Torrentes de Paixão, Por Quem os Sinos Dobram & As Neves do Kilimanjaro

 

Torrentes de Paixão (Niagara, EUA, 1953) – Nota 7
Direção – Henry Hathaway
Elenco – Joseph Cotten, Marilyn Monroe, Jean Peters, Max Showalter, Dennis O’Dea, Richard Allan.

Um jovem casal (Max Showalter e Jean Peters) em lua de mel nas Cataratas do Niagara cruza o caminho de outro casal que está em crise (Joseph Cotten e Marilyn Monroe). Quando a jovem esposa vê a outra mulher beijando um estranho, ela fica indecisa sobre o que fazer. O pior que é a adúltera planeja matar o marido com a ajuda do amante. 

Apesar da trama simples de traição, o filme tem destaques como as belíssimas locações nas Cataratas do Niágara e o elenco, principalmente o trio principal. Para muitos, este é um dos melhores papéis de Marilyn Monroe, que demonstra ao mesmo tempo frieza e paixão para tentar colocar seu plano em ação.

Por Quem os Sinos Dobram (For Whom the Bell Tolls, EUA, 1943) – Nota 6,5
Direção – Sam Wood
Elenco – Gary Cooper, Ingrid Bergman, Katina Paxinou, Akim Tamiroff, Arturo de Córdova, Vladimir Sokoloff.

Durante a Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939), o aventureiro americano Robert Jordan (Gary Cooper) se a une aos revolucionários que lutam contra o exército do ditador Franco. Enquanto preparam o ataque a uma ponte, Robert se envolve com a jovem Maria (Ingrid Bergman) que teve seus pais assassinados. 

Baseado em uma obra autobiográfica de Ernest Hemingway, que lutou como voluntário no conflito citado, este drama produzido durante a Segunda Guerra Mundial faz uma espécie de paralelo com a luta dos aliados contra os nazistas. 

O filme segue o estilo clássico dos dramas de guerra da época, com uma cansativa longa duração que perde muito tempo no romance. As duas horas e quarenta e cinco minutos são exageradas. As sequências de ação são bem produzidas e destaque para o elenco. 

Além do casal de astros Gary Cooper e Ingrid Bergman, vale citar a explosiva revolucionária vivida pela grega Katina Paxinou e o líder do grupo interpretado pelo russo Akim Tamiroff.

As Neves do Kilimanjaro (The Snows of Kilimanjaro, EUA, 1952) – Nota 6
Direção – Henry King & Roy Ward Baker
Elenco – Gregory Peck, Susan Hayward, Ava Gardner, Hildegard Knef, Leo G. Carroll.

Ferido na perna durante um safári na África, o escritor Harry Street (Gregory Peck) está com sua esposa Helen (Susan Hayward) esperando ajuda em uma tenda ao lado do Monte Kilimanjaro. Enquanto espera, ele relembra sua vida de aventuras e romances que o levaram até aquele momento. 

Baseado em um livro de Ernest Hemingway, que utilizou referências autobiográficas para escrever a história, este longa ao mesmo tempo em que segue o estilo de narrativa clássica das obras dos anos cinquenta, deixa a desejar na irregularidade do ritmo e nas várias mudanças de situações e locais que jamais se aprofundam em algo. 

Até mesmo as poucas sequências de batalha durante a Revolução Espanhola em que o escritor participou são fracas. Vale citar que algumas sequências foram dirigidas pelo inglês Roy Ward Baker, que não foi creditado. 

É um filme razoável, indicado apenas para os fãs inveterados de obras antigas.

Maggie Moore(s)

 

Maggie Moore(s) (Maggie Moore(s), EUA, 2023) – Nota 6,5
Direção – John Slattery
Elenco – Jon Hamm, Tina Fey, Micah Stock, Nick Mohammed, Happy Anderson, Allison Dunbar, Louisa Krause, Christopher Denham, Oona Roche, Mary Holland, Tate Ellington, Derek Basco.

Um policial viúvo (Jon Hamm), o dono de uma lanchonete (Micah Stock), uma vizinha solitária (Tina Fey), um assassino (Happy Anderson), um contrabandista de alimentos vencidos (Derek Basco), entre outros personagens se envolvem de formas diferentes em dois assassinatos em uma pequena cidade. 

Esta divertida comédia policial bebe na fonte dos filmes dos irmãos Cohen, como “Fargo” por exemplo. Temos os personagens peculiares, os crimes absurdos, a violência e os diálogos incomuns. Lógico que a qualidade fica bem abaixo do talento dos irmãos Cohen, mas mesmo assim o filme é uma boa diversão para quem gosta do estilo.

Poder Sem Limites

 

Poder Sem Limites (Chronicle, EUA, 2012) – Nota 6,5
Direção – Josh Trank
Elenco – Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw.

Três jovens (Dane DeHaan, Alex Russell e Michael B. Jordan) que estão no último ano do colégio descobrem uma estranha cratera em um bosque e terminam por encontrar um objeto luminoso não identificado. A surpresa fica ainda maior quando eles percebem que adquiriram força e poderes incomuns. A princípio eles aproveitam os poderes para diversão, até a situação começar a sair do controle. 

Esta ficção adolescente começa de forma interessante explorando uma premissa que lembra o superior “Sem Limites” produzido no ano anterior. A ideia enraizada no roteiro é mostrar como o poder altera a percepção das pessoas, que tendem muitas vezes a utilizá-lo para se impor, independente das consequências na vida de terceiros. O desenvolvimento da história é previsível até o explosivo clímax.

Violent

 

Violent (Violent, Canadá / Noruega, 2017) – Nota 7
Direção – Andrew Huculiak
Elenco – Dagny Backer Johnsen, Mari Sofie Andreassen, Karl Bird, Bryn Bowen, Tomine Mikkeline Elde, Tor Halvor Halvorsen, Yngve Seteras.

Dagny (Dagny Backer Johnsen) é uma jovem que buscando liberdade se muda para uma cidade um pouco maior que a sua na Noruega. Ela vai trabalhar em uma pequena loja de materiais de construção e morar em um quarto no primeiro andar do estabelecimento. 

O roteiro detalha a relação de Dagny com as pessoas que marcaram sua vida nesta transição da adolescência para o mundo dos adultos, através de uma narrativa contemplativa, sensorial e quase surreal em alguns momentos. 

Explorando pequenos detalhes e algumas frases que parecem perdidas na trama a princípio, o filme leva a uma explicação que mesmo não sendo direta, deixa nas entrelinhas o porquê da lembrança da importância destas pessoas na jornada da protagonista. 

É um filme que faz pensar sobre a vida, as amizades, o amor e a família.

