sábado, 30 de abril de 2016

Ladrões

Ladrões (Takers, EUA, 2010) – Nota 6,5
Direção – John Luessenhop
Elenco – Matt Dillon, Idris Elba, Paul Walker, Hayden Christensen, Jay Hernandez, Michael Ealy, Chris Brown, Tip T.I. Harris, Steve Harris, Johnathon Schaech, Marianne Jean Baptiste, Glynn Turman, Nicholas Turturro, Zoe Saldana.

Após cometer uma grande assalto a banco, a quadrilha de ladrões liderada por Gordon (Idris Elba) e composta por John (Paul Walker), A.J. (Hayden Christensen) e os irmãos Jesse e Jake (Chris Brown e Michael Ealy) se prepara para aproveitar o dinheiro. 

O grupo tem como regra cometer um grande assalto por ano e depois se afastar do crime, deixando as pistas esfriarem, porém quando o ex-companheiro T.I. (Tip T.I. Harris) sai da cadeia e reaparece com uma proposta para um roubo milionário, a ganância fala mais alto. Em paralelo, uma dupla de policiais (Matt Dillon e Jay Hernandez) investigam o assalto ao banco. 

Típico filme policial hollywoodiano, com uma trama razoavelmente bem amarrada, uma narrativa agitada e boas cenas de ação, inclusive com uma ótima perseguição ao estilo parkour com o ator Chris Brown pulando muros, grades e janelas. 

O filme perde pontos pelo furos no roteiro, com muitas situações sendo mascaradas pela ritmo acelerado. Espere também as cenas de tiroteio em câmera lenta, algumas sequências emotivas fajutas e o excesso de cortes lembrando o estilo de Michael Bay. 

É uma diversão passageira, daquelas em que o espectador não precisa pensar.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Clip

Clip (Klip, Sérvia, 2012) – Nota 7
Direção – Maja Milos
Elenco – Isidora Simijonovic, Vukasin Jasnic, Sanja Mikitisin, Jovo Maksic.

Em uma cidade do interior da Sérvia, Jasna (Isidora Simijonovic) é uma adolescente rebelde que odeia a mãe, ignora o pai doente e a irmã pequena. Sua vida se resume a festas, bebidas, drogas e sexo. Apaixonada por um violento jovem (Vukasin Jasnic), Jasna se entrega a relação como se fosse um brinquedo sexual. 

A Sérvia é um país marcado por muitos como o grande vilão da sangrenta Guerra dos Balcãs que esfacelou a antiga Iugoslávia no início dos anos noventa. De lá saíram as milícias que atacavam principalmente bósnios e croatas. 

Esta marca de país violento se reflete no seu cinema, mesmo deixando de lado o exagerado e sanguinário “A Serbian Film”. Outros longas como “Skinning” e “Parada” focam no ódio racial e no preconceito que se disseminou no país durante a guerra. Neste “Clip”, o foco é a juventude atual, que em parte carrega os traços da violência pós-guerra, misturados com as loucuras dos adolescentes. 

A personagem principal é o exagero em pessoa. Seu ódio pela família é demonstrado através da violência nas palavras que dirige para mãe, ao mesmo tempo em que aceita ser “vítima” dos jogos sexuais do garoto, inclusive filmando os atos, sendo alguns de sexo oral explícito. 

A escolha ousada da diretora Maja Milos lembra os filmes do americano Larry Clark (“Kids”, Bully” e “Ken Park”), com o detalhe de que as cenas de sexo se casam perfeitamente com a vida louca da protagonista. 

É um filme forte, que não tem medo de mostrar o lado B da vida adolescente. 

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Atraídos Pelo Crime

Atraídos Pelo Crime (Brooklyn’s Finest, EUA, 2009) – Nota 7,5
Direção – Antoine Fuqua
Elenco – Richard Gere, Don Cheadle, Ethan Hawke, Wesley Snipes, Will Patton, Michael Kenneth Williams, Bryan F. O’Byrne, Lili Taylor, Shannon Kane, Ellen Barkin, Logan Marshall Green, Vincent D’Onofrio.

Três policiais que trabalham na violenta periferia do Brooklyn em Nova York enfrentam sérios problemas relacionados a profissão. 

Eddie (Richard Gere) é um policial de uniforme que está prestes a se aposentar. Desiludido com o trabalho e com a vida pessoal, Eddie conta as horas para encerrar a carreira. 

Tango (Don Cheadle) está infiltrado na gangue de traficantes comandada por Caz (Wesley Snipes), mas deseja voltar à vida normal sem prejudicar o sujeito que se tornou seu amigo. 

O terceiro policial é o detetive Sal (Ethan Hawke), que está desesperado para conseguir dinheiro para comprar uma nova casa e assim melhorar a vida da esposa (Lili Taylor) que está grávida de gêmeos e de seus outros cinco filhos. 

A vida de policiais em Nova York beirando a marginalidade é um verdadeiro clichê cinematográfico, porém quando bem explorado pode resultar em um bom filme, como neste caso. 

O diretor Antoine Fuqua (do ótimo “Dia de Treinamento”) consegue acertar o tom nas três narrativas, incluindo em algumas sequências importantes intercalando três ações paralelas, até chegar ao clímax cruzando a vida dos personagens. 

O roteiro de Michael C. Martin aborda situações que aumentam a pressão nas vidas dos policiais e que em algum momento faz com que eles sejam obrigados a tomar decisões extremas. 

O elenco recheado de astros segura muito bem seus papéis. 

O resultado é um competente filme policial.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Sem Ar

Sem Ar (Air, EUA, 2015) – Nota 6
Direção – Christian Cantamessa
Elenco – Norman Reedus, Djimon Hounsou, Sandrine Holt.

Após o holocausto nuclear, restaram alguns abrigos subterrâneos onde pessoas com conhecimentos específicos foram mantidas vivas numa espécie de hibernação, com o objetivo reerguer a civilização na Terra assim que o ar voltar a se tornar respirável. 

Para manter um destes abrigos funcionando, dois técnicos, Bauer (Norman Reedus) e Cartwright (Djimon Hounsou) acordam a cada seis meses para fazer a manutenção dos equipamentos. Após o trabalho, eles voltam a hibernar. Em uma destas manutenções, ocorre um problema com o equipamento. Ao tentar resolver a situação, eles descobrem que a realidade é ainda mais complicada do que parece. 

Bancado por Robert Kirkman e David Alpert, produtores de “The Walking Dead” e protagonizado por Norman Reedus, o “Daryl” do mesmo seriado, este longa de ficção tem um premissa interessante, mesmo não apresentando novidades. 

O roteiro foca basicamente na relação entre os dois protagonistas e na busca pela sobrevivência em um mundo que aparentemente não tem futuro. 

Os computadores e o maquinário do abrigo lembram aparelhos dos anos setenta e oitenta, deixando indefinido qual seria a época em que ocorreu a catástrofe. 

É um filme simples, que prende a atenção de quem gosta do tema e nada mais.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Locke

Locke (Locke, Inglaterra / EUA, 2013) – Nota 7
Direção – Steven Knight
Elenco – Tom Hardy, Olivia Colman, Ruth Wilson, Andrew Scott, Ben Daniels.

