sexta-feira, 31 de março de 2017

Sem Vestígios & Febre Urbana


Sem Vestígios (Disappearing Acts, EUA, 2000) – Nota 6
Direção – Gina Prince Bythewood
Elenco – Wesley Snipes, Sanaa Lathan, Regina Hall, Lisa Arrindell Anderson, John Amos, CCH Pounder, Q-Tip, Michael Imperioli.

Frank (Wesley Snipes) é contratado para reformar o piso de um apartamento no Brooklyn, local para onde Zora (Sanaa Lathan) está de mudança. Ele é um sujeito sem estudo, trabalhador braçal, enquanto Zora é uma aspirante a cantora que trabalha como professora. 

A princípio, a aparente diferença não atrapalha a atração que nasce entre os dois. Aos poucos, a relação fica mais complicada, principalmente quando Frank revela que tem dois filhos e que ainda não se separou legalmente da esposa. 

Esta produção HBO é basicamente um drama sobre as dificuldades de um relacionamento, com um roteiro que não apresenta surpresas. O destaque fica para Wesley Snipes, que na época ainda não havia destruído a carreira por causa da sonegação de impostos e intercalava papéis entre filmes de ação e dramas, sempre mostrando carisma e algum talento. 

Febre Urbana (Turn It Up, EUA 2000) – Nota 4
Direção – Robert Adetuyi
Elenco – Pras, Ja Rule, Vondie Curtis Hall, Jason Statham, Tamala Jones.

Diamond (Pras) sonha em se tornar rapper, porém sua realidade é vender drogas ao lado do amigo Gage (Ja Rule). A morte de sua mãe, o retorno do pai após doze anos fora de casa (Vondie Curtis Hall) e a gravidez inesperada da namorada (Tamala Jones) levam Diamond ao desespero. Para tentar mudar de vida, ele e Gage decidem roubar o próprio chefe, o traficante B (Jason Statham). 

O roteiro explora de forma precária os clichês dos filmes sobre o submundo do tráfico e a vida fora da lei que muitos rappers tiveram antes de ficarem famosos.

O filme perde ainda mais pontos ao colocar o rapper Pras como protagonista. Ele se mostra um péssimo ator. Nem mesmo a pequena participação de Jason Statham salva o filme. 

A única curiosidade fica por conta do título nacional. Além do “Febre Urbana”, este longa teve outros dois títulos: “Vencendo na Marra” e “A Estrela do Gueto”. 

quinta-feira, 30 de março de 2017

Mea Culpa

Mea Culpa (Mea Culpa, França, 2014) – Nota 6,5
Direção – Fred Cavayé
Elenco – Vincent Lindon, Gilles Lellouche, Nadine Labaki, Gilles Cohen, Max Baissette de Malglaive, Velibor Topic.

Simon (Vincent Lindon) é um ex-policial que cumpriu pena após ter causado um acidente. Depressivo, ele abandona esposa (Nadine Labaki) e filho (Max Baissette de Malglaive). 

Seu ex-parceiro Franck (Gilles Lellouche) continua na polícia e mantém uma relação de amizade e lealdade com Simon e sua família. 

Quando o filho de Simon testemunha um assassinato e se torna alvo de bandidos, os dois amigos se reúnem para resolver a situação. 

É basicamente um filme de ação ininterrupta. A história é fraca e o roteiro cheio de furos, até mesmo a “surpresa” no final é previsível. 

O filme ganha pontos pelo ritmo acelerado e as violentas cenas de ação. Destaque para as cenas de correria com automóveis, a perseguição a pé que começa com um tiroteio em frente a delegacia e a longa sequência final dentro do trem. 

Para quem gosta de filmes de ação e não exige muito em relação a história, com certeza vai se divertir com este longa francês.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Frank

Frank (Frank, Inglaterra / Irlanda / EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Lenny Abrahamson
Elenco – Domhnall Gleeson, Maggie Gyllenhaal, Scoot McNairy, Michael Fassbender, François Civil, Carla Azar.

Em algum lugar do Reino Unido, Jon (Domhnall Gleeson) é um jovem que ganha a vida em um trabalho burocrático, mas que sonha o dia inteiro com música. 

Uma situação bizarra o aproxima de uma obscura banda em que o vocalista chamado Frank usa uma enorme cabeça de boneco. Ele aceita o convite para tocar teclado com a banda. Pensando que seria apenas uma apresentação, ao viajarem para o interior da Irlanda Jon descobre que a ideia é gravar um álbum. 

Os personagens estranhos escondem uma história até certo ponto comum que coloca em conflito o desejo de sucesso, com o simples prazer de fazer música. Enquanto o personagem de Domhnall Gleeson explora a tecnologia através das mídias sociais em busca de reconhecimento, os outros integrantes da banda parecem hippies saídos dos anos setenta. O estranho Frank, que muitos consideram um gênio musical atormentado, parece “sofrer” a cada música que cria. 

É um filme muito mais próximo de “Garage” que Lenny Abrahamson dirigiu anos antes na Irlanda, do que o recente sucesso de “O Quarto do Jack”.

Nos créditos finais é informado que o filme é uma homenagem a um sujeito que utilizava um boneco na cabeça na Irlanda. Não consegui descobrir quem seria. 

terça-feira, 28 de março de 2017

À Beira do Abismo

À Beira do Abismo (Man on a Ledge, EUA, 2012) – Nota 6,5
Direção – Asger Leth
Elenco – Sam Worthington, Elizabeth Banks, Jamie Bell, Ed Harris, Anthony Mackie, Genesis Rodriguez, Edward Burns, Titus Welliver, William Sadler, Kyra Sedgwick.

Um sujeito (Sam Worthington) se hospeda em um hotel em Manhattan e sobe no beiral da janela do quarto para chamar a atenção, como se fosse cometer suicídio. 

Assim que a polícia chega, o homem pede para falar com uma detetive (Elizabeth Banks), que não tem ideia por que teria sido chamada. 

Em flashbacks, descobrimos que o sujeito é Nick Cassidy, um ex-policial que cumpre pena por roubo e que deseja provar sua inocência a todo custo. 

A primeira parte do filme é bem interessante. A forma escolhida pelo sujeito para provar sua inocência inclui uma ação paralela envolvendo outros personagens. A narrativa lembra os filmes sobre golpes, como uma trama rocambolesca. 

Infelizmente, o roteiro se perde na parte final, com soluções que apelam para os clichês do gênero, inclusive com tudo sendo resolvido de forma apressada. 

Faltou um diretor melhor e com mais experiência, além de um roteiro com um final mais bem trabalhado.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Assassino a Preço Fixo 2

Assassino a Preço Fixo 2: Ressurreição (Mechanic: Resurrection, França / EUA, 2016) – Nota 5
Direção – Dennis Gansel
Elenco – Jason Statham, Jessica Alba, Tommy Lee Jones, Michelle Yeoh, Sam Hazeldine.

