Ingresso para o Paraíso

 

Ingresso para o Paraíso (Ticket to Paradise, Inglaterra / Japão / EUA, 2022) – Nota 5,5
Direção – Ol Parker
Elenco – George Clooney, Julia Roberts, Kaitlyn Dever, Maxime Bouttier, Billie Lourd, Lucas Bravo.

Após se formar em direito, Lily (Kaitlyn Dever) e sua amiga Wren (Billie Lourd) viajam para Bali antes dela começar a trabalhar em um grande escritório de advocacia. Ao conhecer Gede (Maxime Bouttier), Lily se apaixona e rapidamente os dois decidem se casar. Os pais dela (George Clooney e Julia Roberts) que está separados e se odeiam, viajam para o casamento, mas se unem para tentar mudar a a decisão da filha. 

Temos aqui um festival de clichês das comédias românticas, com o típico roteiro em que o espectador acostumado ao gênero vai descobrir com quinze minutos tudo o que irá acontecer. O trunfo da produção é tentar ganhar o espectador com o carisma de George Clooney e Julia Roberts, mesmo em papéis patéticos. Por sinal, a dupla parece se divertir mais que o espectador. O maior destaque fica para as belíssima locações naturais, que na verdade foram em uma praia australiana e não em Bali.

Em Algum Lugar do Queens

 

Em Algum Lugar do Queens (Somewhere in Queens, EUA, 2022) – Nota 7
Direção – Ray Romano
Elenco – Ray Romano, Laurie Metcalf, Jacob Ward, Sadie Stanley, Tony Lo Bianco, Sebastian Maniscalco, Jennifer Esposito, Dierdre Friel, Jon Manfrellotti.

Leo Russo (Ray Romano) tem um casamento normal com Angela (Laurie Metcalf) e esconde a frustração com seu trabalho ao lado do pai (Tony Lo Bianco) e do irmão (Sebastian Maniscalco) ajudando o filho Matt (Jacob Ward) que joga basquete na equipe do colégio. 

Quando surge a oportunidade de Matt disputar uma bolsa de estudos em uma universidade, Leo vê a chance de fazer com que o filho realize o sonho que ele não conseguiu. 

Este simpático longa que mistura drama e comédia foi escrito, dirigido e protagonizado por Ray Romano, astro da antiga sitcom “Everybody Love’s Raymond”. Assim como na série, o filme foca na vida de uma típica família de origem italiana do Queens com personagens que falam alto, brigam e gostam de festejar. 

O drama familiar também segue o mesmo estilo, com fatos próximas da vida real, inclusive nas situações patéticas. É um filme que vai agradar quem gosta de histórias sobre família.

The Gold

 

The Gold (The Gold, Inglaterra, 2023) – Nota 7,5
Direção – Lawrence Gough & Aneil Karia
Elenco – Hugh Bonneville, Jack Lowden, Emun Elliott, Charlotte Spencer, Dominic Cooper, Sean Harris, Tom Cullen, Stefanie Martini.

Em 26 de novembro de 1983, uma quadrilha com seis criminosos assaltou o depósito da Brink’s-Mat no aeroporto de Heathrow em Londres. Ele levaram barras de ouro, joias e dinheiro em um inacreditável total de 26 milhões de libras esterlinas, quantia nem os próprios bandidos imaginavam que estaria no local. A dificuldade em transformar o ouro e as joias em dinheiro leva o grupo a envolver várias outras pessoas numa complexa rede de lavagem de dinheiro. 

Esta minissérie em seis episódios detalha as consequências do assalto através da minuciosa investigação policial liderada por Brian Boyce (Hugh Bonneville) para se chegar aos vários envolvidos, ligando diversas pontas, inclusive com buscas na Suíça e na Espanha. 

Entre os membros da operação criminosa temos o facilitador dos contatos (Sean Harris), o líder violento (Jack Lowden), o advogado corrupto (Dominic Cooper) e o negociador de ouro (Emun Elliott), entre outros. 

Vale citar que na história real dois criminosos foram presos pouco tempo após o assalto e um deles teria sido o sujeito que planejou a operação. Ele foi condenado, ficou anos na cadeia e viveu pobre até morrer, aparentemente tendo sido enganado pelos comparsas. Na minissérie este personagem aparece apenas em dois episódios, sem grande destaque.

Exorcistas do Vaticano & O Sétimo Dia

 

Exorcistas do Vaticano (The Vatican Tapes, EUA, 2015) – Nota 6
Direção – Mark Neveldine
Elenco – Olivia Taylor Dudley, Michael Peña, Dougray Scott, Djimon Hounsou, John Patrick Amedori, Peter Andersson, Kathleen Robertson, Cas Anvar, Michael Paré.

Após um pequeno acidente doméstico, a jovem Angela (Olivia Taylor Dudley) vai para um hospital e começa a agir de forma estranha assustando seu pai (Dougray Scott) e seu noivo (John Patrick Amedori). O padre Lozano (Michael Peña) que trabalha no hospital desconfia que a garota esteja possuída e decide avisar o Vaticano. 

Este longa misturando terror, religião e profecias é melhor do que parece em um primeiro olhar. Mesmo com uma produção B, a parte técnica é criativa, as sequências de possessão e exorcismo são tensas, o clima é de tragédia e a premissa da história é bastante interessante. O que faz o longa perder pontos é o final apressado que descarrega toda a explicação em uma profecia apocalíptica de forma rasa.

O Sétimo Dia (The Seventh Day, EUA, 2021) – Nota 4,5
Direção – Justin P. Lange
Elenco – Guy Pearce, Vadhir Derbez, Stephen Lang, Brady Jenness, Keith David, Robin Bartlett.

O jovem padre Daniel (Vadhir Derbez) é designado para trabalhar com o veterano padre Peter (Guy Pearce), que é especialista em exorcismos. A primeira missão é descobrir se um garoto de doze anos que matou a família estava possuído por um demônio. 