Após um dia normal de trabalho, o engenheiro de obras Ivan Locke (Tom Hardy) toma uma decisão radical. Ele resolve viajar de carro de sua cidade Birmingham até Londres. Durante a viagem, Locke conversará pelo telefone do carro com sua esposa, os filhos, com seu braço-direito no trabalho, com o diretor da empresa e com uma personagem que o espera em Londres. 

O diretor Steven Knight (do razoável “Redenção” com Jason Statham) consegue prender a atenção do espectador durante quase uma hora e meia tendo apenas o ator Tom Hardy em cena dirigindo seu carro na estrada. Os demais personagens conversam com o protagonista apenas por telefone, todos sofrendo consequências pela atitude do sujeito. 

O interessante é que o dilema enfrentado pelo protagonista é consequência de um erro, aparentemente o único passo em falso que cometeu na vida, porém a forma que ele encontra para resolver a situação é discutível, deixando a questão: É melhor mentir para manter a vida perfeita ou contar a verdade para ter a consciência limpa tendo de arcar com as consequências? 

É um longa que faz pensar, indicado para o cinéfilo que gosta de tramas com enfoque original. 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Sr. Holmes

Sr. Holmes (Mr. Holmes, Inglaterra / EUA / Japão, 2015) – Nota 7,5
Direção – Bill Condon
Elenco – Ian McKellen, Laura Linney, Milo Parker, Hiroyuki Sanada, Hattie Morahan, Patrick Kennedy, Roger Allam.

Com mais de noventa anos de idade, o aposentado detetive Sherlock Holmes (Ian McKellen) vive em uma casa numa vila do litoral inglês, tendo apenas a companhia de uma governanta (Laura Linney) que tem uma filho pré-adolescente chamado Roger (Milo Parker). 

Sofrendo com os problemas da idade, principalmente com falhas na memória, Holmes tenta relembrar os detalhes de seu último caso, para entender porque abandonou a carreira. 

O diretor Bill Condon e o astro Ian McKellen repetem aqui a parceria do ótimo “Deuses e Monstros” que eles fizeram em 1998. Os dois longas tem algumas semelhanças, principalmente ao mostrar o final da vida de personagens que foram famosos, além do relacionamento do protagonista com a governanta e o flerte com a juventude perdida. 

Neste longa, a narrativa se divide em três pontos. A primeira segue a velhice de Holmes (no caso, meados dos anos setenta) e sua luta contra as dificuldades da perda de memória. A segunda narrativa volta alguns meses e descreve a viagem que Holmes fez ao Japão à procura de uma erva que ajudaria no seu problema de memória. A terceira trama se passa em 1947 e em flashbacks desvenda o fatídico caso que marcou a vida do detetive, envolvendo um casal em crise. 

Depois de encher o bolso dirigindo dois filmes da saga ”Crespúsculo”, Bill Condon decidiu investir em um tema muito mais interessante, entregando uma sensível obra valorizada pela marcante interpretação de Ian McKellen e pela ótima reconstituição de época, inclusive nas cenas no Japão.  

domingo, 24 de abril de 2016

Trocando os Pés

Trocando os Pés (The Cobbler, EUA, 2014) – Nota 5,5
Direção – Tom McCarthy
Elenco – Adam Sandler, Cliff “Method Man” Smith, Steve Buscemi, Melonie Diaz, Dustin Hoffman, Ellen Barkin, Lynn Cohen, Yul Vazquez, Fritz Weaver.

Max Simkin (Adam Sandler) é o dono de uma antiga sapataria em Nova York. O estabelecimento pertence a família de Max há quatro gerações. Mesmo assim, Max é um sujeito solitário e desiludido com a vida, que cuida da velha mãe (Lynn Cohen). 

Quando um bandido (Cliff “Method Man” Smith) deixa os sapatos em sua loja para trocar o solado, Max precisa utilizar uma velha máquina que está no subsolo. Após recuperar o calçado, Max decide experimentá-lo e para sua surpresa, descobre que a máquina transformou os sapatos em algo especial, que pode mudar sua vida. 

É difícil acreditar que Tom McCarthy, o mesmo diretor e roteirista do vencedor dos Oscar “Spotlight”,  seja o responsável por este filme maluco com uma história absurda e um final totalmente bobo. 

Antes de assistir, eu imaginava um drama com pitadas de comédia baseadas em uma família judia, mas para minha surpresa, logo surgiu a história dos “sapatos mágicos”. 

A primeira parte quando o personagem de Sandler tenta usufruir das vantagens do poder da máquina e consequentemente dos sapatos é até interessante, porém tudo desaba quando o roteiro insere a questão da especulação imobiliária e uma trama policial sem pé nem cabeça. 

As comédias idiotas com Sandler eu já desisti há bastante tempo, mas aqui esperava algo mais. Considero Adam Sandler até um ator razoável, porém suas escolhas de papéis são quase sempre ruins. 

sábado, 23 de abril de 2016

O Céu de Outubro

O Céu de Outubro (October Sky, EUA, 1999) – Nota 8
Direção – Joe Johnston
Elenco – Jake Gyllenhaal, Chris Cooper, Laura Dern, Chris Owen, William Lee Scott, Chad Lindberg, Natalie Canerday, Elya Baskin, Chris Ellis, Scott Thomas, Randy Stripling.

Em outubro de 1957, a União Soviética lançou o foguete Sputnik, o primeiro satélite artificial criado na Terra. O fato despertou a inveja do governo americano, que a partir daí transformou em prioridade o seu programa espacial. 

O Sputnik também fascinou o adolescente Homer Hickam (Jack Gillenhaal), que vivia em uma pequena cidade onde o ocupação principal era a exploração de uma mina de carvão. Contrariando seu pai (Chris Cooper), que era supervisor da mina e que desejava ver o filho seguindo sua mesma carreira, Homer se juntou a três amigos e apoiados por uma professora (Laura Dern) decidiram criar um foguete para disputar a Feira de Ciências Estadual e assim tentar conseguir uma bolsa de estudos de uma universidade. 

Baseado numa inusitada história real, este longa é uma daquelas obras que se tornam exemplos de luta por um sonho. Longe de ser fantasioso, o roteiro é sóbrio ao descrever a dificuldade dos garotos em montar o foguete, além dos problemas pessoais de cada um, que a princípio estavam fadados a desperdiçar a vida dentro de uma insalubre mina de carvão. 

O filme ganha pontos nos créditos finais, quando vemos imagens reais dos jovens durante a época em que criaram o foguete. 

É um filme quase esquecido que merece ser relembrado ou descoberto. 

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Purple Rain

Purple Rain (Purple Rain, EUA, 1984) – Nota 6
Direção – Albert Magnoli
Elenco – Prince, Apollonia Kotero, Morris Day, Clarence Williams III, Olga Karlatos.

