Capitalismo: Uma História de Amor (Capitalism: A Love Story, EUA, 2009) – Nota 8
Direção – Michael Moore
Documentário
Desta vez o premiado e polêmico documentarista Michael Moore volta suas armas para o capitalismo e acerta em cheio ao mostrar como este sistema vendido pelos governantes como símbolo da democracia é na verdade um jogo de cartas marcadas, onde um número ínfimo de pessoas domina 99% da riqueza mundial.
Moore volta pelo menos cinqüenta anos na história, quando o governo americano usava uma propaganda massificada para vender o capitalismo, dizendo que a livre iniciativa e a concorrência eram o melhor caminho para ganhar a vida e que todos poderiam usufruir de parte do bolo da riqueza. Como Moore explica, na época a Europa e o Japão estavam devastados após a Segunda Guerra e os EUA era a única potência inteira, com suas indústrias produzindo a todo vapor e exportando para o mundo inteiro.
A situação se modifica quando o ex-ator e candidato republicano Ronald Reagan assume a presidência em 1980 e tem a seu lado como conselheiro um sujeito que era presidente da Merryl Lynch, uma das maiores corporações financeiras do mundo à época. Para a elite que chegava ao poder, os novos tempos deveriam priorizar o mercado financeiro, o que aos poucos se mostrou uma tragédia para a classe média trabalhadora.
Enquanto países como Alemanha e Japão se levantavam e suas indústrias cresciam, as corporações americanas perdiam força e como conseqüência milhares de trabalhadores eram demitidos, algumas quebraram e outras com o apoio de lobbistas (em sua maioria políticos) conseguiram aportes financeiros do próprio governo para se manter.
O documentário mostra ainda as conseqüências da chamada “Bolha Imobiliária”, onde bancos e financeiras com a ajuda de nomes famosos do mercado financeiro, como o ex-presidente do Banco Federal Americano Alan Greenspan, fizeram a cabeça de grande parte da população, que para conseguir crédito hipotecou seus imóveis para pagamento em dez, vinte anos tendo de pagar um valor alto de juros. Quando a crise financeira estourou e o desemprego bateu a porta de muita gente, a inadimplência explodiu e os bancos começaram a retomar imóveis e colocar famílias inteiras na rua.
Fica clara a triste semelhança com a realidade brasileira, que infelizmente nos anos sessenta quando os militares tomaram o poder (com apoio do governo americano), resolveram seguir o modelo econômico americano e hoje vemos que nos dois países a distância entre trabalhadores e a classe alta é imensa, com os mesmos problemas de corrupção nos governos, as empresas multinacionais agindo como fossem donas do país e o total descaso com população.
Para finalizar, um detalhe terrível, numa das sequências Michael Moore mostra uma prática comum em diversas corporações, que fazem um seguro de vida sobre os funcionários e lucram no caso de morte, um absurdo sem comentários.
4 comentários:
Ví e gostei bastante a combinação perfeita é assistir ele logo em seguida pegar o Trabalho Interno que é bem mais profundo e acho que até melhor construído. Esta naquela lista de filmes a serem analisados no Cinema Detalhado...em breve sairá uma crítica dele.
Assisti, mas admito que é bem aquém do seu realizador. Moore conseguem fazer muito melhor. Mesmo assim, funciona. Foi apenas decepcionante. Abraços.
O filme funciona mais como um alerta e uma crítica ao capitalismo. O Michael Moore até disse algures que a era irónico porque foram algumas das entidades que ele critica no filme que o financiaram. Mesmo assim escolheram financia-lo porque lhes traria lucro. Exemplo perfeito do capitalismo.
Numa toada mais educativa também saiu à pouco tempo o "Inside Job", que é muito bom.
Cumps
Baú-dos Livros
A todos - Valeu pela dica, vou procurar este "Trabalho Interno" para conferir.
Abraço
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