Este longa repleto de clichês e com um péssimo roteiro recheado de situações que não se encaixam, tem poucos pontos positivos. Um acerto é a relação entre os dois padres claramente inspirada nos filmes policiais de investigação em que detetives veterano e novato precisam se adaptar um ao outro. As sequências de exorcismo são razoáveis e a atuação do desconhecido Vahdi Derbez é muito ruim. É mais um filme que desperdiça uma boa premissa.

Vida de Crime

 

Vida de Crime 1984-2020 (Life of Crime 1984-2020, EUA, 2021) – Nota 8
Direção – Jon Alpert
Documentário

Em 1984, o então documentarista iniciante Jon Alpert conheceu nas ruas de Newark em New Jersey os pequenos criminosos Robert Steffey e Freddie Rodriguez, além da jovem Deliris Vasquez, que no passar dos anos se relacionou com os dois em tempos diferentes. Alpert seguiu a vida do trio até 2020, filmando as várias mudanças nas vidas de cada um deles. 

É um relato extremamente cru e doloroso que mostra claramente qual é o destino de criminosos e drogados, que ao entrarem nessa vida dificilmente conseguirão sair. Alpert se tornou uma testemunha da vida do trio, relatando o tempo que cada um passou na prisão, as tentativas de reinserção na sociedade, as recaídas com as drogas, os problemas familiares, ou seja, uma verdadeira saga de pessoas que perderam totalmente o rumo na vida. 

Mesmo com sequências de uso de drogas, pessoas destruídas pela vida e até mesmo filmagens de alguns crimes que eles cometeram na juventude, o doc resulta em algo mais triste do que polêmico. 

É um daqueles filmes que deveriam ser mostrados para jovens infratores como exemplo do que pode ser o futuro de quem segue o caminho do crime e das drogas.

A Good Person

 

A Good Person (A Good Person, EUA / Canadá, 2023) – Nota 7
Direção – Zach Braff
Elenco – Florence Pugh, Morgan Freeman, Celeste O’Connor, Molly Shannon, Chinaza Uche, Zoe Lister Jones, Alex Wolff.

Allison (Florence Pugh) está noiva de Nathan (Chinaza Uche), até que um acidente muda completamente sua vida. Um ano depois, Allison está perdida e lutando contra o vício em comprimidos. Uma nova mudança começa a ocorrer quando ela decide procurar ajuda em um grupo de apoio.

Conhecido por ser o protagonista da sitcom “Scrubs”, de forma surpreendente o ator Zach Braff se transformou em um ótimo diretor e roteirista de dramas familiares. Trabalhos como “Hora de Voltar” e “Lições de Família” tem o mesmo estilo deste “A Good Person”, que é um pouco mais dramático por abordar o tema da perda de uma forma mais pesada. 

Mesmo sem grandes surpresas, o roteiro é correto ao focar na luta pela retomada da vida, não só da protagonista de Florence Pugh, mas também de outros personagens ao redor, inclusive o do sempre ótimo Morgan Freeman. 

É um daqueles filmes tristes, mas que no final deixam uma mensagem de esperança para dias melhores.

O Sacrifício do Cervo Sagrado

 

O Sacrifício do Cervo Sagrado (The Killing of a Sacred Deer, Irlanda / Inglaterra, 2017) – Nota 6,5
Direção – Yorgos Lanthimos
Elenco – Colin Farrell, Nicole Kidman, Barry Keoghan, Raffey Cassidy, Bill Camp, Sunny Suljic, Alicia Silverstone.

Steven (Colin Farrell) é um cirurgião casado com Anna (Nicole Kidman) com quem tem a filha adolescente Kim (Raffey Cassidy) e o garoto Bob (Sunny Suljic). Quando o adolescente Martin (Barry Keoghan), que perdeu o pai durante uma cirurgia comandada por Steven o procura, a princípio nasce uma relação de amizade entre eles. Com o passar do tempo as atitudes de Martin começam a assustar Steven, que enfrentará em seguida um terrível drama familiar. 

Este longa repleto de simbolismos dirigido pelo grego Yorgos Lanthimos tem uma história bastante interessante, porém com uma narrativa arrastada e interpretações bizarras. A proposta de Lanthimos é mostrar aos poucos os pecados da família do cirurgião e o castigo que chega como algo sem explicação racional, para levar o protagonista a tomar uma decisão extrema. Como se o dogmas religiosos como pecado e punição ou mesmo o carma fossem algo inevitável. 

Destaque para a sinistra composição de Barry Keoghan, que voltaria a trabalhar com Colin Farrell tendo outra ótima atuação em “Os Banshees de Inisherin”.

Martin & Alguém Está Chamando

 

Martin (Martin, EUA, 1977) – Nota 5
Direção – George A. Romero
Elenco – John Amplas, Lincoln Maazel, Christine Forrest, Elyane Nadeau, Tom Savini, George A. Romero.

O jovem Martin (John Amplas) tem sede por sangue acreditando ser um vampiro. Após atacar algumas jovens, Martin muda para a casa de seu primo que precisa de ajuda em um subúrbio da Pensilvânia, porém não consegue controlar seus impulsos. 

Este trabalho do grande George A. Romero, que aqui interpreta um padre, foge um pouco do estilo de sangue para todos os lados, focando mais nos incômodos ataques do protagonista. Por mais que seja considerado um cult por muitos, eu considero um filme estranho e cansativo, diferente das obras agitadas de zumbis que consagraram o diretor. É um filme indicado para quem gosta de experiências cinematográficas bizarras.

Alguém Está Chamando (The Caller, EUA, 1987) – Nota 5,5
Direção – Arthur Allan Seidelman
Elenco – Malcolm McDowell, Madolyn Smith.

