domingo, 31 de janeiro de 2016

99 Homes

99 Homes (99 Homes, EUA, 2014) – Nota 7,5
Direção – Ramin Bahrani
Elenco – Michael Shannon, Andrew Garfield, Laura Dern, Clancy Brown, Tim Guinee, Noah Lomax.

Em Orlando, na Flórida, sem conseguir pagar a hipoteca da casa onde mora desde criança, Dennis Nash (Andrew Garfield) é ignorado pelo juiz no tribunal, que dá ganho de causa ao banco credor. No dia seguinte, o corretor de imóveis Rick Carver (Michael Shannon) chega à casa de Dennis acompanhado de policiais para formalizar o despejo. 

Obrigado a sair de casa com a mãe (Laura Dern) e o filho pré-adolescente (Noah Lomax) e seguir para um motel, Dennis não se conforma com a situação. Um determinado fato o aproxima de Carver, que decide contratá-lo. O serviço de Dennis se torna ajudar Carver e sua equipe a expulsar devedores de suas casas. 

A crise financeira que explodiu nos Estados Unidos em 2008 resultou em alguns filmes interessantes como “Margin Call”, “Grande Demais Para Quebrar” e o atual “A Grande Aposta”, porém todos voltados para mostrar o problema no topo da pirâmide. A proposta aqui é diferente, o foco é descrever o sofrimento de pessoas que perderam o emprego durante a crise, não conseguiram pagar suas dívidas e foram despejadas de suas casas, ou seja, a consequência do caos financeiro na vida do cidadão comum. 

O roteiro escrito pelo diretor Ramin Bahrani explora também o mantra repetido por alguns espertos, que dizem que as “oportunidades surgem na crise”. Esta frase é o combustível do personagem de Michael Shannon, que se aproveita da crise para enriquecer com os despejos, sem demonstrar sentimento de remorso algum. 

Por sinal, as sequências dos despejos são angustiantes ao mostrar o desespero de alguns e o desemparo de outros, incluindo uma dolorosa cena com um idoso. 

É um filme triste, daqueles que causam revolta em relação a ganância e a falta de empatia dos seres humanos em relação ao próximo. 

sábado, 30 de janeiro de 2016

Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras

Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows, EUA, 2011) – Nota 7,5
Direção – Guy Ritchie
Elenco – Robert Downey Jr, Jude Law, Noomi Rapace, Jared Harris, Rachel McAdams, Stephen Fry, Kelly Reilly, Eddie Marsan, Geraldine James.

Londres e Paris estão sofrendo com atentados à bomba que colocam a relação entre Inglaterra e França em crise. Em Londres, o detetive Sherlock Holmes (Robert Downey Jr) tem pistas que indicam como suspeito pelos atentados o Professor Moriarty (Jared Harris). 

Com seu jeito peculiar e exagerado, Sherlock consegue arrastar para a investigação seu amigo Dr. John Watson (Jude Law), que está prestes a casar e que não desejava problemas. As pistas levam a investigação da dupla por alguns países europeus, enfrentando os capangas de Moriarty pelo caminho. 

Assim como o longa original, o diretor Guy Ritchie entregou novamente um filme divertido, repleto de cenas de ação criativas, ótimos diálogos e uma boa trama, tudo apoiado no carisma de Robert Downey Jr. 

Vale destacar, que ao atualizar o personagem, o diretor correu o risco de cair no mesmo erro de vários filmes que tentaram transformar personagens clássicos em heróis de ficção, mas felizmente ele acabou se saindo muito bem. 

Quanto ao elenco, além da divertida química entre Downey e Jude Law, o destaque vai também para a pequena e marcante participação de Stephen Fry. Por outro lado, a boa atriz Noomi Rapace está apagada e parece um pouco deslocada na trama. 

Já existem rumores de um terceiro filme. Se for produzido, espera que mantenha a qualidade.  

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Pegando Fogo

Pegando Fogo (Burnt, EUA, 2015) – Nota 6
Direção – John Wells
Elenco – Bradley Cooper, Sienna Miller, Daniel Bruhl, Riccardo Scamarcio, Omar Sy, Sam Keeley, Henry Goodman, Stephen Campbell Moore, Emma Thompson, Uma Thurman, Alicia Vikander.