Vivendo no Rio de Janeiro e utilizando um nome falso, o ex-assassino profissional Arthur Bishop (Jason Statham) é encontrado por um grupo que deseja forçá-lo a cometer três assassinatos. 

Ele consegue fugir para Tailândia, onde se envolve com a bela Gina (Jessica Alba), que acaba sequestrada pelos bandidos. Bishop é obrigado a cumprir a missão para salvar a vida da garota. 

O longa de 2011 era um interessante remake do filme protagonizado por Charles Bronson nos anos setenta, porém a mudança no final deixou em aberto a chance de uma sequência. 

Infelizmente esta sequência se mostra um total desperdício. O roteiro é primário, parece escrito por um adolescente. A quantidade de furos na história são enormes. Nem mesmo as cenas de ação convencem. Algumas são absurdas, como a sequência inicial no bondinho do Pão de Açúcar. 

A atriz Jessica Alba deve ter aceitado o papel apenas para curtir as praias da Tailândia, enquanto Tommy Lee Jones parece se divertir nas poucas cenas em que aparece. 

É um filme totalmente descartável.

domingo, 26 de março de 2017

O Acompanhante

O Acompanhante (The Walker, EUA / Inglaterra, 2007) – Nota 6
Direção – Paul Schrader
Elenco – Woody Harrelson, Kristin Scott Thomas, Lauren Bacall, Ned Beatty, Moritz Bleitbreu, Mary Beth Hurt, Lily Tomlin, Willem Dafoe, William Hope.

Carter Page III (Woody Harrelson) é um homossexual de família tradicional na política que vive acompanhando senhoras ricas em festas e eventos. 

Ao levar a esposa de um senador (Kristin Scott Thomas) para se encontrar com o amante, Carter se envolve numa situação extremamente complicada. A mulher encontra o amante morto a facadas e pede para Carter não contar a polícia sobre o caso extraconjugal. Após mentir para ajudar a amiga, Carter se torna suspeito do crime. 

Paul Schrader é famoso por ter escrito roteiros de grandes filmes para Martin Scorsese como “Táxi Driver”, “Touro Indomável” e “A Última Tentação de Cristo”. Sua carreira como diretor é no máximo razoável. 

Neste longa que comento, Schrader tenta fazer uma crítica a elite envolvida em política e grandes negócios em Washington. Ele utiliza alguns elementos dos antigos filmes noir, como inserir um protagonista que tenta salvar sua pele em meio a uma complexa trama de mentiras. 

É uma pena que a premissa seja mal desenvolvida. A história se mostra confusa no seu desenrolar e ao mesmo tempo entrega uma explicação simplista para o crime. O ritmo arrastado é outro ponto negativo. 

Vale destacar a atuação de Woody Harrelson como o sujeito rico, elegante e afetado.

sábado, 25 de março de 2017

Um Ano Mais

Um Ano Mais (Another Year, Inglaterra, 2010) – Nota 7,5
Direção – Mike Leigh
Elenco – Jim Broadbent, Ruth Sheen, Lesley Manville, Oliver Maltman, Peter Wight, David Bradley, Karina Fernandez, Imelda Stauton.

Gerri (Ruth Sheen) é uma psicóloga e seu marido Tom (Jim Broadbent) um engenheiro geólogo. Casados há mais de trinta anos, eles demonstram afeto e felicidade. Durante um ano, o filme mostra encontros do casal com familiares e amigos que dividem suas alegrias e sofrimentos. 

O roteiro escrito pelo diretor Mike Leigh divide o longa nas quatro estações do ano, focando em uma pequena história em cada uma delas. 

Acompanhamos a mudança de vida do filho Joe (Oliver Maltman), a solidão da amiga Mary (Lesley Manville) e do amigo Ken (Peter Wight) e por fim o sofrimento calado do irmão de Tom, Ronnie (David Bradley). 

A proposta de Leigh é mostrar como a vida afeta de formas diferentes cada pessoa. As decisões e atitudes vão se somando, resultando em alegrias, mas também em tristezas e frustrações que muitas vezes fogem ao controle emocional de cada um. 

É interessante e também triste ver que um casal feliz pode ser ao mesmo tempo modelo para quem está infeliz e também motivo de inveja. A cena final do jantar é tocante ao expor estas diferenças na vida e no pensamento de cada um. As vezes, algumas palavras de felicidade são uma verdadeira punhalada no coração de quem está infeliz. 

O elenco todo está bem, mas o grande destaque fica para a insegura e carente personagem vivida por Lesley Manville. 

sexta-feira, 24 de março de 2017

A Raposa do Mar

A Raposa do Mar (The Enemy Below, EUA, 1957) – Nota 6,5
Direção – Dick Powell
Elenco – Robert Mitchum, Curt Jurgens, David Hedison, Theodore Bikel, Russell Collins.

Segunda Guerra, Sul do Atlântico. Um destroyer comandado pelo capitão Murrell (Robert Mitchum) e um submarino alemão seguindo ordens de Von Stolberg (Curt Jurgens) se enfrentam em um jogo de gato e rato. 

Os experientes comandantes criam estratégias a partir das coordenadas e do deslocamento do inimigo. Os dois sabem que qualquer erro de cálculo pode terminar em derrota e na morte de seus tripulantes. 

Recheado de diálogos técnicos sobre navegação, este longa tem alguns pontos interessantes, como a perspicácia dos protagonistas, o questionamento do capitão alemão em relação ao porquê da guerra e até mesmo um toque pacifista, mesmo com o clímax sendo violento. 

O longa perde alguns pontos pelo excesso de diálogos técnicos e pela lentidão da narrativa. Mesmo com pouco mais de uma hora e meia, a sensação é de uma duração maior. 

É basicamente um filme indicado para quem gosta de obras sobre batalhas no mar. 

quinta-feira, 23 de março de 2017

Deixa Ela Entrar

Deixa Ela Entrar (Lat Den Ratte Komma In, Suécia, 2008) – Nota 7,5
Direção – Tomas Alfredson
Elenco – Kare Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar.

Subúrbio de Estocolmo, 1982. Oskar (Kare Hedebrant) é um garoto de doze anos que é perseguido na escola e que vive sozinho com a mãe divorciada, que passa o dia no trabalho. 

Morando em um condomínio simples, em uma certa noite Oskar encontra a garota Eli (Lina Leandersson) no pátio repleto de neve. Ele descobre que a garota é sua vizinha e que vive com um estranho sujeito (Per Ragnar). O que Oskar não sabe, é que a menina é uma vampira que precisa se alimentar de sangue. Mesmo assim, as duas crianças criam um forte laço de afeto. 

