quarta-feira, 30 de setembro de 2015

De Repente Pai

De Repente Pai (Delivery Man, EUA / Índia, 2013) – Nota 7
Direção – Ken Scott
Elenco – Vince Vaughn, Chris Pratt, Cobie Smulders, Andrzej Blumenfeld, Simon Delaney, Bobbt Moynihan, Dabe Patten, Adam Chanler Berat, Britt Robertson, Jack Reynor.

David Wozniak (Vince Vaughn) é um sujeito irresponsável que trabalha como entregador de carnes no frigorífico da família. Solteiro, com uma enorme dívida com um agiota e sem dar atenção alguma a namorada Emma (Cobie Smulders), de repente David recebe duas notícias que o farão mudar suas atitudes. 

Ao mesmo tempo em que a namorada diz estar grávida, David é procurado pelo advogado de uma clínica de fertilização onde ele doou esperma quase setecentas vezes. O resultado deste "trabalho" foram 533 filhos, que hoje se uniram para tentar localizar o pai biológico. 

Esta trama absurda e até engraçada é uma refilmagem de um longa francês dirigido pelo mesmo Ken Scott em 2011. Não assisti ao original para comparar e provavelmente por isso gostei desta versão. 

O mais interessante é quando David recebe as fichas com o perfil de cada filho e decide procurá-los. A cada jovem que encontra, David oferece sua ajuda sem se identificar, como se fosse uma espécie de anjo da guarda. 

A história também funciona pelo carisma de Vince Vaughn, especialista em personagens cara de pau, além do estranho advogado interpretado por Chris Pratt. 

O resultado é uma divertida e inofensiva comédia. 

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros

Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, EUA, 1993) – Nota 10
Direção – Steven Spielberg
Elenco – Sam Neill, Laura Dern, Jeff Goldblum, Richard Attenborough, Bob Peck, Samuel L. Jackson, Martin Ferrero, Wayne Knight, B. D. Wong, Miguel Sandoval, Ariana Richards, Joseph Mazzello.

De forma secreta, o milionário John Hammond (Richard Attenborogouh) financiou uma equipe de cientistas que conseguiu criar novos dinossauros através do DNA encontrado intacto em âmbares de milhares de anos. 

Para divulgar ao mundo sua experiência, Hammond convida algumas pessoas para visitarem uma ilha isolada próxima da Costa Rica. Os convidados são três cientistas (Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum), além de seus dois netinhos (Ariana Richards e Joseph Mazzello). 

A surpresa inicial dos convidados ao verem enormes dinossauros herbívoros soltos pela ilha e outros carnívoros e perigosos presos em um zoológico, se transforma terror quando um funcionário (Wayne Knight) desliga os mecanismos de segurança para roubar algumas espécimes e acaba soltando todos os animais. 

No mesmo ano em que lançou o premiado drama “A Lista de Schindler”, Spielberg comandou este sensacional longa que hoje tem a mesma importância de “Tubarão” em relação a história do cinema. O filme dos anos setenta foi o primeiro blockbuster, numa época que esta palavra sequer era utilizada, dando início a era dos filmes-pipoca. 

Quando “Jurassic Park” foi lançado, o espectador foi brindado com uma revolução nos efeitos especiais ao ver dinossauros dos mais variados tipos que pareciam de verdade. A obra mudou o conceito dos filmes de ação e provou que a tecnologia quando aliada a um bom roteiro e atores e diretores competentes se torna uma ótima ferramenta para o gênero. 

Muitos dos elementos de “Tubarão” são utilizados novamente por Spielberg, como as sequências de suspense que antecedem os ataques dos dinossauros. São segundos em que o espectador fica agarrado a poltrona, tão assustado quanto os personagens dentro da tela. 

A diferença principal está no orçamento, se em “Tubarão” Spielberg precisou esconder o animal por quase todo o filme por falta de dinheiro, aqui ele pode criar um número enorme cenas de ação com os diversos dinossauros. São inesquecíveis o verdadeiro “terremoto” criado pelos passos do Tiranossauro Rex e a corrida desenfreada dos Velociraptores. 

É sem dúvida um dos grandes filmes da história do cinema.   

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Documento Holcroft & The Whistle Blower


O Documento Holcroft (The Holcroft Covenant, Inglaterra / EUA, 1985) – Nota 7
Direção – John Frankenheimer
Elenco – Michael Caine, Anthony Andrews, Victoria Tennant, Lilli Palmer, Michael Lonsdale, Mario Adorf.

Baseado num best seller de Robert Ludlum, autor da “Trilogia Bourne”, a trama tem como protagonista o arquiteto Noel Holcroft (Michael Caine), que após a morte do pai, descobre ter como herança uma fortuna em bancos suíços junto com outras duas pessoas, sendo que os três são filhos de generais nazistas que conspiraram contra Hitler e fizeram um pacto para suas famílias ficarem com o dinheiro roubado do Terceiro Reich. Para receber a herança, que está em nome de uma fundação que terá de administrar, Holcroft é obrigado a localizar os outros dois herdeiros. Assim que inicia a busca, ele passa a ser perseguido por estranhos que sabem da fortuna. 

A complexa trama que passa por vários países era especialidade do falecido escritor Ludlum, como a citada série Bourne e o esquecido “O Casal Osterman” de Sam Peckinpah. Filmes mais novos como “O Código Da Vinci” e “Anjos e Demônios” tem o mesmo estilo. Muito provavelmente o escritor Dan Brown utilizou os livros de Ludlum como fonte de pesquisa para suas obras. 

Os pontos altos deste “O Documento Holcroft” são o bom ritmo da narrativa, as interessantes cenas de suspense, a direção firme de John Frankenheimer e o sempre competente Michael Caine como o protagonista. 

É um bom filme de suspense hoje praticamente esquecido.

The Whistle Blower (The Whistle Blower, Inglaterra, 1986) – Nota 6
Direção – Simon Langton
Elenco – Michael Caine, James Fox, Nigel Havers, John Gielgud, Felicity Dean, Barry Foster, Gordon Jackson.

Frank Jones (Michael Caine) é um veterano da marinha inglesa que fica preocupado após visitar o filho Bob (Nigel Havers), que é especialista em línguas, principalmente em russo. Bob trabalha em um órgão do governo responsável por monitorar atividades russas pela Europa. O trabalho de Bob é traduzir mensagens interceptadas pelo serviço de espionagem. Desmotivado com o trabalho, principalmente com os superiores que obrigam os funcionários a espionarem uns aos outros, ele pensa em pedir demissão, sem saber que está sendo alvo de uma investigação interna. 

Produzido nos anos oitenta, quando a Guerra Fria estava nos últimos dias, este longa tem todo o estilo das produções do gênero dos anos sessenta. O que a princípio poderia ser interessante, se perde na narrativa fria e irregular, na trama confusa e na falta de cenas de ação ou suspense, inclusive sem um clímax. 

O destaque fica para Michael Caine, competente no papel do sujeito que demonstra lealdade ao país, mas que descobre da pior forma possível toda sujeira dos bastidores do poder.

domingo, 27 de setembro de 2015

A Um Passo do Poder

A Um Passo do Poder (True Colors, EUA, 1991) – Nota 7
Direção – Herbert Ross
Elenco – John Cusack, James Spader, Imogen Stubbs, Mandy Patinkin, Richard Widmark, Dina Merrill, Philip Bosco, Paul Guilfoyle.

Em um hotel, Peter Burton (John Cusack) está em frente à tv aguardando ao lado de assessores o resultado das eleições para o Congresso Americano em 1990. Sua ansiedade contrasta com o olhar enigmático do amigo Tim Gerrity (James Spader), deixando claro que algo está errado. 

A trama volta para 1983, quando o destino coloca os dois jovens na mesma universidade onde começariam o curso de Direito. Tim é um jovem de classe média alta que namora Diana (Imogen Stubbs), que é filha de um senador (Richard Widmark), fato que abre o caminho para o rapaz conhecer pessoas influentes. 

Tim mostra este novo mundo a Peter, que a princípio tenta esconder suas raízes humildes. Mesmo em meio a poderosos, Tim se mostra um idealista, enquanto Peter demonstra grande ambição, fato que o fará tomar atitudes questionáveis durante sua carreira. 