Um Tira da Pesada I, II e III

 

Um Tira da Pesada (Beverly Hills Cop, EUA, 1984) – Nota 8
Direção – Martin Brest
Elenco – Eddie Murphy, Lisa Eilbacher, Judge Reinhold, John Ashton, Ronny Cox, Steven Berkoff, James Russo, Jonathan Banks, Bronson Pinchot, Paul Reiser, Frank Pesce.

O assassinato de um amigo leva o detetive Axel Foley (Eddie Murphy) a sair de Detroit e viajar até Los Angeles para investigar o caso. Seus métodos pouco ortodoxos batem de frente com a dupla de detetives Taggart e Rosewood (John Ashton e Judge Reinhold) que são responsáveis pelo caso, assim como a difícil relação com o tenente Bogomil (Ronny Cox). 

Clássico absoluto, este longa transformou Eddie Murphy em astro no papel que é a simbiose perfeita entre ator e personagem. Falastrão, cara de pau e manipulador, o personagem cria situações engraçadas que se casam perfeitamente com a boa trama policial. 

Esta mistura de drama e comédia foi repetida dezenas de vezes no cinema, mas quase sempre falhando em pelo menos um dos quesitos. Vale citar que vários dos divertidos diálogos entre Murphy e os policiais vividos por John Ashton e Judge Reinhold foram improvisados.

Um Tira da Pesada II (Beverly Hills Cop II, EUA, 1987) – Nota 7
Direção – Tony Scott
Elenco – Eddie Murphy, Judge Reinhold, Brigitte Nielsen, John Ashton, Jurgen Prochnow, Ronny Cox, Dean Stockwell, Allen Garfield, Paul Guilfoyle.

Três anos após os acontecimentos do primeiro filme, o detetive Axel Foley (Eddie Murphy) volta a Los Angeles para ajudar os detetives Rosewood (Judge Reinhold) e Taggart (John Ashton) a investigar a tentativa de assassinato sofrida pelo tenente Bogomil (Ronny Cox). 

Esta sequência ainda entrega os diálogos divertidos e as situações engraçadas, porém com um trama mais pesada, incluindo sequências de ação mais fortes com a cara do falecido diretor Tony Scott e criminosos perigosos, com destaque para a assassina vivida por Brigitte Nielsen. 

O filme não tem a mesma originalidade do primeiro, mas ainda é uma obra que agrada os fãs do gênero e de Eddie Murphy.

Um Tira da Pesada III (Beverly Hills Cop III, EUA, 1994) – Nota 6,5
Direção – John Landis
Elenco – Eddie Murphy, Judge Reinhold, Hector Elizondo, John Saxon, Thimothy Carhart, Teresa Randle, Bronson Pinchot, Jon Tenney, Stephen McHattie.

Após a morte do seu chefe durante uma batida policial em Detroit, as pistas levam novamente o detetive Axel Foley (Eddie Murphy) para Los Angeles. Desta vez ele reencontrará apenas o antigo amigo detetive Rosewood (Judge Reinhold), que tem um novo parceiro (Hector Elizondo) e juntos iniciarão uma investigação que levará até uma quadrilha de falsificadores de dinheiro. 

Este terceiro longa é o mais fraco da franquia, não por ser ruim, mas por ter uma história mais genérica e diálogos sem a mesma qualidade dos filmes anteriores. Algumas boas sequências de ação e a direção de John Landis que explora a habitual participação de diretores famosos em pontas são os destaques.

Fugindo do Inferno

 

Fugindo do Inferno (The Great Scape, EUA, 1963) – Nota 9
Direção – John Sturges
Elenco – Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, Charles Bronson, James Coburn, Donald Pleasence, James Donald, Gordon Jackson, John Leyton, David MacCallum

Um grupo de oficiais e soldados aliados que são prisioneiros em um campo de concentração criam um minucioso plano de fuga em massa através de um túnel que eles cavam dentro de um dormitório. 

Baseado em uma história real, este é um dos grandes clássicos de guerra que ainda explora drama e pitadas de comédia. O longa duração e os muitos detalhes e situações dão a chance ao elenco recheado de astros se destacar. 

A rebeldia de Steve McQueen que tem a famosa sequência com a motocicleta, o espertalhão vivido por James Garner, o cérebro de Richard Attenborough, a criatividade de James Coburn para construir o carrinho que desliza pelo túnel, Donald Pleasence vivendo o oficial que está perdendo a visão e Charles Bronson como o escavador. 

Para quem gosta de filmes de guerra, é uma obra obrigatória.

A Era de Ouro

 

A Era de Ouro (Spinning Gold, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Timothy Scott Bogart
Elenco – Jeremy Jordan, Michelle Monaghan, Jay Pharoah, Lyndsy Fonseca, Dan Fogler, Peyton List, James Wolk, Jason Isaacs, Michael Ian Black, Sebastian Maniscalco, Tayla Parkx, Casey Likes, Sam Nelson Harris, Vincent Pastore, Nick Sandow, Chris Redd, Jason Derulo.

Em meados dos anos sessenta, o jovem Neil Bogart (Jeremy Jordan) que foi criado em uma família pobre no Brooklyn em Nova York sonha em fazer sucesso. Após algumas tentativas como cantor, dançarino e modelo, Neil funda uma gravadora independente ao lado de alguns amigos e inicia uma carreira que descobrirá talentos como a banda Kiss, Dona Summer, Isley Brothers e Village People. 

Este simpático longa biográfico dirigido pelo filho do verdadeiro Neil Bogart é uma homenagem tanto a coragem e a loucura do pai em arriscar tudo, quanto a uma época que pode ser chamada da “Era de Ouro da Música”, que foi até mais longa se estendendo entre os anos sessenta e os noventa. 

A narrativa é bastante agradável, principalmente para quem gosta das músicas dos anos sessenta e setenta que rendem uma ótima trilha sonora. 

Mesmo que o roteiro não se aprofunde nas questões financeiras e passe rapidamente pelo uso das drogas na vida do protagonista, o filme funciona como um retrato de um período da música que não voltará jamais e que rendeu clássicos que fazem sucesso até hoje, diferente do conteúdo efêmero e descartável das músicas atuais.

A Última Coisa Que Ele Me Falou

 

A Última Coisa Que Ele Me Falou (The Last Thing He Told Me, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Olivia Newman, Deniz Gamze Erguven, Lisa Neugebauer & Daisy von Scherler Mayer
Elenco – Jennifer Garner, Angourie Rice, Aisha Tyler, Augusto Aguilera, Nikolaj Coster Waldau, Geoff Stults, Josh Hamilton, David Morse, Victor Garber, Matt Craven.

