terça-feira, 30 de abril de 2019

True Detective - 3º Temporada

True Detective – 3º Temporada (True Detective, EUA, 2019) – Nota 7,5
Criador – Nic Pizzolatto
Direção – Nic Pizzolatto, Jeremy Saulnier & Daniel Sackheim
Elenco – Mahershala Ali, Carmen Ejogo, Stephen Dorff, Scoot McNairy, Ray Fisher, Sarah Gadon, Brett Cullen, Mamie Gummer, Michael Greyeyes, Jon Tenney, Rhys Wakefield, Scott Shepherd, Steven Williams.

Interior do Arkansas, 1980. Um casal de irmãos pré-adolescentes desaparece na floresta. Os detetives Wayne “Purple” Hays (Mahershala Ali) e Roland West (Stephen Dorff) são os responsáveis pela investigação. 

Entre os suspeitos estão os pais das crianças (Scoot McNairy e Mamie Gummer), um índio que vive de recolher lixo (Michael Greyeyes) e um enigmático sujeito de um olho só que ninguém conhece. 

A trama se divide em três narrativas intercaladas em períodos diferentes. Temos a investigação do crime em 1980, uma nova pista que faz o caso ser reaberto em 1990 e por fim uma entrevista concedida pelo então aposentado detetive Hays nos dias atuais. 

O roteiro tenta reeditar o estilo da primeira temporada em que um crime era investigado em duas épocas diferentes, sendo que aqui a inserção de mais um período deixa a narrativa um pouco cansativa por causa das idas e vindas. 

A falta de ação e de suspense é outro ponto que deixa um pouco a desejar. A sequência mais tensa é a do tiroteio envolvendo um coadjuvante, os policiais e um grupo de civis metidos a vigilantes. 

Por outro lado, o roteiro tem algumas boas sacadas, como a questão da perda de memória do personagem de Mahershala Ali, que utiliza a entrevista para tentar remontar o caso e ao mesmo tempo reavivar suas memórias perdidas, inclusive de seu relacionamento com a esposa (Carmen Ejogo). 

Mesmo sendo um pouco superior do que a temporada anterior, a primeira temporada com Matthew McConaughey e Woody Harrelson continua imbatível na qualidade.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Querido Menino

Querido Menino (Beautiful Boy, EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – Felix van Groeningen
Elenco – Steve Carell, Timothée Chalamet, Maura Tierney, Amy Ryan, Timothy Hutton, Kaitlyn Dever, Andre Royo, LisaGay Hamilton.

Aos dezoito anos, Nic Sheff (Timothée Chalamet) não consegue controlar seu vício nas drogas, inclusive usando a terrível metanfetamina. 

Seu pai, o jornalista David (Steve Carell) inicia uma verdadeira saga para tentar ajudar o filho a se livrar das drogas, tendo ajuda de sua atual esposa (Maura Tierney) e da mãe de Nic (Amy Ryan). 

Baseado em dois livros que detalham a história real da luta de uma família contra o vício do filho, este longa tem como um dos grandes acertos não apelar para o exagero, com o diretor preferindo uma narrativa sóbria, mesmo com alguns momentos tensos e outros emotivos. 

Os problemas enfrentados pela família são um verdadeiro manual do que ocorre com quem convive com um viciado, seja em drogas ou bebida. A dificuldade da pessoa aceitar que o vício está afetando sua vida, as mentiras para esconder os erros, os pequenos furtos de dinheiro e objetos da casa, a decadência física, as tentativas de reabilitação e as recaídas. Tudo isso é mostrado com extrema clareza. 

O destaque do elenco fica para Steve Carell, que fez grande parte de sua carreira em comédias, mas que a cada trabalho em dramas comprova ser um grande ator.

domingo, 28 de abril de 2019

Poderia Me Perdoar?

Poderia Me Perdoar? (Can You Ever Forgive Me?, EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Marielle Heller
Elenco – Melissa McCarthy, Richard E. Grant, Dolly Wells, Ben Falcone, Gregory Korostishevsky, Jane Curtin.

Nova York, 1991. Lee Israel (Melissa McCarthy) é uma escritora especializada em biografias que passa por um período conturbado na carreira. Desempregada e escrevendo um novo livro que sua agente (Jane Curtin) não tem intenção de publicar, Lee precisa conseguir dinheiro. 

A chance surge quando ela descobre um mercado de colecionadores que pagam por cartas escritas por celebridades mortas. Após vender uma carta original que ela recebeu de Katherine Hepburn por ter escrito a biografia da atriz, Lee passa a falsificar cartas de outros famosos para vender. 

Baseado numa absurda história real sobre um golpe totalmente incomum, este longa tem como maior destaque a interpretação de Melissa McCarthy longe das comédias. Ela utiliza o sarcasmo e a ironia para criar uma personagem inteligente, mentirosa e péssima nas relações sociais. Por isso mesmo seu único amigo acaba sendo o inglês beberrão e drogado vivido por um impagável Richard E. Grant, que em determinado momento se torna seu parceiro no golpe. 

É uma sessão que vale para quem quiser ver um lado diferente da atriz e descobrir esta maluca história real.

sábado, 27 de abril de 2019

A Peregrinação

A Peregrinação (Pilgrimage, Irlanda / Bélgica / EUA, 2017) – Nota 6,5
Direção – Brendan Muldowney       
Elenco – Tom Holland, Jon Bernthal, Richard Armitage, Stanley Weber, John Lynch, Hugh O’Conor, Ruaidhri Conroy.

Idade Média. O Papa envia um emissário (Stanley Weber) para uma pequena vila no interior da Irlanda onde um grupo de monges guarda uma pedra considerada sagrada. A missão do sujeito é levar a pedra até Roma. 

É formado um grupo com quatro monges (Tom Holland, John Lynch, Hugh O’Conor e Ruaidhri Conroy) e um serviçal mudo (Jon Bernthal) para a perigosa viagem. 

Mesmo com uma narrativa irregular e um claro baixo orçamento, o diretor Brendan Muldowney consegue entregar um filme com alguns pontos positivos. 

O clima de desolação é pontuado por uma sinistra trilha sonora que se mostra perfeita para o tema. As cenas de ação são bem filmadas e extremamente violentas. O roteiro ainda explora mesmo que de forma rasa, a questão da perda da fé em decorrência das injustiças e das mentiras contadas pelo emissário do Papa. 

Os destaques do elenco ficam para o hoje famoso Tom Holland como o jovem monge que descobre um novo mundo durante a peregrinação e o sempre sisudo Jon Bernthal arrebentando os inimigos nas sequências de ação. 

É um filme interessante e que prende a atenção para quem gosta de obras que misturam religião e violência.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Os Cavaleiros Brancos

Os Cavaleiros Brancos (Les Chevaliers Blancs, Bélgica / França, 2015) – Nota 7
Direção – Joachim Lafosse
Elenco – Vincent Lindon, Louise Bourgoin, Valérie Donzelli, Reda Kateb, Stéphane Bissot.

