta (In Dubious Battle, EUA, 2016) – Nota 6,5
Direção – James Franco
Elenco – James Franco, Nat Wolff, Vincent D’Onofrio, Selena Gomez, Ahna O’Reilly, Analeigh Tipton, Robert Duvall, Ed Harris, John Savage, Sam Shepard, Josh Hutcherson, Jack Kehler, Scott Haze.

Em meados dos anos trinta, durante a chamada Depressão Americana, os ativistas Mac (James Franco) e Jim (Nat Wolff) se infiltram entre trabalhadores que colhem maçãs com objetivo de agitar uma greve. 

Os trabalhadores, incluindo crianças e idosos, são explorados pelo dono da fazenda (Robert Duvall) que oferece um dólar por dia, descontando ainda o valor de alimentação e moradia. Não demora para a greve explodir, criando um violento cabo de guerra entre empregados e os capangas do patrão. 

Baseado em um livro de John Steinbeck, que por sinal se inspirou nas disputas reais que ocorreram no país na época, este longa detalha como as lideranças dos dois lados dos conflitos defendiam seus interesses, enquantos os trabalhadores eram apenas massa de manobra. 

O ativista veterano e manipulador vivido por James Franco usa de todos os artifícios para colocar os trabalhadores ao seu lado, enquanto o novato interpretado por Nat Wolff aos poucos é dominado pelo “vírus” da ideologia acima das pessoas. É interessante que a forma como os trabalhadores são manipulados continua a mesma nos dias atuais. 

O filme não apresenta surpresas e ainda perde alguns pontos pela decisão do personagem de James Franco no final.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Jogada de Rei & Mentes Perigosas


Jogada de Rei (Life of a King, EUA, 2013) – Nota 7
Direção – Jake Goldberger
Elenco – Cuba Gooding Jr, Malcolm M. Mays, Richard T. Jones, LisaGay Hamilton, Paula Jai Parker, Dennis Haysbert, Derrick L. McMillon.

Após cumprir uma pena de dezessete anos, Eugene Brown (Cuba Gooding Jr) ganha a liberdade. Mesmo com dificuldade em conseguir emprego por ser um ex-detento, Eugene tem o objetivo de mudar de vida. Ao ser contratado como faxineiro de um colégio em um bairro pobre, ele termina se envolvendo com uma classe de alunos rebeldes. Através de aulas de xadrez, jogo que aprendeu com um colega de cadeia (Dennis Haysbert), Eugene decide criar um clube para ajudar os garotos a pensarem num futuro melhor.

Seguindo a linha de filmes sobre personagens que procuram redenção, este longa se baseia numa história real. O protagonista pode ser considerado uma exceção por conseguir refazer sua vida após ficar muitos anos preso. Ao invés do ódio contra o mundo, Eugene Brown cultivou a vontade de ajudar o próximo e de se reconciliar com a família.

O filme tem algumas sequências dramáticas que passam um pouco do ponto, mas que não atrapalham o resultado e nem a proposta de mostrar uma história de superação.

Mentes Perigosas (Dangerous Minds, EUA, 1995) – Nota 7
Direção – John N. Smith
Elenco – Michelle Pfeiffer, George Dzundza, Courtney B. Vance, Robin Bartlett, John Neville, Lorraine Toussaint, Renoly Santiago, Beatrice Winde, Wade Dominguez.

Após deixar as forças armadas, Louanne Johnson (Michelle Pfeiffer), inicia uma nova carreira como professora em uma escola pública em um bairro pobre de Los Angeles. A princípio ela tenta conseguir disciplina dos alunos utilizando os métodos que aprendeu no serviço militar, mas logo percebe que precisaria ser criativa para chamar a atenção daqueles jovens. Através de atividades incomuns como aulas de karatê e músicas como rap e hip hop, Louanne aos poucos tenta ajudar os alunos a encontrarem um caminho na vida. 

Baseado na história real de Louanne Johnson, que descreveu sua experiência em livro, este longa segue o caminho de obras que apresentam um professor como agente transformador na vida de jovens carentes. Apesar de lembrar longas como “O Preço do Desafio” e “Meu Mestre, Minha Vida”, aqui o diferencial está na marcante trilha sonora, que fez um enorme sucesso na época com a música “Gangsta's Paradise” do rapper Coolio. Vale citar ainda a força da interpretação de Michelle Pfeiffer, em seu maior sucesso como protagonista solo.  