Quando explode um escândalo de fraude financeira na empresa de tecnologia em que trabalha, Owen Michaels (Nikolaj Coster Waldau) desaparece, deixando sozinhas sua atual esposa Hannah (Jennifer Garner) e sua filha adolescente do primeiro casamento Bailey (Angourie Rice). Desesperadas e perdidas, madrasta e enteada são obrigadas a se acertar em busca de respostas. 

Esta minissérie em sete episódios começa de forma intrigante, deixando claro que além do problema atual, o sujeito desapareceu também para esconder segredos de seu passado. O roteiro basicamente segue dois caminhos interligados. Um deles é o desenvolvimento da relação entre as personagens que não eram ligadas e o outro as pistas que surgem aos poucos sobre o passado do desaparecido. 

Por mais que a produção seja caprichada e as atuações não comprometam, em momento algum a história decola de verdade, falta emoção e suspense, culminando com um verdadeiro anticlímax. O segredo também é basicamente um clichê que o cinéfilo mais atento vai descobrir rapidamente. No final fica claro que faltou algo.

Uma Linda Mulher & Noiva em Fuga

 

Uma Linda Mulher (Pretty Woman, EUA, 1990) – Nota 7
Direção – Garry Marshall
Elenco – Richard Gere, Julia Roberts, Ralph Bellamy, Jason Alexander, Laura San Giacomo, Hector Elizondo, Ralph Bellamy, Alex Hyde White, Amy Yasbeck.

Edward (Richard Gere) é um executivo que precisando levar uma acompanhante para jantares de negócios, contrata a jovem prostituta Vivian (Julia Roberts). O que começa como uma simples negociação, aos poucos se torna uma história de amor que precisará quebrar barreiras. 

O roteiro deste grande sucesso não tem surpresas, ele segue a fórmula habitual das comédias românticas em fazer a paixão nascer entre duas pessoas completamente diferentes. O sucesso do filme se deu por alguns detalhes, principalmente a química entre o galã Richard Gere e a jovialidade e beleza espontânea de uma então desconhecida Julia Roberts. 

Outro ponto que chamou a atenção foi a questão da profissão da protagonista, algo que em 1990 era muito mais polêmico do que nos dias atuais. O filme ainda reacendeu a carreira do cantor Roy Orbinson com o enorme sucesso da velha canção que dá título ao filme. 

Uma curiosidade é o papel de pequeno vilão interpretado por Jason Alexander, que ficaria famoso alguns depois ao ser um dos protagonistas da sitcom “Seinfeld”.

Noiva em Fuga (Runaway Bride, EUA, 1999) – Nota 5,5
Direção – Garry Marshall

Elenco – Richard Gere, Julia Roberts, Joan Cusack, Hector Elizondo, Rita Wilson, Paul Dooley, Christopher Meloni, Donal Logue, Yul Vazquez.

Por três vezes, Maggie (Julia Roberts) fugiu do casamento no dia da cerimônia. Ike (Richard Gere) é um colunista de revista que vê na notícia a chance de crescer na carreira. O encontro entre duas pessoas extremamente diferentes aos poucos mudará suas vida. 

O público esperou por nove anos o que seria uma espécie de sequência do sucesso de “Uma Linda Mulher”, porém o resultado é um filme que deixa bastante a desejar. O reencontro de Richard Gere e Julia Roberts, além do diretor Garry Marshall e do coadjuvante Hector Elizondo parte de uma premissa que parece de novela que se desenvolve neste formato. Tudo parece artificial, algo comum na carreira do diretor Garry Marshall.

Um Marido Fiel

 

Um Marido Fiel (Kaerlighed for Voksne, Dinamarca, 2022) – Nota 7
Direção – Barbara Topsoe Rothenborg
Elenco – Dar Salim, Sonja Richter, Sus Wilkins, Katina Laerke Petersen, Milo Campanale, Morten Burian.

Christian (Dar Salim) é um empresário dono de uma companhia de construção. Sua esposa Leonora (Sonja Richter) abandonou a carreira de violonista para cuidar do filho doente, que hoje é um adolescente praticamente sem problemas. Quando Sonja descobre que Christian tem uma amante e pretende abandoná-la, a vida do casal se transforma em um inferno de vinganças e manipulações. 

Este interessante drama explora a linha tênue entre o amor e o ódio, quando o casal coloca seus desejos a frente da relação sem imaginar o estrago que possa fazer na vida do outro. O roteiro explora este lado extremo de uma forma criativa, com pelo menos uma reviravolta interessante e um resultado que beira o cinismo. É um bom filme para quem gosta de dramas com pitadas de violência física e psicológica.

Sede Assassina

 

Sede Assassina (To Catch a Killer, EUA, 2023) – Nota 6,5
Direção – Damian Szifron
Elenco – Shailene Woodley, Ben Mendelsohn, Jovan Adepo, Ralph Ineson, Richard Zeman, Jason Cavalier, Dusan Dukic.

Baltimore, noite de Ano Novo. Um atirador mata diversas pessoas de forma aleatória e desaparece. A policial novata Eleanor (Shailene Woodley) demonstra perspicácia em suas atitudes chamando a atenção do agente do FBI Lammark (Ben Mendelsohn), que lidera a investigação e recruta a garota para fazer parte da equipe. 

Este longa policial começa de uma forma intrigante ao esconder a identidade do assassino, deixando em aberto um enorme leque para o desenvolvimento da trama. O problema surge conforme a história avança e o roteiro perde tempo em inserir questões ideológicas. 

A motivação do assassino também não convence, se revelando um clichê. Mesmo com a narrativa sendo correta, fica claro que os desvios de rota para encaixar temas paralelos atrapalharam bastante o resultado.

Nefarious

 

Nefarious (Nefarious, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Chuck Konzelman & Cary Solomon
Elenco – Sean Patrick Flanney, Jordan Belfi, Tom Ohmer.

Um determinado fato obriga um psiquiatra (Jordan Belfi) a analisar se um condenado (Sean Patrick Flannery) tem sanidade mental para ser executado, pois o sujeito alega ser o diabo encarnado. O médico tem poucas horas para conversar com o prisioneiro e dar seu parecer, antes de ocorrer a execução. 

O ponto principal deste longa são os diálogos em que o condenado questiona as colocações do psiquiatra, manipulando as emoções e criando uma enorme dúvida na cabeça do médico. Também são várias as discussões entre a racionalidade da ciência e o mundo dos espíritos. 

O filme tem algumas sequências mais tensas e uma sinistra e também canastrona interpretação de Sean Patrick Flannery.