Jacques (Vincent Lindon) é o líder de uma ONG que viaja com um grupo de voluntários para um país africano em guerra com o objetivo de resgatar trezentas crianças que perderam os pais para serem levadas para França. 

O que a princípio parece ser uma causa nobre, as poucos é revelado o real motivo do trabalho. Além disso, não demora para surgirem problemas, inclusive conflitos entre os voluntários. 

O roteiro escrito pelo diretor Joachim Lafosse explora as consequências das guerras no interior da África e como grupos tentam se aproveitar da situação. Sobram críticas para as ONGs, para os líderes tribais, para os exércitos estrangeiros e para os rebeldes assassinos que não respeitam sequer mulheres e crianças. 

Mesmo com o filme apresentando falhas e entregando um final em aberto, ele cumpre a proposta de mostrar como em algumas regiões do planeta as pessoas ainda vivem de forma totalmente precária, com uma total falta de recursos e a mercê de grupos violentos.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Smashed: De Volta a Realidade

Smashed: De Volta a Realidade (Smashed, EUA, 2012) – Nota 6,5
Direção – James Ponsoldt
Elenco – Mary Elizabeth Winstead, Aaron Paul, Nick Offerman, Megan Mullally, Octavia Spencer, Mary Kay Place, Kyle Gallner, Mackenzie Davis, Bree Turner.

Kate (Mary Elizabeth Winstead) é uma professora primária que exagera na bebida. Seu marido Charlie (Aaron Paul) é um jornalista que também adora beber e fumar maconha. 

Quando Kate vomita em plena sala de aula e inventa uma terrível mentira, é o início de uma grande crise em sua vida. A chance de mudar o rumo das coisas surge quando outro professor (Nick Offerman) a incentiva a participar de um grupo de apoio para viciados. 

O roteiro escrito pelo diretor James Ponsoldt não apresenta novidades em relação ao tema ou ao desenvolvimento da história. A abordagem é até certo ponto clean, sem apelar para exageros explícitos em relação as drogas. 

O sofrimento da protagonista é mostrado muito mais de uma forma psicológica do que física, inclusive focando na crise que se instala em seu casamento. 

O filme ganha pontos pela atuação da sempre simpática e espontânea Mary Elizabeth Winstead, atriz com uma beleza natural que chama bastante a atenção. 

É um filme mediano que explora um tema polêmico.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Halloween H20, Halloween: Ressurreição & Halloween (2018)


Halloween H20 – Vinte Anos Depois (Halloween H20: 20 Years Late, EUA, 1998) – Nota 7
Direção – Steve Miner
Elenco – Jamie Lee Curtis, Adam Arkin, Josh Hartnett, Michelle Williams, Adam Hann Byrd, Jodi Lyn O’Keefe, LL Cool J, Janet Leigh, Joseph Gordon Levitt.

Vinte anos após o massacre cometido por Michael Myers, sua irmã Laurie (Jamie Lee Curtis) mudou para a Califórnia, trocou de nome para Keri e trabalha como diretora de escola. Quando Michael descobre o paradeiro da irmã através do arquivo do hospital psiquiátrico onde está preso e escapa em seguida, Laurie volta a correr perigo. 

Este longa seria uma continuação das partes I e II, porém tudo o que ocorre aqui foi descartado na nova versão de 2018. O filme é competente na proposta de criar sequências de violência e suspense, seguindo o estilo comum dos anos noventa em que vários jovens se tornam vítimas do maníaco durante sua caçada, inclusive com o clássico clímax do enfrentamento cara a cara. 

É um bom filme, mas que acaba ficando deslocado por conta da nova versão.

Halloween: Ressurreição (Halloween: Resurrection, EUA, 2002) – Nota 5
Direção – Rick Rosenthal
Elenco – Jamie Lee Curtis, Brad Loree, Busta Rhymes, Bianca Kajlich, Sean Patrick Thomas, Thomas Ian Nicholas, Ryan Merriman, Tyra Banks.

Depois de matar um inocente pensando que teria assassinado seu irmão Michael Myers, Laurie (Jamie Lee Curtis) sofre uma espécie de colapso e termina internada em um hospital psiquiátrico. 

Em paralelo, um empresário ambicioso (Busta Rhymes) cria um reality show transmitido pela internet colocando seis pessoas presas na casa onde ocorreu o massacre original. O que ele não sabe é que o verdadeiro Michael Myers também está escondido na região.

O razoável sucesso do filme de 1998 resultou nesta desastrada continuação que tentava chamar a atenção do público com o tema dos reality shows que estavam em franca ascensão na época. Esta escolha acaba sendo apenas um gancho para Myers se divertir matando os participantes. 

Vale citar que o diretor Rick Rosenthal foi o responsável pela competente parte II da franquia, porém depois disso não fez filme algum que mereça ser lembrado. 

Halloween (Halloween, EUA, 2018) – Nota 7
Direção – David Gordon Green
Elenco – Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak, Haluk Bilginer, James Jude Courtney, Nick Castle, Will Patton, Toby Huss, Rhian Rees, Jefferson Hall.

Quarenta anos após ter assassinado várias pessoas na noite de Halloween, o psicopata Michael Myers (James Jude Courtney e Nick Castle) escapa ao ser transferido de prisão.

Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), que sobreviveu ao ataque nos anos setenta, se preparou a vida inteira para enfrentar novamente o psicopata. Sua obsessão resultou numa relação conflituosa com a filha (Judy Greer), que por seu lado tenta manter sua filha Allyson (Andi Matichak) longe da avó. 

Este novo longa da franquia seria na verdade uma sequência dos dois primeiros filmes, o original clássico de John Carpenter produzido em 1978 e a sequência de 1981 dirigida por Rick Rosenthal. 

Os filmes seguintes que chegaram a parte seis foram ignorados, assim como o “Halloween H20” e “Halloween: Ressurreição” que também foram protagonizados por Jamie Lee Curtis em 1998 e 2002 respectivamente. 

Dito isso, esta sequência continua a história de forma correta, porém sem surpresas. O assassino continua assustador, deixando um rastro de vítimas até o inevitável conflito final. 

Por mais que aparentemente seja o último filme da franquia, não se pode duvidar da criatividade dos roteiristas e produtores em explorar a pequena dúvida que fica ao final da sessão.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Brexit

Brexit (Brexit, Inglaterra, 2019) – Nota 7
Direção – Toby Haynes
Elenco – Benedict Cumberbatch, Rory Kinnear, Simon Paisley Day, John Heffernan, Lee Boardman, Paul Ryan, Kyle Soller, Kate O’Flynn.

Em 2015, o então Primeiro-Ministro inglês David Cameron cumpre a promessa de realizar um referendo para a população decidir se gostaria que o país ficasse ou saísse da União Europeia. 

Enquanto o governo monta um grupo de pessoas para convencer a população a votar a favor da manutenção na União Europeia, congressistas da oposição brigam para unificar uma base a favor da saída. 