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Um Laço de Amor

Um Laço de Amor (Gifted, EUA, 2017) – Nota 7,5
Direção – Marc Webb
Elenco – Chris Evans, McKenna Grace, Lindasy Duncan, Octavia Spencer, Jenny Slate, Glenn Plummer, John Finn, Elizabeth Marvel, John M. Jackson.

Após o suicídio da irmã, que era superdotada em matemática, Frank Adler (Chris Evans) criou sozinho a sobrinha Mary (McKenna Grace), que ainda era bebê. Aos sete anos de idade, Mary demonstra o mesmo talento da mãe para matemática. 

O fato desperta a atenção da avó Evelyn (Lindsay Duncan), que vê na neta a chance da família alcançar a fama que sua filha não conseguiu. É o início de uma batalha judicial pela guarda da menina. 

O roteiro é esquemático, mesmo com um pequena surpresa no final, o desenrolar da trama segue o estilo comum a este tipo de drama. O que eleva a qualidade é colocar em pauta a discussão sobre até que ponto vale a pena pressionar crianças a se dedicaram totalmente aos estudos, deixando a infância de lado. É uma tema extremamente atual. 

Todos conhecem pelo menos algum casal, pai ou mãe que paga uma fortuna em colégio particular e monta uma agenda de tarefas, cursos e estudos para seus filhos preencherem a semana, como se isso fosse garantia de sucesso na vida, esquecendo que a felicidade também está nas coisas pequenas e nas brincadeiras. 

É um filme que emociona em alguns momentos, mas que principalmente faz pensar sobre como criar uma criança.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Marshall: Igualdade e Justiça

Marshall: Igualdade e Justiça (Marshall, EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Reginald Hudlin
Elenco – Chadwick Boseman, Josh Gad, Kate Hudson, Sterling K. Brown, Dan Stevens, James Cromwell, Keesha Sharp, Roger Guenveur Smith, John Magaro, Ahna O’Reilly, Derrick Baskin, Barrett Doss.

Bridgeport, Connecticut, 1940. O motorista negro Joseph Spell (Sterling K. Brown) é acusado de estuprar e tentar matar a esposa de seu patrão, a bela Eleanor Strubing (Kate Hudson). 

Para defendê-lo, a associação dos direitos dos negros envia o advogado Thurgood Marshall (Chadwick Boseman), que por ser de outra cidade, é autorizado apenas a ser assistente de outro advogado, o judeu Sam Friedman (Josh Gad), que a princípio não quer aceitar o caso, mas aos poucos se envolve totalmente na defesa de Spell. 

Baseado numa história real, este longa foca no processo que fez o advogado Thurgood Marshall ficar famoso. Nos anos sessenta, Marshall se tornaria o primeiro juiz negro da Suprema Corte Americana. O ponto principal do roteiro é o racismo que na época dividia o país, anos antes de entrar em vigor os chamados Direitos Civis. 

Apesar de alguns momentos mais tensos e de discussões fortes sobre preconceito, o filme é didático. Mesmo para quem não conhece a história, não é difícil entender o que realmente ocorreu na noite do crime, fato que vem à tona na parte final do julgamento.

É um filme competente, porém longe de ser marcante.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Covil de Ladrões

Covil de Ladrões (Den of Thieves, EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – Christian Gudegast
Elenco – Gerard Butler, Pablo Schreiber, O’Shea Jackson Jr., Curtis “50 Cent” Jackson, Meadow Williams, Maurice Compte, Brian Van Holt, Evan Jones, Mo McRae, Kaiwi Lyman, Dawn Olivieri, Eric Braeden, Jordan Bridges, Cooper Andrews, Oleg Taktarov.

Big Nick O’Brien (Gerard Butler) é o policial responsável pela equipe de “Grandes Crimes” da polícia de Los Angeles. Ray Merrimen (Pablo Schreiber) é o líder de uma quadrilha especializada em assaltar bancos. 

Entre os dois está o motorista de fuga Donnie (O’Shea Jackson Jr.), que trabalha para Merrimen e está sendo pressionado por Big Nick para entregar qual seria o alvo do próximo assalto do bando. Enquanto Big Nick tenta descobrir o alvo, Merrimen prepara sua equipe para um ousado assalto ao banco da Reserva Federal. 