O Último Pistoleiro, Jamais Foram Vencidos & Os Comancheros

 

O Último Pistoleiro (The Shootist, EUA, 1976) – Nota 7,5
Direção – Don Siegel
Elenco – John Wayne, Lauren Bacall, Ron Howard, James Stewart, Richard Boone, Hugh O’Brian, Bill McKinney, Harry Morgan, John Carradine, Sheree North, Scatman Crothers.

Carson City, 1901. J.B. Brooks (John Wayne) é um famoso pistoleiro que ao descobrir que está com câncer terminal decide abandonar a arma e viver tranquilamente seus últimos dias, o que não será nada fácil. 

Este western com uma trama mais voltada para o drama foi o último trabalho do astro John Wayne, que na época sofria da mesma doença de seu personagem, que o levaria à morte em 1979. O filme é repleto de simbolismos, como a triste da ligação entre ator e personagem e a época em que passa a história no início do século XX que marcava ao final da era do oeste sem lei, que estava sendo engolido aos poucos pela modernidade. 

Outro simbolismo é o próprio final da era de ouro do western no cinema, que em meados dos anos setenta já era considerado um gênero em decadência, que teve um novo alento somente nos anos noventa após “Os Imperdoáveis” de Clint Eastwood. 

No elenco destaque para nomes gigantes como Lauren Bacall e James Stewart, este segundo um ícone do gênero igual John Wayne.

Jamais Foram Vencidos (The Undefeated, EUA, 1969) – Nota 7
Direção – Andrew V. McLaglen
Elenco – John Wayne, Rock Hudson, Antonio Aguilar, Ben Johnson, Jan Michael Vincent, Harry Carey Jr, Bruce Cabot, Merlin Olsen, Royal Dano, Lee Meriwether, John Agar.

Pouco tempo após o final da Guerra da Secessão, um batalhão de soldados da União liderado pelo Coronel Thomas (John Wayne) e outro grupo do exército Confederado comandado pelo Coronel Langdon (Rock Hudson) são obrigados a juntar forças para transportar cavalos para o governo mexicano. A missão é ainda mais complicada porque o agora grupo unificado terá de enfrentar a fúria dos revolucionários mexicanos. 

Este western explora os conflitos nos EUA e no México no final do século XIX para criar uma história clássica em que a travessia do oeste americano se torna uma violenta saga. Destaque para a disputa entre os astros John Wayne e Rock Hudson e para as caprichadas sequências de ação.

Os Comancheros (The Comancheros, EUA, 1961) – Nota 7
Direção – Michael Curtiz
Elenco – John Wayne, Stuart Whitman, Lee Marvin, Ina Balin, Bruce Cabot, Nehemiah Persoff, Michael Ansara, Patrick Wayne, Jack Elam, Edgar Buchanan.

O Texas Ranger John Cutter (John Wayne) prende o jogador de pôquer Paul Regret (Stuart Whitman) que matou o filho de um juiz durante um conflito numa mesa de jogo. Ao transportar o sujeito para ser julgado, Cutter cruza o caminho de um violento bando de comancheros, que são criminosos que vendem armas para os índios, iniciando um novo conflito. 

Este western foi o último trabalho do grande diretor Michael Curtiz, que estava doente e dividiu de modo informal a direção com o astro John Wayne, que não foi creditado. Curtiz faleceria no ano seguinte. 

O filme está longe de ser um clássico e tem alguns tempos mortos que são compensados pelas boas sequências de tiroteio. Destaque para a pequena, porém marcante participação de Lee Marvin.

Império da Dor

 

Império da Dor (Painkiller, EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – Peter Berg
Elenco – Matthew Broderick, Uzo Aduba, Taylor Kitsch, Dina Shihabi, West Duchovny, John Rothman, Sam Anderson, Clark Gregg, Jack Mulhern, Carolina Bartczak, Brian Markinson, Ana Cruz Kayne, John Ales, Noah Harpster, Tyler Ritter.

Em 2006, após a morte de Arthur Sackler (Clark Gregg), fundador da Purdue Pharma, seu sobrinho Richard (Matthew Broderick) toma a frente da corporação e decide investir pesado em um medicamento para tratar a dor. 

Sua empresa cria o fortíssimo Oxycontin e utiliza uma campanha de marketing extremamente agressiva. As vendas explodem e em pouco tempo também crescem os casos de pessoas que se tornam dependentes do medicamento. 

A história real da chamada “crise dos opioides” que ainda hoje tem consequências nos EUA foi detalhada de uma forma mais completa na minissérie “Dopesick”. Esta nova versão da história em minissérie de seis episódios coloca em primeiro plano a visão da assistente de promotoria Edie Flowers (Uzo Aduba). 

O roteiro também explora os bastidores da empresa Purdue transformando seu CEO Richard Sackler em personagem excêntrico e solitário que conversa com o falecido tio em sua imaginação. 

Outros duas tramas paralelas seguem um mecânico (Taylor Kitsch) que se torna viciado após um acidente e a carreira de uma representante de vendas (West Duchovny) que aos poucos percebe o golpe que está sendo cúmplice. 

No final, quem tem interesse em saber mais sobre o tema, vale a pena conferir a duas minisséries.

Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte 1

 

Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 (Mission: Impossible – Dead Reckoning Part One, EUA, 2023) – Nota 8
Direção – Christopher McQuarrie
Elenco – Tom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Vanessa Kirby, Esai Morales, Pom Klementieff, Henry Czerny, Cary Elwes, Shea Whigham, Greg Tarzan Davies, Frederick Schmidt, Mariela Garriga, Charles Parnell, Indira Varma, Mark Gattis, Rob Delaney.

Neste que muito provavelmente é o penúltimo filme da famosa franquia, o roteiro desenvolve a primeira parte de uma trama que coloca em debate o tema extremamente atual dos limites da inteligência artificial. 

A equipe de Ethan Hunt (Tom Cruise) recebe a missão de encontrar dois pedaços de uma chave que na teoria se encaixam para acessar o código fonte de uma “entidade” de inteligência artificial que começou a agir por contra própria. Vários personagens também estão em busca da mesma chave. 

O roteiro explora esta disputa através de sequências de ação espetaculares e traições das mais variadas. Em alguns momentos o filme lembra “Matrix’, principalmente na sequência da boate e no desenvolvimento do personagem do assassino vivido por Esai Morales. 

O resultado é um divertimento de primeira qualidade para quem gosta de ação. Vamos aguardar a finalização da história no próximo longa.