O falecido diretor Herbert Ross foi um especialista em comédias e dramas, tendo aqui surpreendido ao investir numa trama enfocando os meandros da política e dos poderosos.

As carreiras paralelas da dupla de protagonistas seguem uma linha tênue entre legalidade, moralidade e desonestidade. Os dois enfrentam situações tentadoras que podem resultar em poder e riqueza, ao mesmo tempo em que a ética e até a honestidade são jogadas na lata do lixo. 

É um filme que não teve boa recepção da crítica na época, mas que é interessante para quem gosta de histórias sobre os bastidores do poder.

sábado, 26 de setembro de 2015

No Silêncio da Noite

No Silêncio da Noite (In a Lonely Place, EUA, 1950) – Nota 7,5
Direção – Nicholas Ray
Elenco – Humphrey Bogart, Gloria Grahame, Frank Lovejoy, Carl Benton Reid, Art Smith, Jeff Donnell, Martha Stewart.

Em Hollywood, o famoso roteirista Dixon Steele (Humphrey Bogart) é conhecido também por seu temperamento explosivo. Dono de uma língua afiada e sempre pronto para uma briga, Dixon se torna o principal suspeito da morte de uma jovem que fora assassinada na mesma noite em que havia visitado sua casa. 

Mesmo tendo como álibi a bela vizinha Laurel (Gloria Grahame), com quem ele logo se envolve, o chefe de polícia (Carl Benton Reid) continua a acreditar que Dixon seja o assassino. A pressão da polícia e as atitudes de Dixon fazem com que Laurel tenha dúvidas sobre a inocência do namorado. 

O diretor Nicholas Ray foi um dos grandes nomes do cinema americano nos anos quarenta e cinquenta, comandando clássicos como “Juventude Transviada” e “Johnny Guitar”. Este “No Silêncio da Noite” pode ser considerado um drama com toques de policial, que explora as atitudes explosivas do personagem de Bogart para criar a dúvida no espectador. 

Além de Bogart, que interpreta aqui um personagem  durão, especialidade de sua carreira, vale destacar ainda a beleza e o talento de Gloria Grahame como a atormentada jovem apaixonada.  

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Um Álibi Perfeito

Um Álibi Perfeito (Reasonable Doubt, Alemanha / Canadá / EUA, 2014) – Nota 5
Direção – Peter Howitt
Elenco – Dominic Cooper, Samuel L. Jackson, Gloria Reuben. Ryan Robbins, Erin Karpluk, Dylan Taylor.

Após uma noite de comemoração com os amigos, o promotor de justiça Mitch Brockden (Dominic Cooper) decide voltar para casa dirigindo seu carro mesmo tendo bebido várias doses. Assustado com um carro de polícia ao seu lado, Mitch decide mudar de caminho e acaba atropelando um sujeito. Desesperado, ele liga para emergência, mas deixa o homem caído na rua. 

No dia seguinte, Mitch descobre que o sujeito fora assassinado e que um homem (Samuel L. Jackson) está preso como suspeito do crime. Se deixando levar pela curiosidade e pelo remorso, Mitch assume o caso, sem saber que a história é mais complicada do que ele imagina. 

Por mais que eu goste de tramas policiais, fica difícil engolir um roteiro repleto de furos que faz com que o protagonista tome várias atitudes idiotas, como se estivesse fazendo de tudo para se mostrar culpado. 

Além dos furos na trama, o filme é um amontoado de clichês, como o sujeito que desconta seu trauma cometendo assassinatos, o protagonista honesto com um irmão presidiário e até o tiro salvador no último instante. 

O protagonista Dominic Cooper é fraco para carregar um filme e o grande Samuel L. Jackson repete mais uma vez o sujeito assustador.  

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Êxodo: Deuses e Reis

Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings, Inglaterra / EUA / Espanha, 2014) – Nota 6,5
Direção – Ridley Scott
Elenco – Christian Bale, Joel Edgerton, John Turturro, Aaron Paul, Ben Mendelsohn, Maria Valverde, Sigourney Weaver, Ben Kingsley, Isaac Andrews, Hiam Abbas, Indira Varna, Ewen Bremner, Golshifeth Farahani.

Após mais de quatrocentos anos vivendo como escravos no Egito, o povo hebreu ainda espera a chegada de um salvador para guiá-los de volta à Terra Prometida. 

Neste contexto, quando Faraó Seti (John Turturro) adoece e seu filho Ramses (Joel Edgerton) se prepara para sucedê-lo, o então general de guerra Moisés (Christian Bale) descobre ser filho de escravos e ter sido adotado pela irmã do Faraó. Mesmo criados como irmãos, o fato transforma Ramses e Moisés em inimigos, com o segundo sendo expulso para viver no deserto, local onde encontrará seu caminho planejado por Deus. 

Quando se fala em gênero épico, logo vem à cabeça dos cinéfilos os grandes filmes dos anos cinquenta e sessenta. Há mais ou menos dez anos, várias produções reativaram o gênero com razoável sucesso de público e quase nenhum de crítica. Inclusive o diretor Ridley Scott se aventurou no mediano “Cruzada”. Esta nova incursão de Scott ao gênero resulta também numa obra apenas razoável. 

É interessante notar que os filmes épicos antigos demandavam um trabalho extremamente complicado para o diretor e a equipe técnica. Imagine lidar com centenas de figurantes nas batalhas ou nas cenas em que reis e faraós discursavam para o povo, ou ainda, em como criar cenas como a abertura do Mar Vermelho em “Os Dez Mandamentos”. 

Como opinião pessoal, a maioria dos épicos atuais não passam realismo algum nas grandes batalhas anabolizadas pelo CGI e quando a narrativa é longa e irregular, como acontece neste trabalho de Ridley Scott, o filme perde boa parte de sua força. 

O roteiro abrange os fatos mais importantes na vida de Moisés, porém o transforma num misto de gladiador e profeta, talvez para tentar agradar tanto os que gostariam de uma história mais próxima da bíblia, como para as novas gerações que desejam ver cenas de ação. 

Não é uma bomba como “Noé” por exemplo, mas se o cinéfilo quiser ver um grande filme sobre a vida de Moisés, “Os Dez Mandamentos “ continua imbatível. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Temporário 12

Temporário 12 (Short Term 12, EUA, 2013) – Nota 8
Direção – Destin Daniel Cretton
Elenco – Brie Larson, John Gallagher Jr, Stephanie Beatriz, Rami Malek, Kaitlyn Dever, Keith Stanfield, Alex Calloway, Kevin Hernandez.

O temporário 12 é um casa que abriga adolescentes abandonados ou vítimas de abuso. Quatro monitores acompanham os adolescentes tentando dar um pouco de conforto, os auxiliando para enfrentar seus problemas psicológicos e mantendo a organização com pequenas regras para evitar conflitos e fugas. 

A líder do monitores é Grace (Brie Larson), jovem que também enfrenta traumas passados e que namora outro monitor, o simpático Mason (John Gallagher Jr). Jessica (Stephanie Beatriz) e o novato Nate (Rami Malek) completam o time de monitores. 

Diferente da maioria dos filmes sobre adolescentes problemáticos, que focam nas falhas do sistema americano, no abuso de pais adotivos e na violência dos monitores deste tipo de instalação, este longa procura mostrar pessoas que realmente se preocupam em melhorar a vida destas crianças. 

O diretor Destin Daniel Cretton escreveu o roteiro baseado na sua própria experiência como monitor em uma casa semelhante a do filme, deixando claro que muitos dos adolescentes considerados rebeldes precisam de atenção. É bom destacar que o filme não foca em adolescentes infratores violentos, mas sim em vítimas de maus tratos. 

A sensibilidade e a forma real como a trama se desenvolve, também é valorizada pela ótima interpretação de Brie Larson, que cria uma Grace que tenta ajudar a todos os adolescentes, mas que não consegue lidar com seus próprios traumas. 