O clássico jogo de gato e rato entre policiais e bandidos é o ponto principal deste competente longa. Mesmo em lados opostos da lei, o modus operandi dos dois grupos é semelhante. Os policiais seguem suas próprias regras, não muito diferente dos bandidos. 

As sequências de suspense e ação são muito bem filmadas, repletas de tensão e violência, como manda o manual dos bons filmes policiais. O roteiro amarra bem a história e ainda guarda uma surpreendente reviravolta para o final. 

É uma ótima opção para quem gosta do gênero. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Depois Daquela Montanha

Depois Daquela Montanha (The Mountain Between Us, EUA, 2017) – Nota 6
Direção – Hany Abu Assad
Elenco – Idris Elba, Kate Winslet, Beau Bridges, Dermot Mulroney.

Alguns dias antes do ano novo. A jornalista Alex Martin (Kate Winslet) e o cirurgião Ben Bass (Idris Elba) ficam presos no aeroporto de Idaho por causa do mal tempo. Ela tem seu casamento marcado para o dia seguinte, enquanto ele precisa operar um garoto. 

A pressa faz com que a dupla alugue um monomotor pilotado por um veterano (Beau Bridges) que costuma levar seu cão nas viagens. Durante o voo sobre as montanhas, o sujeito tem um ataque e perde o controle do avião. Ele morre, enquanto Alex e Ben sobrevivem junto com  cachorro. É o início de uma luta pela sobrevivência. 

Baseado em um best seller, este longa sofre com o problema comum a muitas adaptações deste tipo de livro: exagerar na dose de melodrama ou romance para fisgar um determinado público. O ponto principal da luta do casal para se manter vivo, se alimentar e por final atravessar as montanhas geladas a pé tem um pouco de exagero, porém suportável, inclusive pela simpática presença do cachorro. 

Quando o romance se torna o ponto principal, o filme desanda. As pequenas discussões sobre relacionamento que ocorrem na primeira metade são um prévia para o romance “proibido” que leva o casal às lágrimas no final. É um daqueles filmes que parecem perfeitos, onde tudo se encaixa, mas que num olhar mais crítico se mostra vazio e esquemático.

domingo, 14 de outubro de 2018

Radius

Radius (Radius, Canadá, 2017) – Nota 7
Direção – Caroline Labreche & Steeve Leonard
Elenco – Diego Klatenhoff, Charlotte Sullivan, Brett Donahue.

Um sujeito (Diego Klatenhoff) acorda na beira de uma estrada sem lembrar o próprio nome. Ao mexer em seus documentos, ele descobre se chamar Liam e percebe que sofreu um acidente de automóvel. 

Ao voltar para o endereço que consta em seus documentos em busca de pistas, Liam encontra uma garota (Charlotte Sullivan) que também sofre de amnésia. 

Para deixar a situação ainda mais estranha, cada vez que Liam se afasta da garota e chega perto de outra pessoa, esta morre de forma instantânea. Os dois desconhecidos precisam descobrir o que aconteceu e o que fazer para resolver a situação. 

Esta produção canadense de baixo orçamento começa deixando a impressão de que seria mais um filme sobre apocalipse, porém o desenrolar da trama segue o caminho de uma ficção em que as respostas estão nos próprios protagonistas. 

O desespero do protagonista ao descobrir que se tornou uma ‘arma de matar” resulta em algumas boas cenas de suspense. O criativo roteiro leva ainda a história a uma sinistra reviravolta no final. 

É uma boa surpresa para quem gosta de ficção B. 

sábado, 13 de outubro de 2018

Os Fugitivos

Os Fugitivos (Lonely Hearts, Alemanha / EUA, 2006) – Nota 6,5
Direção – Todd Robinson
Elenco – John Travolta, James Gandolfini, Jared Leto, Salma Hayek, Scott Caan, Laura Dern, John Doman, Michael Gaston, Dan Byrd, Alice Krige, Dagmara Dominczyk.

Final dos anos quarenta. Ray Martin (Jared Leto) e Martha Beck (Salma Hayek) são golpistas que se apaixonam e passam a atuar juntos. 

Utilizando anúncios de mulheres solitárias em revistas, eles conseguem se aproximar das vítimas para tomar suas economias antes de matá-las. 