Após se afastar do trabalho por alguns anos, o chef Adam Jones (Bradley Cooper) reaparece em Londres com o objetivo de voltar a trabalhar em um restaurante de luxo e conseguir a cobiçada “terceira estrela” do guia gastronômico Michelin. 

Com uma personalidade egocêntrica e um passado ligado ao vício em drogas, bebidas e mulheres, a volta de Adam é vista com desconfiança pelos amigos e concorrentes. Ele consegue um emprego de modo pouco sutil ao pressionar o jovem Tony (Daniel Bruhl), um herdeiro milionário que comanda um famoso hotel. De volta à cozinha, Adam precisa lidar com a pressão do trabalho, com sua obsessão pela perfeição e o talento de uma jovem cozinheira chamada Helene (Sienna Miller). 

Hoje vivemos uma época em que os programas de tv e os reality shows transformaram chefs de cozinha em celebridades, sem contar os aventureiros que surgem apresentando seus “pratos maravilhosos”. Confesso que não tenho a mínima paciência com este tipo de programa e considero a chamada “alta gastronomia” uma grande bobagem, que serve apenas para ricos gastarem seu dinheiro em pratos minúsculos por causa do status. 

Dito isso, analisando apenas como cinema, a obra deixa a desejar. O roteiro é repleto de clichês e os personagens totalmente previsíveis. Próximo ao final, uma pequena surpresa com um personagem passa a impressão de que veríamos algo diferente em relação ao destino do protagonista, porém, na sequência a história volta ao rumo do convencional com uma explicação tola. 

O elenco internacional não compromete, mas vários deles são mal aproveitados, como Emma Thompson e Uma Thurman que parecem terem sido escaladas apenas para dar um pouco mais de credibilidade à história. 

Finalizando, é um filme indicado para a geração que curte “Master Chef” e similares, mas mesmo para eles eu indicaria “A Festa de Babette” de Gabriel Axel e “A Grande Noite” que foi dirigido a quatro mãos pelos atores Stanley Tucci e Campbell Scott e que mostra um delicioso banquete italiano, além de apresentar uma sensível história.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Lições em Família

Lições em Familia (Wish I Was Here, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Zach Braff
Elenco – Zach Braff, Kate Hudson, Josh Gad, Mandy Patinkin, Alexander Chaplin, Allan Rich, Jim Parsons, Donald Faison, Pierce Gagnon, Joey King.

Aidan Bloom (Zach Braff) não consegue deslanchar na carreira de ator e por causa disso é sustentado pela esposa Sarah (Kate Hudson), que tem um emprego burocrático e com quem tem um casal de filhos. 

Quando seu pai Gabe (Mandy Patinkin) avisa que está doente e que não poderá mais pagar a mensalidade do colégio dos netos, Aidan se vê numa encruzilhada. Ele precisa decidir se abandona a carreira de ator para tentar outra coisa que lhe garanta uma renda, o que para ele seria desistir do sonho de uma vida. 

O ator Zach Braff ficou conhecido ao protagonizar a sitcom “Scrubs” e surpreendentemente enveredou também para a carreira de diretor, tendo estreado no sensível drama “Hora de Voltar” em 2004. Dez anos depois, Braff arriscou novamente atrás das câmeras e entregou outro simpático drama sobre família, carreira e também religião. 

Além de ser obrigado a decidir qual caminho profissional seguir, o personagem de Braff também precisa se acertar com o pai, com quem tem grandes diferenças, tanto pela escolha da carreira de ator, como na questão religiosa. O pai é um judeu praticante que pagava um colégio judaico para os netos, enquanto Aidan abandonou a fé na adolescência. Aidan lida ainda com o irmão (Josh Gad) que vive em um trailer e que não se relaciona com o pai. 

É um simpático indicado para quem gosta de histórias sobre famílias comuns.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Gibraltar

Gibraltar (Gibraltar, França / Canadá, 2013) – Nota 7
Direção – Julien Leclercq
Elenco – Gilles Lellouche, Tahar Rahim, Riccardo Scamarcio, Raphaelle Agogué, Mélanie Bernier, Philippe Nahon, Aidan Devine, Vlasta Vrana.

Península de Gibraltar, 1987. Marc Duval (Gilles Lellouche) saiu de Paris em busca do sonho de viver próximo ao mar. Ao lado da esposa Clara (Raphaelle Agogué) e da filha ainda bebê, ele comprou um bar e também um barco, porém se afundou em dívidas. 