É sem dúvida um pequeno grande filme.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Terapia do Sexo

Terapia do Sexo (Thanks for Sharing, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Stuart Blumberg
Elenco – Mark Ruffalo, Tim Robbins, Gwyneth Paltrow, Josh Gad, Joely Richardson, Patrick Fugit, Alecia Moore “Pink”, Carol Kane, Emily Meade, Isiah Whitlock Jr.

Adam (Mark Ruffalo) é um viciado em sexo que após participar de um grupo de apoio, está há cinco anos sem fazer sexo. Quando a bela Phoebe (Gwyneth Paltrow) surge em sua vida, Adam precisa encarar a situação e contar a verdade sobre seu problema. 

Seu padrinho no grupo de apoio é Mike (Tim Robbins), um sujeito durão que também é viciado em sexo e bebidas e que tenta ajudar a todos que o procuram. O problema é que Mike não consegue se relacionar com o filho (Patrick Fugit), que é viciado em drogas. 

O terceiro personagem é o jovem médico Neil (Josh Gad), que foi obrigado a participar do grupo depois de se esfregar em uma mulher no metrô. 

O vício em sexo ainda é um tema tabu, sendo muitas vezes considerado uma desculpa utilizada por pessoas promíscuas, porém o problema existe e como toda compulsão, gera consequências complicadas para o viciado. 

Ao mesmo tempo em que os personagens, as atitudes e as situações enfrentadas por eles se mostram verossímeis, o filme peca pelo roteiro totalmente quadrado. O arco da trama segue o manual do roteirista, com a apresentação dos personagens e de seus problemas, passando pela fase em que tudo parece estar se acertando, depois pela crise e finalmente o desfecho esperançoso. 

Não é um filme ruim, porém o tema nas mãos de um diretor e roteirista mais ousado, teria tudo para render um grande drama.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Iceman & O Homem da Califórnia


Iceman (Iceman, EUA, 1984) – Nota 6
Direção – Fred Schepisi
Elenco – Timothy Hutton, Lindsay Crouse, John Lone, Josef Sommer, David Straithairn, Philip Akin, Danny Glover, James Tolkan.

No Ártico, uma expedição encontra o corpo de um homem de neandertal congelado. Levado para uma estação de pesquisas, a Dra. Diane (Lindsay Crouse) e seu grupo de trabalho conseguem ressuscitar o sujeito que estava preso no gelo há milhares de anos. Assustado e utilizando uma linguagem própria, o homem (John Lone) é colocado em um ambiente artificial que simula uma floresta da Idade da Pedra. Para tentar ser comunicar com o homem das cavernas, o paleontólogo Stanley Shephard (Timothy Hutton) se aproxima e aos poucos cria um laço de amizade. 

A trama fantasiosa funciona principalmente na parte inicial do filme, durante a discussão sobre o que fazer com o sujeito. As sequências em que Shephard tenta se comunicar com o homem das cavernas são apenas curiosas, nada mais que isso. A narrativa irregular e o desfecho quase surreal ajudam a tirar pontos do filme. 

O destaque fica para a ótima interpretação do oriental John Lone (“O Ano do Dragão”, “O Último Imperador”), irreconhecível debaixo de uma competente maquiagem. 

O Homem da Califórnia (Encino Man, EUA, 1992) – Nota 6,5
Direção – Les Mayfield
Elenco – Sean Astin, Brendan Fraser, Pauly Shore, Megan Ward, Robin Tunney, Richard Masur, Rick Ducommun, Michael DeLuise, Patrick Van Horn, Dalton James, Jonathan Ke Quan.

Na Idade do Gelo, um homem das cavernas (Brenda Fraser) e sua namorada são surpreendidos por um terremoto e acabam enterrados na neve. Milhares de anos depois, em Encino na Califórnia, o jovem Dave (Sean Astin) acorda durante um novo terremoto. No mesmo dia, ele e seu amigo Stoney (Pauly Shore) decidem construir uma piscina no quintal da casa de Dave e acabam encontrando o homem das cavernas preso em uma enorme pedra de gelo. 

O calor faz o gelo derreter e desperta o sujeito, que assustado, consegue ser acalmado apenas quando vê a chama de um isqueiro. A partir daí, a dupla de jovens fracassados decide transformar o homem das cavernas, contando para todos, inclusive seus pais, a história de que ele seria um estudante de intercâmbio que não sabe falar inglês. 

Como um trama absurda, esta comédia fez sucesso no início dos anos noventa principalmente pelo carisma do grandalhão Brendan Fraser, especialista em personagens paspalhões, perfeito para as trapalhadas que o homem das cavernas apronta no mundo atual. 

O ponto negativo é o irritante comediante Pauly Shore, que na época era famoso por trabalhar na MTV americana. 

É uma divertida sessão da tarde.

domingo, 20 de setembro de 2015

Bem-Vindo a Nova York

Bem-Vindo a Nova York (Welcome to New York, EUA / França, 2014) – Nota 5,5
Direção – Abel Ferrara
Elenco – Gerard Depardieu, Jacqueline Bisset, Marie Mouté, Paul Calderon, Paul Hipp, Shanyn Leigh, Ronald Guttman.

Em 2011, o então diretor do FMI, o francês Dominique Strauss Kahn foi acusado de violência sexual contra uma camareira do hotel onde estava hospedado em Nova York. Kahn foi preso quando estava tentando embarcar de volta para a França e obrigado a responder um processo, além de passar alguns meses em prisão domiciliar, até ser liberado por falta de provas. 

O diretor Abel Ferrara decidiu contar sua versão para esta história real, criando como protagonista o fictício Sr. Deveraux (Gerard Depardieu) e mostrando todos os passos do sujeito, desde sua chegada em Nova York, passando pelas orgias com prostitutas, o suposto crime, a prisão e a crise com a esposa (Jacqueline Bisset). 

Por mais que a história seja polêmica e chame a atenção, o filme é extremamente irregular, com saltos no tempo mal explicados e uma narrativa arrastada, inclusive com duas discussões extremamente chatas entre Depardieu e Bisset na parte final. 

Vale destacar as duas ousadas sequências com as prostitutas e a interpretação de Depardieu, que com sua enorme figura cria um sujeito amoral e depravado, inclusive com uma cena de nudez total. 

Abel Ferrara já foi considerado uma versão marginal de Martin Scorsese por retratar o submundo de Nova York em vários de seus filmes, porém sua filmografia é cheia de altos e baixos. Seus melhores trabalhos como “Cidade do Medo” e “O Rei de Nova York” foram produzidos antes de 1990. Depois disso, pouca coisa se salva na carreira do diretor.  

sábado, 19 de setembro de 2015

Antes da Chuva

Antes da Chuva (Before the Rain, Macedônia / França / Inglaterra, 1994) – Nota 8,5
Direção – Milcho Manchevski
Elenco – Rade Sherbedgia, Katrin Cartlidge, Gregoire Colin, Labina Mitevska, Jay Villiers, Silvija Stojanovska, Phyllida Law.

Dividido em três atos intitulados “palavras”, “rostos” e “fotos”, este belíssimo drama se passa na região da Macedônia durante a Guerra dos Balcãs no início dos anos noventa. 

No primeiro ato, um jovem padre que fez voto de silêncio (Gregoire Colin) e que vive em um mosteiro na divisa da Macedônia com Albânia, numa certa noite encontra uma garota (Labina Mitevska) escondida em seu quarto. A garota é albanesa e está sendo procurada pelos macedônios que a acusam de assassinato. 

O segundo ato se passa em Londres, onde o fotógrafo macedônio Aleksander (Rade Sherbedgia) enfrenta uma crise profissional e pessoal em relação ao affair com uma jornalista casada (Katrin Cartlidge). A parte final mostra o retorno de Aleksander a seu país natal depois de dezesseis anos e seu difícil reencontro com parentes e antigos amigos. 

Este foi um dos primeiros longas produzidos na Macedônia após o país se tornar independente e foi merecidamente indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro. O diretor Milcho Manchevski tinha apenas vinte e cinco anos e uma sensibilidade enorme para retratar a triste realidade de seu país na época. 