Uma bela mulher (Madolyn Smith) vive sozinha em uma casa em um local isolado. Numa noite qualquer, um estranho (Malcolm McDowell) bate em sua porta pedindo para usar o telefone porque seu automóvel teria furado o pneu na estrada. Mesmo desconfiada, ela deixa o homem entrar em sua casa iniciando uma estranha relação. 

Apesar do baixo orçamento, este longa começa de forma intrigante, com diálogos interessantes durante os primeiros trinta minutos. Conforme a história avança, as situações ficam repetitivas e cansativas, lembrando um teatro filmado. A história desanda totalmente com a reviravolta final que parece não se encaixar com o resto do filme. 

O sempre sinistro Malcolm McDowell repete o papel enigmático comum em sua carreira, enquanto a belíssima Madolyn Smith tem um dos seus últimos papéis antes de desistir de atuar no início dos anos noventa.

O Assassino Perfeito & Codinome Banshee

 

O Assassino Perfeito (The Enforcer, EUA, 2022) – Nota 5,5
Direção – Richard Hughes
Elenco – Antonio Banderas, Mojean Aria, Kate Bosworth, Alexis Ren, Zolee Griggs, 2 Chainz.

Em Miami, um jovem lutador de rua (Mojean Aria) é contratado pela chefe de uma quadrilha (Kate Bosworth) para trabalhar como parceiro do cobrador de dívidas e matador profissional Cuda (Antonio Banderas). A relação criada entre tutor e aluno do crime fará com que os dois entrem em conflito com a chefe ao descobrir que ela também comanda uma rede de tráfico de mulheres. 

Este longa de ação B entra na lista das atuais produções do gênero que são lançadas direto no streaming, O filme tem uma sequência de abertura bem interessante, ótimas locações em Miami e sequências de violência bem filmadas. Por outro lado, a história é totalmente clichê, com soluções rápidas, furos e personagens caricatos, com exceção da até boa interpretação de Antonio Banderas, que acerta no tom do assassino que em determinado momento decide se redimir.

Codinome Banshee (Code Name Banshee, EUA, 2022) – Nota 4
Direção – Jon Keeyes
Elenco – Jaime King, Antonio Banderas, Tommy Flanagan, Catherine Davis.

Cinco anos após a morte de seu pai, uma assassina profissional (Jaime King) descobre pistas de onde está escondido seu antigo parceiro (Antonio Banderas), que está marcado para morrer por um grupo ligado a CIA. Ela procura o sujeito para tentar descobrir quem foi o culpado pela morte de seu pai, que também era um agente de operações especiais. 

O roteiro deste longa de ação é uma verdadeira bagunça que deixa várias perguntas sem respostas, cria situações sem sentido e falha até mesmo nas poucas sequências de ação, com destaque negativo para a bizarra luta entre dublês que escondem os rostos para tentar enganar o espectador. É mais uma bola fora na irregular carreira de Antonio Banderas.

Amor e Morte

 

Amor e Morte (Love & Death, EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – Leslie Linka Glater & Clark Johnson
Elenco – Elizabeth Olsen, Jesse Plemons, Lily Rabe, Patrick Fugit, Krysten Ritter, Tom Pelphrey, Keir Gilchrist, Elizabeth Marvel, Olivia Grace Applegate, Bruce McGill, Brian D’Arcy James.

Texas, 1980. Na pequena cidade de Wylie, um crime transforma em caos a vida de várias pessoas. No centro do problema está a complexa relação entre dois casais que frequentam a mesma igreja. De um lado Candy (Elizabeth Olsen) e seu marido Pat (Patrick Fugit), do outro Allan (Jesse Plemons) e Betty (Lily Rabe). 

Esta minissérie em sete episódios é baseada em um fato real totalmente inusitado pela forma como o crime ocorreu. O roteiro detalha as complicadas relações conjugais dos casais, os acontecimentos que levaram até o crime e a consequências. 

O desenvolvimento dos personagens é o destaque ao mostrar pessoas comuns que se envolveram em algo bizarro por conta de erros aparentemente comuns. O grande destaque do elenco fica para a bela Elizabeth Olsen, que consegue criar uma personagem complexa e repleta de contradições.

Meu Vizinho Adolf

 

Meu Vizinho Adolf (My Neighbor Adolf, Israel / Polônia / Colômbia, 2022) – Nota 6
Direção – Leon Prudovsky
Elenco – David Hayman, Udo Kier, Olivia Silhavy, Kineret Peled.

Em uma cidade do interior da América do Sul em 1960, Poslky (David Hayman) é um judeu sobrevivente da Segunda Guerra que perdeu toda sua família nos campos de concentração. Vivendo em uma casa isolada, ele se desespera ao acreditar que o novo vizinho da única casa que tem ao lado da sua pode ser Adolf Hitler (Udo Kier). 

Esta mistura de drama e comédia tem uma premissa com um ótimo potencial, porém um desenvolvimento da história que perde tempo ao inserir algumas sequências de comédia boba e até escatologia. 

O filme cresce na parte final quando vem à tona a explicação sobre a verdadeira situação do vizinho. As boas atuações dos veteranos David Hayman e Udo Kier ajudam a superar as falhas do roteiro, mesmo assim resultando em uma obra apenas razoável.

História de um Massacre

 

História de um Massacre (Shake Hands with the Devil, Canadá, 2007) – Nota 8
Direção – Roger Spottiswood
Elenco – Roy Dupuis, Owen Sejake, James Gallanders, Deborah Kara Unger, Michel Ange Nzojibbwami, Robert Lalonde, Tom McCamus, Jean Hughes Anglade.