Os Três Mosqueteiros - 5 Filmes

 

Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan (Les Trois Mousquetaires: D'Artagnan, França / Alemanha / Espanha / Bélgica, 2023) – Nota 5,5
Direção – Martin Bourboulon
Elenco – François Civil, Vincent Cassel, Romain Duris, Pio Marmai, Eva Green, Louis Garrel, Vicky Krieps. Lyna Khoudry, Eric Ruf, Marc Barbé.

O jovem D’Artagnan (François Civil) chega em Paris com o objetivo de se tornar mosqueteiro do rei. No primeiro dia ele participa de uma luta tentando salvar uma garota, quase morre e cruza o caminho dos mosqueteiros que são vistos como decadentes. Tão rapidamente quanto, D’Artagnan se envolve em uma rede de intrigas em que a corte e o clero desejam derrubar o rei. 

Esta nova versão do clássico de Alexandre Dumas acerta na ótima reconstituição de época, cria sequências estranhas de lutas de espada, como se o diretor quisesse dar um ar de modernidade e falha tanto na ideia de dividir a história em duas partes sem grande emoção, quanto no elenco que deixa a desejar. 

François Civil até tem uma boa atuação, contrastando com os mosqueteiros que não convencem e com um roteiro que ainda insere temas ideológicos que não se encaixam com a trama. Apesar de outros nomes conhecidos, as atuações são fracas e sem emoção. A segunda parte será lançada em breve para quem quiser conferir o restante da história.

Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, Inglaterra / Áustria / EUA, 1993) – Nota 6,5
Direção – Stephen Herek
Elenco – Charlie Sheen, Kiefer Sutherland, Chris O'Donnell, Oliver Platt, Tim Curry, Rebecca DeMornay, Michael Wincott, Gabrielle Anwar, Hugh O'Connor, Julie Delpy, Paul McGann.

Este é a versão mais pop da história de Alexandre Dumas. O elenco recheado de na época jovens famosos garantem a diversão nas sequências de ação, mas com um roteiro que foca também na comédia e em personagens sem grande profundidade. Outro problema é o inexpressivo Chris O’Donnell como D’Artagnan, que inclusive estava abaixo de Charlie Sheen e Kiefer Sutherland nos créditos. Para quem ver hoje, fica também difícil acreditar em Charlie Sheen como mosqueteiro.

Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, EUA / Espanha, 1973) – Nota 7
Direção – Richard Lester
Elenco – Michael York, Raquel Welch, Charlton Heston, Faye Dunaway, Richard Chamberlain, Oliver Reed, Frank Finlay, Christopher Lee, Simon Ward, Geraldine Chaplin, Jean Pierre Cassel, Joss Ackland.

A Vingança de Milady (The Four Musketeers, EUA / Espanha / Inglaterra, 1974) – Nota 7
Direção – Richard Lester
Elenco – Michael York, Raquel Welch, Charlton Heston, Faye Dunaway, Richard Chamberlain, Oliver Reed, Frank Finlay, Christopher Lee, Simon Ward, Geraldine Chaplin, Jean Pierre Cassel

Esta versão em duas partes que foram filmadas de simultaneamente, mesmo não sendo ótima como a de 1948, acerta ao detalhar a história de uma forma ampla intercalando ação, romance, drama e comédia com qualidade. O ótimo elenco é outro acerto, recheado de famosos como Charlton Heston, Faye Dunaway, Richard Chamberlain e Christopher Lee, além boa da química entre Michael York e a bela Raquel Welch.

Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, EUA, 1948) – Nota 7,5
Direção – George Sidney
Elenco – Gene Kelly, Lana Turner, June Allyson, Frank Morgan, Van Heflin, Angela Lansbury, Vincent Price, Keenan Wynn, John Sutton, Gig Young, Patricia Medina.

Esta é com certeza a melhor versão da história com o ótimo Gene Kelly interpretando D’Artagnan, a beleza forte de Lana Turner como Milady de Winter e Vincent Price dando vida ao Cardeal Richelieu.

A Maravilhosa História de Henry Sugar

 

A Maravilhosa História de Henry Sugar (The Wonderful Story of Henry Sugar, EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – Wes Anderson
Elenco – Benedict Cumberbatch, Ralph Fiennes, Dev Patel, Ben Kingsley, Richard Ayoade.

Henry Sugar (Benedict Cumberbatch) é um herdeiro milionário que descobre na biblioteca de seu pai um caderno de anotações de um médico (Dev Patel) que descreve a vida de um homem (Ben Kingsley) que tinha a capacidade de enxergar mesmo vendado. Henry decide seguir os ensinamentos do caderno com o desejo de conseguir fazer o mesmo. 

Este é o primeiro de quatro curtas que o diretor Wes Anderson comandou este ano. Todas as cores, cenários e estilo do diretor estão presentes de forma sensacional. A ideia de utilizar os mesmos atores em papéis duplos é uma boa sacada, assim como a narração de Ralph Fiennes. 

A história que parece uma ficção ou mistério no início, aos poucos se mostra algo diferente, porém termina de forma piegas nas atitudes do personagem de Benedict Cumberbatch. Mesmo sendo uma boa obra, uma solução mais ousada seria o ideal.

O Mistério de Maya

 

O Mistério de Maya (Take Care of Maya, EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – Henry Roosevelt
Documentário

Em 2016, a então pré-adolescente Maya Kowalski sofria com uma doença desconhecida pela maioria dos médicos, mas que tinha sido diagnosticada por dois especialistas que indicaram um tratamento complexo. Ao ter uma recaída que causava dores terríveis que a impediam até de andar, os pais a levaram ao famoso hospital Johns Hopkins. 

Uma série de desencontros de informações, de arrogância médica e de algumas autoridades que se consideram acima do bem e do mal, levaram os pais a serem acusados de medicar excessivamente a filha, tirando deles a guarda e dando início a uma situação que resultaria em algo terrível. 

Este documentário detalha uma história real que fez vir à tona uma enorme lista de casos de pais que foram acusados de maus tratos sem provas, sendo obrigados a enfrentam um sistema judicial que os via como culpados antes mesmo de qualquer defesa. 

O documentário consegue ao mesmo tempo detalhar esta situação absurda em forma de denúncia e também passar uma enorme sensibilidade nos depoimentos da família Kowalski. Até hoje o caso ainda está na justiça com a família em busca de um fechamento para poder seguir a vida.

Agente Stone

 

Agente Stone (Heart of Stone, EUA, 2023) – Nota 6,5
Direção – Tom Harper
Elenco – Gal Gadot, Jamie Dornan, Alia Bhatt, Jing Lusi, Paul Ready, Enzo Cilenti, Matthias Schweighofer, Sophie Okonedo.