O ótimo roteiro amarra as três histórias em torno da violência que tomou conta da antiga Iugoslávia durante o período, o que fez vir à tona todo o ódio que estava represado entre as várias etnias, neste caso entre macedônios e albaneses, sendo que o conflito atingiu ainda bósnios, croatas, sérvios e montenegrinos. 

Após este trabalho, Manchevski fez poucos longas sem o mesmo sucesso de crítica.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Seita de Fanáticos & Fogo Sagrado!


Seita de Fanáticos (Split Image Canadá / EUA, 1982) – Nota 7
Direção – Ted Kotcheff
Elenco – Michael O’Keefe, Karen Allen, Peter Fonda, James Woods, Brian Dennehy, Elizabeth Ashley.

O jovem Danny (Michael O’Keefe) é um promissor atleta que está cursando a universidade e que tem tudo para seguir uma bela carreira. Ao ser levado pela namorada Rebecca (Karen Allen) para assistir a um culto religioso comandado por um guru chamado Kirklander (Peter Falk), Danny muda completamente sua vida. O jovem sofre uma verdadeira lavagem cerebral e decide abandonar tudo para seguir os ensinamentos do guru, inclusive alterando seu nome para Joshua. Desesperados, os pais de Danny (Brian Dennehy e Elisabeth Ashley) contratam um especialista em resgatar jovens de seitas (James Woods). 

Junto com o movimento hippie nos anos sessenta, proliferaram as seitas e os gurus, em sua maioria picaretas que arrebanhavam jovens para trabalhar de graça, vender bugigangas e até servir de brinquedos sexuais em alguns casos mais radicais. Este interessante drama ficcional utiliza esta premissa real para contar uma história universal sobre jovens que se entregam a estas seitas sem imaginar a furada que estão entrando. 

O longa tem uma boa narrativa e um elenco competente, com destaque para um jovem James Woods e para o sempre marcante Brian Dennehy, além de Peter Fonda totalmente canastrão como o guru. Na época, Michael O’Keefe era uma promessa, assim como Karen Allen. Os dois seguiram carreiras semelhantes sem conseguir se firmar, intercalando participações em filmes e séries de tv, com papéis de coadjuvante no cinema. 

Como informação, o diretor canadense Ted Kotcheff tem uma longa carreira que começou na tv nos cinquenta, tendo seu auge no cinema nos anos oitenta, com este longa e outros bons trabalhos como a aventura de guerra “De Volta Para o Inferno”, a comédia cult “Um Morto Muito Louco” e seu melhor filme, o hoje clássico “Rambo – Programado Para Matar”. 

Fogo Sagrado! (Holy Smoke, EUA / Austrália, 1999) – Nota 5,5
Direção – Jane Campion
Elenco – Kate Winslet, Harvey Keitel, Julie Hamilton, Sophie Lee, Dan Wyllie, Paul Goddard.

Ruth (Kate Winslet) é uma jovem australiana que durante uma viagem para Índia, decide abandonar tudo e passa a seguir os ensinamentos de um estranho guru. Alertada por uma amiga que voltou para Austrália, a mãe de Ruth (Julie Hamilton) viaja para Índia e engana a filha dizendo que seu pai está prestes a morrer, sendo esta a única forma de trazê-la de volta. 

Para tentar manter a filha em casa, Ruth e seus filhos contratam o americano P. J. Waters (Harvey Keitel), especialista em resgatar jovens que sofreram lavagem cerebral em seitas. Para a experiência funcionar, Ruth é deixada com Waters em uma casa isolada em uma fazenda no deserto australiano. O desafio inicial se torna uma complicada disputada de egos e desejos. 

A diretora neozelandesa Jane Campion chegou ao auge com o premiado drama “O Piano”, porém seus trabalhos posteriores se mostraram inferiores. Este “Fogo Sagrado!” é um filme extremamente irregular. O embate dramático entre Keitel e Winslet não convence, assim como a obsessão dos personagens na parte final. Os coadjuvantes também são caricatos, forçando algumas sequências cômicas que não se encaixam com a trama. 

Vale destacar as cenas de sexo e nada mais.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Refúgio do Medo

Refúgio do Medo (Stonehearst Asylum ou Eliza Graves, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Brad Anderson
Elenco – Kate Beckinsale, Jim Sturgess, Ben Kingsley, David Thewlis, Brendan Gleeson, Michael Caine, Jason Flemyng, Sophie Kennedy Clark, Sinead Cusack.

Dias antes da virada do século XIX para o XX, o recém formado psiquiatra Dr. Edward Newgate (Jim Sturgess) segue para o manicômio de Stonehearst, situado em um local isolado no meio de uma floresta no interior da Inglaterra. 

Recebido com respeito pelo administrador do local, o Dr. Silas Lamb (Ben Kingsley) e com desconfiança por Mickey Finn (David Thewlis), o estranho chefe dos funcionários, Edward acredita que poderá aprender sobre a profissão e também ajudar os pacientes. 

Os olhos de Edward brilham no momento em que vê a bela Eliza Graves (Kate Beckinsale), uma jovem que foi enviada para o local após atacar o marido abusivo. A aparente organização do hospital esconde um terrível segredo que Edward não demora para descobrir. 

Baseado em um conto de Edgar Allan Poe, este eficiente longa tem ideias muito interessantes. A trama escrita por Poe é quase uma parábola sobre a popular frase “de médico e louco, todo mundo tem um pouco”, além de tocar na questão do tratamento dado as pessoas com problemas mentais, lógico que com a visão dos absurdos cometidos pelos médicos psiquiatras do início do século XX e colocar ainda em discussão a questão do que realmente seria a loucura. 

O roteiro tem algumas falhas, mas não deixa de ser criativo o segredo revelado no final do filme. 

Vale destacar ainda o ótimo elenco recheado de talentosos atores britânicos, além da sempre bela Kate Beckinsale. 

O longa cumpre o papel de prender a atenção do espectador que gosta de suspense.  

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Segredos de um Crime

Segredos de um Crime (Felony, Austrália / EUA, 2013) – Nota 6
Direção – Matthew Saville
Elenco – Tom Wilkinson, Joel Edgerton, Jai Courtney, Sarah Roberts, Melissa George.

Em Sydney, Austrália, durante uma batida policial em um depósito de contrabandistas, o detetive Malcom Toohey (Joel Edgerton) é alvejado com um tiro e salvo pelo colete à prova de balas. Na mesma noite, Malcolm e seus colegas de delegacia se reúnem para comemorar o sucesso da missão. 

Após beber alguns drinques, Malcolm segue para casa em seu carro e sem perceber resvala com o retrovisor em um jovem ciclista, que ao cair bate a cabeça no chão e não acorda. Desesperado, Malcolm chama a polícia, porém conta uma história diferente. 

O chamado é atendido pelo veterano detetive Carl Summer (Tom Wilkinson) e seu jovem parceiro Jim Melic (Jai Courtney). Como Malcolm é amigo de Summer, este decide fechar o caso rapidamente, porém Melic não fica contente com a solução e decide se aprofundar na investigação. 

Este drama policial tem o roteiro assinado pelo ator Joel Edgerton e uma boa premissa. A primeira meia-hora prende a atenção através das desconfianças entre os policiais e a dúvida se o personagem de Tom Wilkinson acobertou ou não o caso. 

Infelizmente, o bom início se perde à partir do momento em que o personagem de Edgerton demonstra uma crise de consciência. Em seguida a narrativa se torna arrastada e sem emoção. Falta até mesmo um clímax. A solução encontrada pelo roteiro não é das melhores. 

É um filme que fica aquém do potencial da premissa.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Whisky

Whisky (Whisky, Uruguai / Argentina / Alemanha / Espanha, 2004) – Nota 7,5
Direção – Juan Pablo Rebella & Pablo Stoll
Elenco – André Pazos, Mirella Pascual, Jorge Bolani.

Jacobo (André Pazos) é um homem de meia idade, solteiro, dono de uma decadente fábrica de meias em Montevidéu. Após um ano da morte de sua mãe, Jacobo participará de uma pequena homenagem no cemitério, com a colocação de uma lápide sobre o túmulo. Ele está à espera de seu irmão Herman (Jorge Bolani) que mora no Brasil e que não o visita há anos. Para tentar esconder sua triste vida, Jacobo faz um acordo com Marta (Mirella Pascual), sua funcionária. Eles fingirão estarem casados enquanto Herman estiver no país. 