Em abril de 1994 na cidade de Kigali, capital de Ruanda, a tensão entre as etnias Tutsis e Hutus se transforma em um gigantesco massacre cometido pelos primeiros após a morte do presidente em um atentado aéreo. As tropas da ONU comandadas pelo general canadense Romeo Dallaire (Roy Dupuis) recebe ordens de apenas ajudar os civis, sendo proibidos de agir e somente atirar ser forem atacados. 

Ao lado do ótimos “Hotel Ruanda” e “Tiros em Ruanda”, este longa também detalha o genocídio que durou cem dias e dizimou em torno de um milhão de pessoas. A narrativa aqui é desenvolvida através dos olhos do general Dallaire, que tentando minimizar a tragédia sem apoio algum de outros países e da próprio ONU, aos poucos vai sendo engolido ao testemunhar a violência sem limites. 

O filme é baseado em um livro do próprio Dallaire e finaliza esta trilogia de obras independentes entre si sobre uma das maiores tragédias do século XXI.

Tudo por uma Esmeralda & A Joia do Nilo

 

Tudo por uma Esmeralda (Romancing the Stone, EUA, 1984) – Nota 7,5
Direção – Robert Zemeckis
Elenco – Michael Douglas, Kathleen Turner, Danny DeVito, Zack Norman, Alfonso Arau, Ron Silver.

A escritora de romances Joan Wilder (Kathleen Turner) viaja até o interior da Colômbia para procurar sua irmã que desapareceu. Acostumada somente com aventuras de ficção, não demora para ela perceber no que se meteu quando cruza o caminho do mercenário Jack Colton (Michael Douglas), que está em busca de um tesouro, o mesmo que sua irmã procurava. 

Este divertido longa foi uma das várias aventuras produzidos na cola do sucesso de “Os Caçadores da Arca da Perdida”. Com a cara dos anos oitenta, esta aventura foi um inesperado sucesso de bilheteria e abriu as portas para o direto Robert Zemeckis comandar o clássico “De Volta Para o Futuro”. O destino agiu a favor de Zemeckis, que estava escalado para dirigir “Coccon” quando foi demitido após uma exibição teste de “Tudo por uma Esmeralda”. 

O filme tem divertidas sequências de ação, uma ótima química entre Michael Douglas, Kathleen Turner e o golpista vivido por Danny DeVito. Vale citar como curiosidade a participação como ator do mexicano Alfonso Arau, que em 1992 ficaria famoso como diretor do sucesso “Como Água Para Chocolate”.

A Joia do Nilo (The Jewel of the Nile, EUA, 1985) – Nota 6,5
Direção – Lewis Teague
Elenco – Michael Douglas, Kathleen Turner, Danny DeVito, Spyros Focas, Holland Taylor, Avner Eisenberg.

Agora vivendo juntos, Jack Colton (Michael Douglas) e a escritora Joan (Kathleen Turner) se separam após uma briga de casal. Ela decide viajar para o Egito a convite de um milionário e termina sequestrada. Jack retoma seu papel de aventureiro para resgatar sua amada. 

Esta sequência produzida rapidamente para surfar no sucesso do primeiro filme perde na qualidade do roteiro que tenta ser mais político e na direção de Lewis Teague, que não consegue criar o mesmo clima de aventura imposto por Robert Zemeckis. 

O filme tem alguns bons momentos de correria e ação, a divertida participação de Danny DeVito novamente como o rival do protagonista e até uma surpresa em relação ao que seria a joia do titulo. Mesmo fazendo sucesso, não houve uma nova sequência. 

A curiosidade sobre o trio principal voltou à tona em 1989 quando Danny DeVito dirigiu “A Guerra dos Roses”, que ao invés de ser uma aventura, era uma bizarra comédia de humor negro sobre uma briga de casal que resultou em um merecido fracasso.

Desaparecida

 

Desaparecida (Missing, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Nicholas D. Johnson & Will Merrick
Elenco – Storm Reid, Joaquim de Almeida, Nia Long, Ken Leung, Amy Landecker, Tim Griffin, Daniel Henney, Megan Suri.

June (Storm Reid) é uma adolescente que vive conectada nas redes sociais. Quando sua mãe (Nia Long) e o namorado (Ken Leung) desaparecem em uma viagem a Cartagena na Colômbia, ela utiliza da tecnologia para tentar descobrir o que aconteceu. 

Este longa dos mesmos produtores do superior “Buscando…” segue o formato semelhante no dois primeiros terços ao colocar os aparatos tecnológicos atuais como ferramentas de investigação. É bastante interesse a ideia e funciona bem enquanto a proposta é esta. 

No terço final o filme desanda quando o roteiro entrega a explicação para a situação e principalmente a motivação absurda para tudo o que aconteceu. Todo a tensão e a atenção que o espectador precisou ter nos detalhes se perde no clímax que explora os clichês dos filmes de suspense genéricos. 

Se a ideia dos produtores é transformar o segmento em uma franquia, espero que o próximo filme tenha um roteiro com um final melhor trabalhado.

O Turista Acidental

 

O Turista Acidental (The Accidental Tourist, EUA, 1988) – Nota 6,5
Direção – Lawrence Kasdan
Elenco – William Hurt, Kathleen Turner, Geena Davis, Amy Wright, Bill Pullman, Ed Begley Jr, David Ogden Stiers, Robert Gorman.

Macon Leary (William Hurt) é um escritor de livros de viagem que não gosta de viajar e que após uma tragédia familiar e o fim do casamento com Sarah (Kathleen Turner) se transformou em um sujeito triste, solitário e ranzinza. Sua vida cinzenta começa a mudar quando ele conhece Muriel (Geena Davis), que enfrenta seus problemas de uma forma completamente oposta. 

Esta mistura de drama e romance é um filme que fica no meio termo. Mesmo com a dor que protagonista carrega, a narrativa não entrega grandes momentos dramáticos, na verdade são situações mais voltadas para o pessimismo. O romance também é morno, assim como o roteiro é mediano. 