Alguns congressistas atuando nos bastidores oferecem a liderança da campanha para o ex-político Dominic Cummings (Benedict Cumberbatch), um sujeito polêmico que não acredita na política tradicional. 

Esta produção para tv inglesa detalha os bastidores da batalha que resultou na saída da Grã-Bretanha da União Europeia, fato denominado de Brexit. Este referendo é um verdadeiro marco de mudança em relação às eleições tradicionais. 

Foi o primeiro caso em que um grupo utilizou as redes sociais e as novas tecnologias para mapear os eleitores e conseguir os votos não somente dos indecisos, mas também daqueles que não tinham interesse em política. 

Este novo formato de campanha resultou na eleição de novos políticos na maioria dos países ocidentais, onde o acesso a internet se popularizou e virou uma ferramenta primordial de interação entre candidatos e eleitores. Cada vez mais fica difícil enganar o povo com mentiras e populismo. 

A velocidade da informação e as redes sociais transformaram todas as pessoas em fiscais e jornalistas, disseminando notícias e rebatendo inverdades. É uma nova era em que os políticos precisam ouvir a voz do povo para se manterem nos cargos.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Sequestro

Sequestro (Kapringen, Dinamarca, 2012) – Nota 7,5
Direção – Tobias Lindholm
Elenco – Pilou Asbaek, Soren Malling, Dar Salim, Roland Moller, Gary Skjoldmose Porter, Abdihakin Asgar.

Um navio de cargo a caminho da Índia é sequestrado por piratas somalis. O negociador dos piratas (Abdihakin Asgar) escolhe o cozinheiro do navio chamado Mikkel (Pilou Asbaek) como uma espécie de representante do tripulantes. 

Enquanto isso, na sede da empresa proprietária do navio na Dinamarca, o CEO Peter (Soren Malling) decide tomar a frente das negociações com os piratas. Com apoio de um negociador experiente (Gary Skjoldmose Porter) e usando seu próprio conhecimento, Peter decide não pagar os valores exigidos pelos sequestradores, criando um enorme impasse na situação. 

O roteiro escrito pelo diretor Tobias Lindholm tenta mostrar de uma forma racional as atitudes das três partes envolvidas na terrível situação. Os piratas que a princípio são mostrados como selvagens, em outros momentos criam até mesmo um laço com dois tripulantes. 

Os tripulantes variam do desespero para a esperança e novamente para o desespero com a demora na negociação. Os executivos também de início encaram como uma negociação igual a que teriam com outra empresa, tratando os reféns quase como produtos, até que a tensão se torna quase insuportável. 

É um filme competente e realista, que acerta ao entregar cenas tensas e dramáticas, além de deixar claro que a ideologia e o poder muitas vezes são colocadas acima do ser humano,

domingo, 21 de abril de 2019

Escape at Dannemora

Escape at Dannemora (Escape at Dannemora, EUA, 2018) – Nota 8
Direção – Ben Stiller
Elenco – Benicio Del Toro, Patricia Arquette, Paul Dano, Eric Lange, Bonnie Hunt, David Morse, Jeremy Bobb, Michael Beasley, Calvin Dutton, Dominic Colon, Antoni Corone, Skipp Sudduth, Michael Imperioli.

Cidade de Clinton, Nova York, penitenciária de Dannemora. Em 2015, Joyce “Tilly” Mitchell (Patrick Arquette) é a supervisora da confecção do local que ensina detentos a costurar. 

Chegando na meia-idade, frustrada com o trabalho e em crise no casamento com o guarda prisional Lyle (Eric Lange), Tilly se envolve sexualmente com dois prisioneiros. David (Paul Dano) e Richard (Benicio Del Toro) utilizam a situação para que Tilly os ajude em um plano de fuga. 

Esta minissérie em sete episódios dirigida de forma surpreendente pelo ator Ben Stiller detalha a história real da fuga de um presídio que era considerado impossível de alguém escapar. Além de mostrar todos os detalhes da fuga de uma forma bem clara, a minissérie também tem como destaque o desenvolvimento dos personagens e as atuações. 

Benicio Del Toro está perfeito como o prisioneiro manipulador e com um talento nato para a pintura. Patricia Arquette engordou muitos quilos para criar a mulher frustrada que despreza o marido e que vê no relacionamento com os prisioneiros a chance de ter um pouco de prazer e aventura em sua vida monótona. 

Vale citar ainda o eterno coadjuvante Eric Lange, de séries como “Narcos “ e “Wacko”, que aqui tem o melhor papel de sua carreira, estando irreconhecível como o caipira sem personalidade. 

Destaque para o episódio em flashback que detalha os crimes que levaram os dois personagens à cadeia e também a vida pregressa de Tilly. É um episódio que dá a verdadeira dimensão do caráter de cada personagem. 

Apesar do pequeno deslize do último episódio ser longo demais, a minissérie é ótima para quem gosta do gênero, sendo um grande acerto na carreira de Ben Stiller como diretor.

sábado, 20 de abril de 2019

Oportunistas

Oportunistas (The Place, Itália, 2017) – Nota 7,5
Direção – Paolo Genovese
Elenco – Valerio Mastandrea, Marco Giallini, Alessandro Borghi, Silvio Muccino, Alba Rohrwacher, Vittoria Puccini, Sabrina Ferilli, Silvia D’Amico.

Um sujeito (Valerio Mastandrea) passa o dia inteiro em uma mesa de uma cafeteria recebendo pessoas que desejam algo. Para o desejo da pessoa se realizar, o desconhecido designa uma tarefa após ler uma folha qualquer de uma agenda que está sempre ao seu lado. 

Os desejos variam de “ficar mais bonita”, “recuperar a visão”, “ser amado por uma modelo”, entre outros. Para serem realizados as pessoas devem cumprir tarefas bizarras como “matar uma criança”, “cometer um assalto” ou “uma freira que precisa engravidar”. 

O engenhoso roteiro escrito pelo diretor Paulo Genovese deixa o espectador e os coadjuvantes em dúvida sobre quem seria o homem que realiza os desejos. Deus, o diabo, um chefão do crime, um psiquiatra ou um pesquisador. 

O roteiro também amarra as histórias dos personagens, tanto o que eles sonham conseguir, quanto as tarefas inusitadas que eles precisam decidir se valem a pena serem executadas. 

A trama dá margem a várias interpretações. Na minha visão, tudo se resume a livre escolha de cada pessoa e como isso influenciará sua vida. 

O filme tem cenário único, se passando inteiro dentro da cafeteria, porém mesmo assim está longe de ser cansativo.

É uma obra que prende atenção através dos ótimos diálogos e das histórias absurdas.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Jogador Nº 1

Jogador Nº 1 (Ready Player One, EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – Steven Spielberg
Elenco – Tye Sheridan, Olivia Cooke, Ben Mendelsohn, Lena Waithe, T.J. Miller, Simon Pegg, Mark Rylance, Philip Zao, Win Morisaki, Ralph Ineson, Susan Lynch, Hannah John Kamen, Perdita Weeks.