Os detetives Elmer Robinson (John Travolta), que sofre pelo suicídio da esposa e Charles Hilderbrandt (James Gandolfini) seguem as pistas deixadas pelo casal de assassinos. 

Baseado numa história real, este longa tem erros e acertos. Os pontos positivos estão na ótima reconstituição de época e nas sinistras interpretações de Jared Leto e Salma Hayek. O casal está assustador, alternando momentos de paixão e loucura. 

Por outro lado, a narrativa irregular deixa a desejar. O ritmo pausado passa a impressão de que a história nunca vai engatar. Praticamente não temos cenas de ação e nem de suspense. As de violência são rápidas e bizarras. 

É um filme que detalha uma história forte, mas que poderia ser desenvolvido de uma forma bem melhor.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Um Dia Para Viver

Um Dia Para Viver (24 Hours to Live, África do Sul / China / EUA, 2017) – Nota 6
Direção – Brian Smrz
Elenco – Ethan Hawke, Qing Xu, Paul Anderson, Rutger Hauer, Liam Cunningham, Tyrone Keone, Nathalie Bolt.

Travis Conrad (Ethan Hawke) é um assassino profissional que vive com o sogro (Rutger Hauer) e passa os dias enchendo a cara para esquecer a trágica morte da esposa e do filho. 

O antigo empregador oferece uma fortuna para Travis cumprir uma última missão. Eliminar um sujeito que está sob proteção da Interpol. O inevitável confronto com os policiais, principalmente com uma agente chinesa (Qinq Xu), termina com uma surpresa desagradável para Travis. A partir deste ponto, o roteiro apela para o exagero incluindo uma solução absurda com cara de ficção B. 

O diretor Brian Smrz é especialista em cenas de ação, sua escolha para a direção geral aqui deixa claro que o objetivo dos produtores era um filme com foco total na ação e para ser lançado direto no mercado de vídeo. 

O filme funciona nas cenas de ação e prende a atenção do espectador que deixar de lado qualquer tentativa de encontrar realidade na trama, além de não se importar com os clichês. A sequência final dentro da sede da empresa é totalmente inspirada nos filmes do gênero produzidos nos anos oitenta. 

É basicamente um filme de ação absurdo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Desconhecida

Desconhecida (Complete Unknown, EUA, 2016) – Nota 6,5
Direção – Joshua Marston
Elenco – Rachel Weisz, Michael Shannon, Michael Chernus, Azita Ghanizada, Omar Metwally, Kathy Bates, Danny Glover, Frank de Julio, Condola Rashad, Chris Lowell.

Tom (Michael Shannon) precisa decidir entre participar de um projeto em seu trabalho ou uma mudança de cidade com a esposa Ramina (Azita Ghanizada) que iniciará um negócio. 

No dia de seu aniversário, Tom se surpreende ao ver seu parceiro de trabalho Clyde (Michael Chernus) chegar para a festa acompanhado da bela Alice (Rachel Weisz), que diz ser a pesquisadora que estará ajudando a dupla no projeto. Fica claro que Tom conhece Alice de algum lugar. Aos poucos, o espectador descobrirá qual a ligação entre eles. 

Os primeiros quarenta minutos do filme são instigantes ao explorar o incômodo enfrentado pelo personagem de Michael Shannon e suas reações perante ao inesperado problema. Conforme as perguntas vão sendo respondidas, a narrativa segue para um drama sobre relacionamentos, incluindo alguns diálogos filosofais sobre decisões de vida. 

Algumas situações do roteiro são um pouco exageradas, principalmente a forma de vida da personagem de Rachel Weisz, que fica sem explicação de como ela conseguiu fazer tantas coisas diferentes. A sequência na residência do casal de idosos vividos por Danny Glover e Kathy Bates é outra situação um pouco estranha. 

Apesar da crítica ter detonado o filme, considero uma obra mediana, com algumas ideias criativas e outras nem tanto.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Small Town Crime

Small Town Crime (Small Town Crime, EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Eshom & Ian Nelms
Elenco – John Hawkes, Anthony Anderson, Octavia Spencer, Robert Forster, Cliffton Collins Jr, Michael Vartan, Jeremy Ratchford, James Lafferty, Don Harvey, Daniel Sunjata, Stephanie Scott, Caity Lotz, Dale Dickey.