Excêntrico, avesso a entrevistas e considerado uma pessoa difícil. Em contrapartida, músico brilhante que tocava vários instrumentos, ótimo cantor e um ícone dos anos oitenta. O cantor Prince deixou um importante legado na música, principalmente o disco “Purple Rain”, que fez um enorme sucesso e rendeu o filme semi-autobiográfico, que também se transformou em sucesso nos cinemas. 

A trama não tem surpresas, ela aborda a vida do cantor chamado Kid (Prince), que junto de sua banda Revolution, tenta fazer carreira se apresentando num clube noturno de Minneapolis. O roteiro foca na disputa com uma banda rival chamada “Time”, com os problemas pessoais, principalmente os conflitos com o violento pai alcoólatra (Clarence Williams III) e o relacionamento com uma jovem cantora (Apollonia Kotero) que também deseja fazer sucesso. 

É um filme totalmente datado, com o figurino exagerado dos anos oitenta e a estética dos videoclipes, influenciada pelo grande sucesso na época da MTV americana. 

Uma curiosidade. O filme e o disco foram produzidos pela Warner, que fez uma ação de marketing unificando os dois segmentos, fazendo com que os fãs do cantor fossem ao cinema e também os cinéfilos comprassem o disco, que tinha várias de suas faixas tocadas no longa. 

A Warner repetiu esta estratégia cinco anos depois no lançamento de “Batman” de Tim Burton, com o mesmo Prince lançando um disco que seria a trilha sonora do filme em paralelo ao tema criado por Danny Elfman. O sucesso de Batman filme e trilha sonora foi um marco na história do marketing no cinema, rendendo uma fortuna aos envolvidos.     

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Evolução

Evolução (Evolution, EUA, 2001) – Nota 6
Direção – Ivan Reitman
Elenco – David Duchovny, Orlando Jones, Seann William Scott, Julianne Moore, Ted Levine, Dan Aykroyd, Ethan Supplee, Michael Bower, Ty Burrell, Dan Aykroyd.

Um meteoro cai no deserto do Arizona e libera micro-organismos que transformam insetos e pequenos animais em perigosos mutantes. A mutação é descoberta por dois professores (David Duchovny e Orlando Jones). 

Quando o exército entra em cena para “cuidar” do problema, a dupla de professores se une a uma cientista (Julianne Moore), um aspirante a bombeiro (Seann William Scott), além de dois irmãos malucos (Ethan Supplee e Michael Bower) para também tentar deter os invasores. 

O roteiro desta comédia de poucas risadas mistura a trama de “Homens de Preto” com um grupo de personagens engraçadinhos semelhantes ao trio de “Os Caça-Fantasmas”, que por sinal foi dirigido pelo mesmo Ivan Reitman. 

Reitman nunca foi um grande diretor, apesar do sucesso de filmes como o citado “Os Caça-Fantasmas”, “Irmãos Gêmeos” e “Júnior”, seu estilo segue a cartilha de Hollywood. 

Neste longa, o ponto principal são os efeitos especiais que resultam em criaturas estranhas e cenas de ação barulhentas. Infelizmente os diálogos são fracos, nem mesmo um bom comediante como Orlando Jones e um ruim como Sean Williann Scott conseguem fazer rir. 

Na época, David Duchovny tentava emplacar a carreira de astro no cinema no rastro do sucesso de “Arquivo X”, mas acabou falhando e continuou na tv. 

É curioso ver a ótima Julianne Moore num papel leve, diferente das personagens que está acostumada a interpretar.

Finalizando, o comediante Dan Aykroyd, um dos astros de "Os Caça-Fantasmas", faz um ponta como o governador.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Anjos de Cara Suja & Scarface - A Vergonha de uma Nação


Anjos de Cara Suja (Angels With Dirty Faces, EUA, 1938) – Nota 8
Direção – Michael Curtiz
Elenco – James Cagney, Pat O’Brien, Humphrey Bogart, Ann Sheridan, George Bancroft.

Em um violento bairro de Nova York, Rocky Sullivan (James Cagney) é um gângster admirado pelas crianças, enquanto o Padre Jerry (Pat O’Brien) faz de tudo para manter os garotos longe da vida de crimes. Os dois eram amigos de infância, mas seguiram caminhos diferentes quando adultos. Quando o Padre Jerry convence Rocky a não matar um inimigo e assim não se mostrar um péssimo exemplo para as crianças, o fato desencadeia duras consequências na vida do gângster. 

Esqueça a Manhattan moderna, aqui vemos uma Nova York pobre, com bairros violentos tomados por bandidos e imigrantes. Neste contexto, o diretor Michael Curtiz explora um tema comum as periferias do Brasil atual, onde os bandidos são vistos com glamour por parte da população influenciando crianças e adolescentes. Do outro lado, a Igreja tentando fazer um trabalho social para salvar as crianças do mundo do crime. 

Os diálogos entre os personagens de James Cagney e Pat O’Brien são tão fortes como as cenas de violência, inclusive o famoso clímax. 

O papel de gângster neste filme marcou a carreira de James Cagney, que se especializou em personagens durões. 

Vale destacar ainda a participação de Humphrey Bogart como um bandido rival de Cagney.  

Scarface – A Vergonha de uma Nação (Scarface, EUA, 1932) – Nota 8
Direção – Howard Hawks
Elenco – Paul Muni, Ann Dvorak, Karen Morley, Osgood Perkins, C. Henry Gordon, George Raft, Boris Karloff.

Toni “Scarface” Camonte (Paul Muni) é um bandido ambicioso que não mede atitudes para chegar ao topo do mundo do crime na Chicago dos anos trinta. Ele assassina um rival para ganhar pontos com o chefão da organização,  porém seu objetivo também é tomar o comando. Ao mesmo tempo, Toni sente ciúmes da irmã (Ann Dvorak) que se está envolvida com outro bandido (George Raft). 

Inspirado na carreira de Al Capone, este longa dirigido pelo grande Howard Hawks criou um estilo para os filmes de gângsteres que é explorado até hoje. A ambição pelo poder, a violência, a corrupção e as traições são pontos que se tornaram obrigatórios nos filmes do gênero. 

É interessante destacar a violência acima do padrão normal dos filmes da época, além da caracterização que marcou a carreira do então astro Paul Muni. 

A refilmagem comandada por Brian De Palma cinquenta anos depois também é um grande filme, com a diferença de que a violência é levada as últimas consequências e o personagem de Al Pacino sendo quase um psicopata.  

terça-feira, 19 de abril de 2016

O Sistema

O Sistema (The East, EUA / Inglaterra, 2013) – Nota 6,5
Direção – Zal Batmanglij
Elenco – Brit Marling, Alexander Skarsgard, Ellen Page, Toby Kebbell, Shiloh Fernandez, Patricia Clarkson, Jason Ritter, Julia Ormond, Jamey Sheridan.

Jane (Brit Marling) é uma jovem que consegue emprego em uma grande empresa especializada em segurança corporativa. O primeiro trabalho de Jane é se infiltrar numa organização ecoterrorista denominada “The East”. 