Cleveland, 2045. Muitas pessoas moram em uma espécie de favela vertical e passam o dia vivendo uma realidade virtual através de um jogo chamado “Oasis” em que as pessoas criam seus próprios personagens. 

A morte do criador do jogo (Mark Rylance) deixa em aberto um enigma. Quem conseguir encontrar três chaves será o vencedor que receberá todas as ações da megacorporação proprietária do game. 

Enquanto uma corporação concorrente treina centenas de pessoas para resolverem o enigma, o jovem Wade (Tye Sheridan) e alguns amigos virtuais lutam também para serem os vencedores. 

Spielberg retorna as aventuras adolescentes utilizando uma roupagem atual voltada para a nova geração que adora os games. Ele consegue dividir a narrativa e as várias sequências de ação entre o mundo virtual e o real de forma competente nos dois formatos. 

As sequências virtuais agradam até mesmo quem não curte muito o estilo, como é o meu caso. As cenas no mundo real tem o selo Spielberg de qualidade. 

Está longe de ser sensacional como outros grandes trabalhos do diretor, mas por outro lado comprova que os efeitos por computador podem render filmes de qualidade desde que tenham uma boa história e um diretor com criatividade e talento.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

O Mistério de Silver Lake

O Mistério de Silver Lake (Under the Silver Lake, EUA, 2018) – Nota 4
Direção – David Robert Mitchell
Elenco – Andrew Garfield, Riley Keough, Topher Grace, Rex Linn, Jimmi Simpson, Jeremy Bobb, Zosia Mamet.

Não é comum acontecer, mas vez ou outra após dez minutos de filme algo me diz que o melhor seria desistir e partir para outro. Este filme foi um destes casos, mas por teimosia e curiosidade decidi ver até o final. O resultado foram duas horas e vinte minutos desperdiçadas em um filme totalmente sem sentido. 

O diretor David Robert Mitchell recebeu elogios pelo superestimado “Corrente do Mal” e provavelmente acreditou que poderia copiar o estilo maluco de David Lynch, que por sinal eu também não gosto. Fica complicado até explicar a premissa. 

Um desempregado (Andrew Garfield) mora em um condomínio simples, passa o dia fumando maconha e observando mulheres na piscina. Ele se aproxima de uma vizinha (Riley Keough), que no dia seguinte desaparece.

O sujeito decide investigar o paradeiro da garota cruzando o caminho de personagens estranhos e situações bizarras. Ele frequenta festas modernas, se envolve no desaparecimento de um empresário, encontra um estranho compositor, entre várias outras situações sem muita explicação. 

O filme é uma total perda de tempo para o espectador.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Oh Lucy! & Jantar com Beatriz


Oh Lucy! (Oh Lucy!, Japão / EUA, 2017) – Nota 7,5
Direção – Atsuko Hirayanagi
Elenco – Shinobu Terajima, Josh Hartnett, Kaho Minami, Koji Yakusho, Shioli Kutsuna, Megan Mullaly, Reylo Aylesworth.

Em Tóquio, Setsuko (Shinobu Terajima) é uma solitária funcionária de um escritório que fica empolgada ao começar um bizarro curso de inglês indicado por sua sobrinha (Shioli Kutsuna). Setsuko se sente atraído pelo professor americano (Josh Hartnett), que tem o hábito de abraçar as alunos para criar um laço. 

Quando o professor e sua sobrinha fogem juntos para Los Angeles, ela e sua irmã (Kaho Minami) que se odeiam, decidem viajar para os EUA à procura do casal. É o início de uma complicada aventura em um país completamente novo. 

Este sensível drama tem semelhanças com o ainda mais estranho “Kumiko – A Caçadora de Tesouros”. A personagem principal aqui é uma pessoa cheia de defeitos, com atitudes incomuns e que vê no professor a chance de encontrar o amor. 

O roteiro utiliza a carência da personagem como combustível para criar sequências engraçadas, outras tristes e algumas constrangedoras, além de um final surpreendente. 

A diretora Atsuko Hirayanagi estreia no cinema adaptando a história que ela mesma filmou como curta-metragem três anos antes. Destaque para a atuação de Shinobu Terajima, perfeita como a atormentada protagonista.

Jantar com Beatriz (Beatriz at Dinner, EUA, 2017) – Nota 5,5
Direção – Miguel Arteta
Elenco – Salma Hayek, John Lithgow, Connie Britton, Jay Duplass, Amy Landecker, Chloe Sevigny, David Warshofsky.

Em Los Angeles, Beatriz (Salma Hayek) é uma imigrante especializada em medicina alternativa que ajuda pacientes em um hospital. Uma de suas clientes é Kathy (Connie Britton), que mora em uma mansão e que aparentemente a considera uma amiga por ter ajudado a tratar de sua filha adolescente quando esta teve câncer. 

Após uma sessão de rotina com Kathy, Beatriz não consegue ir embora porque seu carro apresenta um problema. Kathy convida Beatriz para passar a noite na casa e até participar do jantar com dois casais de amigos. Não demora para as diferenças sociais e de valores virem à tona. 

O roteiro escrito pelo ator e diretor Mike White foca no desgastado tema da luta de classes e na diferença de valores entre as pessoas. Infelizmente o roteiro deixa bastante a desejar. Ele explora os clichês dos personagens masculinos ricos e inescrupulosos e as personagens femininas alienadas, enquanto a moral verdadeira estaria na simples trabalhadora vivida por Salma Hayek. 

Mesmo com o ponto alto do longa sendo as discussões entre Salma Hayek e o empresário interpretado com cinismo por John Lithgow, a história jamais decola. É um filme que beira o politicamente correto de uma forma ingênua.   

terça-feira, 16 de abril de 2019

Expedição Kon Tiki

Expedição Kon Tiki (Kon-Tiki, Inglaterra / Noruega / Dinamarca / Alemanha / Suécia, 2012) – Nota 7
Direção – Joachim Ronning & Espen Sandberg
Elenco – Pal Sverre Hagen, Anders Baasmo Christiansen, Tobias Santelman, Gustaf Skarsgard, Odd Magnus Williamson, Jakob Oftebro, Agnes Kittelsen.

Polinésia, 1937. O jovem norueguês Thor Heyerdahl (Pal Sverre Hagen) e sua esposa Liv (Agnes Kittelsen) vivem em meio aos nativos.

Quando um ancião conta que seus ancestrais vieram pelo mar através do leste, da América do Sul, ou seja, mudando completamente a história oficial de que o povo local seria proveniente da Ásia, Thor fica obcecado em provar o fato. 

Desacreditado pelos historiadores da época, Thor decide embarcar numa aventura maluca. Depois de dez anos buscando financiamento para viagem, ele consegue o dinheiro junto ao governo do Peru.

Ao lado de cinco amigos, Thor monta uma enorme jangada para recriar a jornada que teria sido feita pelo Deus Tiki, saindo do Peru e velejando sem motores até a Polinésia. 