Mike Kendall (John Hawkes) é um ex-policial alcoólatra que ainda sonha em voltar ao antigo posto. 

Ao encontrar uma garota atropelada na beira da estrada e levá-la para o hospital, Mike decide investigar o caso, mesmo sendo avisado por seus antigos colegas de polícia para se afastar. 

Se passando por detetive particular, Mike se aproxima de familiares da garota e descobre que ela estava envolvida em uma perigosa rede de prostituição. 

Este despretensioso longa policial explora elementos comuns aos filmes do gênero dos anos setenta, atualizando a roupagem. O protagonista é o anti-herói alcoólatra que carrega culpa por um enorme erro do passado e que tenta se redimir, mesmo que muitas vezes tomando decisões erradas que afetam as pessoas ao redor, como por exemplo seu cunhado vivido por Anthony Anderson. 

O sempre coadjuvante John Hawkes tem aqui um raro papel de protagonista e acaba se saindo muito bem. A escolha de entregar uma narrativa cínica em vários momentos também é outro ponto que lembra os policiais dos anos setenta. As cenas de violência com perseguições e tiroteios são bem filmadas e sem exageros. 

Considero o filme uma agradável surpresa, indicada para quem curte o gênero.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Soundtrack

Soundtrack (Soundtrack, Brasil, 2017) – Nota 7
Direção – Bernardo Dutra & Manitou Felipe
Elenco – Selton Mello, Ralph Ineson, Seu Jorge, Thomas Chaanhing, Lukas Loughran.

Cris (Selton Mello) é um artista que trabalha em um projeto que mistura música e fotografia. Ele consegue permissão para viajar para uma estação de pesquisa na gelada Islândia. 

Ao chegar na isolada região, Cris é recebido por quatro cientistas que trabalham em projetos individuais e que a princípio olham com desprezo para seu trabalho. 

O inglês Mark (Ralph Ineson) se torna uma espécie de padrinho que tenta explicar como funcionam as coisas no local. Além do difícil relacionamento com pessoas muito diferentes, Cris precisa enfrentar ainda seus problemas emocionais. 

Não é um filme simples para qualquer público, mas também a trama está longe de ser complexa. O diferencial está na narrativa que foca principalmente no desenvolvimento dos personagens excêntricos que desenvolvem trabalhos extremamente específicos, além de inserir pitadas de filosofia através de diálogos que tentam dar alguma profundidade ao porquê de alguém passar meses em uma região inóspita por causa de um projeto. 

O grande destaque é a parte técnica. Em momento algum é possível perceber que todas as cenas foram filmadas em um estúdio no Rio de Janeiro. De forma perfeita, o espectador se vê em meio ao gelo, a neve e ao frio. 

É um filme que vale a pena ser visto por quem gosta de obras que fogem do lugar comum.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Golden Exits

Golden Exits (Golden Exits, EUA, 2017) – Nota 6
Direção – Alex Ross Perry
Elenco – Emily Browning, Adam Horovitz, Mary Louise Parker, Lily Rabe, Jason Schwartzman, Chloe Sevigny, Analeigh Tipton, Craig Butta.

A jovem australiana Naomi (Emily Browning) consegue um emprego temporário em Nova York antes de voltar para casa. Ela começa a trabalhar como assistente de Nick (Adam Horovitz), que é um espécie de arquivista que está catalogando uma série de documentos deixados pelo sogro. 

Ao mesmo tempo, Naomi reencontra Buddy (Jason Schwartzman), que é um parente distante que ela conviveu quando tinha cinco anos de idade. A rápida passagem da garota pela vida dos sujeitos abala seus relacionamentos com as esposas (respectivamente Chloe Sevigny e Analeigh Tipton) e no caso de Nick, também com sua cunhada arrogante (Mary Louise Parker). 

O roteiro escrito pelo diretor Alex Ross Perry foca nas dificuldades dos relacionamentos atuais e nas consequentes frustrações dos envolvidos. Quando algo novo entra nas vidas destas pessoas, no caso do filme sendo a jovem australiana, as pessoas reagem de forma egoísta. Enquanto os homens são atraídos pela beleza da garota, as esposas se sentem ameaçadas ou com inveja da juventude da aparente rival.