Após rodar por algumas cidades como sem fosse uma jovem sem rumo, sempre se aproximando de outros jovens com o mesmo perfil, Jane cruza o caminho de Luca (Shiloh Fernandez), que se torna seu cartão de acesso a organização. 

Após ganhar a confiança do líder do grupo (Alexander Skargarsd) e dos outros integrantes, entre eles o médico Doc (Toby Kebbell) e a desconfiada Izzy (Ellen Page), Jane passa a fazer jogo duplo, ajudando os novos companheiros, ao mesmo tempo em que envia informações para sua chefe na empresa (Patricia Clarkson). 

A premissa do roteiro escrito em parceria pelo diretor Zal Batmanglij e a atriz Brit Marling é extremamente atual. Existem grupos que utilizam táticas de guerrilha para difundir suas ideias de protesto contra as grandes corporações, ao mesmo tempo em que empresas privadas de segurança crescem prestando os mais variados serviços, não se importando quem são seus clientes, apenas esperando receber uma bolada pelo contrato. 

Infelizmente o desenrolar da trama fica abaixo da premissa, um pouco pela narrativa irregular e muito pela ingenuidade do clímax. Além de explorar o clichê do infiltrado que cria laços afetivos com os investigados, a reviravolta final é voltada para agradar ao público politicamente correto. 

Outro ponto estranho, são as sequências em que o grupo de jovens se diverte, que são inspiradas claramente nas seitas que eram muito comuns nos anos setenta e que parecem destoar da proposta inicial do filme.  

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Teia de Mentiras

Teia de Mentiras (The Trials of Cate McCall, EUA, 2013) – Nota 5
Direção – Karen Moncrieff
Elenco – Kate Beckinsale, Nick Nolte, James Cromwell, Mark Pellegrino, Anna Schafer, David Lyons, Ava Kolker, Clancy Brown, Jay Thomas, Dale Dickey, Brendan Sexton III, Isaiah Washington, Kathy Baker.

O problema com a bebida levou a advogada Cate McCall (Kate Beckinsale) a um colapso, resultando na perda do emprego e no final do casamento, com o marido ficando com a guarda da filha pequena. 

A chance de voltar para a vida normal surge com um trabalho para defender uma jovem (Anna Schafer) que foi condenada a prisão perpétua por um assassinato e que alega ser inocente. Cate acredita na garota e decide revisar o processo, descobrindo negligências da polícia. Ao mesmo tempo, ela luta nos tribunais pela guarda da filha. 

Este drama é um amontoado de clichês, com reviravoltas previsíveis, personagens mal desenvolvidos e uma narrativa que parece disputar uma maratona, de tão rápido que o roteiro passa por um grande número de situações em menos de uma hora e meia de duração. Fica até difícil comentar algo mais sobre a trama. 

Resumindo, o filme tem cara de piloto de seriado de tv vagabundo.   

sábado, 16 de abril de 2016

Truman

Truman (Truman, Espanha / Argentina, 2015) – Nota 8
Direção – Cesc Gay
Elenco – Ricardo Darin, Javier Camara, Dolores Fonzi.

O espanhol Tomás (Javier Camara) deixa a família no Canadá onde vive, para visitar em Madrid seu grande amigo Julian (Ricardo Darin), um ator argentino que luta contra um câncer. Um dos motivos da visita é o pedido de Paula (Dolores Fonzi), que é prima de Julian, para Tomás tentar mudar a ideia do amigo de desistir do tratamento contra a doença. 

Nos quatro dias em que Tomás fica na cidade ao lado do amigo, Julian decide colocar sua vida em ordem antes de morrer, inclusive procurando um novo lar para seu cachorro Truman. 

Não sou fã de filmes sobre doenças, pois geralmente as tramas se transformam em melodrama, forçando o espectador a se emocionar. O grande acerto desta obra é o roteiro escrito pelo diretor Cesc Gay em parceria com Tomas Aragay, que ao invés de procurar a emoção fácil, prefere explorar de forma sóbria uma situação triste, criando um personagem que enfrenta a iminente morte como algo natural. 

Os momentos de emoção são sensíveis, sem exageros, como o reencontro de Julian com o filho e as cenas que envolvem o cão Truman. É interessante também a reação das pessoas em relação a como conversar com alguém que está na situação do protagonista. As vezes o gesto mais humano vem de alguém que menos se espera, enquanto outras pessoas mais próximas se mostram insensíveis. 

Vale destacar a ótima química entre Ricardo Darin e Javier Camara. Darin é o bom vivant, que aproveitou a vida ao máximo, enquanto Camara é o sujeito discreto, que prefere ouvir do que falar. 

É um ótimo drama que faz o espectador pensar sobre a finitude da vida.  

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Pequenos Acidentes

Pequenos Acidentes (Little Accidents, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Sara Colangelo
Elenco – Elizabeth Banks, Boy Holbrook, Jacob Lofland, Josh Lucas, James DeForest Parker, Chloe Sevigny, Alexia Rasmussen, Travis Tope.

Em uma pequena comunidade em West Virginia, um acidente em uma mina de carvão mata dez trabalhadores. O único sobrevivente é Amos (Boyd Holbrook), que após ficar vários meses em coma, tenta retomar a vida enfrentando sequelas em um braço e uma perna, além de ser pressionado por seus ex-companheiros, assim como pelas famílias das vítimas. Todos querem que o depoimento de Amos sobre o acidente seja a seu favor. 

A tragédia gera duas outras consequências. O garoto Owen (Jacob Lofland), que é filho de um dos mineiros mortos, é responsável por outro acidente e sofre ao tentar manter segredo. O terceiro elo é o casal Bill (Josh Lucas) e Diana (Elizabeth Banks), que passa por uma crise no casamento que aumenta por causa do trabalho de Bill como supervisor da mina e também em consequência de um problema com o filho (Travis Tope). 

O roteiro escrito pela diretora Sara Colangelo tem como ponto principal mostrar que toda tragédia gera consequências para várias pessoas, não apenas as vítimas, mas também para seus familiares e para terceiros que acabam afetados de forma indireta. Quando isto ocorre em uma comunidade pequena, as consequências são ainda maiores, pois de uma forma ou de outra, a maioria dos moradores estão ligadas. 

Em sua visão de mundo, a diretora entende que cada pessoa defende seu lado, mesmo a compaixão que existe por um sobrevivente como o personagem de Amos, acaba deixada de lado quando outros personagens acreditam que o rapaz possa atrapalhar a vida na cidade se contar a verdade. 

O filme perde pontos pela lentidão da narrativa em alguns momentos, mas não deixa de ser uma história interessante que prende a atenção, daquelas que focam em personagens bem próximos da realidade que precisam enfrentar dilemas pesados.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

007 Contra Spectre

007 Contra Spectre (Spectre, Inglaterra / EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Sam Mendes
Elenco – Daniel Craig, Christoph Waltz, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Monica Bellucci, Ben Whishaw, Naomie Harris, Dave Bautista, Andrew Scott, Rory Kinnear, Jesper Christensen.

Na sequência inicial, James Bond (Daniel Craig) está no México em plena festa do “Dia dos Mortos” seguindo a pista da organização que planejou o atentado à sede do serviço secreto inglês em Londres e que causou a morte de M (Judi Dench). 