Este triste drama sobre pessoas comuns pode ser considerado um espelho do próprio Uruguai, um país pequeno onde o novo e o antigo se confundem. Aqui vemos o aeroporto moderno e as pessoas utilizando celulares, ao mesmo tempo em que boa parte da história se passa em um bairro cheio de construções e comércios que parecem terem parado nos anos setenta. 

O antigo também é Jacobo, que por acomodação e teimosia deixa de viver. Ele não demonstra felicidade, parece apenas estar passando pela vida através de seguidos dias repetitivos e monótonos. O novo é Herman, que deixou o Uruguai e a falta de perspectivas para fazer sua vida no Brasil. Marta é o meio termo na história. Ela leva uma vida simples e solitária, mas demonstra em pequenos gestos a vontade de mudar. 

É interessante perceber que Jacobo demonstra sentimentos apenas em dois momentos ligados a disputas em jogos. Durante uma partida de futebol e na disputa de um jogo de mesa com o irmão quando o trio faz uma viagem à decadente cidade litorânea de Piriápolis. 

Como informação, o “whisky” do título se refere a palavra utilizada no Uruguai para tirar um sorriso das pessoas quando elas se preparam para serem fotografadas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Cymbeline & Hamlet - Vingança e Tragédia


A proposta do diretor Michael Almereyda em transportar duas obras de Shakespeare para os dias atuais utilizando os diálogos originais, resultaram em filmes no mínimo estranhos. Para meu gosto considero filmes cansativos e arrastados, como se fossem peças de teatro intermináveis, no pior sentido possível. Os fãs de Shakespeare podem desfrutar da premissa original, mas para o restante do público, mesmo o cinéfilo que gosta de experiências diferentes, fica difícil encarar estes dois filmes até o final.

Fiz apenas uma sinopse das tramas.

Cymbeline (Cymbeline, EUA, 2014) – Nota 4
Direção – Michael Almereyda
Elenco – Ethan Hawke, Ed Harris, Milla Jovovich, John Leguizamo, Penn Badgley, Dakota Johnson, Anton Yelchin, Peter Gerety, Kevin Corrigan, Vondie Curtis Hall, James Ransone, Spencer Treat Clark, Bill Pullman, Delroy Lindo, Harley Ware.

Posthumus (Penn Badgley) é um jovem que está apaixonado por Imogen (Dakota Johnson), filha de Cymbeline (Ed Harris), que é o chefão de uma quadrilha de motoqueiros e que não aceita o romance. Cymbeline também está em conflito com policiais corruptos, que querem uma parte do seu negócio. A situação de Posthumus fica mais complicada quando aceita uma aposta com Iachimo (Ethan Hawke), que pretende seduzir Imogen antes do amigo.

Hamlet – Vingança e Tragédia (Hamlet, EUA, 2000) – Nota 5
Direção – Michael Almereyda
Elenco – Ethan Hawke, Kyle MacLachlan, Diane Venora, Liev Schreiber, Julia Stiles, Bill Murray, Karl Geary, Steve Zahn, Sam Shepard, Paul Bartel, Dechen Thurman, Jeffrey Wright, Casey Affleck.

Após ser assassinado, o fantasma do CEO da Corporação Dinamarca (Sam Shepard), aparece para seu filho Hamlet (Ethan Hawke) e conta que fora assassinado por seu irmão Claudius (Kyle MacLachlan), que se tornou chefão da empresa e ainda se casou com a viúva (Diane Venora). Atormentado pela visão do pai, Hamlet prepara sua vingança. 

domingo, 13 de setembro de 2015

O Franco-Atirador

O Franco-Atirador (The Gunman, EUA / Espanha / Inglaterra / França, 2015) – Nota 6,5
Direção – Pierre Morel
Elenco – Sean Penn, Jasmine Trinca, Javier Bardem, Ray Winstone, Mark Rylance, Idris Elba, Peter Franzen.

Congo, 2006. Terrier (Sean Penn) trabalha aparentemente em uma empresa que presta segurança para uma ONG que atua no país. Ele está envolvido com a bela médica Annie (Jasmine Trinca), que não sabe que na realidade Terrier faz parte de um grupo de mercenários internacionais. Após cometer um assassinato durante uma missão, ele é obrigado fugir do país. 

Oito anos depois, Terrier está de volta ao Congo trabalhando para uma ONG, quando é alvo de um atentado. Ele sobrevive e segue para Londres onde encontra um antigo contato (Ray Winstone) e em seguida para Barcelona com o objetivo de descobrir quem deseja matá-lo. Na cidade, ele reencontra sua antiga namorada casada com seu amigo Felix (Javier Bardem). 

O diretor francês Pierre Morel é especialista em filmes eletrizantes de ação, como “Busca Implacável” e “Dupla Implacável”. Aqui, era esperado outro filme no mesmo estilo, com muita correria, tiroteios e uma história minimamente verossímil. Infelizmente o resultado fica aquém dos filmes anteriores citados. 

A trama rocambolesca de espionagem se mostra mais confusa do que verossímil, com personagens perdidos na história, como o agente interpretado por Idris Elba e o amigo mercenário vivido por Ray Winstone. 

Estes detalhes poderiam não atrapalhar se as cenas de ação fossem o ponto principal, mas desta vez até mesmo neste quesito o diretor fica devendo. São poucas as cenas de ação, com alguns tiroteios preguiçosos e nada mais. Nem mesmo as clássicas sequências de perseguição de automóvel existem. 

Apesar de ser um bom ator, Sean Penn parece deslocado como herói de ação, um tipo de papel que ele jamais havia interpretado. 

No final, fica a sensação de que era mais um filme perfeito para ter Liam Neeson como protagonista e um Pierre Morel com liberdade para criar suas cenas de ação tresloucadas. 

sábado, 12 de setembro de 2015

The Living

The Living (The Living, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Jack Bryan
Elenco – Fran Kranz, Jocelin Donohue, Kenny Wormald, Chris Mulkey, Joelle Carter.

Em Auburn, Pennsylvania, Teddy (Fran Kranz) acorda com uma tremenda ressaca, sem lembrar nada da noite anterior. Ao chamar a esposa Molly (Jocelin Donohue), percebe que ela saiu da casa. Teddy vai procurá-la na casa da sogra (Joelle Carter) e descobre que a espancou enquanto estava bêbado. Desesperado, Teddy pede desculpas, se mostra arrependido e tenta se reaproximar da esposa, que pede um tempo. 

A mãe de Molly passa a incitar seu filho Gordon (Kenny Wormald) para vingar a surra da irmã. O inseguro Gordon não tem coragem de encarar Teddy, porém com a indicação de um amigo, ele procura um assassino profissional para matar o cunhado. Gordon encontra o psicopata Howard (Chris Mulkey), que aceita a proposta. 

Este interessante drama independente foca em personagens comuns, que após atitudes impensadas são obrigados a conviver com as consequências, sendo algumas delas um caminho sem volta. 

O destaque do elenco fica para o assassino interpretado pelo veterano Chris Mulkey. Ator relegado a papéis de coadjuvante sem destaque, aqui interpreta o personagem mais marcante de sua carreira. Ele toma conta do filme como o sujeito frio, com sensor de humor sinistro e sem sentimento algum para o próximo. 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Comédias Sobre Conflitos de Relacionamento

A Guerra dos Roses (The War of the Roses, EUA, 1989) – Nota 5
Direção – Danny DeVito
Elenco – Michael Douglas, Kathleen Turner, Danny DeVito, Marianne Sagebrecht, Sean Astin, Heather Fairfield, G. D. Spradlin.

O advogado Gavin (Danny DeVito) está conversando com um cliente sobre divórcio e decide contar ao sujeito a história de um casal de amigos. Em flashback, o espectador vê Oliver (Michael Douglas) e Barbara (Kathleen Turner) se conhecerem durante as férias, se apaixonarem e se casarem. Com o passar dos anos, Oliver faz uma carreira bem sucedida em uma empresa, enquanto Barbara continua trabalhando como garçonete e cuidando dos filhos. Quando Barbara tem a oportunidade de abrir uma empresa de alimentação e se equiparar financeiramente ao marido, inclusive comprando uma bela casa no subúrbio, a relação do casal desanda, dando início a uma guerra por causa do divórcio. 