O grande acerto deste longa é ir além da história sobre vampiros. O filme é na verdade um drama sobre adolescência, solidão, vingança e até mesmo toques de sexualidade. 

Apesar de ser baseado em um livro, onde provavelmente existam maiores detalhes, o roteiro não se preocupa em explicar porque a menina é uma vampira e qual sua verdadeira relação com o homem que mora com ela, deixando as respostas para a imaginação do espectador. 

O filme perde alguns pontos pelos efeitos especiais ruins, principalmente na sequência dos gatos. 

Em 2010, a história foi refilmada em Hollywood, porém não assisti para comparar.

quarta-feira, 22 de março de 2017

O Impostor

O Impostor (The Forger, EUA, 2014) – Nota 6,5
Direção – Philip Martin
Elenco – John Travolta, Christopher Plummer, Tye Sheridan, Abigail Spencer, Anson Mount, Marcus Thomas, Jennifer Ehle, Travis Aaron Wade, Julio Oscar Mechoso.

Ray Cutter (John Travolta) é um falsificador de quadros que cumpre pena. Desesperado para sair da cadeia por causa de seu filho Will (Tye Sheridan) que está doente, Ray faz um acordo com o traficante Keegan (Anson Mount) que suborna um juiz. Em troca, Ray terá de falsificar um famoso quadro e trocá-lo pelo original durante uma exposição. 

Apesar das críticas ruins, este longa prende a atenção através de uma boa narrativa e um roteiro que explora com simplicidade a relação entre pais e filhos. Além da relação entre os personagens de Travolta e Sheridan, é interessante também a participação do veteraníssimo Christopher Plummer como o avô golpista aposentado e a de Jennifer Ehle como a mãe viciada em drogas. O roteiro ainda insere uma reviravolta no final. 

É um filme básico, que funciona como divertimento imediato. 

Um detalhe, a tradução correta do título seria “O Falsificador”.

terça-feira, 21 de março de 2017

Beleza Oculta

Beleza Oculta ou Beleza Colateral (Collateral Beauty, EUA, 2016) – Nota 6
Direção – David Frankel
Elenco – Will Smith, Edward Norton, Kate Winslet, Michael Peña, Helen Mirren, Naomi Harris, Keira Knightley, Jacob Latimore, Ann Dowd.

Howard (Will Smith) é um publicitário de sucesso dono de uma agência. Após perder a filha de seis anos, Howard entra em uma espécie de depressão profunda. O trabalho fica de lado, o que afeta diretamente sua empresa. 

Temendo ver a empresa quebrar, seus sócios (Edward Norton, Michael Peña e Kate Winslet) tomam uma atitude radical. Contratam uma detetive particular (Ann Dowd) e três atores (Jacob Latimore, Keira Knightley e Helen Mirren) para seguirem Howard e conseguirem provas de que ele não tem condições psicológicas de comandar a empresa. 

A quantidade de consumidores do mercado de autoajuda é gigantesca. Livros, dvds, palestras e também o cinema são braços atuantes deste mercado. A forma de levar este “conteúdo” ao público sempre explora frases de efeito para passar uma falsa sensação de bem estar às pessoas que estão enfrentando algum problema ou trauma. É basicamente o que ocorre neste longa. 

Tudo parece perfeito à primeira vista. Elenco recheado de astros, personagens com problemas pessoais, cenas filmadas para emocionar o espectador, além de um toque de fé e espiritualidade, porém para quem gosta de realidade, vai se decepcionar com o excesso de clichês. 

Praticamente toda a história e muitas reações dos personagens soam falsas. É o tipo de filme para agradar um determinado público que gosta de emoções fáceis, algo semelhante ao trabalho de um hipnotizador, que sempre procura as pessoas suscetíveis, aquelas que querem ser hipnotizadas, senão o truque não funcionará.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Um Limite Entre Nós

Um Limite Entre Nós (Fences, EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – Denzel Washington
Elenco – Denzel Washington, Viola Davis, Stephen McKinley Anderson, Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson, Saniyya Sidney.

Pittsburgh, anos cinquenta. Troy Maxson (Denzel Washington) é um homem de meia-idade que trabalha como lixeiro e que pretende se tornar o primeiro motorista negro de caminhão de lixo da cidade. 

Analfabeto e falastrão, ao mesmo tempo em que demonstra amor pela esposa Rose (Viola Davis), Troy também é um sujeito duro, teimoso e frustrado por não ter tido reconhecimento em sua carreira de jogador de beisebol. Ele tem dificuldades em se relacionar com os filhos (Jovan Adepo e Russell Hornsby) e com o irmão (Mykelti Williamson) que sofre com sequelas da Segunda Guerra. 

Este longa é basicamente um teatro filmado que se apoia nos diálogos e nas ótimas interpretações do elenco, com destaque para Denzel Washington, Viola Davis e Mykelti Williamson. 

A complexidade dos personagens principais é outro ponto forte. O protagonista é um poço de contradições, defende sua obrigação em sustentar a família, ao mesmo tempo em que deixa a desejar em outros quesitos e cobra exageradamente seu filho adolescente. A personagem de Viola Davis é a típica mulher dos anos cinquenta, que coloca a família em primeiro lugar, deixando de lado seus sonhos. 

O filme perde alguns pontos pelo excesso de diálogos e a duração um pouco longa que termina cansando o espectador.

 No geral, é um interessante filme sobre pessoas e também uma época em que o conceito de família era muito mais forte do que hoje.

domingo, 19 de março de 2017

Ilusões Perigosas & A Casa dos Sonhos


Ilusões Perigosas (Haunted, Inglaterra / EUA, 1995) – Nota 6
Direção – Lewis Gilbert
Elenco – Aidan Quinn, Kate Beckinsale, Anthony Andrews, John Gielgud, Anna Massey, Alex Lowe.

Nos anos vinte, o professor de parapsicologia David Ash (Aidan Quinn) segue para uma pequena cidade do interior da Inglaterra para investigar fenômenos sobrenaturais em uma antiga mansão. No local, ele conhece a bela jovem Christina (Kate Beckinsale). Não demora para David e Christina se envolverem amorosamente, mesmo com os estranhos fenômenos assombrando a mansão. Aos poucos, os acontecimentos fazem David começar a duvidar de sua própria sanidade. 

É um longa mais voltado para o drama sobrenatural do que para o suspense. Mesmo as cenas mais tensas exploram a sugestão, não esperem sangue ou violência. Vale destacar a caprichada reconstituição de época e a beleza de Kate Beckinsale com apenas vinte e dois anos de idade. 