Rachel Stone (Gal Gadot) trabalha como especialista em tecnologia para uma equipe de agentes do MI6 britânico. O que seus colegas não sabem é que na verdade ela é uma agente altamente treinada de uma organização secreta que detém uma tecnologia que pode hackear praticamente tudo e que é visada por um grupo criminoso. 

Esta aventura explosiva entrega ao mesmo tempo pontos positivos como sequências de ação bem elaboradas, ritmo ágil e ótimas locações, com outras situações negativas como algumas sequências absurdas, os clichês nos diálogos e no desenvolvimento dos personagens, além do espectador ter de “acreditar” na bela Gal Gadot descendo a porrada em vários brutamontes. 

É um filme indicado para quem deseja uma sessão de diversão sem compromisso algum com a realidade.

Tirando o Atraso & Meu Pai é um Perigo

 

Tirando o Atraso (Dirty Grandpa, EUA / Inglaterra, 2016) – Nota 6,5
Direção – Dan Mazer
Elenco – Zac Efron, Robert De Niro, Aubrey Plaza, Zoey Deutch, Jason Mantzoukas, Dermot Mulroney, Danny Glover, Julianne Hough, Jeffrey Bowyer Chapman, Adam Paly.

Jason (Zac Effron) é um jovem advogado que está prestes a se casar e que no dia seguinte ao enterro da avó é obrigado a viajar de carro com seu avó Dick (Robert De Niro) que deseja jogar golfe em um campo na Flórida. A viagem maluca fará Jason rever sua forma de viver. 

Ao mesmo tempo em que este longa tem um roteiro que aborda temas universais como a relação familiar entre avó e neto, as decisões por comodismo e o medo de arriscar, por outro lado tudo isso é desenvolvido de forma escrachada, com diálogos sobre sexo a cada minuto, ofensas e situações absurdas que remetem as comédias malucas dos anos oitenta. E essa mistura funciona. 

São várias sequências engraçadas, com um Robert De Niro se divertindo no papel do idoso sem pudor e sem limites. Destaque ainda para os personagens malucos de Aubrey Plaza e Jason Mantzoukas. 

Mesmo longe de ser um grande filme, a obra diverte por explorar o politicamente incorreto, algo que as comédias atuais que vem deixando de lado e se tornando cada vez mais sem graça.

Meu Pai é um Perigo (About My Father, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Laura Terruso
Elenco – Sebastian Maniscalco, Robert De Niro, Leslie Bibb, Kim Cattrall, David Rasche, Anders Holm, Brett Dier.

Sebastian (Sebastian Maniscalco) pretende pedir a namorada Ellie (Leslie Bibb) em casamento no dia de Ação de Graças na casa de veraneio da família dela, que é milionária. O desejo de oferecer o anel de sua falecida mãe para a noiva fica difícil quando seu pai, o cabeleireiro Salvo (Robert De Niro) exige conhecer a família da garota. 

Esta comédia com toques autobiográficos do ator Sebastian Maniscalco explora uma sequência de clichês das comédias românticas sobre pequenas mentiras, famílias complicadas e situações patéticas, em que tudo se resolve de alguma forma. 

O choque de realidades entre o personagem de Robert De Niro e a família rica da noiva rende algumas risadas, principalmente pela atuação do veterano que novamente se diverte neste tipo de papel sem filtro. 

Sebastian Maniscalco é o típico ator ítalo-americano que exagera no sotaque e que lembra muito o astro de tv dos anos oitenta e noventa Tony Danza.

Clamor da Justiça

 

Clamor da Justiça (Sergeant Ryker, EUA, 1968) – Nota 7
Direção – Buzz Kulik
Elenco – Lee Marvin, Bradford Dillman, Vera Miles, Peter Graves, Lloyd Nolan, Murray Hamilton, Norman Fell.

Japão, 1951, No meio da Guerra da Coreia, o sargento Ryker (Lee Marvin) é condenado a morte por traição acusado de se aliar aos comunistas da Coreia do Norte. Ryker alega que participou de uma missão secreta a mando de um coronel que faleceu e não deixou registro da ação. O promotor do exército (Bradford Dillman) tem dúvidas sobre o caso e decide solicitar um novo julgamento. 

Este interessante drama sobre lealdade tem como destaques as interpretações, principalmente do sempre marcante Lee Marvin que tem uma sequência forte durante o julgamento e o roteiro muito bem amarrado que vai dando pistas sobre o que realmente ocorreu até chegar na surpresa final. 

É um filme praticamente esquecido que merece ser mais conhecido.

Megatubarão 2

 

Megatubarão 2 (Meg 2: The Trench, EUA / China, 2023) – Nota 6,5
Direção – Ben Wheatley
Elenco – Jason Statham, Jing Wu, Shuya Sophia Cai, Cliff Curtis, Page Kennedy, Sergio Peris Mencheta, Skyler Samuels, Melissanthi Mahut, Sienna Guillory.

Após os acontecimentos do filme anterior, a equipe de cientistas mantém o filhote de megatubarão em um espaço fechado no mar. Quando eles seguem em uma nova missão de explorar uma fossa marinha, uma situação inesperada causada por um inimigo resulta no ataque de novos megatubarões que atravessam o portal no fundo do oceano. 

Por mais absurda que seja a história, esta sequência é melhor e mais divertida do que o filme original. As sequências de ação exageradas são bem boladas e distribuídas em três partes, o que deixa o filme extremamente ágil. 

A aventura da primeira parte no fundo do mar é típica de uma ficção, enquanto as sequências na plataforma são de filmes de ação puro, para chegar ao explosivo final na luta contra as criaturas na praia. 

Destaque para Jason Statham, que interpreta sempre o mesmo papel do sujeito ranzinza, cínico e pronto para descer a porrada nos inimigos, sejam humanos ou criaturas.

Chamas da Morte & Pin: Uma Jornada Além da Loucura

 

Chamas da Morte (The Burning, EUA, 1981) – Nota 6,5
Direção – Tony Maylam
Elenco – Brian Matthews, Leah Ayres, Brian Backer, Larry Joshua, Jason Alexander, Ned Eisenberg, Fisher Stevens, Holly Hunter.

Um estranho zelador de um acampamento de verão sofre terríveis queimaduras causadas por um brincadeira de mal gosto de alguns adolescentes. Quinze anos depois, o sujeito deformado busca vingança no mesmo local, tendo como alvo outro grupo de jovens. 

O roteiro deste longa mistura as premissas de “Sexta-Feira 13” com “Halloween”, inclusive com uma trilha sonora de Rick Wakeman que copia a clássica música criada por John Carpenter para o sinistro Michael Myers. 

