domingo, 20 de janeiro de 2013

Boleiros


Boleiros – Era Uma Vez o Futebol (Brasil, 1998) – Nota 8
Direção – Ugo Giorgetti
Elenco – Adriano Stuart, Flavio Migliaccio, Otavio Augusto, Lima Duarte, Cassio Gabus Mendes, Wandi, André Abujamra, Marisa Orth, Denise Fraga, RogÉrio Cardoso, Elifas Andreato, João Acaiabe.

Numa mesa de bar, alguns ex-jogadores de futebol e um ex-árbitro contam histórias engraçadas e até dramáticas sobre o mundo do futebol. O diretor paulistano e palmeirense Ugo Giorgetti procurou destacar fatos comuns e histórias folclóricas do futebol, principalmente situações ocorridas entre os anos sessenta e final dos anos oitenta, para criar um verdadeira homenagem ao esporte e principalmente aos seus personagens. 

São seis pequenas histórias ligadas pelos comentários dos amigos no bar. Temos a do juiz ladrão, a do moleque de rua craque de bola que está envolvido com marginais, a do jogador no hotel que tenta enganar o técnico para levar uma garota para cama e a do craque revelação que está para ser vendido pro exterior e ao mesmo tempo foge das responsabilidades com o filho. As duas melhores histórias são a do jogador que consegue se recuperar de uma contusão após consultar um pai de santo e a do craque do passado que hoje vive na miséria, mas continua sendo orgulhoso. 

No ótimo elenco, vale destacar o falecido Rogério Cardoso como um ex-árbitro, Flávio Migliaccio que faz um ex-jogador amargurado com o presente e o músico André Abujamra como o pai de santo Vavá. Por sinal, Abujamra também é o responsável pela trilha sonora do longa. 

Como curiosidade, o bar retratado aqui é inspirado no Bar do Elias, um ponto de encontro de personagens do futebol nos anos setenta e oitenta localizado próximo ao estádio do Palmeiras. 

O resultado é um filme delicioso, principalmente para quem gosta de futebol e das histórias do passado deste esporte.

Boleiros 2 – Vencedores e Vencidos (Brasil, 2006) – Nota 7
Direção – Ugo Giorgetti
Elenco – Cássio Gabus Mendes, Flávio Migliaccio, Paulo Miklos, Adriano Stuart, Otávio Augusto, Lima Duarte, Silvio Luiz, Sócrates, Wandi, Denise Fraga, Petrônio Gontijo, Fulvio Stefanini, Duda Mamberti, Suzana Alves, Walter Portella.

Esta continuação do longa de 1998 muda o foco. Aqui o diretor Ugo Giorgetti procura mostrar os bastidores do futebol atual, onde tudo envolve dinheiro, modernidade e marketing, mas o conteúdo é bem menos rico. Além de ser inferior ao original, este enfoque do lado sujo do futebol ajudou a diminuir a aceitação do longa. 

Novamente o longa se passa num bar, porém agora aquele local com cara de buteco se transformou num bar temático, onde o dono Aurélio (o narrador Silvio Luiz) tem como sócio um famoso jogador que atua na Europa. Os jogadores do passado ainda tem uma mesa, porém agora ficam isolados no mezanino observando a fauna de pessoas que estão no local à espera do jogador famoso. 

O roteiro aqui cria uma história principal, tendo um empresário malandro (Paulo Miklos) que precisa lidar com a ex-namorada do jogador e também com uma advogada que representa o irmão do craque, sujeito que está preso e que deseja uma quantia para não contar a história da família na imprensa. 

Enquanto isso, na mesa dos veteranos apenas três histórias são contadas, duas apenas razoáveis. A do falso jogador argentino (Petrônio Gontijo) e a de Nestor (Walter Portella), um sujeito que chega do México tentando convencer a todos que era um jogador famoso. A melhor história é a de Barbosa (Duda Mamberti), um auxiliar do treinador Edil (Lima Duarte repetindo o papel do filme anterior), que sonha em dirigir o time e tem a chance quando o esquentado Edil é expulso durante um clássico, porém o destino será cruel com o pobre Barbosa. 

No final fica claro que tanto esta sequência, como a época atual foram implacáveis com o futebol, esporte que hoje se transformou num negócio onde o dinheiro é o carro chefe.

5 comentários:

Amanda Aouad disse...

Também gosto muito mais do primeiro, a nostalgia, os "causos", a paixão pelo futebol ficam mais harmônicas, e os curtas são melhores também.

bjs

Hugo disse...

Amanda - O primeiro é divertido e mais coeso, com certeza.

Bjos

antonio.fragola@hotmail.com disse...

eu tenho uma curiosidade , esse filme foi baseado em fatos reais , do futibol paulista , quem seriam os jogadores que e treinadores , arbitros que inspirou o filme?

antonio.fragola@hotmail.com disse...

quem era o jagador que se contundio, foi no pai de santo, usava pomada de banha de peixe elrtrico?

Hugo disse...

Antonio - Pelo que sei as histórias contadas no filme são inspiradas em fatos e personagens diversos do futebol paulista nos anos sessenta, que foram misturados pelo diretor.

Por exemplo, existiam vários árbitros aqui em SP como fama de "gaveteiros", como eram chamados os que recebiam dinheiro por fora. Dois famosos nestas suspeitas eram João Etzel Filho e o uruguaio Esteban Marino.

Quanto aos jogadores, consta que muitos procuravam proteção com pais de santo, assim como dirigentes também pagavam oferendas para figuras como Pai Jaú e mais recentemente Robério de Ogum.

Abraço