Finalizando, este foi o penúltimo trabalho do diretor inglês Lewis Gilbert, que há poucos dias completou noventa e sete anos e que comandou bons filmes como “O Despertar de Rita” e três longas da franquia 007. 

A Casa dos Sonhos (Paperhouse, Inglaterra, 1988) – Nota 6,5
Direção – Bernard Rose
Elenco – Charlotte Burke, Ben Cross, Glenne Headly, Elliott Spiers, Gemma Jones.

Anna (Charlotte Burke) é um solitária garota de onze anos que ao ficar doente passa o tempo desenhando. Ao criar uma casa de papel, Anna descobre que pode visitar o local através dos sonhos. Na casa desenhada, ela encontrada um garoto deficiente (Elliott Spiers) e um mundo de fantasia com figuras estranhas e assustadoras. Cada vez que ela modifica o desenho, seus sonhos se tornam mais perigosos. 

Este longa é uma curiosa ficção que mistura fantasia e terror, estilo que teve vários exemplares nos anos oitenta. Os pontos positivos são as sequências no mundo do sonhos e o clima assustador em alguns momentos. Por outro lado, as interpretações são fracas, principalmente da protagonista, que aqui teve seu único trabalho no cinema. Vale citar que o diretor Bernard Rose é mais conhecido pelo terror “O Mistério da Candyman”.

sábado, 18 de março de 2017

Cronos

Cronos (Cronos, México, 1993) – Nota 5,5
Direção – Guillermo Del Toro
Elenco – Federico Luppi, Ron Pearlman, Claudio Brook, Margarita Isabel, Tamara Shanath.

México, século XVI. Um alquimista cria um estranho objeto batizado como Cronos, que daria a vida eterna a quem o utilizar. Quatrocentos anos depois, um terremoto derruba um edifício e o corpo do alquimista é encontrado cheio de deformações. 

A trama pula para o início dos anos noventa, quando um homem rico e doente (Claudio Brook) obriga seu sobrinho (Ron Pearlman) a procurar o Cronos que estaria escondido dentro de uma estátua de anjo. Sem explicação alguma, a estátua está em poder do dono de uma loja de antiguidades (Federico Luppi), que utiliza o objeto sem saber o efeito. 

Esse foi o primeiro longa do diretor Guillermo Del Toro, que aqui já mostrava o gosto pelo sangue, por monstros e situações bizarras. Por mais que o diretor demonstre criatividade no formato do Cronos e no estranho clima, o roteiro é fraco e previsível. Para piorar, as interpretações são caricatas. 

Algumas das ideias utilizadas aqui, Del Toro adaptou de forma bem mais consistente na atual série “The Strain”. 

O longa vale apenas como curiosidade para os fãs do diretor ou para que curte filmes vagabundos de terror.


sexta-feira, 17 de março de 2017

O Clube do Imperador

O Clube do Imperador (The Emperor’s Club, EUA, 2002) – Nota 7,5
Direção – Michael Hoffman
Elenco – Kevin Kline, Emile Hirsch, Embeth Davidtz, Paul Dano, Jesse Eisenberg, Rishi Mehta, Rob Morrow, Edward Herrmann, Harris Yulin, Patrick Dempsey, Joel Gretsch, Steven Culp, Roger Rees.

No início dos setenta, Mr. Hundert (Kevin Kline) é um professor de história especializado em Grécia e Roma que leciona numa famosa escola para garotos. Hundert tenta ir além do ensino formal, seu objetivo é formar homens de caráter. 

A dificuldade normal em lidar com adolescentes aumenta quando um jovem filho de um senador (Emile Hirsch) chega ao colégio. O garoto rebelde se torna um desafio para o professor. 

Seguindo a linha de filmes sobre professores idealistas, este longa se passa em duas épocas distintas. A primeira parte é que a citei. A segunda se passa vinte anos depois, quando o professor é convidado para uma reunião com o ex-alunos. 

Além dos conflitos normais deste tipo de filme, é interessante como roteiro mostra os alunos ainda adolescentes e depois como adultos e pais de família. Nesta segunda parte podemos analisar qual o tamanho da influência do professor na vida de cada  um deles e também entender que mesmo com bons exemplos, no final o caráter e a ética é algo individual que dificilmente se modificará. 

Além do sempre competente Kevin Kline, vale destacar Emile Hirsch, Paul Dano e Jesse Eisenberg, que eram adolescentes pouco conhecidos e que hoje são astros. 

quinta-feira, 16 de março de 2017

A Autópsia

A Autópsia (The Autopsy of Jane Doe, EUA / Inglaterra, 2016) – Nota 7
Direção – André Ovredal
Elenco – Emile Hirsch, Brian Cox, Ophelia Lovebond, Michael McElhatton, Olwen Catherine Kelly.

Tommy Tilden (Brian Cox) é um veterano patologista proprietário de uma funerária. Seu filho Austin (Emile Hirsch) é seu assistente. Eles trabalham no subsolo da casa onde vivem. 

Quando a polícia atende um chamado e encontra um casal assassinado, se surpreende ao ver que não existem pistas de que alguém tenha entrado na casa. Para ficar mais estranho, eles encontram o corpo intacto de uma jovem (Olwen Catherine Kelly) enterrado no porão. 

Com urgência para saber a causa da morte da garota, o corpo é levado para a funerária da família Tilden. Pai e filho iniciam a autópsia normalmente durante a noite, porém aos poucos percebem que existe algo fora do normal com o corpo. 

Com menos de uma hora e meia de duração, um fio de história e toda a trama passada dentro da funerária, este interessante longa prende a atenção pela simplicidade e pelo clima sinistro.

A tensão cresce em paralelo com as descobertas de pai e filho durante a autópsia, que por sinal é mostrada de forma realista, não indicada para quem tem estômago fraco. 

É um bom longa, indicado para quem gosta de tramas de filme B em uma produção mais caprichada. 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Eu, Daniel Blake

Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake, Inglaterra / França / Bélgica, 2016) – Nota 8,5
Direção – Ken Loach
Elenco – Dave Johns, Hayley Squires, Brianna Shann, Dylan McKiernan.

Daniel Blake (Dave Johns) é um marceneiro viúvo que após sofrer um infarto precisa enfrentar toda a burocracia do sistema previdenciário inglês para tentar receber seu benefício. 

Em uma de suas tentativas de resolver a situação, Daniel cruza o caminho de uma jovem mãe solteira de duas crianças (Hayley Squires), que também sofre para conseguir receber seus direitos junto ao governo. Os dois criam um laço de amizade e ajuda mútua em busca de uma vida melhor. 