Esta história real é com certeza uma das aventuras mais malucas da história do mundo e ao mesmo tempo uma grande feito. A jornada de cem dias por mar aberto com uma jangada é detalhada sem muitas surpresas na questão dos conflitos entre os personagens. Os destaques ficam para as sequências mais tensas envolvendo tubarões e as cenas em meio a tempestade. 

O protagonista é mostrado como um sujeito arrogante e obcecado, que enfrentava seus próprios medos em busca do objetivo de entrar para a história. 

É um longa indicado para quem gosta de aventuras reais.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Quase Deuses

Quase Deuses (Something the Lord Made, EUA, 2004) – Nota 7,5
Direção – Joseph Sargent
Elenco – Alan Rickman, Mos Def, Kyra Sedgwick, Gabrielle Union, Merritt Weaver, Clayton LeBouef, Charles S. Dutton, Mary Stuart Masterson.

Nashville, anos trinta. Vivien Thomas (Mos Def) é um marceneiro que fica desempregado por conta da crise que passa o país. Sonhando em se tornar médico, porém com pouco dinheiro, Thomas consegue um emprego como faxineiro no laboratório da universidade da cidade. 

Sua inteligência e talento com as mãos chama a atenção do cirurgião e também pesquisador Alfred Blalock (Alan Rickman), que o transforma em seu assistente. É o início de uma parceria de mais de trinta anos, tendo como ponto alto a primeira cirurgia de coração realizada na história da medicina. 

Produzido pela HBO, este longa é basicamente uma biografia da dupla de médicos, com destaque para a luta de Vivien Thomas contra o preconceito por ser negro em meio a uma profissão de elite na época.

O filme deixa claro que o sucesso de Blalock se deve em grande parte ao talento de Thomas, que por muitos anos viveu à margem da fama do colega. 

Mesmo com um roteiro didático, o filme ganha pontos pela história em si e por não ser panfletário em relação ao preconceito ou vitimismo. A proposta é mostrar que o preconceito era uma triste realidade na época.

domingo, 14 de abril de 2019

Um Ato de Esperança

Um Ato de Esperança (The Children Act, Inglaterra / EUA, 2017) – Nota 6,5
Direção – Richard Eyre
Elenco – Emma Thompson, Stanley Tucci, Fionn Whitehead, Ben Chaplin, Eileen Walsh, Nikki Amuka Bird, Rosie Cavaliero, Jason Watkins.

Em Londres, Fiona Maye (Emma Thompson) é uma juíza especializada em casos de família. Dedicando praticamente todo seu tempo ao trabalho, Fiona se afastou do marido (Stanley Tucci), que ameaça abandoná-la. 

A crise no casamento reflete nas decisões de Fiona referente o caso do adolescente Adam Henry (Fionn Whitehead), que com o apoio dos pais que são Testemunhas de Jeová se nega a receber uma transfusão de sangue que pode salvar sua vida. 

O roteiro baseado em livro de Ian McEwan tem uma premissa polêmica sobre a questão do conflito entre fé e ciência. O tema é bem desenvolvido na primeira parte do filme durante o julgamento do caso. 

Em um segundo momento a trama toma um rumo diferente, voltado para a questão da perda da fé e a busca de respostas para a vida. Infelizmente o filme se torna arrastado, muito por causa das crises de consciência da protagonista e do jovem doente. A personagem seca de Emma Thompson também não desperta empatia alguma com o espectador. 

É um filme que desperdiça a boa premissa.

sábado, 13 de abril de 2019

O Castelo de Vidro

O Castelo de Vidro (The Glass Castle, EUA, 2017) – Nota 7,5
Direção – Destin Daniel Cretton
Elenco – Brie Larson, Woody Harrelson, Naomi Watts, Ella Anderson, Max Greenfield, Josh Caras, Sarah Snook, Brigette Lundy Payne.

Jeannette (Brie Larson) é uma colunista social de um jornal em Nova York que está prestes a casar com um executivo (Max Greenfield). A vida aparentemente perfeita esconde um complicado passado familiar. 

Jeannette foi criada com duas irmãs e um irmão em uma família em que seu pai Rex (Woody Harrelson) e sua mãe Rose (Naomi Watts) mudavam constantemente de cidade. Rex vivia de bicos e de pequenos golpes, além de ser alcoólatra. 

A narrativa se divide em dois tempos. O presente em que Jeannette deseja se afastar dos pais e o passado mostrando em flashbacks todos os problemas causados pelo pai. 

O roteiro escrito pelo diretor Destin Daniel Cretton, do ótimo “Temporário 12” também protagonizado por Brie Larson, explora os dramas de uma família que sofre por causa dos problemas psicológicos do pai, que intercala momentos amorosos com os filhos, com outros em que o ódio toma conta. 

Em alguma situações o longa lembra o superior “Capitão Fantástico”, com destaque para o sempre marcante Woody Harrelson como o atormentado e sonhador pai. 

Vale citar que o Castelo de Vidro do título é a casa que o personagem do pai sonha em construir.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

1964: O Brasil Entre Armas e Livros


1964: O Brasil Entre Armas e Livros (Brasil, 2019) – Nota 10
Direção – Lucas Ferrugem, Henrique Viana & Felipe Valerim
Documentário

Os jornalistas do site Brasil Paralelo produziram este documentário que conta em detalhes a história política do Brasil de 1964 até a Constituição de 1988. 

O ponto de partida é o trabalho do jornalista brasileiro Mauro Abranches Kraenski e do polonês Vladimir Petrilak. Eles fizeram uma extensa pesquisa nos arquivos das polícias secretas da antiga Tchecoslováquia, hoje República Tcheca e da Polônia. 

Eles colheram provas que no final dos anos cinquenta e início dos sessenta, estes países com o apoio da União Soviética enviaram espiões para o Brasil com o objetivo de fomentar uma revolução comunista, o que foi abortado com a ação da forças armadas que tomaram o poder em 1964. 

O documentário volta até a eleição de Juscelino Kubitschek em 1955 para detalhar os fatos que levaram o país à beira do caos em 1964. 

Por mais que os produtores sejam da chamada “direita”, apoiando o Livre Mercado e o Capitalismo, o documentário deixa claro também os erros de estratégia cometidos pelos governos militares que se sucederam até o início dos anos oitenta. 

O principal deles foi deixar a “esquerda” dominar as áreas de educação e cultura, transformando assassinos e terroristas em heróis, ou seja, recontando a história de uma forma deturpada. 

Outros absurdos cometidos pela esquerda como o terrível objetivo de transformar o país em uma ditadura do proletariado também é explicado através de depoimentos de diversas pessoas, entre elas os jornalistas William Wack e Percival Pugina, além dos filósofos Luiz Felipe Pondé e Olavo de Carvalho. 