É uma pena que está ciranda de emoções seja explorada através de uma narrativa fria e de um roteiro que parece não chegar a lugar algum. 

domingo, 7 de outubro de 2018

O Que Fazer? & Volta Por Cima


O Que Fazer? (The Angriest Man in Brooklyn, EUA, 2014) – Nota 6
Direção – Phil Alden Robinson
Elenco – Robin Williams, Mila Kunis, Peter Dinklage, Melissa Leo, Hamish Linklater, Sutton Foster, James Earl Jones, Richard Kind, Jerry Adler, Bob Dishy, Lee Garlington.

Henry Altman (Robin Williams) é um sujeito extremamente estressado que passa por uma crise familiar. A jovem médica Sharon Gill (Mila Kunis) também não suporta mais a pressão em seu trabalho. Uma simples consulta se transforma numa enorme discussão após Sharon informar que Henry tem um aneurisma cerebral.

Durante o bate boca, Sharon diz para Henry que ele tem apenas noventa minutos de vida. O insano sujeito sai do hospital com o objetivo de resolver as pendências familiares antes de morrer.

A bizarra história funciona durante dois terços do filme, enquanto o protagonista tenta se reconciliar com esposa (Melissa Leo), filho (Hamish Linklater) e tenta encontrar alguns amigos pela última vez. Em paralelo, a médica roda pela cidade procurando o paciente para tentar consertar seu erro.

A narrativa explora bem o lado maluco do protagonista em situações que variam entre engraçadas e patéticas. Infelizmente a parte final apela para o exagero na cena da ponte e segue para o melodrama na sequência final.

Este filme foi lançado praticamente na mesma época do suicídio de Robin Williams, que aqui interpreta um personagem totalmente perturbado, provavelmente com semelhanças com sua vida real.

Volta Por Cima (Living Out Loud, EUA, 1998) – Nota 6,5
Direção – Richard LaGravenese
Elenco – Holly Hunter, Danny DeVito, Queen Latifah, Martin Donovan, Elias Koteas, Richard Schiff, Eddie Cibrian.

Após dezesseis anos de casamento, a enfermeira Judith (Holly Hunter) é trocada pelo marido (Martin Donovan) por uma jovem médica. Antes de casar, Judith abandonou a universidade de medicina para apoiar o então noivo. 

Desiludida com a vida, Judith tenta se reerguer com ajuda de uma nova amiga, a cantora Liz (Queen Latifah). Aos poucos, Judith começa a mudar suas atitudes e de forma inesperada se sente atraída por Pat (Danny DeVito), que é o ascensorista do prédio de luxo onde ela mora. Pat também enfrenta diversos problemas. 

O ponto principal deste melancólico drama é o inusitado relacionamento entre personagens tão diferentes em vários aspectos que terminam descobrindo algo em comum. Holly Hunter e Danny DeVito defendem bem seus papéis, porém a história não chega a decolar. A narrativa fria acaba fazendo o espectador não se envolver com a trama. É um filme mediano e esquecível.

sábado, 6 de outubro de 2018

Ventos da Liberdade

Ventos da Liberdade (The Wind That Shakes the Barley, Irlanda / Inglaterra / Alemanha / Itália / França / Bélgica / Suíça / Holanda, 2006) – Nota 7,5
Direção – Ken Loach
Elenco – Cillian Murphy, Padraic Delaney, Liam Cunningham, Orla Fitzgerald.

Interior da Irlanda, 1920. Um grupo de irlandeses defensores da separação do país em relação a Inglaterra luta contra soldados ingleses que patrulham a região e humilham os moradores locais. 

Enquanto estes jovens morrem e também matam em busca da independência, os líderes do IRA (Exército Republicano Irlandês) negociam um acordo com o governo inglês. 

Por mais que o diretor inglês Ken Loach flerte com o socialismo em seus filmes, não se pode deixar de elogiar seu talento para contar histórias fortes sobre temas universais. 

A proposta aqui é mostrar como o que seria o final da guerra entre irlandeses e ingleses se tornou um conflito ainda maior quando o acordo assinado desagradou metade dos irlandeses, dando início a uma disputa entre separatistas e unionistas. 

É interessante citar que Loach mostra aqui os excessos e absurdos dos dois lados do conflito. O ódio dos ingleses que consideravam os irlandeses inferiores e também a forma como os separatistas respondiam com violência e até mesmo assassinavam amigos que de alguma forma fossem considerados traidores. 