Em qualquer que seja o país, a relação entre indivíduo e Estado é cruel. Por mais que o país seja organizado, a burocracia tende a dificultar a vida de quem precisa solicitar algum serviço para o Estado. Em nome de uma falsa igualdade, o Estado trata o indivíduo como um número, que precisa se adequar as regras impostas. Se ele reclamar, é até mesmo ameaçado. O fator humano nunca é levado em conta. 

Este terrível contexto que vemos diariamente no Brasil, é retratado de uma forma crua neste longa de Ken Loach, diretor especialista em filmes com críticas sociais. Além da sensibilidade com que Loach trata seus personagens, vale destacar que o roteiro não explora algum viés ideológico ou político, a proposta é mostrar que o Estado é um obstáculo na vida do indivíduo. 

Outro ponto alto é a interpretação do desconhecido Dave Johns. Ator com experiência na tv inglesa, aqui ele faz sua estreia no cinema da melhor forma possível. Ele passa todo o sentimento de desilusão e também de preocupação com o próximo. É o retrato do sujeito honesto que passou toda a vida trabalhando com as mãos e quando mais precisa de ajuda é descartado pela sociedade. 

É um filme simples, doloroso e realista, daqueles que nos deixam com um sentimento de impotência.  

terça-feira, 14 de março de 2017

O Quinto Poder

O Quinto Poder (The Fifth Estate, EUA / Índia / Bélgica, 2013) – Nota 7
Direção – Bill Condon
Elenco – Benedict Cumberbatch, Daniel Bruhl, David Thewlis, Laura Linney, Alicia Vikander, Anthony Mackie, Stanley Tucci, Moritz Bleitbreu, Carice Van Houten, Peter Capaldi, Dan Stevens, Alexander Siddig, Jamie Blackley.

Em 2010, o site WikiLeaks recebeu de uma fonte milhares de documentos secretos do governo americano que desmascaravam os erros e absurdos cometidos na chamada “Guerra ao Terror” e também nas relações com diversos países. 

O fato transformou Julian Assange (Benedict Cumberbatch) em herói para muitos e em persona no grata pelo governo americano. O longa apresenta uma breve introdução sobre o caso e volta para o final de 2007, quando Assange era um mero desconhecido que criou o site e se uniu ao alemão Daniel Berg (Daniel Bruhl). 

O roteiro acompanha os dois anos seguintes quando a dupla transformou o pequeno site em uma espécie de organização jornalística independente focada em revelar segredos, sempre pautando pelo anonimato das fontes. 

Além dos fatos conhecidos pelo público, o roteiro explora também a relação entre Assange e Berg. Como diz uma personagem durante o filme, Assange era o “profeta louco”, sujeito egocêntrico e manipulador, fato reforçado pela interpretação afetada de Cumberbatch, enquanto Berg se mostrava o lado racional da parceria, que procurava levar em conta as consequências da divulgação dos segredos. 

Mesmo com uma boa história para quem gosta de fatos políticos e conspirações, muitos podem se cansar da linguagem técnica sobre informática.  

Não chega a ser um grande filme, mas cumpre seu papel de mostrar o lado oculto de Assange e do WikiLeaks.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Narcos - 2º Temporada

Narcos (Narcos, EUA, 2015/2016)
Direção - Andrés Baiz, Gerardo Naranjo & Josef Kubota Wladyka
Elenco - Wagner Moura, Boyd Holbrook, Pedro Pascal, Damian Alcazar, Paulina Gaitan, Raul Mendez, Jorge Monterossa, Paulina Garcia, Diego Cataño, Joanna Christie, Alberto Ammann, Bruno Bichir, Leynar Gomez.

O final da primeira temporada deixou a impressão de que restaria pouca história para ser contada em mais dez episódios. Para minha surpresa, a segunda temporada se mostrou ainda melhor que a primeira.

A trama principal desta temporada é a caçada das autoridades colombianas em parceria com os agentes americanos Steve Murphy (Boyd Holbrook) e Javier Peña (Pedro Pascal) na busca por Pablo Escobar (Wagner Moura).

Enquanto se esconde com sua família e seus capangas, Escobar acredita que ainda possa negociar com as autoridades. Por outro lado, até mesmo o presidente colombiano César Gaviria (Raul Mendez) lava as mãos, seu desejo é que Escobar seja assassinado.

Percebendo que o reinado de Escobar estava desmoronando, seus antigos parceiros do Cartel de Cali decidem tomar seu lugar. Gilberto Orejuela (Damian Alcazar) faz um acordo com mercenários que atuam na selva colombiana para estes atacarem os laboratórios e parceiros de Escobar. Os malucos acabam se autodenominando "Los Pepes".

Se na primeira temporada a questão política era muito forte, na segunda a violência explode de todas as formas. Uma verdadeira guerra é travada nas ruas de Medellin entre o exército colombiano, os mercenários dos Los Pepes e os sicários de Pablo Escobar.

Mesmo com um nível melhor nesta temporada, alguns detalhes continuam negativos. A atuação de Wagner Moura é no mínimo estranha. Ele se mostra um psicopata no controle dos negócios e um pai amoroso para filhos e esposa, situação comum ao retratar vilões, o problema é que parece demonstrar a mesma expressão em todas as sequências, além do espanhol que ele fala quase de uma forma teatral.

O personagem de Boyd Holbrook, que narra a história é que era o principal rival de Escobar na caçada da temporada anterior, aqui perde espaço para o ótimo Pedro Pascal. O detetive Peña se torna peça fundamental nas investigações e na relação com outros traficantes, fato que o transformará em um dos protagonistas da terceira temporada, que seguirá a história detalhando a caçada ao Cartel de Cali.

Por sinal, outra peça que será importante na próxima temporada é o mexicano Damian Alcazar, que interpreta o líder do Cartel do Cali.

Aqui é esperar e torcer para que a qualidade da série continue em alta.

domingo, 12 de março de 2017

Quando Fala o Coração

Quando Fala o Coração (Spellbound, EUA, 1945) – Nota 7,5
Direção – Alfred Hitchcock
Elenco – Ingrid Bergman, Gregory Peck, Michael Chekhov, Leo G. Carroll, Rhonda Fleming, John Emery.

Em um hospital psiquiátrico nos arredores de Nova York, Constance Petersen (Ingrid Bergman) é uma jovem doutora que não gosta de demonstrar suas emoções. 

Quando chega ao local um novo diretor chamado Edwards (Gregory Peck), o sujeito mexe com o coração de Constance. Logo, as atitudes estranhas do diretor escondem um segredo que é revelado para Constance. Ao invés de contar a verdade, ela decide ajudar o amado, embarcando numa perigosa investigação. 

O roteiro escrito por Ben Hecht mistura uma trama policial com romance e psicanálise de forma curiosa. Em várias sequências os diálogos envolvem termos da psicanálise, inclusive com diversas citações a Freud, fazendo um contraponto as atitudes da personagem de Ingrid Bergman, que por estar apaixonada deixa de lado a racionalidade para acreditar no coração. 