O desenvolvimento da história segue o clássico estilo do que hoje é chamado de gore, com o psicopata caçando um a um os jovens com uma enorme tesoura de cortar galhos como arma. São várias sequências sangrentas com locações a céu aberto no acampamento e na mata ao redor do local. 

Além da violência, o destaque vai para o elenco recheado de jovens que fizeram carreira, principalmente Jason Alexander famoso por seu papel em “Seinfeld” e a ótima Holly Hunter em um pequeno papel. O elenco tem ainda rostos conhecidos principalmente por trabalhos em seriados como Fisher Stevens, Ned Eisenberg e Larry Joshua.

Pin: Uma Jornada Além da Loucura (Pin, Canadá, 1988) – Nota 6
Direção – Sandor Stern
Elenco – David Hewlett, Cynthia Preston, Terry O’Quinn, Bronwen Mantel, John Ferguson, Helene Udy, Patricia Collins.

Quando crianças, os irmãos agora adultos Leon (David Hewlett) e Ursula (Cynthia Preston) criaram uma estranha ligação com um boneco batizado como Pin que seu pai (Terry O’Quinn), que era médico, utilizava em suas consultas. Quando Ursula começa a namorar, Leon começa a ser influenciado pelo boneco para atrapalhar o relacionamento. 

Este esquecido suspense psicológico explora uma bizarra história sobre como a loucura vem à tona aos poucos. A narrativa estranha com a cara dos filmes B dos anos oitenta foge dos clichês de sustos e sangue, para focar no clima de tragédia e no assustador boneco. Por outro lado, as atuações over e o ritmo lento principalmente na segunda metade atrapalham um pouco. 

O resultado é um filme estranho, que vale como curiosidade para o cinéfilo que gosta de obras incomuns.

Artigo 15

 

Artigo 15 (Article 15, Índia, 2019) – Nota 7,5
Direção – Anubhav Sinha
Elenco – Ayushmann Khurrana, Manoj Pahwa, Kumud Mishra, Nassar, Isha Talwar, Sayani Gupta.

Ayan (Ayushmann Khurrana) é designado para ser o comissário de polícia em uma cidade no interior da Índia. Logo no primeiro dia ele se depara com o caso de duas garotas que foram assassinadas e uma terceira que está desaparecida. Ao tentar resolver o caso, Ayan bate de frente com os costumes locais, a hierarquia social das várias castas populares e a corrupção. 

Este interessante drama policial coloca em discussão as diferenças entre a Índia moderna representada pelo protagonista e os costumes antigos que ainda dominam as relações da maioria da população, que é extremamente pobre. Esta proposta se casa bem com a investigação policial que vai descobrir os podres de policiais e autoridades. 

O “Artigo 15” do título se refere ao item da constituição indiana que proíbe a diferença de tratamento entre as pessoas, independente da casta a que ela pertence, algo que existe somente no papel. 

É um filme que vai agradar quem curte o gênero.

Contrato Para Matar & O Primeiro Pecado Mortal

 

Contrato Para Matar (Contract on Cherry Street, EUA, 1977) – Nota 6,5
Direção – William A. Graham
Elenco – Frank Sinatra, Martin Balsam, Henry Silva, Harry Guardino, Michal Nouri, Martin Gabel, Verna Bloom, Robert Davi, Jay Black.

Frank Hovannes (Frank Sinatra) é o líder de um esquadrão policial que investiga o crime organizado em Nova York. Com foco no roubo de cargas, os policiais se envolvem em um violento conflito contra a máfia. 

Este longa produzido para a tv tem uma premissa interessante ao explorar o submundo do crime em Nova York e a ação da polícia, que muitas vezes também age à margem da lei. O filme tem algumas boas sequências de tiroteio levando em conta ser uma obra para a tv e uma história com alguma complexidade, inclusive com um final que vai além do habitual. 

O grande problema é a duração de quase duas horas e meia, que deixa a narrativa bastante irregular, com várias sequências que poderiam ter sido cortadas.

O Primeiro Pecado Mortal (The First Deadly Sin, EUA, 1980) – Nota 6
Direção – Brian G. Hutton
Elenco – Frank Sinatra, Faye Dunaway, James Whitmore, David Dukes, George Coe, Brenda Vaccaro, Martin Gabel, Anthony Zerbe, Joe Spinell, Jeffrey DeMunn.

Edward Delaney (Frank Sinatra) é um sargento de polícia prestes a se aposentar que enfrenta dois dilemas. Na vida pessoal, sua esposa (Faye Dunaway) está internada após um provável erro médico. E no trabalho, Delaney investiga o caso de um homicídio aparentemente sem motivo que pode estar ligado com outros crimes semelhantes em Nova York. 

Este longa tem a sempre ótima premissa da caça a um serial killer e um desenvolvimento da investigação até certo ponto bem amarrado, porém duas situações atrapalham bastante o resultado. A revelação da motivação do crime é ridícula, como se fosse um anticlímax. E a narrativa paralela da doença da esposa internada não convence e parece deslocada no roteiro. 

Além de Sinatra, o destaque fica para o personagem do curador do museu metido a investigador vivido por Martin Gabel.

Asteroid City

 

Asteroid City (Asteroid City, EUA, 2023) – Nota 6,5
Direção – Wes Anderson
Elenco – Jason Schwartzman, Bryan Cranston, Tom Hanks, Scarlett Johansson, Edward Norton, Jeffrey Wright, Jake Ryan, Grace Edwards, Maya Hawke, Rupert Friend, Hope Davis, Steve Carell, Steve Park, Live Schreiber, Sophia Lillis, Aristou Meehan, Ethan Josh Lee, Matt Dillon, Jeff Goldblum, Willem Dafoe, Margot Robbie, Adrien Brody.

Na sequência inicial, um apresentador (Bryan Cranston) explica que um autor (Edward Norton) está finalizando uma peça de teatro que será encenada. A narrativa pula para a peça, onde diversos personagens se encontram em uma pequena cidade no deserto de Nevada em 1955 para participar de uma exposição de projetos científicos criados por crianças com QI elevado. 

A ideia do roteiro escrito pelo diretor Wes Anderson em parceria com Roman Coppola é fazer uma sátira sobre os fatos e costumes dos anos cinquenta. O roteiro atira para várias direções. São situações de família, críticas a militarização, aos testes nucleares da época e aos atores e atrizes temperamentais. No final parecem temas isolados que em momento algum se encaixam. 

Wes Anderson acerta na habitual parte técnica colorida que lembra uma mistura de quadros com os antigos desenhos animados, nas situações absurdas e na separação entre as sequências em preto e branco nos bastidores da peça com a encenação colorida que resulta no filme. 