É um filme forte sobre como o ódio transforma o ser humano em um animal irracional.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Bordertown

Bordertown (Sorjonen, Finlândia / França, 2016)
Direção – Jyri Kahonen, Miikko Oikkonen & Juuso Syrja
Elenco – Ville Virtanen, Matleena Kuusniemi, Anu Sinisalo, Lenita Susi, Kristiina Halttu, Olivia Ainali, Ilkka Villi, Janne Virtanen.

Kari Sorjonen (Ville Virtanen) é um policial finlandês que troca o trabalho na capital Helsinque para a pequena Lappeenranta que fica na divisa com a Rússia. 

Sorjonen deseja ter mais tempo para ficar com a esposa Pauliina (Matleena Kuusniemi) que se recupera de um tumor no cérebro e dar mais atenção para sua jovem filha Janina (Olivia Ainali). 

Não demora para ele perceber que encontrará os mesmos problemas da cidade grande. Assassinatos em série, tráfico de mulheres, prostituição e corrupção são os desafios a serem enfrentados. 

A série recicla os clichês do gênero de forma interessante. O protagonista é um policial especialista em resolver enigmas e totalmente incapaz de se relacionar socialmente, em certos momentos deixando a impressão de ter algum grau de autismo. O personagem funciona por causa da ótima interpretação de Ville Virtanen, por sinal o melhor do elenco. 

Outro ponto em que os roteiristas tentaram fugir do lugar comum foi a questão de criar pequenas histórias. Apesar dos problemas pessoais dos personagens se desenvolverem durante os onze episódios, as tramas policiais são fechadas em dois ou três. Esta escolha deixa a série mais dinâmica, não dando tempo para episódios aleatórios. 

A série tem falhas, principalmente nas fracas cenas de ação e também na solução de algumas tramas que parecem um pouco apressadas. Mesmo assim é uma série bem interessante para quem curte o gênero. Ela está na Netflix e a segunda temporada será lançada agora em outubro.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Em Busca da Justiça

Em Busca da Justiça (Jane Got a Gun, EUA, 2015) – Nota 6
Direção – Gavin O’Connor
Elenco – Natalie Portman, Joel Edgerton, Ewan McGregor, Noah Emmerich, Boyd Holbrook, Rodrigo Santoro.

Após tomar vários tiros nas costas e matar quatro bandidos que eram seus antigos parceiros de crime, Bill (Noah Emmerich) ainda consegue voltar para seu rancho. 

Sua esposa Jane (Natalie Portman) tenta cuidar do marido ferido, mas sabe que precisará de ajuda quando o resto do bando chegar no rancho em busca de Bill. 

Ela procura seu ex-noivo Dan Frost (Joel Edgerton), que a princípio não aceita ajudá-la, mas que logo é vencido pelo sentimento do passado. Juntos, eles precisam enfrentar o bando de Bishop (Ewan McGregor). 

Este western deixa a desejar em vários aspectos. Por mais que Natalie Portman seja ótima atriz, fica difícil vê-la como rancheira que utiliza uma espingarda para se defender. A narrativa é extremamente irregular nos arrastados flashbacks que explicam porque Dan e Jane se separaram. 

E na minha opinião o maior erro está em filmar o tiroteio do clímax durante a noite, com cenas muitas escuras que fogem completamente do que um western pede. Tiroteios em clássicos do gênero foram filmados durante o dia e quase sempre com o sol a pino. Gosto de westerns, mas este fica abaixo do esperado. 

O diretor Gavin O’Connor já entregou filmes bem melhores como “Guerreiro” e “O Contador”.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Te Peguei!

Te Peguei! (Tag, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Jeff Tomsic
Elenco – Ed Helms, Jon Hamm, Jeremy Renner, Jake Johnson, Isla Fisher, Annabelle Wallis, Hannibal Buress, Steve Berg, Leslie Bibb, Rashida Jones.

Quatro amigos de meia-idade (Ed Helms, Jon Hamm, Jake Johnson e Hannibal Buress) cultivam uma brincadeira infantil que os mantém em contato desde a infância. 

A brincadeira chamada “Tag” consiste em “marcar” o amigo com um tapa e este sendo obrigado a marcar outro amigo, passando adiante a responsabilidade. 