Os astros Gregory Peck e Ingrid Bergman tem atuações apenas razoáveis. O destaque fica para o pouco conhecido Michael Chekhov como um famoso psicanalista que tenta ajudar o casal. 

Não se pode deixar de citar a criatividade de Hitchcock na narrativa e nos enquadramentos. Algumas cenas em que câmera procura ângulos inusitados são extremamente criativas, como a sequência do copo de leite e a do revólver perto do final, além é claro da sequência do sonho que foi criada pelo pintor Salvador Dali. 

Mesmo com o conteúdo das discussões estando um pouco envelhecidas, o longa ainda é uma interessante obra.

sábado, 11 de março de 2017

Solteiros com Filhos

Solteiros com Filhos (Friends with Kids, EUA, 2011) – Nota 7
Direção – Jennifer Westfeldt
Elenco – Adam Scott, Jennifer Westfeldt, Maya Rudolph, Chris O’Dowd, Kristen Wiig, Jon Hamm, Megan Fox, Edward Burns.

Jason (Adam Scott) e Julie (Jennifer Westfeldt) são amigos desde a adolescência. Eles trocam confidências, mas nunca se relacionaram amorosamente e nem mesmo conseguem manter parceiros fixos. 

Após uma reunião com dois casais de amigos que tem filhos pequenos, Jason e Julie percebem como a chegada dos filhos acaba com o romance do casal e muitos vezes abala o próprio casamento. 

Tentando mudar o curso normal, eles decidem ter um filho, mas não se casar. A ideia é compartilhar a criação do filho, ao mesmo tempo em que possam levar uma vida de solteiros e se relacionarem com outras pessoas, sempre em busca do parceiro ideal. Como a prática é sempre diferente da teoria, as coisas não terminam como planejado. 

Apesar da ideia do casal ser ingênua, é interessante a forma como o roteiro escrito pela diretora e protagonista Jennifer Westefeldt desenvolve a trama sobre as dificuldades em manter vivo um relacionamento quando entra em cena uma criança. 

As situações são realistas. A correria para cuidar do filho, o romance que desaparece em meio a bagunça e o cansaço, as cobranças e as discussões são verdadeiros testes para qualquer casamento. 

É legal que o roteiro não tenta dizer o que é certo ou errado, o que difere as situações é a forma como cada pai ou mãe enfrentam o desafio. 

sexta-feira, 10 de março de 2017

Culpado Por Suspeita

Culpado Por Suspeita (Guilty by Suspicion, EUA, 1991) – Nota 6,5
Direção – Irwin Winkler
Elenco – Robert De Niro, Annette Bening, George Wendt, Patricia Wettig, Sam Wanamaker, Chris Cooper, Luke Edwards, Martin Scorsese, Barry Primus, Ben Piazza, Gailard Sartain, Tom Sizemore, Adam Baldwin, Stuart Margolin.

Hollywood, anos cinquenta. David Merrill (Robert De Niro) é uma famoso diretor de cinema no auge da carreira. Sua vida vira de ponta de cabeça quando um roteirista (Chris Cooper) o acusa de ser comunista após ser pressionado por senadores do comitê de atividades antiamericanas. 

Mesmo tendo participado de apenas algumas reuniões há mais de uma década, Merrill é pressionado para depor e entregar colegas que seriam realmente comunistas. Ao não aceitar a proposta, todas as portas se fecham para Merrill, que perde o emprego, a casa e vê todos os amigos desaparecerem. Seu único apoio vem da esposa (Annette Bening). 

O roteiro escrito pelo diretor Irwin Winkler é uma ficção, porém baseada na perseguição real que muitos atores, diretores e roteiristas sofreram nos anos cinquenta. O protagonista é uma mistura de várias pessoas reais que decidiram enfrentar a situação e que tiveram suas carreiras abortadas, mas que por outro lado não cederam a tentação de entregar amigos para se salvar. 

No elenco, além da boa atuação de Robert De Niro, vale destacar o falecido Sam Wanamaker, que interpreta um advogado e que na vida real se exilou em Londres para fugir da perseguição que sofria em Hollywood. 

O outro destaque é a participação de Martin Scorsese vivendo um diretor comunista que também fugiu para Londres. Muitos acreditam que a inspiração do personagem foi no diretor Joseph Losey que fez carreira na Inglaterra. 

O filme é mais interessante pela história do que pela realização. A narrativa é didática e com pouca emoção, com exceção apenas da sequência final.

quinta-feira, 9 de março de 2017

O Dia do Atentado

O Dia do Atentado (Patriots Day, EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – Peter Berg
Elenco – Mark Wahlberg, John Goodman, Kevin Bacon, J. K. Simmons, Michelle Monaghan, Alex Wolff, Themo Melikidze, Jimmy O. Yang, James Colby, Michael Beach, Adam Trese.

Boston, 15 de abril de 2013. Durante a maratona anual, duas bombas caseiras são detonadas causando algumas mortes e um grande número de feridos. 

O roteiro escrito pelo diretor Peter Berg explora o fato real ocorrido em 2013 dividindo o longa em algumas narrativas. Na primeira parte, somos apresentados rapidamente a vários personagens aparentemente aleatórios, mas que terão suas vidas cruzadas por causa do atentado. A segunda parte explora a caçada da policia e do FBI à procura dos terroristas, situação que durou pouco mais de quatro dias. 

O personagem principal é o policial Tommy Saunders (Mark Wahlberg), que estava trabalhando no dia do atentado e que ser torna peça chave na busca aos terroristas. 

Um dos acertos do diretor é utilizar algumas cenas reais captadas em vídeos e fotos, intercalando com as filmagens e assim dando um ar de veracidade a narrativa. 

Mesmo explorando o patriotismo para emocionar os americanos nos créditos finais, o longa é competente ao prender a atenção do espectador, criando suspense em algumas sequências, incluindo um tiroteio pouco antes do final. 

quarta-feira, 8 de março de 2017

Mr. Church

Mr. Church (Mr. Church, EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – Bruce Beresford
Elenco – Eddie Murphy, Britt Robertson, Natascha McElhone, Xavier Samuel, Lucy Fry, Christian Madsen, McKenna Grace, Natalie Coughlin.

Los Angeles, 1971. Marie (Natascha McElhone) é uma mãe solteira que descobre sofrer de câncer. Um homem rico que era seu amante, antes de falecer fez um estranho acordo com Mr. Church (Eddie Murphy). 

Ele deixou um determinado valor para Church trabalhar como cozinheiro na casa de Marie e cuidar também da filha pré-adolescente Charlie (Natalie Coughlin). O que era para durar seis meses, se torna uma relação de muitos anos. 