O trio Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny DeVito fez sucesso em meados dos anos oitenta com as divertidas aventuras de “Tudo Por Uma Esmeralda” e “A Joia do Nilo”. Este terceiro filme mudou totalmente o foco da aventura para o humor negro, resultando numa obra que decepcionou o público na época. A proposta do filme é o exagero, desde o romance melado no início da trama, passando pela crise no casamento e terminando com a ridícula guerra entre o casal. É o tipo de filme em que o espectador precisa aceitar a proposta do absurdo para tentar se divertir.     

Os Rivais (Tin Men, EUA, 1987) – Nota 6
Direção – Barry Levinson
Elenco – Richard Dreyfuss, Danny DeVito, Barbara Hershey, John Mahoney, Seymour Cassell, Bruno Kirby, J. T. Walsh, Richard Portnow, Matt Craven, Alan Blumenfeld.

Baltimore, 1963. Bill “BB” Babowsky (Richard Dreyfuss) e Ernest Tilley (Danny DeVito) são vendedores de alumínio que não se conhecem, até o momento em que se envolvem em pequeno acidente de automóvel que resulta em um ódio mortal entre eles. Além de vendedores, os dois também adoram seus carros e por este motivo culpam um ao outro pelo acidente. A partir daí, como se fossem duas crianças, os sujeitos iniciam uma guerra que resultará em situações ridículas, até mesmo envolvendo Nora (Barbara Hershey), que é esposa de Ernest. 

A premissa é simples e as piadas irregulares. Os destaques são a reconstituição de época de Baltimore, cidade sempre retratada com carinho pelo diretor Barry Levinson e o carisma da dupla principal que estava no auge da carreira na época. É uma descartável sessão da tarde e nada mais que isso.

A Inveja Mata (Envy, EUA, 2004) – Nota 5
Direção – Barry Levinson
Elenco – Ben Stiller, Jack Black, Rachel Weisz, Amy Poehler, Christopher Walken.

Tim (Ben Stiller) e Nick (Jack Black) são vizinhos e grandes amigos. Enquanto Tim é um trabalhador esforçado, Nick é um sonhador que sempre tem ideias mirabolantes que não funcionam. Quando Nick diz ter desenvolvido um produto que faz a poeira e outros tipos de sujeira desaparecerem, ele oferece uma sociedade no negócio para Tim, porém o amigo não leva a sério a proposta. Para surpresa geral, o estranho produto se torna sucesso e enriquece Nick, causando uma enorme inveja em Tim e por consequência um conflito entre os antigos amigos. 

As piadas totalmente sem graça, os personagens chatos de Stiller e Black e a história fraca transformaram o longa em um grande fracasso, sendo o pior filme da carreira de Barry Levinson até então. 

Uma Família em Pé de Guerra (Tank, EUA, 1984) – Nota 5,5
Direção – Marvin J. Chomsky
Elenco – James Garner, C. Thomas Howell, Shirley Jones, G. D. Spradlin, Jennilee Harrison, Dorian Harewood, Mark Herrier, James Cromwell.

O Major Zak Carey (James Garner) se muda com a família para um quartel em uma pequena cidade da Georgia. Inconformado com uma situação no quartel, Zak decide parar em um bar local para beber e acaba por dar uma surra em um sujeito que agredia uma garota. Somente depois ele descobre que o sujeito (James Cromwell) é um figurão da cidade que manda até mesmo no xerife corrupto (G. D. Spradlin). Como vingança, o xerife utiliza uma acusação falsa para prender Billy (C. Thomas Howell), filho de Zak, que toma uma decisão radical para salvar o garoto. 

A trama é de filme policial, porém o roteiro dá ênfase a comédia, com poucas situações engraçadas e um climax exagerado que envolve até mesmo um tanque de guerra. Mesmo tendo sido produzido para o cinema, a obra tem todo jeito de filme para tv. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Invasores: Nenhum Sistema Está a Salvo

Invasores: Nenhum Sistema Está a Salvo (Who Am I – Kein System ist Sicher, Alemanha, 2014) – Nota 8
Direção – Baran Bo Odar
Elenco – Tom Schilling, Elyas M’Barek, Wotan Wilke Mohring, Antoine Monot Jr, Hannah Herzsprung, Trine Dyrholm, Stephan Kampwirth.

Benjamin (Tim Schilling) é o típico jovem perdedor. Órfão criado pela avó que agora sofre de Alzheimer, ignorado pelos colegas na escola e estudante medíocre, hoje sobrevive entregando pizzas. O único talento que o jovem descobriu com a solidão foi a facilidade em invadir sistemas. 

Após cometer um erro em uma tentativa de invasão, Benjamin é sentenciado a cumprir horas de trabalho comunitário. Durante o trabalho, ele conhece Max (Elyas M’Barek), outro hacker especialista em sistemas. Junto com outros dois sujeitos, Max e Benjamin criam um grupo de hackers que pregam a anarquia. A brincadeira sai do controle quando o grupo decide invadir o sistema de um órgão do governo. 

Este surpreendente longa alemão tem um engenhoso roteiro repleto de reviravoltas, com ótimos diálogos e uma trama narrada pelo protagonista. O roteiro recicla ideias de dois ótimos filmes americanos dos anos noventa, fato que o cinéfilo mais atento vai descobrir durante a reviravolta final. Não citarei os filmes, pois estragaria a surpresa. 

Outro ponto positivo é transformar os hackers em aventureiros. Diferente do perfil do nerd que fica apenas na frente do computador, aqui os jovens invadem prédios, pulam cercas e despistam seguranças para cumprir seus objetivos. 

O longa é uma agradável surpresa para quem gosta de suspense, ação e uma boa trama. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Submarine & O Duplo


Submarine (Submarine, Inglaterra / EUA, 2010) – Nota 7,5
Direção – Richard Ayoade
Elenco – Craig Roberts, Yasmin Paige, Noah Taylor, Paddy Considine, Sally Hawkins, Darren Evans.

País de Gales, anos oitenta. Oliver Tate (Craig Roberts) é um garoto tímido que se apaixona por Jordana (Yasmin Paige), uma colega de escola com quem ele não sabe como se aproximar. Um fato inusitado abra o coração de Jordana para Oliver. Ao mesmo tempo em que Oliver começa a descobrir como funciona um relacionamento, ele percebe uma crise no casamento de seus pais (Noah Taylor e Sally Hawkins) e a atração da mãe por um ex-namorado (Paddy Considine), que ministra palestras que misturam autoajuda com música new age, ou seja, um tremendo picareta. 

O inglês Richard Ayoade estreou na direção e escreveu o roteiro deste sensível longa sobre relacionamentos e descobertas da adolescência, misturando drama e comédia na medida certa. O estilo da narrativa lembra os filmes de Wes Anderson (não o visual), focando em situações e personagens que a princípio podem parecer exagerados ou excêntricos, mas que se mostram reais quando analisamos o todo. 

Muito da qualidade do filme está nos diálogos e nos personagens. Os adolescentes são espontâneos nas interpretações e os pais vividos por Noah Taylor e Sally Hawkins são o típico casal que se ama, mas que não sabe como demonstrar o sentimento. 

É um filme que vale a sessão para quem gosta de histórias simples contadas com sensibilidade.

O Duplo (The Double, Inglaterra, 2013) – Nota 6,5
Direção – Richard Ayoade
Elenco – Jesse Eisenberg, Mia Wasikowska, Wallace Shawn, Noah Taylor, Yasmin Paige, James Fox, Cathy Moriarty, Craig Roberts.