Para quem deseja entender a história do Brasil nas últimas décadas sem o viés ideológico da esquerda, este documentário é uma ótima opção.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Sunderland Até Morrer

Sunderland Até Morrer (Sunderland ‘Til I Die, Inglaterra, 2018) – Nota 8
Documentário com Martin Bain e Chris Coleman

Na cena inicial, durante uma missa um padre reza pedindo sucesso para o time do Sunderland na temporada que está para iniciar.

É meados de 2017, o time foi rebaixado para a segunda divisão inglesa e tentará retornar à elite na nova temporada.

A expectativa por uma boa temporada perde força logo na derrota no primeiro amistoso e desaba a cada novo tropeço no campeonato. 

Para quem acompanha futebol, é muito interessante notar que os erros cometidos pelos dirigentes do Sunderland, pelo treinador e as reações da torcida são iguais ao que ocorre no Brasil. 

Entre os vários problemas mostrados no doc, temos o jogador bêbado falando mal dos companheiros, treinador pedindo contratações, diretor de futebol precisando lidar com orçamento baixo e olheiros confusos indicando muitos jogadores. 

O doc acerta também ao colher depoimentos de torcedores e funcionários do clube que sofrem com a péssima campanha. O torcedores de uma forma passional e os funcionários ainda mais preocupados com medo de perderem o emprego no caso de outro rebaixamento. 

O doc é basicamente uma lição de como não se deve administrar um time de futebol.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Corpo Fechado, Fragmentado & Vidro


Corpo Fechado (Unbreakable, EUA, 2000) – Nota 8
Direção – M. Night Shyamalan
Elenco – Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Robin Wright Penn, Spencer Treat Clark, Charlayne Woodard, Eammon Walker, M. Night Shyamalan, James Handy.

Apenas uma pessoa sobrevive a um terrível acidente de trem. David Dunn (Bruce Willis) trabalha como segurança em um estádio e passa por uma crise no casamento com Audrey (Robin Wright Penn). Sem entender como sobreviveu sem um arranhão sequer, David fica intrigado ao receber um cartão perguntando se alguma vez ele ficou doente. 

Ao lado do filho adolescente Joseph (Spencer Treat Clark), ele procura e encontra o autor da pergunta. Elijah Price (Samuel L. Jackson) é um sujeito que sofre de uma rara doença que enfraquece os ossos e por este motivo passou muito tempo de sua vida em casa e nos hospitais, se tornando um expert em histórias em quadrinhos. Elijah acredita que David possa ser um super-herói. 

O diretor e roteirista M. Night Shyamalan transformou esta premissa maluca em um drama sobre a busca de um novo caminho na vida. O angustiado personagem de Bruce Willis precisa montar um quebra-cabeça de lembranças para entender seu papel no mundo, assim como o excêntrico vivido por Samuel L. Jackson busca algo também totalmente fora do comum. 

Como era esperado na época por causa do sucesso de “O Sexto Sentido”, Shyamalan novamente guardou um segredo que é revelado na sequência final.

Fragmentado (Split, EUA, 2016) – Nota 8
Direção – M. Night Shyamalan
Elenco – James McAvoy, Anya Taylor Joy, Betty Buckley, Haley Lu Richardson, Jessica Sula, Izzi Coffey, Brad William Henke, Sebastian Arcelus.

Um sujeito (James McAvoy) sequestra três garotas que acordam em um quarto de subsolo de um local desconhecido. Para deixar a situação ainda mais sinistra, cada vez que o homem entra no quarto para falar com as garotas, ele demonstra uma personalidade completamente diferente da outra. Duas garotas (Haley Lu Richardson e Jessica Sula) ficam desesperadas, enquanto a terceira chamada Casey (Anya Taylor Joy) tenta se manter fria e analisar a situação para tentar se salvar. 

O roteiro explora duas outras narrativas. Logo, descobrimos que o homem trata do seu distúrbio de múltiplas personalidades com uma veterana psiquiatra (Betty Buckley). A terceira narrativa são flashbacks que mostram a adolescente Casey ainda criança (Izzi Coffey), enfrentando um sério problema familiar. 

Depois de alguns trabalhos que dividiram público e crítico, o diretor M. Night Shyamalan voltou a velha forma com este instigante suspense. O roteiro vai além das tramas sobre psicopatas ao explorar como um trauma pode mudar completamente a forma de uma pessoa encarar a vida ou até mesmo resultar em um distúrbio como o do protagonista. As atitudes do personagem de James McAvoy variam do assustador ao caricato, de acordo com a proposta do roteiro, dando uma ótima oportunidade para o ator demonstrar seu talento. 

Quem curte os trabalhos de Shyamalan ainda terá uma bela surpresa na cena final.

Vidro (Glass, EUA, 2019) – Nota 8
Direção – M. Night Shyamalan
Elenco – James McAvoy, Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Sarah Paulson, Anya Taylor Joy, Spencer Treat Clark, Charlayne Woodard, Luke Kirby, Adam David Thompson, M. Night Shyamalan.

Dezenove anos após o acidente de trem que mudou sua vida, David Dunn (Bruce Willis) utiliza seu dom para resgatar pessoas sequestradas e eliminar bandidos, sempre com ajuda tecnológica de seu filho (Spencer Treat Clark). Quando David cruza o caminho do psicopata de múltiplas personalidades (James McAvoy), a situação sai do controle e os dois terminam presos em um hospital psiquiátrico onde também está detido Elijah “Mr. Glass” Price (Samuel L. Jackson). Enquanto uma doutora (Sarah Paulson) acredita que possa curar o trio, cada um deles em um objetivo diferente. 

A inusitada trilogia de M. Night Shyamalan é fechada de forma competente e criativa com este longa que une os três personagens excêntricos dos dois filmes anteriores. É praticamente uma obrigação ver “Corpo Fechado” e “Fragmentado” para entender este último filme. São diversas citações e alguns flashbacks, além da participação dos coadjuvantes dos longas anteriores, inclusive um pequeno papel do próprio M. Night Shyamalan. 

Ele conseguiu criar uma trilogia que mistura drama, suspense, ação e filme de super-herói de uma forma quase realista. Além da criatividade da trama que brinca com os clichês dos quadrinhos, o roteiro escrito pelo diretor ainda guarda um segredo no final que amarra muito bem os três filmes. 

O longa ganha ainda mais pontos pelas atuações marcantes do trio principal. 

São três filmes indicados para quem gosta dos trabalhos de Shyamalan.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Lost in London

Lost in London (Lost in London, EUA / Inglaterra, 2017) – Nota 6,5
Direção – Woody Harrelson
Elenco – Woody Harrelson, Owen Wilson, Eleanor Matsuura, Louisa Harland, Willie Nelson, Martin McCann, Peter Ferdinando.

Em 2002, o ator Woody Harrelson passou pelo que seria o pior dia da sua vida, que começou com um escândalo com prostitutas, seguiu por uma noitada com iranianos malucos e terminou na cadeia após brigar com um taxista. 

Woody resolveu transformou este dia em uma comédia filmada em tempo real que brinca consigo mesmo. Ele não tem pudor em mostrar seus erros daquela noite, como o medo de perder a esposa, a discussão com o amigo Owen Wilson e o desfile de coadjuvante bizarros que se aproximavam por causa de sua fama. 