Por incrível que pareça, este longa é baseado numa história real descrita em um livro autobiográfico de Susan McMartin, que também assina o roteiro. É basicamente a vida de pessoas comuns que se cruzaram e criaram um laço de amizade que muitas famílias de sangue não tem. 

O desenvolvimento dos personagens é um dos pontos altos. O filme é narrado pela garota Charlie (Britt Robertson na adolescência e idade adulta), que demonstra um amor enorme pela mãe e uma admiração por Mr. Church, que por seu lado tenta fazer o melhor, mesmo enfrentando fantasmas do passado. 

É muito legal ver o ótimo Eddie Murphy em um bom filme e com um papel a altura de seu talento. Murphy foi um dos maiores astros do anos oitenta, mas infelizmente errou muito na escolha de papéis em comédias ruins após o final dos anos noventa. Torço para que o ator coloque a carreira nos trilhos, pois tem apenas cinquenta e cinco anos. 

Finalizando, é um filme para quem curte histórias sobre a vida de pessoas comuns.

terça-feira, 7 de março de 2017

O Grande Ataque

O Grande Ataque (The Great Raid, EUA / Austrália, 2005) – Nota 7
Direção – John Dahl
Elenco – Benjamin Bratt, James Franco, Joseph Fiennes, Connie Nielsen, Max Martini, Marton Csokas, Logan Marshall Green, Robert Mammone, Natalie Mendoza, Clayne Crawford, Sam Worthington.

Filipinas, 1942. Milhares de soldados americanos e filipinos são obrigados a se render aos japoneses após o General MacArthur receber ordens para retirar suas tropas do Pacífico e seguir para África. 

Os japoneses obrigam os prisioneiros a seguirem a pé por mais de cem km até um campo de concentração. Muitos morrem pelo caminho. Os sobreviventes são tratados como animais durante três anos. 

No início de 1945, o exército americano encarrega o Coronel Mucci (Benjamin Bratt) para comandar uma missão de resgate. Em meio a selva filipina, um batalhão de jovens soldados segue um plano montado pelo Capitão Prince (James Franco). 

Baseado em uma terrível história real, este longa foge do lugar comum ao deixar de lado a luta entre aliados e nazistas para mostrar as sangrentas batalhas que ocorreram entre americanos e filipinos contra os japoneses. 

Diferente dos soldados alemães, que em sua maioria foram obrigados a lutar na guerra, para os japoneses era uma questão de honra defender o país com a própria vida. Rendição era uma vergonha que deveria ser punida com a morte. Essa “sede” por vitória criada pelo governo japonês resultou em um exército de kamizakes, fato mostrado com mais crueza ainda no recente “Até o Último Homem”. 

O roteiro aqui utiliza três quartos para mostrar a montagem do plano e o deslocamento dos soldados americanos, em paralelo com o sofrimento dos prisioneiros liderados pelo Major Gibson (Joseph Fiennes). Uma terceira narrativa segue a líder da resistência nas Filipinas (Connie Nielsen), que atuava também enviando remédios clandestinamente para os prisioneiros. Apesar de ser verdadeira, esta terceira trama é a mais fraca e em alguns momentos faz o filme perder o ritmo, parecendo deslocada em meio a proposta principal. Tudo converge para as boas cenas de ação na meia-hora final. 

Vale destacar que o diretor John Dahl era um especialista em dramas policiais com pitadas de suspense, que aqui se arriscou em um gênero mais ousado. Nos últimos dez anos, ele se transformou em diretor de seriados, deixando de lado o cinema.

segunda-feira, 6 de março de 2017

El Cuerpo

El Cuerpo (El Cuerpo, Espanha, 2012) – Nota 8
Direção – Oriol Paulo
Elenco – José Coronado, Hugo Silva, Belén Rueda, Aura Garrido, Juan Pablo Shuk, Oriol Vila.

Um homem corre desesperado pelo bosque e termina atropelado na estrada. A polícia é chamada e descobre que o sujeito é o segurança do necrotério que fica próximo ao local. O desespero do homem pode ter sido causado pelo desaparecimento do corpo de uma empresária (Belén Rueda). 

A princípio, o detetive encarregado do caso (José Coronado) acredita que alguém roubou o corpo por algum motivo pessoal, porém quando entra em cena o jovem marido da falecida (Hugo Silva), a situação muda. Sua atitude o transforma no principal suspeito. Uma segunda narrativa em flashback mostra a complicada relação do casal e detalhes do que pode ter ocorrido. 

Com toda ação da narrativa principal ocorrendo em apenas uma noite, com a maioria das cenas dentro do edifício do necrotério, este competente longa policial se apoia no ótimo roteiro que guarda uma surpreendente reviravolta no final. 

O diretor Oriol Paulo faz sua estreia no cinema intercalando com inteligência as duas narrativas, prendendo a atenção do espectador através de pistas que serão amarradas na sequência final. 

Vale destacar a caprichada parte técnica, principalmente nas sequências noturnas no necrotério e arredores. As várias salas e corredores do sinistro local são explorados para criar suspense. 

O segundo filme de Oriol Paulo foi lançado agora no início do ano e se chama “Contratiempo”. É mais um que está na minha lista para conferir.

domingo, 5 de março de 2017

A Curva do Destino

A Curva do Destino (Detour, EUA, 1945) – Nota 7
Direção – Edgar G. Ulmer
Elenco – Tom Neal, Ann Savage, Claudia Drake, Edmund MacDonald.

Em uma lanchonete de beira de estrada, um andarilho (Tom Neal) fica irritado ao ouvir uma música tocada em uma jukebox. A partir daí, o sujeito que se chama Al, narra sua história de vida em flashback. 

Em Nova York, ele era um músico de jazz apaixonado por uma cantora (Claudia Drake), porém a falta de dinheiro o fez buscar uma nova vida em Los Angeles antes de pedir a amada em casamento. 

Viajando de carona pelo país, Al entra no carro de um homem chamado Charles Haskell Jr (Edmund MacDonal), que diz ser um jogador e que teria entrado em conflito com uma garota que tentou roubá-lo. Um incidente resulta na morte de Haskell. Com medo ser preso, Al decide utilizar os documentos do morto, sem imaginar as consequências. 

Com apenas uma hora e sete minutos de duração, este longa noir de baixo orçamento explora todos os detalhes comuns ao gênero. Um protagonista perdedor, uma mulher fatal, a vítima e locações decadentes, tudo ligado a uma bolada em dinheiro. 

Vale destacar que o diretor Edgar G. Ulmer comandou "O Gato Preto", um clássico do terror B protagonizado por Boris Karloff e Bela Lugosi.