Mesmo pressionado pelo novo M (Ralph Fiennes), que está enfrentando uma batalha contra um burocrata (Andrew Scott) que deseja acabar com os agentes 00, Bond decide seguir sozinho na investigação, que passará pela Itália, Áustria e Marrocos até retornar para Londres. 

Após Daniel Craig revigorar o personagem no ótimo “Cassino Royale” , a série teve uma pequena queda com “Quantum of Solace”, mas voltou aos trilhos com “Operação Skyfall”. Para manter a qualidade, os produtores novamente deixaram o comando da série nas mãos do diretor Sam Mendes, responsável por “Operação Skyfall”, porém o resultado ficou abaixo do esperado. 

A trama segue o estilo dos filmes clássicos de Bond, passando por vários países e amarrando a história com os três longas anteriores, como se fosse o fechamento de uma quadrilogia. 

As cenas de ação continuam legais, mas infelizmente os coadjuvantes são mal explorados, com exceção do engraçado Ben Whishaw, que faz o jovem Q. Ralph Fiennes pouco ajuda na trama, a bela Monica Bellucci passa rápido pela tela e pela cama de Bond, enquanto Christoph Waltz repete o papel de vilão cínico, tipo de personagem que está se tornando especialista. 

Sou fã da série e considero que Daniel Craig ainda tem espaço para continuar interpretando o personagem, porém a franquia precisa outra vez de algo novo. Vamos esperar a criatividade dos roteiristas para o próximo longa.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

O Sinal - Frequência do Medo

O Sinal – Frequência do Medo (The Signal, EUA, 2014) – Nota 5,5
Direção – William Eubank
Elenco – Brenton Thwaites, Olivia Cooke, Beau Knapp, Laurence Fishburne, Lin Shaye.

Nic (Brenton Thwaites) é um jovem que sofre de uma doença neurológica que o obriga a utilizar muletas. Junto com o amigo Jonah (Beau Knapp), ele viaja de carro para levar sua namorada Haley (Olivia Cooke) para Califórnia, onde ela ficará durante um ano. 

Na mesma viagem, Nic e Jonah decidem procurar um hacker que estava enviando mensagens estranhas e que já havia invadido o sistema da universidade onde eles estudam. Ao chegar no local onde deveria estar o sujeito, uma casa no meio do deserto de Nevada, o trio é surpreendido por uma estranha força sobrenatural. 

A trama com estilo de filme B de ficção é interessante até o momento citado, a partir daí, a história muda o foco, a princípio deixando a impressão de ser uma conspiração e guardando uma surpresa sem grande impacto para o final. 

Infelizmente esta segunda parte é arrastada, com o diretor abusando dos flashbacks para confundir o espectador e criando duas péssimas cenas de ação utilizando câmera lenta. Nem mesmo a participação de um enigmático Laurence Fishburne nesta segunda parte da trama ajuda a melhorar o nível. 

Ao final da sessão fica claro que a premissa tinha certo potencial, porém acabou totalmente desperdiçada. 

terça-feira, 12 de abril de 2016

Um Dia Perfeito

Um Dia Perfeito (A Perfect Day, Espanha, 2015) – Nota 7,5
Direção – Fernando Leon de Aranoa
Elenco – Benicio Del Toro, Tim Robbins, Olga Kurylenko, Mélanie Thierry, Fedja Stukim, Eldar Residovic, Sergi Lopez.

Em uma região isolada dos Balcãs em 1995, um grupo de trabalhadores de uma ONG internacional auxilia pessoas que tentam voltar à vida normal após alguns anos de guerra civil. 

A missão do dia é resgatar o corpo de um homem que fora assassinado e jogado dentro de um poço que abastece a região. O problema é que eles precisam de uma corda para puxar o corpo. O que aparentemente seria algo simples, conseguir uma corda se torna uma missão quase impossível. 

Por mais absurda que pareça a premissa, este longa é um competente relato sobre as consequências da Guerra dos Balcãs para a população da antiga Iugoslávia e como os voluntários das organizações internacionais foram obrigados a enfrentar a desconfiança das pessoas locais e a burocracia da ONU. Esqueça também o título que lembra uma comédia romântica, na verdade o “dia perfeito” é uma grande ironia. 

O roteiro escrito por Diego Farias em parceria com o diretor Fernando Leon de Aranoa consegue dosar o drama da situação com diálogos bem humorados, principalmente os que saem da boca do personagem de Tim Robbins e assim entregar um filme leve, mesmo com um tema complicado. 

O grupo de voluntários é completado pelo líder experiente vivido por Benicio Del Toro, a novata interpretada por Mélanie Thierry, a consultora da ONU de Olga Kurylenko e o tradutor local de Fedja Stukim. 

O roteiro explora também o ódio entre as etnias, as milícias que continuaram agindo mesmo com o final da guerra e os aproveitadores que buscavam lucrar com a tragédia. 

O diretor espanhol Fernando Leon de Aranoa é especialista em filmes realistas abordando temas atuais. Seu trabalho mais interessante é o drama sobre o desemprego na Espanha chamado “Segunda-Feira ao Sol” que é protagonizado por Javier Bardem.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

007 - Operação Skyfall

007 – Operação Skyfall (Skyfall, Inglaterra / EUA, 2012) – Nota 8
Direção – Sam Mendes
Elenco – Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Bérénice Lim Marlohe, Albert Finney, Ben Whishaw, Rory Kinnear, Ola Rapace.

Na Turquia, durante uma missão para recuperar uma valiosa lista com os nomes dos agentes secretos infiltrados em organizações terroristas pelo mundo, James Bond (Daniel Craig) é ferido por acidente pela própria parceira (Naomie Harris) e acaba sendo dado como morto. 

Quando um ataque terrorista destrói a sede do serviço secreto inglês em Londres, Bond decide desistir da “aposentadoria” e retorna para ajudar sua chefe M (Judi Dench) com o objetivo de encontrar o responsável pelo crime, sujeito que ainda ameaça divulgar a lista transformando os agentes em alvos. 

Diferente da maioria dos filmes de Bond que rodam o mundo, este longa se passa quase todo em Londres, aproveitando locais interessantes como o famoso metrô e os inúmeros túneis existentes debaixo da cidade. 

Outro ponto positivo são os novos personagens, com destaque para Ralph Fiennes, a bela Naomi Harris que revela sua surpreendente identidade no final do longa e o jovem Ben Whishaw como o novo Q, um nerd especialista em informática que durante um diálogo tira sarro das traquitanas criadas pelo antigo Q. 

O fato fica ainda mais divertido para os fãs da série quando Bond recebe de Q uma moderna versão da pistola Walter PPK e mais a frente quando ele tira da aposentadoria o carro Aston Martin com a famosa metralhadora e o assento ejetor. 

Esta mistura do novo com o antigo fica ainda mais clara em três sequências de ação que fazem homenagem a clássicos da série. A luta inicial de Bond com o mercenário em cima do trem é inspirada na briga entre Sean Connery e Robert Shaw em “Moscou Contra 007”. 