Vendo hoje, fica difícil entender como esse longa foi indicado a quatro prêmios Oscar. As indicações de Geena Davis a atriz coadjuvante e a trilha sonora de John Williams são aceitáveis, porém roteiro e melhor filme hoje parece algo exagerado.

O Décimo Homem

 

O Décimo Homem (The Tenth Man, EUA, 1988) – Nota 6,5
Direção – Jack Gold
Elenco – Anthony Hopkins, Kristin Scott Thomas, Derek Jacobi

França, 1941. Durante a Segunda Guerra Mundial com Paris dominada pelos nazistas, o advogado Chavel (Anthony Hopkins) tem o azar de ser detido aleatoriamente e levado para uma prisão. A morte de um oficial leva os nazistas e obrigarem os próprios presos a escolherem entre eles três para serem fuzilados. Para salvar a própria vida, Chavel oferece a outro detento toda sua fortuna, para que este tome seu lugar. O acordo terá consequências anos depois ao final da guerra. 

Este drama ficcional baseado em uma obra de Graham Greene tem uma premissa bastante interessante ao colocar em discussão a ideia de que o dinheiro pode comprar quase tudo. Mesmo não sendo um filme de grande orçamento, a reconstituição de época é competente muito por causa do figurino. Por outro lado, as atuações teatrais e o ritmo lento resultam em uma narrativa que não empolga.

Observador & Os Segredos do Castelo

 

Observador (Watcher, Emirados Árabes Unidos / EUA / Romênia, 2022) – Nota 6
Direção – Chloe Okuno
Elenco – Maika Monroe, Karl Glusman, Burn Gorman.

Julia (Maika Monroe) muda com o namorado Francis (Karl Glusman) para Bucareste na Romênia. Ele foi promovido no emprego e ela abandonou o trabalho como atriz. Ao passar os dias sozinha no novo apartamento, Julia percebe que um sujeito a observa de uma janela do prédio na frente. Uma série de assassinatos na região assusta ainda mais Julia, que passa a temer ser o próximo alvo do psicopata. 

Este suspense tem como ponto principal o estranho clima de medo que aos poucos toma conta da protagonista. O roteiro busca inspiração no clássico “Janela Indiscreta” de Hitchcock, inclusive seguindo o hoje clichê de transformar a protagonista em paranoica, levando até um final mais do que esperado, que poderia ter sido melhor trabalhado. 

O resultado é um suspense pouco mais do que mediano, que prende a atenção, mas que logo será esquecido.

Os Segredos do Castelo (We Have Always Lived in the Castle, EUA, 2018) – Nota 5,5
Direção – Stacie Passon
Elenco – Taissa Farmiga, Alexandra Daddario, Crispin Glover, Sebastian Stan, Paula Malcomson, Peter O’Meara, Joanne Crawford.

Merricat (Taissa Farmiga) e Constance (Alexandra Daddario) são irmãs que vivem com o tio (Crispin Glover) em um castelo isolado após a morte dos seu pais. Odiadas pelas pessoas da cidade próxima ao local, cada irmã enfrenta a vida de uma forma diferente. Tudo fica mais estranho quando um primo distante (Sebastian Stan) chega para visitá-las e aos poucos passa a interferir na vida do que sobrou da família. 

Este longa que é baseado em um livro tem como ponto principal e ao mesmo tempo curioso as interpretações bizarras das irmãs e do tio. A personagem de Taissa Farmiga carrega o ódio, enquanto a de Alexandra Daddario esconde seus sentimentos por trás de um sorriso falso e quase assustador. O tio desenvolveu problemas mentais, misturando presente e passado em suas divagações. 

Toda essa loucura é uma ótima premissa que infelizmente é mal desenvolvida. Algumas situações são forçadas e a ideia de mostrar como o ser humano pode sucumbir ao ódio beira a caricatura na sequência mais violenta do longa. 

É um filme que ficará mais marcado por ser estranho, do que pela qualidade.

Bupkis

 

Bupkis (Bupkis, EUA, 2023)
Direção – Jason Orler
Elenco – Pete Davidson, Edie Falco, Joe Pesci, Brad Garrett, Bobby Cannavale, Phillip Ettinger, James A DeSimone, Derek Gaines, Charlie Day, Oona Roche. Chase Sui Wonders, Ray Romano, Steve Buscemi, Simon Rex, Jon Stewart, Jane Curtin, Kenan Thompson.

O ator e comediante Pete Davidson era conhecido pelo trabalho no lendário programa de tv “Saturday Night Live” e pela vida conturbada até ficar famoso no cinema em filmes quase autobiográficos. 

Os divertidos e ao mesmo tempo sensíveis “Amizade Adolescente” e “O Rei de Staten Island” conseguem agradar o público jovem e também o cinéfilo que gosta de filmes despretensiosos, porém com conteúdo interessante. 

Estas duas experiências levaram o ator a desenvolver esta série “Bupkis” que explora acontecimentos de sua vida real de forma engraçada. São oito episódios rápidos que focam em situações que ele viveu, incluindo um deles detalhando uma festa alguns dias após a morte de seu pai. Ele foi um dos muitos bombeiros que morreram nas Torres Gêmeas nos ataques de 11 de Setembro. 

A série tem um estilo que lembra “Seinfeld’, atualizado para os dias atuais. Além do ator, destaque para Edie Falco de “The Sopranos” interpretando sua mãe, Joe Pesci como seu avó desbocado e Bobby Cannavale vivendo seu tio malandro. É legal também as diversas pequenas participações de famosos como Charlie Day, Steve Buscemi e Ray Romano. 

Uma segunda temporada deverá ser produzida em breve.