Destaque para Bryan Cranston como o apresentador e para as pequenas participações de famosos, incluindo a cena com Jeff Goldblum interpretando um alienígena.

Sobrenatural: A Porta Vermelha

 

Sobrenatural: A Porta Vermelha (Insidious: The Red Door, EUA / Canadá, 2023) – Nota 6
Direção – Patrick Wilson
Elenco – Patrick Wilson, Ty Simpkins, Rose Byrne, Sinclair Daniel, Hiam Abbass, Andrew Astor, Juliana Davies, Steve Coulter, Leigh Whannell, Angus Sampson, Lin Shaye.

Nove anos após os acontecimentos do filme anterior, pai Josh Lambert (Patrick Wilson) e filho Dalton (Ty Smpkins) não se lembram do ocorrido que foi apagado de suas memórias por um hipnotizador. A consequência de suprimir estas lembranças levou pai e filho a se afastarem, até que começam a ter visões e pesadelos sem entender o porquê da situação. 

Este quinto filme da franquia, que na verdade é o terceiro com a família Lambert, deixa a desejar por causa do roteiro totalmente previsível e até mesmo pelas sequências de suspense que pouco assustam. 

Faz muito falta as sessões para evocar os espíritos comandadas pela personagem da atriz Lin Shaye, que aparece apenas rapidamente em duas sequências, assim como a presença de seus confusos auxiliares vividos por Leigh Whannell e Angus Sampson. 

É uma franquia que parece já estar se entregando aos clichês dos filmes adolescentes de terror.

Como Perder um Homem em 10 Dias & Um Amor de Tesouro

 

Como Perder um Homem em 10 Dias (How to Lose a Guy in 10 Days, EUA, 2003) – Nota 7
Direção – Donald Petrie
Elenco – Matthew McConaughey, Kate Hudson, Adam Goldberg, Thomas Lennon, Kathryn Hahn, Anne Parisse, Shalom Harlow, Robert Klein, Bebe Neuwirth, Michael Michele.

Ben (Matthew McConaughey) é um publicitário solteiro que aproveita a vida com várias mulheres. Ao disputar a conta de um novo cliente com colegas de trabalho, ele aposta que conseguirá fazer uma mulher se apaixonar em dez dias. 

O alvo escolhido é Andie (Kate Hudson), que por seu lado é uma jornalista que faz uma aposta semelhante com sua chefe para crescer na carreira. Ela diz que fará um homem apaixonado desistir da relação após dez dias, apenas com suas atitudes para infernizar a vida do sujeito. 

Esta curiosa premissa brinca com o estilo de comédias românticas sobre farsas através de ótimos diálogos e situações divertidas que exploram os clichês dos inícios de relacionamentos entre apaixonados, com algumas sequências que beiram o pastelão. 

Outro grande acerto é a química entre Matthew McConaughey e Kate Hudson, resultando em um longa que fez um merecido sucesso.

Um Amor de Tesouro (Fool’s Gold, EUA, 2008) – Nota 5,5
Direção – Andy Tennant
Elenco – Matthew McConaughey, Kate Hudson, Donald Sutherland, Alexis Dziena, Ewen Bremner, Ray Winstone, Kevin Hart, Malcolm Jamal Warner, Brian Hooks, David Roberts, Adam LeFevre, Michael Mulheren.

Finn (Matthew McConaughey) é um aventureiro obcecado em localizar no fundo do mar a fortuna de um navio espanhol que teria naufragado perto de Miami no século 18. Sua atitude custou seu casamento com Tess (Kate Hudson), até que uma nova pista os leva a se unir para encontrar o navio. Com ajuda de um milionário (Donald Sutherland), a disputa com um aventureiro rival (Ray Winstone) e sendo perseguido por um gângster (Kevin Hart), o casal fará de tudo para chega ao ouro. 

O roteiro explora a clássica trama de comédias em que vários personagens correm atrás de uma fortuna. Algumas coisas funcionam como a química entre McConaughey e Kate Hudson, as locações e as sequências de mergulho. Por outro lado, os diálogos são ruins e a trama é totalmente clichê, assim como o desenvolvimento dos coadjuvantes. 

É basicamente um filme de sessão da tarde totalmente esquecível.

O Mundo do Circo

 

O Mundo do Circo (Circus World, EUA, 1966) – Nota 6,5
Direção – Henry Hathaway
Elenco – John Wayne, Claudia Cardinale, Rita Hayworth, Lloyd Nolan, Richard Conte, John Smith.

Matt Masters (John Wayne) é o dono de um circo que decide levar seu show para a Europa. Um dos motivos é tentar reencontrar seu antigo amor proibido que desapareceu após uma tragédia deixando a filha bebê. Matt criou a garota (Claudia Cardinale) mesmo sem ser o pai. As coisas não acontecem como o esperado e Matt precisará usar da criatividade para o show continuar. 

Este longa tem como pontos principais os vários e ótimos números circenses e as duas sequências de tragédia, que são grandiosas e muito bem filmadas. Por outro lado, a arco da dramático do reencontro do protagonista e da garota com a mãe não convence, assim como a longa duração deixa a narrativa bastante irregular. 

A curiosidade é a participação da outrora belíssima Rita Hayworth, que estava com a carreira em decadência aos quarenta e seis anos e aparentava ter muito mais idade.

Mob Land

 

Mob Land (Mob Land, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Nicholas Maggio
Elenco – John Travolta, Shiloh Fernandez, Stephen Dorff, Kevin Dillon, Ashley Benson, Tia DiMartino, Timothy V. Murphy, Robert Miano.

Numa pequena cidade do oeste americano, um jovem casado (Shiloh Fernandez) precisando de dinheiro aceita a proposta de um amigo (Kevin Dillon) para assaltar uma clínica que trafica opioides. A ação coloca em seu encalço um assassino da Máfia (Stephen Dorff) e no meio da confusão o xerife da cidade (John Travolta). 

Este drama policial dirigido e escrito pelo estreante Nicholas Maggio tem uma premissa clichê, porém com um desenvolvimento da história bastante interessante e um clima de tragédia. A narrativa lenta foca nos personagens e em seus dramas, deixando de lado o habitual estilo agitado deste tipo filme, mas lógico que inserindo sequências de violência de acordo com o contexto. 

Outro destaque são os ótimos diálogos sobre família, amizade e vida numa cidade pequena sem perspectivas. O personagem mais interessante e complexo é sem dúvida o assassino vivido por Stephen Dorff, que ao mesmo tempo em que demonstra frieza para cumprir sua missão, também apresenta um senso de justiça distorcido que influenciará em suas decisões. 

É um filme que entrega mais do que promete a premissa.