A luta de Bond com o sujeito oriental no enorme cassino lembra a cena em que Sean Connery enfrentava o havaiano Harold Sakata no clássico “007 Contra Goldfinger”. 

Por fim, a disputa de tiros com o vilão de Javier Bardem é inspirada no duelo entre Roger Moore e Christopher Lee em “007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro”. 

Mesmo não sendo sensacional como “Cassino Royale”, este longa é superior ao anterior “Quantum of Solace”, muito também pela direção segura de Sam Mendes e o roteiro que abre possibilidades para a série com a entrada dos novos personagens.  

domingo, 10 de abril de 2016

Metrópole Manila

Metrópole Manila (Metro Manila, Inglaterra, 2013) – Nota 8
Direção – Sean Ellis
Elenco – Jake Macapagal, John Arcilia, Althea Vega, Mailes Kanapi, JM Rodriguez, Moises Magisa.

Oscar Ramirez (Jake Macapagal) e sua esposa Mai (Althea Vega) são obrigados a abandonar a zona rural nas Filipinas para tentar uma vida melhor na capital Manila. Com pouco dinheiro no bolso, duas filhas pequenas e sem lugar para ficar, a família perambula pela cidade grande em busca de trabalho. 

Após alguns percalços, Oscar consegue emprego como motorista de carro-forte em uma empresa de segurança, enquanto Mai aceita trabalhar como acompanhante em uma decadente casa noturna. A aparente chance de mudar de vida, logo é freada pela falta de escrúpulos das pessoas que convivem no trabalho com Oscar e Mai. 

Esta surpreendente produção rodada nas Filipinas e dirigida pelo inglês Sean Ellis (do sensível “Cashback”), explora com competência os clichês das histórias sobre pessoas do interior que são enganadas ao tentar a sorte na cidade grande, algumas vezes resultando em tragédia. 

A forma como o roteiro escrito pelo próprio Ellis acompanha a triste saga da família Ramirez se mostra realista, mesmo destacando os gestos mesquinhos e as situações cruéis que eles são obrigados a encarar. 

A cidade de Manila também é mostrada como uma selva, inclusive um dos personagens cita isto durante um diálogo. A câmera de Ellis capta as ruas lotadas de pessoas, as barracas de camelôs, o trânsito confuso e a extrema pobreza da periferia, que por consequência resulta num alto nível de violência e desonestidade. 

Vale destacar ainda as inteligentes surpresas do roteiro na hora final e a sensível atuação do casal de protagonistas. 

É um drama pesado, daqueles que nos faz perder qualquer esperança de que um dia o mundo seja mais humano.  

sábado, 9 de abril de 2016

O Despertar de Rita

O Despertar de Rita (Educating Rita, Inglaterra, 1983) – Nota 8
Direção – Lewis Gilbert
Elenco – Michael Caine, Julie Walters, Maureen Lipman, Malcolm Douglas.

Frank Bryant (Michael Caine) é professor de literatura em uma famosa universidade inglesa, mas também um poeta frustrado que desconta seus sentimentos na bebida. Num determinado dia, Frank é designado para dar aulas a uma aluna em um curso chamado de “Universidade Aberta”, voltado para pessoas que não fizeram o ensino superior e que desejam recomeçar. 

Para surpresa do professor, a aluna é Rita (Julie Walters), uma cabeleireira de vinte e seis anos, casada, que gosta de ler best sellers românticos. Vivendo em mundos diferentes e com níveis culturais opostos, surpreendentemente os dois criam um forte de laço de amizade que mudará suas vidas. 

Muitos filmes chamam atenção na época do lançamento e depois são praticamente esquecidos. É o caso deste ótimo drama, que a princípio pode parecer datado, mas que tem uma história muito interessante. 

No início dos anos oitenta, a mulher ainda buscava seu espaço no mercado de trabalho e ficava dividida em ser esposa e mãe ou buscar conhecimento e uma vida profissional. A personagem principal sofre por querer algo mais da vida, ao contrário do marido que deseja ter um filho e uma esposa tradicional. A luta aqui não é sobre o feminismo radical dos dias atuais, mas sobre o direito de escolher o caminho de sua própria vida. 

Por outro lado, o brilhante professor é a frustração em pessoa, que vê na vontade de Rita em aprender uma chance mudar sua vida também. Os diálogos entre professor e aluna são ótimos, eles falam sobre literatura e sobre a vida com uma química perfeita. Por sinal, as interpretações de Michael Caine e Julie Walters renderam indicações ao Oscar. Julie Walters era uma comediante de tv que estreou no cinema com este trabalho. 

Vale destacar ainda a sóbria direção de Lewis Gilbert, que ainda está vivo aos noventa e seis anos e que é mais lembrado pelos três filmes que dirigiu para série 007. 

Para quem gosta do tema, este é um belíssimo filme que merece ser relembrando ou descoberto.  

sexta-feira, 8 de abril de 2016

11.22.63

11.22.63 (11.22.63, EUA, 2016) – Nota 7
Direção – Fred Toye, John David Coles, James Franco, James Kent, Kevin Macdonald & James Strong
Elenco – James Franco, Sarah Gadon, George MacKay, Chris Cooper, Daniel Webber, Nick Searcy, Kevin J. O’Connor, Cherry Jones, Lucy Fry, Jonny Coyne, Josh Duhamel, Tonya Pinkins.

Jake Epping (James Franco) é um professor divorciado que vive na pequena cidade de Lisbon no Maine. Seu melhor amigo é Al (Chris Cooper), o dono de uma pequena lanchonete. Quando Al descobre que está doente e tem pouco tempo de vida, decide contar ao amigo um surpreendente segredo. A lanchonete esconde um “portal” que leva o viajante até 1960. 

Al diz que por várias vezes atravessou a passagem com o objetivo de salvar a vida do presidente Kennedy, que foi assassinado em 1963, mas falhou em todas elas. Ele convence Jake a tentar, mas diz que o passado não quer ser modificado e que fará de tudo para atrapalhar seus planos. A princípio incrédulo, aos poucos Jake aceita a missão e volta no tempo para tentar mudar o passado. 

Baseada em uma obra de Stephen King, esta minissérie em oito capítulos foi produzida pela Hulu, empresa concorrente do Netflix que começa a explorar o filão dos seriados para internet. 

A minissérie tem as virtudes e os defeitos da maioria das produções baseadas em King para tv. A premissa é sensacional, apesar do assassinato de Kennedy ter sido explorado inúmeras vezes no cinema e na tv, a história ainda tem grande potencial. A produção também impecável, tanto no figurino, como na recriação de época dos prédios, comércios, colégios e carros. 

Infelizmente alguns pontos negativos atrapalham a série. A passagem do tempo entre 1960 e 1963, enquanto o personagem de James Franco vive no passado investigando Lee Harvey Oswald (Daniel Webber) e montando um plano para detê-lo é recheada de saltos. Entendo que seria complicado condensar três anos em oito episódios, mas mesmo assim o roteiro poderia ter sido melhor detalhado. 