Em uma época indeterminada, Simon James (Jesse Eisenberg) é um funcionário burocrata de uma empresa especializada em controle de dados e informações. Tímido e inseguro, Simon é ignorado por quase todas as pessoas, até mesmo pelo porteiro que todos os dias pede sua identificação, como se jamais o tivesse visto. A insegurança de Simon faz com que tenha dificuldades para se aproximar de Hannah (Mia Wasikowska), colega de empresa por quem se sente atraído. Sua vida triste fica ainda mais complicada quando a empresa contrata James Simon (o próprio Jesse Eisenberg), sujeito idêntico a ele, porém com uma personalidade expansiva e um caráter duvidoso. Aos poucos, Simon percebe que está sendo substituído por James, sentindo como se sua vida estivesse sendo roubada. 

Baseado livremente em uma peça de Dostoevsky, este longa apresenta algumas ideias interessantes, como a questão da invisibilidade das pessoas tímidas na sociedade, que sofrem e muitas vezes acabam descartadas por possíveis parceiros, chefes e até amigos. 

É interessante também o contraste envolvendo cenários e história. Ao mesmo tempo em a trama parece mostrar a empresa como parte de uma sociedade futurista ao estilo “1984”, os cenários e os utensílios do escritório são retrô, como as mesas e cadeiras, os biombos e as máquinas. 

Infelizmente, o filme perde força no ritmo arrastado da narrativa e no roteiro quase todo previsível, com exceção do final que remete a um antigo clássico cult de Roman Polanski, que não citarei para não estragar a surpresa. 

terça-feira, 8 de setembro de 2015

2:37 - É Só uma Questão de Tempo

2:37 – É Só uma Questão de Tempo (2:37, Austrália, 2006) – Nota 7,5
Direção – Murali K. Thalluri
Elenco – Teresa Palmer, Frank Sweet, Sam Harris, Charles Baird, Joel Mackenzie, Marni Spillane, Clementine Mellor.

Em uma escola de ensino médio na Austrália, uma tragédia ocorre as 2:37 da tarde. A câmera do diretor Murali K. Thalluri acompanha os problemas de seis alunos durante o fatídico dia, cruzando situações e deixando o espectador à espera de quem seja a vítima. 

Temos a jovem angustiada (Teresa Palmer), seu ambicioso irmão (Frank Sweet), o atleta metido a garanhão (Sam Harris), o garoto com problemas de saúde (Charlie Baird), a patricinha apaixonada (Marni Spillane) e o jovem que assumiu ser homossexual (Joel Mackenzie). 

Com um estilo que lembra filmes como “Elephant” de Gus Van Sant e as obras polêmicas de Larry Clark, o novato diretor australiano consegue imprimir uma narrativa sóbria e criar situações verossímeis sobre o mundo dos adolescentes, além de mostrar o colégio como uma verdadeira selva de vaidades, mentiras, violência psicológica e preconceitos. 

Vale destacar ainda os depoimentos dos personagens para a câmera, em cenas isoladas onde falam de si mesmos como se fosse uma entrevista. 

Não espere um final explosivo ou algum massacre, a proposta é mostrar o complicado universo adolescente e as suas consequências.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Um Rosto na Multidão

Um Rosto na Multidão (A Face in the Crowd, EUA, 1957) – Nota 8,5
Direção – Elia Kazan
Elenco – Andy Griffith, Patricia Neal, Anthony Franciosa, Walter Matthau, Lee Remick.

Poucas vezes o cinema foi tão profético quanto neste drama dirigido por Elia Kazan. Em 1957, quando o longa foi produzido, a tv americana estava em fase de crescimento e popularização, o que com certeza serviu de inspiração para o roteirista Budd Schullberg escrever a história de ascensão e queda do polêmico Larry “Solitário” Rhodes (Andy Griffith no melhor papel da carreira). 

A trama começa em uma pequena cidade do Arkansas, onde a jovem Marcia (Patricia Neal) decide fazer um programa de rádio dentro da cadeia municipal. No local, ela tenta entrevistar alguns detentos, até ser apresentada ao andarilho Rhodes, que decide cantar e contar histórias, transformando o programa em um sucesso. 

Rhodes é contratado pela rádio e se torna o grande astro da cidade, até ser convidado para apresentar um programa de tv em Nova York. Ele leva Marcia para ser sua produtora e logo se transforma em celebridade nacional, sendo assediado por empresários e políticos que desejam associar seus nomes e marcas ao ídolo. 

Hoje, quase sessenta anos depois, a trama ainda se mostra extremamente atual. O protagonista interpretado por Andy Griffith pode ser comparado a várias celebridades atuais de tv, que utilizam seu carisma e espaço na mídia para vender todo tipo de produto, apoiar políticos e manipular massas, sem qualquer preocupação com as consequências, tendo como objetivos o lucro e o poder, além de manter inflado o gigantesco ego. 

No ótimo elenco, vale destacar ainda Anthony Franciosa como o agente picareta, uma adolescente Lee Remick como a deslumbrada jovem que se entrega ao ídolo e Walter Matthau como o produtor de tv que é a única voz sensata em meio a um mundo de mentiras.

domingo, 6 de setembro de 2015

Intrusos & A Casa dos Mortos


Intrusos (Intruders, EUA / Inglaterra / Espanha, 2011) – Nota 6
Direção – Juan Carlos Fresnadillo
Elenco – Clive Owen, Carice van Houten, Daniel Bruhl, Pilar López de Ayala, Ella Purnell, Izán Corchero, Kerry Fox, Hector Alterio.

Em Madrid, o garoto Juan (Izán Corchero) sofre com pesadelos recorrentes em que um homem sem rosto tenta sequestrá-lo. Sua mãe (Pilar López de Ayala) a cada dia fica mais desesperada, até resolver pedir ajuda a um jovem padre (Daniel Bruhl). Em Londres, após completar doze anos e encontrar uma caixinha dentro de uma árvore com uma história sobre o “homem sem rosto”, a garota Mia (Ella Purnell) passa a sofrer pesadelos semelhantes aos de Juan. Seu pai (Clive Owen) e sua mãe (Carice van Houten) a princípio não acreditam que a ameaça possa realmente existir. 

O diretor espanhol Juan Carlos Fresnadillo me surpreendeu de forma positiva com o competente “Extermínio 2”, longa que tinha tudo para ser uma bomba. O aparente potencial do diretor não se confirmou neste trabalho seguinte, que resulta em um suspense totalmente previsível. Algumas sequências despertam tensão, como as duas cenas de brigas, uma na escadaria de incêndio e outra no quarto da menina. O problema maior está no roteiro que tenta esconder a verdadeira ligação entre as duas crianças, mas que falha, pois o espectador mais atento descobrirá o segredo antes da metade do filme. 

É um suspense descartável, daqueles que o espectador esquecerá rapidamente.

A Casa dos Mortos (Demonic, EUA / Inglaterra, 2015) – Nota 6
Direção – Will Canon
Elenco – Frank Grillo, Maria Bello, Dustin Milligan, Cody Horn, Megan Park, Scott Mechlowicz, Aaron Yoo, Ashton Leigh.

Nos anos oitenta, em uma pequena cidade da Louisiana, uma mulher assassinou vários jovens durante uma sessão para invocação de espíritos. Quase trinta anos depois, o policial Mark Lewis (Frank Grillo) é chamado para atender uma ocorrência na mesma casa. Ele encontra vários jovens mortos e apenas um ainda com vida, John (Dustin Milligan). Alegando que não se lembra dos fatos com clareza, John se torna o principal suspeito, principalmente após descobrirem que ele é filho da única sobrevivente do massacre anterior. Com ajuda de uma psicóloga (Maria Bello) e com várias câmeras que foram encontradas na casa, aos poucos o policial descobre o que realmente ocorreu. 

A premissa é interessante, mesmo não sendo original e o clima de tensão é competente, assim como as idas e vindas da história entre o interrogatório/investigação e as cenas em flashback que mostram os acontecimentos até o momento da tragédia. 

Infelizmente o roteiro tem furos, inclusive com uma reviravolta final um pouco forçada.

sábado, 5 de setembro de 2015

Angie

Angie (Open Road, Brasil / EUA, 2013) – Nota 4
Direção – Marcio Garcia
Elenco – Camilla Belle, Andy Garcia, Colin Egglesfield, Juliette Lewis, Christiane Torloni, Carol Castro, John Savage.