Os diálogos que citam filmes e pessoas do cinema são divertidos, com destaque para a conversa sobre Wes Anderson e a participação quase surreal do cantor Willie Nelson. 

Conforme a narrativa avança, o filme se torna um pouco cansativo, principalmente após ele ser preso.

É um filme estranho, quase um documentário sobre uma noite de absurdos.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Pandorum

Pandorum (Pandorum, Alemanha / Inglaterra / EUA, 2009) – Nota 7
Direção – Christian Alvart
Elenco – Ben Foster, Dennis Quaid, Cam Gigandet, Antje Traue, Cung Lee, Eddie Rouse, Norman Reedus, André Hennicke.

Os créditos iniciais citam que no futuro a Terra tem seus recursos naturais quase esgotados. A chance de sobrevivência surge com a descoberta de um planeta semelhante. 

A trama pula para uma estação espacial onde dois oficiais acordam após uma longa hibernação. Bower (Ben Foster) e Payton (Dennis Quaid) tentam entender o que está ocorrendo ao encontrarem a estação vazia e com problemas de navegação. Não demora para perceberem que algo fora do comum está vivendo na estação. 

A mistura de ficção e terror segue o estilo de filmes como a série “Aliens” ao inserir uma terrível ameaça em meio a uma expedição espacial. O roteiro é previsível, mesmo tendo uma pequena reviravolta no final. Os pontos altos são as cenas de ação e a produção caprichada. 

O diretor Christian Alvart, do razoável “Caso 39”, consegue criar tensão e suspense ao explorar a estação espacial como cenário de um jogo de gato e rato. 

É um filme indicado para quem curte o gênero.

domingo, 7 de abril de 2019

Caixa de Pássaros

Caixa de Pássaros (Bird Box, EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – Susanne Bier
Elenco – Sandra Bullock, Trevante Rhodes, John Malkovich, Sarah Paulson, Jacki Weaver, Rosa Salazar, Danielle Macdonald, Lil Rel Howery, Tom Hollander, BD Wong, Pruitt Taylor Vince, Parminder Nagra.

A história é contada em duas narrativas com diferença de cinco anos. A primeira detalha como as pessoas são afetadas por algo inexplicável que resulta em suicídio em massa. .

Os sobreviventes descobrem que não podem olhar para lugar algum que seja espaço aberto. Um grupo de sobreviventes fica preso em um grande casa, sem saber como enfrentar a situação. .

Entre as várias pessoas no local estão Malorie (Sandra Bullock), o revoltado Douglas (John Malkovich), Tom (Trevante Rhodes) e o dono casa Greg (BD Wong). 

A segunda narrativa avança em cinco anos e mostra Malorie tentando levar duas crianças rio abaixo à procura de uma espécie de santuário em meio ao caos. O detalhe sinistro é que Malorie e as crianças usam vendas nos olhos e precisam encontrar o caminho às escuras. .

O roteiro que é baseado em um livro é um cruzamento das premissas de “O Nevoeiro” de Stephen King com o recente “Uma Lugar Silencioso”. A diretora Susanne Bier foge do seu estilo normal focado em dramas para se aventurar nesta história que mescla ficção, suspense e aventura de uma forma competente. .

Ela consegue imprimir um bom ritmo alternando as narrativas e criando algumas boas sequências de tensão. Se a primeira parte é um pouco previsível, o final entrega uma interessante surpresa. .

Como curiosidade, pela falta de explicação lógica sobre o que realmente afetava as pessoas causando os suicídios, começaram a pingar na internet teorias sobre a história. A teoria mais complexa e bizarra tenta ligar a doença da depressão com o roteiro.

É um filme que ganha pontos também por fazer o espectador pensar após a sessão.

sábado, 6 de abril de 2019

Quando Você Viu Seu Pai Pela Última Vez?

Quando Você Viu Seu Pai Pela Última Vez? (And When Did You Last See Your Father?, Inglaterra / Irlanda, 2007) – Nota 7
Direção – Anand Tucker
Elenco – Jim Broadbent, Colin Firth, Matthew Beard, Juliet Stevenson, Gina McKee, Elaine Cassidy, Sarah Lancashire.

Duas narrativas em paralelo detalham o relacionamento do escritor Blake Morrison (Colin Firth) com seu pai Arthur (Jim Broadbent). 

Nos dias atuais, Blake retorna à casa da família no interior da Inglaterra quando Arthur é diagnosticado com um câncer terminal. Ele percebe que é a última chance de resolver as pendências com o pai. 

A outra narrativa mostra Blake adolescente (Matthew Beard) sofrendo com o jeito expansivo e até intrometido do pai, que aparentemente trai sua esposa (Juliet Stevenson) com uma parente. 

O roteiro que é baseado em livro autobiográfico do verdadeiro Blake Morrison segue o estilo das histórias de relacionamentos familiares complicados. A difícil questão de enfrentar situações que incomodam e silêncios que dizem mais do que palavras são fatos comuns no retrato da família Morrison. 

Apesar de não apresentar surpresas, o filme ganha pontos pelas competentes interpretações de Jim Broadbent e Colin Firth, que criam personagens antagônicos, mas que se amam como pai e filho. 

O resultado é um sensível drama familiar.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Bullet & Gridlock’d – Na Contramão


Bullet (Bullet, EUA, 1996) – Nota 5,5
Direção – Julien Temple
Elenco – Mickey Rourke, Adrien Brody, Ted Levine, Tupac Shakur, John Enos III, Manny Perez, Jerry Grayson, Suzanne Shepherd.

Após cumprir oito anos de prisão, Bullet Stein (Mickey Rourke) ganha a liberdade. Rapidamente ele volta ao mundo do crime e entra em conflito com um antigo parceiro (Tupac Shakur). Bullet ainda precisa lidar com os problemas familiares.

A difícil relação com os pais, a amizade com o irmão mais jovem (Adrien Brody) que tem um grande talento para a pintura e as diferenças como o paranoico irmão mais velho (Ted Levine) que vive recluso sofrendo com as lembranças da Guerra do Vietnã. 

O roteiro escrito pelo astro Mickey Rourke apresenta uma premissa batida, mas ao tempo interessante misturando o mundo do crime com problemas familiares. Por mais que a história tenha até um desenvolvimento aceitável, o filme perde pontos pelas atuações ruins e as péssimas cenas de violência. Rourke interpreta o personagem canalha e sofredor comum a sua filmografia, enquanto Adrien Brody parece perdido como o irmão artista e Ted Levine exagerado interpretando o maluco. 

É um filme que envelheceu mal.