A chance de quitar as dívidas surge quando um amigo indica Marc para ser informante de um agente francês da aduaneira (Tahar Rahim), que tem o objetivo de interceptar cargas de drogas transportadas pelo mar. A ânsia por lucrar, faz Marc se envolver num complicado esquema de crime internacional, com ramificações na Itália, França, Espanha, Inglaterra e Marrocos. 

Por mais absurda que pareça, esta complexa trama que passa por vários países e cruza diversos personagens é baseada numa história real. O personagem principal se torna um peão nas mãos de traficantes, bandidos e das autoridades, com cada lado tentando conseguir seus objetivos a qualquer custo. 

Mesmo com várias situações que mudam o rumo da trama e alguns pulos no tempo, o filme prende a atenção pela curiosidade em saber como terminaria esta confusão. 

O final é um misto de crueldade, hipocrisia e mentiras.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Brooklyn

Brooklyn (Brooklyn, Irlanda / Inglaterra / Canadá, 2015) – Nota 8
Direção – John Crowley
Elenco – Saoirse Ronan, Domhnall Gleeson, Emory Cohen, Jim Broadbent, Julie Walters, Jane Brennan, Fiona Glascott, Jessica Paré.

Em meados dos anos cinquenta, a jovem Eilis Lacei (Saoirse Ronan) deixa uma pequena cidade na Irlanda para viver em Nova Iorque.

Mesmo com a ajuda de um padre (Jim Broadbent) que a indica para um emprego e consegue um bom lugar para morar, Eilis a princípio sofre com a distância da mãe e da irmã, até conhecer Tony (Emory Cohen), um jovem filho de italianos.

Uma determinada situação faz Eilis voltar à sua cidade, fato que a deixa em dúvida sobre a comodidade de morar em casa ou o sonho de viver na América. 

Poucas vezes o cinema retratou o tema da imigração de forma tão sensível, sem apelar para o melodrama, focando apenas em uma jovem comum que sonha com uma vida melhor através do trabalho. Os pequenos dramas do dia a dia que a garota Eilis enfrenta são situações universais, lógico que voltados para a realidade dos anos cinquenta. 

O ótimo roteiro é valorizado pela grande interpretação de Saoirse Ronan, que é americana descendente de irlandeses e pela belíssima recriação de época. 

É um ótimo drama que merece ser visto.  

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O Quarto do Jack

O Quarto do Jack (Room, Irlanda / Canadá, 2015) – Nota 8,5
Dreção – Lenny Abrahamson
Elenco – Brie Larson, Jacob Tremblay, Joan Allen, William H. Macy, Tom McCamus, Sean Bridges, Wendy Crewson.

O longa começa com uma mãe (Brie Larson) e seu filho Jack (Jacob Tremblay) em um pequeno quarto que tem apenas uma luz natural que vem da claraboia no teto. Eles passam o dia brincando, inventando coisas para fazer e assistindo tv. Quando um estranho homem entra no quarto, o espectador descobre que mãe e filho estão presos no local. 

A trama é ao mesmo tempo simples e complexa. Simples ao explorar uma premissa que lembra um filme se suspense comum e complexa a partir do momento em que mãe e filho precisam encontrar seu lugar na sociedade. Ela sente dificuldades em se readaptar, incluindo ter de aceitar mudanças ocorridas em sua família, enquanto o garoto de apenas cinco anos descobre que o mundo é muito maior do que o quarto em que ele vivia. 

É um doloroso drama sobre traumas e descobertas, apoiado principalmente nas ótimas interpretações da dupla de protagonistas. O garoto Jacob Tremblay apresenta umas das interpretações mais espontâneas e sensíveis dos últimos anos, com uma sinceridade cativante. Brie Larson já havia demonstrado talento para o drama no ótimo “Temporário 12” e tem tudo para se tornar uma grande atriz nos próximos anos. 

Para quem gosta do gênero, este longa é obrigatório.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Creed: Nascido Para Lutar

Creed: Nascido Para Lutar (Creed, EUA, 2015) – Nota 8
Direção – Ryan Coogler
Elenco – Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Phylicia Rashad, Tony Bellew, Ritchie Coster, Wood Harris.