Os melhores momentos da série são do primeiro ao quinto episódio, com o protagonista tentando mudar a vida de algumas que cruzaram seu caminho e se envolvendo com a bela bibliotecária Sadie (Sarah Gadon). 

A trama desanda no sexto episódio, quando a consequência de uma cena de violência cria uma situação exagerada e acelera o caminho para o dia do assassinato. O último episódio também deixa a desejar. O clímax é simplista e a sequência final piegas. 

O resultado não chega a ser ruim, mas os dois episódios finais decepcionam.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O Resgate

O Resgate (L’Assaut, França, 2010) – Nota 7
Direção – Julien Leclercq
Elenco – Vincent Elbaz, Gregori Derangere, Melaine Bernier, Aymen Saidi, Chems Damani, Mohid Abid, Djanis Bouzyani.

Argélia, 1994. Um avião da Air France está prestes a decolar no aeroporto de Argel quando quatro terroristas argelinos disfarçados de policiais dominam a tripulação e os passageiros. 

Exigindo a libertação de dois outros terroristas que estão presos e a autorização para decolagem com destino a Paris, os sequestradores são ignorados pelas autoridades argelinas, até o assassinato de um cidadão francês. O fato faz com que o governo francês se envolva na situação e prepare uma equipe de resgate. 

Baseado numa história real, esta produção francesa utiliza inclusive cenas reais do sequestro para aumentar o clima de tensão. As sequências dentro do avião são angustiantes, seja na pressão psicológica sobre os reféns, nas assustadoras cenas de oração dos terroristas, até o sangrento confronto final. 

O diretor Julien Leclerq (do interessante “Gibraltar”) divide a trama em três narrativas. A ação dos terroristas dentro do avião, as decisões dos políticos franceses, algumas equivocadas por sinal e a espera do líder do grupo antiterrorismo (Vincent Elbaz) em iniciar o plano de resgate. 

Vale destacar ainda a fotografia que varia entre um colorido opaco com cenas em preto e branco, causando ainda mais a sensação de uma provável tragédia. 

É um bom filme que dosa com qualidade suspense, ação e política, com estilo diferente das produções americanas aceleradas.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Dália Negra

Dália Negra (The Black Dahlia, Alemanha / EUA / França, 2006) – Nota 6
Direção – Brian De Palma
Elenco – Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Aaron Eckhart, Hilary Swank, Mia Kirshner, Mike Starr, Fiona Shaw, Patrick Fishler, Troy Evans, John Kavanagh.

Los Angeles, 1946. Dwight “Bucky” Bleichert (Josh Hartnett) e Lee Blanchard (Aaron Eckhart) são policiais e também lutadores de boxe. Para promover o departamento de polícia, o comissário arma uma luta entre os dois, que mesmo após trocarem socos, se tornam amigos. Bucky passa a ser figura constante na casa de Lee, que namora a bela Kay (Scarlett Johansson). 

A vida de policiais famosos que eles levam se complica quando é encontrado o corpo mutilado de uma jovem aspirante a atriz (Mia Kirshner), fato que esconde uma intrincada rede de segredos. 

O famoso autor de livros policiais James Elroy, se aproveitou de um caso real de assassinato ocorrido em Hollywood nos anos quarenta para escrever esta obra noir de ficção. 

O diretor Brian De Palma usou também como inspiração a estética dos filmes noir dos anos quarenta para contar a história, porém falhou no ritmo que se mostra irregular e principalmente na confusa narrativa. As situações parecem soltas e não convencem mesmo quando as pontas são amarradas no final. 

O destaque do elenco fica para Scarlett Johansson, perfeita como a ex-prostituta sensual. A narração de Josh Hartnett e a interpretação de Aaron Eckhart são até interessantes em meio a trama confusa. Já Hilary Swank está deslocada como mulher fatal. 

O diretor Brian De Palma é o responsável por meu filme preferido, o sensacional “Os Intocáveis”, que inclusive é lembrado aqui em duas cenas em câmera lenta. O tiroteio que começa dentro do carro e a cena de suspense na escadaria, mas reconheço que De Palma é um diretor irregular, que não entrega um grande filme desde o ótimo “O Pagamento Final” de 1993.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Como Não Perder Essa Mulher

Como Não Perder Essa Mulher (Don Jon, EUA, 2013) – Nota 7,5
Direção – Joseph Gordon Levitt
Elenco – Joseph Gordon Levitt, Scarlett Johansson, Julianne Moore, Tony Danza, Glenne Headly, Brie Larson, Rob Brown, Jeremy Luke, Paul Ben Victor.

Jon (Joseph Gordon Levitt) é o típico jovem de New Jersey. Filho de uma família italiana, divide a noite entre o trabalho de barman e a caça às garotas baladeiras. Durante o dia, Jon divide seu tempo entre limpar a casa, se exercitar na academia e assistir pornografia na internet. 

Numa balada, Jon se aproxima de Barbara (Scarlett Johansson), que para ele e seus amigos, a garota merece uma nota dez. A sedutora garota faz Jon se apaixonar e aparentemente mudar de atitude em relação as mulheres. 

Eu imaginava ser mais uma comédia romântica bobinha, porém fui surpreendido por um interessante filme, com cenas ousadas de sedução e sexo, além de uma história que foge do lugar comum. A estreia do ator Joseph Gordon Levitt em um longa não chega a ser um grande filme, mas mostra que o ator tem talento e ousadia para tentar algo diferente. 

O roteiro, que também foi escrito pelo ator, explora o tema atual da febre em pornografia pela internet e questiona até que ponto o prazer em assistir este tipo de vídeo influencia na vida sexual real das pessoas. 

Outro acerto é o desenrolar do relacionamento do casal principal, que segue para um lado muito mais da realidade do que para os romances água com açúcar comuns as produções de Hollywood. 

O elenco tem bom desempenho, com Levitt criando um jovem que precisa amadurecer, com a beleza sedutora de Scarlett Johansson e a pequena mas importante participação de Julianne Moore, além do veterano astro de tv Tony Danza repetindo seu habitual papel de italiano falastrão e de Brie Larson que tem falas apenas em uma sequência crucial do filme. 

É interessante, vale a sessão para que quer assistir algo diferente e com um pouco de ousadia. 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Mais de Mil Palavras

Mais de Mil Palavras (Louder Than Words, EUA, 2013) – Nota 6
Direção – Anthony Fabian
Elenco – David Duchovny, Hope Davis, Timothy Hutton, Olivia Steele Falconer, Xander Berkeley, Craig Bierko, Scott Cohen, Adelaide Kane, Morgan Griffin, Ben Rosenfield, Victoria Tennant.

John Fareri (David Duchovny) e sua esposa Brenda (Hope Davis) vivem em um belo casarão numa comunidade de classe alta com quatro filhos. Os adolescentes são trigêmeos (duas moças e uma rapaz) frutos do primeiro casamento de Brenda. A filha caçula é Maria (Olivia Steele Falconer), uma garota inteligente, falante e que escreve um diário sobre a vida familiar. Tudo vira de ponta cabeça quando uma tragédia ocorre na família. O fato faz com que cada integrante repense sua própria vida. 