Gridlock’d – Na Contramão (Gridlock’d, EUA, 1997) – Nota 7
Direção – Vondie Curtis Hall
Elenco – Tim Roth, Tupac Shakur, Thandie Newton, Charles Fleischer, Vondie Curtis Hall, Howard Hesseman, James Pickens Jr, John Sayles, Tom Towles, Tom Wright, Lucy Liu, Bookem Woodbine

Após testemunharam a overdose de uma amiga (Thandie Newton), os músicos Stretch (Tim Roth) e Spoon (Tupac Shakur) decidem abandonar o vício em heroína. Eles tentam entrar em um programa de desintoxicação do governo, mas são barrados pela burocracia estatal. Em paralelo, a dupla se torna alvo de policiais por causa da overdose da amiga e de traficantes de quem eles compravam as drogas. 

O roteiro escrito pelo ator e diretor Vondie Curtis Hall mistura uma trama policial comum com uma crítica contra a política governamental de reabilitação de viciados da época. As situações que a dupla enfrenta para tentar entrar no programa são um misto de absurdo e descaso mostrados de uma forma sarcástica. 

Esta pitada de comédia ganha pontos pela ótima química entre Tim Roth e o falecido rapper Tupac Shakur, aqui com certeza no seu melhor papel no cinema. 

O ritmo ágil e as locações na periferia de Detroit são outros destaques deste competente longa. 

quinta-feira, 4 de abril de 2019

O Incidente no Nile Hilton

O Incidente no Nile Hilton (The Nile Hilton Incident, Marrocos / Suécia / Dinamarca / Alemanha / França, 2017) – Nota 6,5
Direção – Tarik Saleh
Elenco – Fares Fares, Mari Malek, Yasser Ali Maher, Ahmed Selim, Hania Amar, Mohamed Yousry.

Egito, janeiro de 2011. Pouco dias antes da explosão dos protestos que culminaram com a renúncia do presidente Hosni Mubarak, uma jovem cantora e também garota de programa é assassinada dentro de um hotel de luxo. 

O policial Noredin Mostafa (Fares Fares) é encarregado do caso, que rapidamente é encerrado pelas autoridades. Mesmo assim, Mostafa decide investigar por conta própria, desobedecendo inclusive o chefe de polícia que é seu tio (Yasser Ali Maher). 

Ele descobre que a jovem era amante de um milionário (Ahmed Selim) e que uma camareira do hotel (Mari Malek) viu o assassino. 

O roteiro escrito pelo diretor Tarik Saleh utiliza o acontecimento real dos protestos para criar uma trama policial de ficção, também com a intenção de mostrar o Egito como um país dominado pela corrupção. 

Policiais violentos e corruptos, torturas, propinas, empresários desonestos, prostituição, tudo isso é jogado no mesmo balaio. 

Infelizmente a proposta se perde em meio a uma narrativa confusa e arrastada em alguns momentos. Vale como curiosidade pelas locações no Egito.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Os Falsários

Os Falsários (Die Falscher, Áustria / Alemanha, 2007) – Nota 7,5
Direção – Stefan Ruzowitzky
Elenco – Karl Markovics, August Diehl, Devid Striesow, Martin Brambach, August Zirner.

Berlim, 1936. Salomon “Sally” Sorowitsch (Karl Markovics) é um famoso falsificador que termina preso pela polícia nazista. Por ser russo e judeu, Sally é enviado em 1939 para um campo de concentração. 

Ele consegue sobreviver pintando quadros e murais para os nazistas, até que o ex-policial que o prendeu (Devid Striesow) e que se tornou oficial, o obriga a participar de um engenhoso trabalho. 

Os nazistas reúnem vários judeus sobre o comando de Sally para falsificarem libras que seriam utilizadas para compra de armamentos e também para desestabilizar a economia inglesa. 

Baseado na história real da “Operação Bernhard” criada pelas nazistas durante a Segunda Guerra, este longa se apoia na criatividade e na astúcia do protagonista, que além de precisar lidar com os nazistas, também tinha que administrar as atitudes dos falsificadores que estavam presos ao seu lado, principalmente de um comunista (August Diehl) que pregava sabotar o trabalho. 

A questão ética era deixada de lado pelo protagonista, tanto por ser a única forma de sobreviver, como pela própria índole do sujeito que sempre viveu de golpes. 

O detalhe curioso é que o verdadeiro Sally morreu em Porto Alegre nos anos setenta.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Operação Fronteira

Operação Fronteira (Triple Frontier, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – J. C. Chandor
Elenco – Ben Affleck, Oscar Isaac, Charlie Hunnan, Garrett Hedlund, Pedro Pascal, Adria Arjona, Reynaldo Gallegos.

Santiago “Pope” Garcia (Oscar Isaac) é um ex-agente das forças especiais que trabalha como uma espécie de consultor paramilitar. 

Durante uma batida em um quartel general de traficantes, Pope descobre através de uma informante (Adria Arjona) que o chefão da quadrilha tem uma fortaleza cheia de dinheiro escondida no meio da floresta. 

Pope decide chamar seu ex-colegas para a missão de matar o sujeito e roubar o dinheiro. Redly (Ben Affleck), Ironhead (Charlie Hunnan), Ben (Garrett Hedlund) e Catfish (Pedro Pascal). 

Este longa é uma tentativa da Netflix em emplacar uma espécie de blockbuster particular. A produção caprichada, as boas cenas de ação e as locações na floresta, numa favela e nos Andes são os pontos principais. 

Por mais que a narrativa seja um pouco irregular e o roteiro explore clichês comuns ao gênero, como as divergências que surgem entre os personagens e alguns momentos que exageram na amizade, o filme prende a atenção do início ao fim e ainda cria uma curiosa situação. 

A questão da dificuldade em transportar o produto do roubo lembra uma frase popular que diz: “Mais vergonhoso do que roubar, é roubar e não conseguir carregar”. 

O resultado é uma diversão passageira que agradará aos fãs do gênero.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Mil Vezes Boa Noite

Mil Vezes Boa Noite (Tusen Ganger God Natt, Noruega / Irlanda / Suécia, 2013) – Nota 6,5
Direção – Erik Poppe
Elenco – Juliette Binoche, Nikolaj Coster Waldau, Lauryn Canny, Adrianna Cramer Curtis, Larry Mullen Jr, Chloe Annett, Mads Ousdal.

Rebecca (Juliette Binoche) é uma fotógrafa especializada em retratar a vida em regiões violentas que sofrem com conflitos. Em um destes trabalhos, ela é ferida após ser atingida por uma explosão. 

Ao voltar para casa no litoral da Irlanda, seu marido Marcus (Nikolaj Coster Waldau) dá um ultimato. Ela deve abandonar o perigoso trabalho e ter uma vida normal, dando a atenção que o casal de filhos precisa e que o próprio Marcus sente falta. 

Mesmo com uma boa dose de violência, com destaque para a ótima sequencial inicial e as cenas do tiroteio no campo de refugiados, o filme é bem irregular, resvalando no melodrama familiar. 

O roteiro é cansativo ao bater durante todo o filme na mesma tecla da dificuldade da protagonista em decidir entre a adrenalina do trabalho ou o porto seguro da família. 

O resultado é apenas razoável.