Joe Kidd & Quadrilha do Inferno

 

Joe Kidd (Joe Kidd, EUA, 1972) – Nota 6,5
Direção – John Sturges
Elenco – Clint Eastwood, Robert Duvall, John Saxon, Don Stroud, Stella Garcia, James Wainwright, Paul Koslo, Gregory Walcott, Dick Van Patten.

Joe Kidd (Clint Eastwood) é um ex-caçador de recompensas que se tornou fazendeiro e que termina levado para o meio de um conflito por causa de terras. Quando o líder dos mexicanos (John Saxon) inicia uma revolta para defender seus compatriotas, um grupo de mercenários liderados por Frank Harlan (Robert Duvall) é contratado para caçá-lo. 

Este western dirigido pelo especialista John Sturges explora o tema clássico do gênero sobre a disputa por terras entre americanos e mexicanos. Por sinal, a questão dos revolucionários mexicanos é outro tema que foi bastante explorado pelos westerns americanos. 

O filme tem um narrativa um pouco irregular com alguns tempos mortos, compensando com boas sequências de violência e as atuações de Clint Eastwood e Robert Duvall. No geral, é um western apenas razoável.

Quadrilha do Inferno (Posse From Hell, EUA, 1961) – Nota 6,5
Direção – Herbert Coleman
Elenco – Audie Murphy, John Saxon, Zohra Lampert, Vic Morrow, Robert Keith, Rodolfo Acosta, Royal Dano, Frank Overton, Lee Van Cleef, James Bell, Paul Carr.

Uma quadrilha de quatro homens invade uma cidade, mata o xerife, rouba e sequestra uma jovem. Um pistoleiro (Audie Murphy) chega na mesma cidade e reúne um grupo de moradores para perseguir os criminosos e tentar resgatar a mulher. 

Este western segue o estilo clássico do gênero, com bandidos violentos, um herói corajoso, competentes sequências de tiroteio e as locações no deserto. Mais do que o filme, é interessante citar a carreira e vida do quase esquecido Audie Murphy, que foi astro do gênero nos anos cinquenta e sessenta. 

Murphy foi uma herói condecorado por ter lutado na Segunda Guerra Mundial, iniciando a carreira de ator somente após voltar da batalha. Ele fez praticamente toda sua carreira em westerns, tendo falecido em 1971 em um acidente de avião.

O Pintassilgo

 

O Pintassilgo (The Goldfinch, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – John Crowley
Elenco – Ansel Elgort, Oakes Fegley, Nicole Kidman, Jeffrey Wright, Finn Wolfhard, Luke Wilson, Sarah Paulson, Willa Fitzgerald, Aneurin Bernard, Ashley Cummings, Aimee Laurence, Robert Joy, Boyd Gaines, Luke Kleintank.

O garoto Theo (Oakes Fegley) sobrevive a um atentado no museu de Nova York, porém perde sua mãe. Ele é acolhido pela família rica de um amigo. Estas duas situações são apenas o início de uma vida complicada e de sua ligação com um famoso quadro chamado “O Pintassilgo”. 

Este longa baseado em um famoso best seller tem uma ótima produção e um elenco afiado com destaque para as atuações do garoto Oakes Fegley, de Ansel Elgort vivendo o protagonista na vida adulta e de Nicole Kidman como a mulher refinada que cria um laço com o garoto. 

O roteiro é repleto de situações que mudam o contexto da vida do protagonista, seja o período em que vive com o pai, a relação quase de um segundo pai com um restaurador e a parte final que transforma o drama em um suspense. É um verdadeiro mix de situações que pecam um pouco pela irregularidade por causa da longa duração. 

O resultado é um bom filme, que provavelmente agradará mais ainda aos fãs da obra literária.

A Extorsão

 

A Extorsão (La Extorsión, Argentina, 2023) – Nota 7
Direção – Martino Zaidelis
Elenco – Guillermo Francella, Pablo Rago, Andrea Frigerio, Alberto Ajaka, Guillermo Arengo, Carlos Portaluppi, Monica Villa.

Alejandro (Guillermo Francella) é um piloto de aviação comercial que é procurado por agentes do serviço secreto argentino, que o pressionam utilizando um deslize em sua vida pessoal para que ele transporte malas suspeitas nos seus voos entre Buenos Aires e Madrid. 

Esta mistura de policial e suspense tem um roteiro bem amarrado com algumas surpresas, principalmente a reviravolta final claramente inspirada nos filmes americanos do gênero. 

O filme tem um bom ritmo e algumas competentes sequências de violência. O ator Guillermo Francella entrega uma boa atuação como o piloto que precisa utilizar sua inteligência para tentar salvar a própria pele.

THX 1138

 

THX 1138 (THX 1138, EUA, 1971) – Nota 6
Direção – George Lucas
Elenco – Robert Duvall, Donald Pleasence, Don Pedro Colley, Maggie McOmie, Ian Wolfe, Sid Haig, Marshall Efron.

No século 25, as pessoas vivem em uma cidade subterrânea controlada por computadores onde praticamente tudo é proibido. Elas vestem roupas idênticas e são obrigadas a consumir uma droga para mantê-las calmas e aceitarem as regras. Quando duas pessoas iniciam uma relação (Robert Duvall e Maggie McOmie) se rebelando contra a tirania, elas são perseguidas e decidem tentar fugir para a superfície. 

Este foi o primeiro longa dirigido por George Lucas, que demonstra criatividade nos cenários futuristas e na sequência da perseguição de carros na parte final. Por outro lado, a narrativa é monótona, lenta, quase sensorial em vários momentos. 

A história claramente inspirada em “1984” de George Orwell hoje se mostra atual, comparando com que vivemos em nosso país e o que ocorre em alguns outros pelo mundo, com uma série de controles, narrativas e perseguições que se espalham em nome de uma falsa democracia.