Angie (Camilla Belle) é uma jovem brasileira que está morando dentro de um carro nos Estados Unidos, trabalhando como garçonete e à procura de alguém importante em sua vida. Durante sua busca por esta pessoa, Angie faz amizade com um morador de rua (Andy Garcia) e se envolve com um policial (Colin Egglesfield) de uma pequena cidade. 

O ator, apresentador e celebridade Marcio Garcia se aventurou como diretor no açucarado e fracassado “Amor Por Acaso”, que tinha Juliana Paes e o canastrão Dean Cain como par romântico. Mesmo após a péssima estreia como diretor, Marcio Garcia conseguiu nova chance nesta co-produção, inclusive com a participação de nomes importantes como Andy Garcia e Juliette Lewis, porém a falta de talento continua a mesma. 

Para piorar, o roteiro é péssimo. Tudo parece falso, as interpretações são ruins, com exceção de Andy Garcia, os dramas da protagonista são ao estilo das novelas e a reviravolta final vergonhosa. Não se pode esquecer da protagonista Camilla Belle sendo dublada em português nas cenas em que conversa com a irmã (Carol Castro) e a mãe (Christiane Torloni). Por sinal, até o bordão “Meu Bebê” é proferido por Torloni. 

É um filme para passar longe.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Testemunha Muda

Testemunha Muda (Mute Witness, Rússia / Inglaterra / Alemanha, 1995) – Nota 7
Direção – Anthony Waller
Elenco – Marina Sudina, Fay Ripley, Evan Richards, Oleg Jankowskij, Alec Guinness.

A jovem Billy Hughes (Marina Sudina) é uma maquiadora muda que está em Moscou trabalhando em um filme de horror vagabundo produzido por sua irmã Karen (Fay Ripley) e dirigido por seu cunhado Andy (Evan Richards). 

Após um dia de filmagens, já na madrugada, Billy está andando pelos estúdios vazios quando encontra um local onde está sendo filmado aparentemente um longa pornô. Curiosa, Billy fica espiando a cena em que um sujeito mascarado está prestes a transar com uma jovem, porém para sua surpresa, o homem tira uma faca e mata a parceira. Assustada, Billy descobre que aquilo é um snuff movie. Ao perceber que foi vista, ela foge desesperada, sendo perseguida pelos produtores do filme que são ligados a Máfia Russa. 

Hoje praticamente esquecido, este agitado thriller mistura o submundo dos snuffs movies com uma conspiração que inclui ainda a KGB. A narrativa acelerada pela cidade de Moscou, valorizada pelo bom roteiro cheio de reviravoltas assinado pelo próprio diretor Anthony Waller, resulta em um interessante suspense. 

O diretor Anthony Waller ainda convenceu o veterano Alec Guinness a fazer uma pequena participação. Guinness estava praticamente aposentado do cinema. 

Infelizmente, o talento promissor de Waller se perdeu em trabalhos posteriores. Os fracos “Um Lobisomem Americano em Paris” e “O Culpado” abortaram sua carreira. 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria

Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, Austrália / EUA, 2015) – Nota 9
Direção – George Miller
Elenco – Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays Byrne, Josh Helman, Nathan Jones, Zoe Kravitz, Rosie Huntington Whiteley.

Primitivo, violento e alucinante. Após trinta e seis anos de carreira e há trinta sem fazer um filme de ação, o diretor australiano George Miller comanda aqui sua obra prima. Miller unificou as tramas da trilogia original e escreveu um novo roteiro priorizando as cenas de ação. O longa é basicamente uma violenta perseguição de duas horas pelo deserto australiano, recheadas de cenas sensacionais. 

Diferente do original em que vemos Mad Max Rockatansky (Tom Hardy) ainda como policial, aqui a história mostra o protagonista já vivendo em um mundo apocalíptico e sofrendo com alucinações por não ter conseguido salvar a família. Logo no início, Max é capturado por um grupo de selvagens carecas e totalmente pálidos, que o levam para um local conhecido como “Cidadela”. Max é utilizado como uma “bolsa de sangue” por um dos selvagens que está doente, Nux (Nicholas Holt). 

Quando Furiosa (Charlize Theron) foge em um carro tanque levando as cinco esposas de Immortan Joe (Hugh Keays Byrne), o líder da Cidadela, um grupo de selvagens é enviado para resgatar as mulheres. No grupo está Nux, que amarra Max na frente de seu carro como se fosse um troféu. Este é o início da alucinante perseguição. 

Minha impressão é que desta vez o diretor George Miller conseguiu reunir orçamento e autonomia para fazer o filme que sempre sonhou. O primeiro “Mad Max” era um filme de baixo orçamento que fez sucesso na raça. O segundo teve um maior investimento e resultou em um ótimo longa, porém longe dos recursos desta nova versão. O terceiro filme da série foi o mais fraco, com a mão pesada de um grande estúdio por trás e uma trama com pouca ação que decepcionou os fãs. 

O merecido sucesso já rende boatos de uma nova sequência.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A Epidemia

A Epidemia (The Crazies, EUA / Emirados Árabes Unidos, 2010) – Nota 6,5
Direção – Breck Eisner
Elenco – Timothy Olyphant, Radha Mitchell, Joe Anderson, Danielle Panabaker, John Aylward, Glenn Morshower.

Na pequena cidade de Ogden Marsh em Iowa, um sujeito invade um jogo de beisebol com uma espingarda em punho e termina morto pelo xerife David (Timothy Olyphant). Na noite seguinte, outro homem coloca fogo na própria casa após trancar filho e esposa no quarto. Não demora para o exército invadir a cidade e levar os habitantes para uma espécie de quarentena em um local ao lado escola. O xerife, sua esposa (Radha Mitchell) e seu assistente (Joe Anderson), tentam fugir do cerco através das plantações da região, tendo de enfrentar ainda pessoas que ficaram loucas da noite para o dia. 

Esta refilmagem de “O Exército do Extermínio” de George A. Romero é um razoável longa que utiliza vários elementos da história original, mas infelizmente não tem o mesmo clima de paranoia e desespero. A trama aqui é mais voltada para a ação, com os personagens tentando fugir da cidade, diferente do original em que um dos pontos do roteiro era a discussão sobre o que fazer para resolver a situação. Aqui tudo é resolvido da forma mais fácil, sem qualquer tipo de debate com o exército. Fica como ponto positivo, o final pessimista ao estilo de todos os filmes do grande Romero.  

terça-feira, 1 de setembro de 2015

C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor

C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor (C.R.A.Z.Y., Canadá, 2005) – Nota 8
Direção – Jean Marc Vallée
Elenco – Michel Côte, Marc André Grondin, Danielle Proulx. Émile Vallée, Pierre Luc Brillant, Maxime Tremblay, Alex Gravel, Natasha Thompson.

O diretor canadense Jean Marc Vallée (“Clube de Compras Dallas” e “Livre”) entregou aqui um belíssimo filme sobre a vida da família Beaulieu no período entre 1960 e o início dos anos oitenta. 

O personagem principal é Zac (Émile Vallée aos seis anos de idade e Marc André Grondin na adolescência e fase adulta), que narra sua história desde seu nascimento em um Dia de Natal, passando por sua infância quando uma determinada marca fez com que sua mãe (Danielle Proulx) acreditasse que ele tivesse o poder de curar as pessoas, pela difícil fase da adolescência com a dúvida sobre sua sexualidade, até a idade adulta. 

O ponto principal da história é o difícil relacionamento familiar, principalmente entre Zac e seu pai Gervais (Michel Côte), um machão de bom coração, que teme que seu filho seja homossexual. O roteiro foca também no relacionamento de Zac com seus quatro irmãos, todos com aptidões e estilos de vidas diferentes entre si e o conflito com seu irmão mais velho, o rebelde Raymond (Pierre Luc Brillante). 

Além da ótima direção de atores, vale destacar a competente reconstituição de época através de roupas, carros, utensílios domésticos e principalmente pela trilha sonora recheada de músicas famosas. 

Este belo filme foi o primeiro trabalho do diretor Vallée que chamou atenção da crítica internacional.