Baseado em um fato real, este drama familiar não consegue envolver o espectador, em parte pela frieza da narrativa e também pelo elenco inexpressivo, com exceção da espontaneidade da menina Olivia Steele Falconer e do talento de Hope Davis, a única que consegue aprofundar os sentimentos da personagem. David Duchovny será sempre lembrado pelo Fox Mulder de “Arquivo X’, mas no cinema jamais demonstrou talento para segurar um grande filme, seus personagens são sempre iguais. 

O melhor do filme está na primeira parte, quase toda narrada pela personagem da garota Maria. A reviravolta na segunda parte da trama lembra as produções para a tv, mesmo sendo uma história real com razoável potencial. 

Como curiosidade, fiquei surpreso ao ver que uma coadjuvante idosa é vivida pela atriz inglesa Victoria Tennant. Ela é que é neta de Laurence Olivier e foi casada com Steve Martin com quem protagonizou o simpático “L. A. Story”, era uma bela mulher que envelheceu muito nestes últimos anos. 

domingo, 3 de abril de 2016

A Embriaguez do Sucesso

A Embriaguez do Sucesso (Sweet Smell of Success, EUA, 1957) – Nota 8
Direção – Alexandre Mackendrick
Elenco – Burt Lancaster, Tony Curtis, Susan Harrison, Martin Milner, Jeff Donell, Sam Levene.

Sidney Falco (Tony Curtis) é um ambicioso e inescrupuloso assessor de imprensa que caça notícias para serem divulgadas na coluna do arrogante J.J. Hunsecker (Burt Lancaster). 

Falco é uma espécie de empregado do colunista, que recebe a missão de acabar com o namoro de Susan (Susan Harrison) com o músico Dallas (Martin Milner). Susan é a jovem irmã de Hunsecker, que tem prazer de dominar a vida da garota. Ao mesmo tempo, Falco é primo de Dallas, mas não se importa em atrapalhar a vida do rapaz para ganhar a confiança de Hunsecker. 

O diretor e roteirista Alexander Mackendrick fez poucos trabalhos, mas deixou duas grandes obras. A comédia de humor negro “Quinteto da Morte” e este drama sobre ambição e arrogância recheado de diálogos ferinos e personagens canalhas. 

A história se passa na alta roda de Nova York, um mundo fechado em que os poderosos pisam em quem está por baixo e os que estão fora se humilham para participar da festa. 

Alguns diálogos são tão fortes como um soco no estômago, com pitadas de preconceito, soberba e arrogância. 

O destaque do elenco fica para a dupla de astros Tony Curtis e Burt Lancaster, que interpretam personagens inteligentes, mas totalmente desprezíveis.  

sábado, 2 de abril de 2016

O Manifesto da Demagogia

Eu não tinha mais a intenção de escrever sobre o cenário político, porém o manifesto assinado por atores, atrizes e diretores do cinema brasileiro me fez mudar de ideia.

A tentativa de transformar a investigação seríssima do maior escândalo de corrupção da história do Brasil em golpe é de uma cara de pau imensa, assim como é inaceitável um país que precisa investir em saúde, educação, moradia, ou seja, oferecer o básico para toda a população, sem contar a economia falida, o desemprego e as empresas quebrando, gaste fortunas através da Lei Rouanet para bancar produção de filmes, peças teatros e shows, o verdadeiro motivo pelo qual estes artistas estão preocupados com a provável queda do governo. A corrupção que domina as entranhas do governo é ignorada por estas pessoas. É uma situação que desperta até mesmo a vontade de ignorar os filmes com a participação destes artistas.

Para aqueles que dizem que o dinheiro da Lei Rouanet financia arte popular, digo apenas que para assistir qualquer filme, espetáculo de teatro ou show, o espectador paga um valor alto que a maioria da população não tem condições de pagar. Além disso, todos estes eventos são privados, não caberia financiamento público num país ideal, ou seja, deveriam ser financiados por empresas privadas que lucrassem ou que arcassem com prejuízo de acordo com o resultado do evento, assim como funciona com qualquer empresa.

Uma pitada de história. O cinema brasileiro sempre se aproveitou do financiamento estatal, a única exceção foram os filmes produzidos na chamada Boca do Lixo em SP durante os anos setenta. Produtores como David Cardoso, Antonio Polo Galante, Claudio Cunha, Anibal Massaini Neto e José Mojica Marins, entre outros, criaram uma indústria que provou que o cinema poderia existir sem dinheiro público. Estes produtores deram trabalho a centenas de atores, atrizes, diretores, roteiristas e técnicos bancando filmes com seu próprio dinheiro e reinvestindo os lucros em novos filmes. É um exemplo que deveria ser seguido.

Chegamos em um ponto em que o impeachment da presidente e o fortalecimento da Lava-Jato são fundamentais para o início de um novo país. Não sou ingênuo em acreditar que será o fim da corrupção, mas é obrigação que ela seja combatida. Palmas para Sergio Moro e sua esquipe.

Deixo dois links sobre temas diferentes, mas que estão ligados ao que eu comentei aqui.

O crítico de cinema e música André Barcinski escreveu um ótimo texto sobre como os artistas, no caso específico Wagner Moura, tenta criar uma história fictícia para defender o indefensável. Clique aqui para ler:

Neste outro link  a amiga Liliane, que é médica em Recife, cita uma situação que mostra o total descaso do governo em relação aos pacientes que são obrigados a encarar o péssimo SUS.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Porque Parar Agora?

Porque Parar Agora? (Why Stop Now?, EUA, 2012) – Nota 5,5
Direção – Phil Dorling & Ron Nyswaner
Elenco – Jesse Eisenberg, Melissa Leo, Tracy Morgan, Emma Rayne Lyle, Sarah Ramos, Isiah Whitlock Jr, Stephanie March, Paul Calderon.

No mesmo dia em que fará um teste de piano para entrar em uma famosa escola de música, Eli Bloom (Jesse Eisenberg) precisa convencer sua mãe Penny (Melissa Leo) a se internar em um centro de reabilitação para drogados. 

Mesmo relutante, Penny aceita se internar, porém um problema burocrático faz com que ela seja obrigada a ingerir drogas para ser aceita. A bizarra situação faz com que mãe e filho saiam pela cidade em busca da droga e se envolvam com o traficante Sprinkles (Tracy Morgan) e seu parceiro Black (Isiah Whitlock Jr) numa confusa negociação entre traficantes. 

Mesmo gostando de filmes pequenos e independentes, fica difícil elogiar este longa que tenta ser engraçado mas não arranca risos do espectador e que também não funciona como drama, pois os conflitos não convencem. 

O bom elenco acaba desperdiçado. Jesse Eisenberg repete o papel de nerd engraçadinho, enquanto Melissa Leo interpreta a mãe irresponsável. A curiosidade mórbida fica para o ator Tracy Morgan, que interpreta um traficante utilizando uma bengala e que dois anos depois sofreu um terrível acidente que quase lhe custou a vida.