Tiros na Broadway, Broadway Danny Rose & Doce Inocência

 

Tiros na Broadway (Bullets Over Broadway, EUA, 1994) – Nota 7,5
Direção – Woody Allen
Elenco – John Cusack, Chazz Palminteri, Dianne Wiest, Jennifer Tilly, Jack Warden, Mary Louise Parker, Jim Broadbent, Tracey Ullman, Joe Viterelli, Rob Reiner, Tony Sirico, Harvey Fierstein, Edie Falco.

Nova York, 1928. O dramaturgo David Shayne (John Cusack) aceita o dinheiro de um mafioso (Joe Viterelli) para financiar sua peça de teatro, porém é obrigado a escalar a amante do sujeito (Jennifer Tilly) em um dos papéis principais. Ele terá de lidar com a falta de talento da garota, os dramas do restante do elenco e com o capanga do mafioso (Chazz Palminteri), que além de garantir a segurança da jovem, ainda passa o tempo dando pitados no roteiro da peça. 

Este é um dos melhores e mais divertidos filmes de Woody Allen, que faz piada com as histórias dos bastidores do teatro nos anos vinte, com suas extravagâncias, personagens afetados e traições. Destaque para o figurino, as atuações e os ótimos diálogos, especialidade de Allen.

Broadway Danny Rose – (Broadway Danny Rose, EUA, 1984) – Nota 7
Direção – Woody Allen
Elenco – Woody Allen, Mia Farrow, Nick Apollo Forte, Sandy Baron, Milton Berle.

Danny Rose (Woody Allen) é um agente de artistas desconhecidos que ao tentar ajudar o cantor Lou Canova (Nick Apollo Forte) a se reconciliar com sua namorada Tina (Mia Farrow), termina se tornando alvo de um mafioso (Sandy Baron) que também deseja a garota.

Este esquecido, engraçado e sensível longa de Woody Allen mostra os bastidores da luta de artistas novatos para adentrarem no showbizz em Nova York, lógico que colocando a Máfia no meio da confusão. Mesmo com uma boa atuação de Woody Allen, o destaque maior fica para o desconhecido Nick Apollo Forte, que na vida real era cantor e que teve aqui seu único trabalho como ator.

Doce Inocência (Bloodhounds of Broadway, EUA, 1989) – Nota 5,5
Direção – Howard Brookner
Elenco – Josef Sommer, Madonna, Jennifer Grey, Rutger Hauer, Matt Dillon, Randy Quaid, Julie Hagerty, Stephen McHattie, Tony Longo, Anita Morris, Ethan Phillips, Alan Ruck, Dinah Manoff, Louis Zorich, Esai Morales, Fisher Stevens, Richard Edson, John Rothman, Michael Wincott, Steve Buscemi.

Um jornalista de fofocas (Josef Sommer) relembra em sua coluna uma noite de véspera de ano novo na Nova York dos anos vinte em que diversos personagens tiveram seus destinos cruzados em meio a traições, romances, golpes e violência. 

Este longa tem como destaques a ótima reconstituição de época, principalmente no figurino e o elenco recheado de rostos conhecidos, sendo que não existe um protagonista, são várias pequenas situações que se entrelaçam no roteiro. Por outro lado, as pitadas de comédia são ruins, as histórias são irregulares e vários personagens caricatos. 

A triste curiosidade é que este foi o único trabalho do diretor e roteirista Howard Brookner, que faleceu no mesmo ano do lançamento do filme, que por sinal foi um grande fracasso.

Amigas com Dinheiro

 

Amigas com Dinheiro (Friends with Money, EUA, 2006) – Nota 6
Direção – Nicole Holofcener
Elenco – Jennifer Aniston, Frances McDormand, Catherine Keener, Joan Cusack, Jason Isaacs, Simon McBurney, Greg German, Scott Caan, Ty Burrell, Bob Stephenson.

Olivia (Jennifer Aniston) abandonou a carreira de professora e agora trabalha como diarista. Ela mantém um contato próximo com três amigas casadas (Frances McDormand, Catherine Keener e Joan Cusack) que estão com vidas financeiras definidas, porém enfrentam outros problemas nos relacionamentos. 

Este drama tem uma premissa interessante ao colocar em discussão até que ponto uma amizade pode resistir quando a diferença de padrão de vida entre as pessoas se torna enorme. O roteiro explora também os dramas pessoais, com cada uma das personagens enfrentando pequenas crises, algumas vezes por motivos fúteis que resultam em situações patéticas. O destaque fica para o elenco de ótimas atrizes que conseguem melhorar a qualidade de um filme que é no máximo razoável.

Apenas 6.5

 

Apenas 6.5 (Metri Shesh Va Nim, Irã, 2019) – Nota 8
Direção – Saeed Roustayi
Elenco – Payman Maadi, Navid Mohammadzadeh, Houman Kiai, Farhad Aslani, Parinaz Izadyar, Maziar Seyedi, Yusef Khosravi, Ali Bagheri. Marjan Ghamari.

Em Teerã, capital do Irã, um policial (Payman Maadi) investiga o paradeiro de um chefão do tráfico que jamais foi preso. Seguindo pistas e pressionando suspeitos, aos poucos o policial e sua equipe se aproximam do alvo. 

Este ótimo drama disseca as entranhas do trabalho policial e do sistema penal iraniano. Enquanto policiais utilizam táticas antigas que beiram a marginalidade e enfrentam uma justiça confusa, o tráfico se expande criando uma horda de zumbis viciados. 

O roteiro cria na segunda metade um embate entre o policial e o traficante, colocando na mesa ainda outros temas como um segundo policial que busca vingança pela morte de seu filho e de uma criança presa com o pai em uma cela lotada. 

Destaque para a criativa sequência inicial que termina de forma absurda, as cenas nas celas lotadas de drogados e o parte final que mostra o lado humano do policial e do traficante, mas deixando claro que cada um deles precisará lidar com as consequências de seu atos.