Quando eles descobrem que um quinto amigo que nunca foi marcado (Jeremy Renner) está para casar, o grupo atravessa o país para conseguir o feito que perseguem desde que eram crianças. 

Por incrível que pareça, este longa é inspirado numa história real que ficou conhecida por uma reportagem do New York Times. Na vida real, um grupo maior de amigos faz esta brincadeira há mais de vinte e cinco anos, com os participantes chegando a viajar e se disfarçar para marcar algum colega. 

O filme mudou um pouco o foco criando o personagem invencível de Jeremy Renner, quase um ninja que consegue escapar dos amigos sempre de alguma forma bizarra.

Algumas sequências de humor físico são engraçadas, assim como é marcante a esposa maluca de Ed Helms vivida por Isla Fischer, mas no geral é uma comédia ao estilo sessão da tarde apenas razoável. 

terça-feira, 2 de outubro de 2018

O Conto

O Conto (The Tale, EUA / Alemanha, 2018) – Nota 7,5
Direção – Jennifer Fox
Elenco – Laura Dern, Elizabeth Debicki, Jason Ritter, Ellen Burstyn, Isabelle Nélisse, Frances Conroy, John Heard, Common.

Com mais de quarenta anos de idade, a documentarista Jennifer (Laura Dern) recebe uma ligação de sua mãe Nettie (Ellen Burstyn) dizendo que encontrou uma carta escrita por ela quando tinha apenas treze anos. 

Ao ler a carta escrita por si mesma há mais de trinta anos, Jennifer reaviva memórias de um verão em que passou vários dias na fazenda de Mrs. G (Elizabeth Debicki), onde teve aulas de equitação com o hoje famoso treinador Bill (Jason Ritter). Aos poucos, Jennifer percebe que suas lembranças não batem com a realidade e que ela pode ter sido vítima de abuso na época. 

A documentarista Jennifer Fox levou às telas sua própria história de vida na pré-adolescência que ficou enterrada no fundo da memória por décadas. Ela consegue mostrar sensibilidade para expor seus traumas, ao mesmo tempo em que cria cenas de uma crueldade disfarçada de carinho que somente a mente perversa de um ser humano doente é capaz de praticar. 

A interpretação da garota Isabelle Nélisse como a Jennifer pré-adolescente é tão forte e marcante quanto a da Laura Dern na vida adulta. Enquanto a primeira tenta mostrar maturidade para enfrentar uma terrível situação, a segunda sofre com a insegurança que é consequência de suas lembranças reprimidas. 

É um filme bom e corajoso, que incomoda e até revolta o espectador em algumas sequências.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Northfork

Northfork (Northfork, EUA, 2003) – Nota 6,5
Direção – Michael Polish
Elenco – James Woods, Nick Nolte, Duel Farnes, Daryl Hannah, Mark Polish, Graham Beckel, Peter Coyote, Jon Gries, Rick Overton, Ben Foster, Anthony Edwards, Robin Sachs, Marshall Bell, Kyle MacLachlan, Michelle Hicks, Claire Forlani, Clark Gregg.

Northfork, Montana, 1955. A pequena e isolada cidade está prestes a ser inundada em consequência da construção de uma barragem. 

Uma equipe de agentes contratados pela construtora trabalham para convencer os moradores a deixarem suas casas. Estes agentes precisam atingir uma meta para receberem como prêmio um lote de terras. 

Em paralelo, um padre (Nick Nolte) que administra o orfanato local, recebe de volta um garoto (Duel Farnes) que está doente e que foi renegado por seus pais adotivos. Uma terceira trama foca no sonhos do garoto doente, que imagina ser uma criança especial que é esperada por um estranho grupo de pessoas. 

O roteiro escrito pelos irmãos gêmeos Michael e Mark Polish lembra um pouco o estilo maluco de David Lynch. Muitas situações são estranhas, principalmente as sequências dos sonhos e a da casa que lembra a Arca de Noé, enquanto outras não tem uma explicação, ficando a cargo do espectador refletir sobre o que acabou de ver. 

Em momento algum vemos o sol, a fotografia explora o tempo nublado quase sem vida, semelhante a cidade que está prestes a morrer. 

O filme foi premiado no festival de Sundance na época, porém a carreira dos irmãos Polish jamais decolou. Eles continuam produzindo longas até hoje sem grande sucesso.