É um filme interessante, com uma história simples e personagens marginais.

sábado, 4 de março de 2017

The Sunset Limited

The Sunset Limited (The Sunset Limited, EUA, 2011) – Nota 7
Direção – Tommy Lee Jones
Elenco – Tommy Lee Jones, Samuel L. Jackson.

Um professor (Tommy Lee Jones) que tentou se matar horas antes e um ex-presidiário (Samuel L. Jackson) que o salvou, discutem sobre a vida dentro do apartamento do segundo, localizado em um violento bairro de periferia. 

Baseado em uma peça de Cormac McCarthy, autor de “Onde os Fracos Não Tem Vez”, este longa é um verdadeiro teatro filmado, em que dois personagens interagem durante uma hora e meia discutindo os mais diversos temas. 

O professor é um sujeito solitário e amargurado, que não acredita em absolutamente nada, enquanto o ex-presidiário se tornou religioso e tenta ajudar os delinquentes do bairro, mesmo sabendo que a maioria não quer ser ajudado. 

Os diálogos são em parte interessantes, principalmente quando a discussão é sobre fé e em outros momentos cansativos, quando fica a impressão de que estão discutindo os mesmos assuntos sem sair do lugar. 

A dupla principal tem boas atuações. Tommy Lee Jones é sempre perfeito como o sujeito pouco sociável, enquanto Samuel L. Jackson repete o personagem falastrão e irônico, tipo comum em sua filmografia. 

É uma obra indicada para quem gosta de discussões filosóficas e teatrais.

sexta-feira, 3 de março de 2017

13 Minutos

13 Minutos (Elser, Alemanha, 2015) – Nota 7,5
Direção – Oliver Hirschbiegel
Elenco – Christian Friedel, Katharina Schuttler, Burghart Klaussner, Johann von Bullow, Felix Eitner.

Em novembro de 1939, Georg Elser (Christian Friedel) tenta assassinar Hitler com um bomba escondida em uma cervejaria de Munique. Após discursar, Hitler sai treze minutos antes do previsto e escapa do atentado por acaso. Elser termina preso, interrogado e torturado por oficiais da SS, que desejam descobrir quem seriam seus parceiros no plano. 

A partir daí, uma segunda narrativa em flashback mostra a vida de Elser desde 1932, quando ele vivia em uma pequena cidade do interior do país.

Aparentemente um jovem normal que não queria se envolver com política, aos poucos ele percebe a cegueira das pessoas que abraçam o nazismo como a salvação do país e o início da perseguição contra judeus e comunistas. 

É sempre interessante quando algum filme retrata a questão do nazismo dentro da própria Alemanha. Depois de dissecar Hitler em “A Queda! As Últimas Horas de Hitler”, o diretor Oliver Hirschbiegel foca em uma história real sobre como era quase impossível resistir a pressão do nazismo na Alemanha daquele período. 

O personagem principal é movido pelo ódio contra a injustiça que reinava no país e pela visão de que a ambição de Hitler levaria o povo alemão e a Europa a uma catástrofe, o que infelizmente ocorreu. 

Outro ponto positivo é desenterrar uma história pouca conhecida. Se o protagonista tivesse conseguido sucesso, com certeza mudaria os rumos da Alemanha e também da Segunda Guerra.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Hector e a Procura da Felicidade

Hector e a Procura da Felicidade (Hector and the Search for Happiness, Alemanha / Canadá / Inglaterra / África do Sul / EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Peter Chelsom
Elenco – Simon Pegg, Rosamund Pike, Toni Collette, Stellan Skarsgard, Jean Reno, Christopher Plummer, Barry Atsma, Ming Zhao, Togo Igawa.

Hector (Simon Pegg) é um psiquiatra que leva uma vida aparentemente perfeita ao lado da esposa Clara (Rosamund Pike), porém ao mesmo tempo se sente incomodado por não conseguir ajudar seus pacientes. 

Em um determinado momento, Hector questiona se realmente existe a felicidade. Com apoio da esposa, que também se mostra um pouco insegura, Hector decide viajar pelo mundo para encontrar pessoas e tentar descobrir a receita da felicidade. 

Esta premissa com jeito de fábula é desenvolvida pelo roteiro do diretor Peter Chelsom quase como uma paródia em alguns momentos. Para provar que a felicidade é feita de momentos específicos e da forma como a pessoa encara determinada situação, Chelsom cria situações exageradas que despertam sentimentos diversos no protagonista, que passa pela China, pela África e termina sua jornada em Los Angeles. 

É interessante ver que a felicidade é algo relativo. Ela pode surgir num encontro com pessoas simples e também ser enorme após a pessoa escapar de uma situação de perigo. 

É um filme curioso, que no final passa a impressão de que a ideia é melhor do que a realização. 

quarta-feira, 1 de março de 2017

Um Passo em Falso

Um Passo em Falso (One False Move, EUA, 1992) – Nota 7,5
Direção – Carl Franklin
Elenco – Bill Paxton, Cinda Williams, Billy Bob Thornton, Michael Beach, Jim Metzler, Earl Billings.

A inesperada morte do ator Bill Paxton há poucos dias é um daqueles casos que deixam os fãs de cinema sem entender o porquê. O ator tinha apenas sessenta e um anos e estava ativo na carreira, inclusive protagonizando a série "Training Day".

Como uma pequena homenagem, comento sobre uma competente thriller que o ator trabalhou em 1992.

Após cometer um violento roubo de drogas em Los Angeles, um perigoso trio de bandidos foge em direção a uma pequena cidade do Arkansas com a mercadoria. 

Lenny “Pluto” Franklin (Michael Beach) é o gelado lider do bando. Ray Malcolm (Billy Bob Thornton) é violento e pouco inteligente. O terceiro elo do bando é a perigosa Fantasia (Cinda Williams). 

Uma dupla de detetives (Jim Metzler e Earl Billings) segue os bandidos e deixa avisado o xerife local, Dale “Hurricane” Dixon (Bill Paxton), que fica animado com a chance de participar de um grande caso policial e assim turbinar sua carreira. A situação muda de figura para Dale quando descobre que Fantasia está ligada a um segredo de seu passado. 

Como acontece em vários filmes policiais dos anos noventa, personagem algum aqui é totalmente correto. O roteiro escrito pelo ator Billy Bob Thornton cria tensão através desta falta de honestidade dos personagens, da desconfiança e das traições. A trama é muito bem amarrada, assim como as cenas de violência são bem filmadas. 

Vale destacar o elenco, que além de Paxton e Thornton, tem ainda um competente Michael Beach, que anos depois seria astro da série “Third Watch”. 

É um filme que poucas pessoas conhecem ou lembram, mas que vale ser assistido.