Dias de Verão, Noites de Verão

 

Dias de Verão, Noites de Verão (Summertime, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Edward Burns
Elenco – Pico Alexander, Lindsey Morgan, Anthony Ramos, Caitlin Stasey, Amadeus Serafini, Rita Volk, Edward Burns, Susan Misner, Zoe Levin, Jon Rudnistsky.

No verão de 1982 em Long Island, alguns jovens enfrentam as dificuldades dos relacionamentos. Um casal apaixonado na adolescência se reencontra após alguns anos, um jovem prestes a ir para a universidade experimenta os prazeres de uma relação casual e uma garota que sofre pela distância do namorado se aproxima de um músico. 

Esta ciranda de amores foi escrita e dirigida pelo ator Edward Burns, que interpreta o pai do quase universitário. Burns consegue descrever com sobriedade como vivam os jovens da época, como os relacionamentos eram diferentes do que vemos hoje em dia e principalmente como os problemas pareciam ser menos pesados que os atuais. A ótima trilha sonora de sucessos da época é outro destaque. 

É um filme leve e sensível sobre o início da vida adulta.

Gaiola Mental & O Sistema

 

Gaiola Mental (Mindcage, EUA, 2022) – Nota 5
Direção – Mauro Borrelli
Elenco – Martin Lawrence, Melissa Roxburgh, John Malkovich, Robert Knepper.

Quando o corpo de uma prostituta é encontrado crucificado em uma igreja, o detetive Jake Doyle (Martin Lawrence) tem certeza que é obra de um imitador do psicopata conhecido como “O Artista” (John Malkovich), que está preso. Enquanto Doyle prefere uma investigação normal, sua nova parceira Mary (Melissa Roxburgh) decide utilizar o prisioneiro para ajudar a desvendar as pistas deixadas pelo novo criminoso. 

Esta mistura de suspense, policial e pitadas de terror tem uma premissa interessante que claramente copia o clássico “O Silêncio dos Inocentes”, porém conforme a trama se desenvolve o filme desanda completamente. O roteiro tem furos, falta ação e a explicação para os crimes é de um absurdo gigantesco. 

Além disso, o comediante Martin Lawrence é um péssimo ator dramático, em momento algum ele convence como o detetive obcecado. Por outro lado, John Malkovich parece ser divertir interpretando o psicopata, algo comum para o ator acostumado a papéis estranhos.

O Sistema (The System, EUA, 2022) – Nota 4,5
Direção – Dallas Jackson
Elenco – Tyrese Gibson, Terrence Howard, Jeremy Piven, Lil Yachty, Ric Reitz, Marrese Crump, Laura Aleman.

Terry Savage (Tyrese Gibson) é um soldado das forças especiais que para conseguir dinheiro para pagar o tratamento de saúde da filha decide assaltar um esconderijo de traficantes e termina preso. Ele recebe a proposta de ter a pena perdoada caso aceite ir para um penitenciária privada investigar as ações de um diretor corrupto. 

Este longa de ação com a cara dos anos oitenta e noventa lembra bastante “Garantia de Morte” com Jean Claude Van Damme, porém por incrível que parece o resultado é pior. O roteiro clichê tem uma série enorme de furos, desde a sequência inicial em que aparecem policiais vindo do nada para prender o protagonista, até o final totalmente ingênuo. 

A tentativa rasteira de fazer crítica social é outra bola fora. Nem mesmo as sequências de violência funcionam, com lutas falsas e socos que passam longe do lutadores. Os personagens são caricatos, com um Tyrese Gibson bravo do início ao fim, Terrence Howard como o tutor com frases filosóficas de boteco e um exagerado Jeremy Piven interpretando o diretor corrupto e cínico.

Um Crime Argentino

 

Um Crime Argentino (Un Crimen Argentino, Argentina, 2022) – Nota 7
Direção – Lucas Combina
Elenco – Nicolas Francella, Matias Mayer, Dario Grandinetti, Luis Luque, Malena Sanchez, Alberto Ajaka.

Rosário, Argentina, 1980. Em meio a ditadura militar, um playboy é sequestrado e sua família recebe uma ligação dos criminosos pedindo um milhão de dólares pelo resgate. O caso fica nas mãos dos promotores Rivas (Nicolas Francella) e Torres (Matias Mayer), que precisam dividir a investigação com um agente do governo (Alberto Ajaka) indicado pelos militares. 

Este surpreendente drama policial é baseado numa complexa história real que foi descrita em livro por um jornalista. A investigação da dupla esbarra nos bastidores políticos e nas amizades do sequestrado com pessoas pouco confiáveis. A narrativa mantém a atenção, a reprodução de época é caprichada e a resolução do caso parece ficção de tão absurda. É um bom filme para quem gosta do gênero.

Última Sentinela

 

Última Sentinela (Last Sentinel, Inglaterra, 2023) – Nota 6
Direção – Tanel Toom
Elenco – Kate Bosworth, Lucien Laviscount, Martin McCann, Thomas Kretschmann.

Em 2063, quase toda a Terra está coberta por água. Restaram somente dois locais com terra seca que vivem em guerra. Uma destas regiões instalou uma base militar no oceano para defesa, local onde quatro soldados vivem faz dois anos como seguranças de um artefato de guerra instalado. Quando eles perdem contato com a terra e o resgate não aparece, o relacionamento entre os soldados entra em crise. 

Esta mistura de suspense e ficção tem uma ideia legal explorando um mundo devastado pela guerra, pela água e a luta pela sobrevivência. A produção é caprichada, as sequências de ação são poucas e a tensão dentro da decadente base é crescente. Os problemas são o roteiro com algumas soluções que não se encaixam e a narrativa arrastada que flerta com um drama raso em várias sequências. É um filme no máximo mediano, que poderia ser melhor.