Após passar por vários lares adotivos e reformatórios, o adolescente Adonis Johnson é localizado por Mary Anne Creed (Phylicia Rashad) e descobre ser filho ilegítimo do falecido campeão de boxe Apollo Creed. 

Anos depois, adulto, formado e trabalhando, Adonis (Michael B. Jordan) sonha em se tornar boxeador como o pai que ele jamais conheceu. Para tristeza de Mary Anne, Adonis abandona tudo para se dedicar ao boxe. Ele segue para Filadélfia com objetivo de convencer o antigo campeão Rocky Balboa (Sylvester Stallone) para treiná-lo. 

O diretor e roteirista Ryan Coogler chamou a atenção do público com o drama “Fruitvale Station”, quer tinha o mesmo Michael B. Jordan como protagonista. O sucesso do longa independente abriu caminho para Coogler emplacar esta sequência da franquia Rocky, colocando o velho personagem como coadjuvante. 

A premissa é simples, Coogler utiliza o personagem Adonis como uma última chance para Rocky sentir o calor do ringue, mesmo estando do lado de fora das cordas. Ao mesmo tempo, é como se fosse uma passagem de bastão de mestre para aluno, algo parecido com que o personagem Mickey interpretado por Burgess Meredith fez com Rocky nos dois primeiros filmes da série. 

É interessante também a forma como a câmera de Coogler capta as lutas. Com planos fechados, quase cara a cara com os boxeadores, o espectador fica com a sensação de que está assistindo o combate na primeira fila. 

Longe de apresentar surpresas, o filme ganha pontos pela simplicidade da trama e das emoções, tanto na vida pessoal dos personagens, como nas violentas lutas. 

O filme já rendeu um Globo de Ouro de Ator Coadjuvante para Stallone e tem grandes chances de levar o Oscar neste categoria, o que seria uma bela homenagem ao ator e ao personagem.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Rocky Balboa

Rocky Balboa (Rocky Balboa, EUA, 2006) – Nota 8
Direção – Sylvester Stallone
Elenco – Sylvester Stallone, Burt Young, Antonio Tarver, Geraldine Hughes, Milo Ventimiglia, Tony Burton, A. J. Benza, James Francis Kelly III, Talia Shire.

O ex-boxeador Rocky Balboa (Stallone) está aposentado, viúvo e vivendo como dono de um restaurante na Filadélfia. Rocky passa seus dias contando histórias sobre suas lutas para os fregueses e tentando se aproximar do filho (Milo Ventimiglia). 

Sua vida tem uma nova reviravolta após um canal de TV criar em computador uma luta virtual entre ele e o atual campeão de boxe Mason Dixon (Antonio Tarver). O sucesso da luta virtual faz com que os empresários de Dixon convidem Rocky para um luta de exibição, com o objetivo de aumentar a simpatia pelo campeão, que não tem carisma algum junto ao grande público. 

Quando este “Rocky Balboa” foi lançado, Stallone estava há dez anos enfrentando fracassos sucessivos no cinema. Seu último trabalho de qualidade havia sido “Copland” de 1997, que também havia fracassado nas bilheterias. O retorno ao personagem que o transformou em astro foi uma espécie de última cartada, que surpreendentemente deu certo. 

O grande acerto do roteiro escrito por Stallone está na simplicidade da história, que recicla a ideia do primeiro filme transportando o herói de volta ao mundo das pessoas comuns e tendo de enfrentar situações universais como a perda de um ente de querido, a dificuldade em lidar com o filho e os problemas da idade. Até mesmo a luta exibição que a princípio seria uma loucura, é retratada de uma forma que envolve o espectador. 

Este longa aparentemente encerraria com extrema dignidade a saga deste interessante personagem. Poucos imaginavam que Rocky teria uma nova chance no cinema com outro filme surpreendente, o atual “Creed”. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Rocky V

Rocky V (Rocky V, EUA, 1990) – Nota 5,5
Direção - John G. Avildsen
Elenco – Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Sage Stallone, Richard Gant, Tommy Morrison, Burgess Meredith, Tony Burton.

Após vencer o combate contra Ivan Drago em Moscou, Rocky Balboa é obrigado a enfrentar problemas ainda maiores. Os golpes sofridos naquela luta foram tão violentos que Rocky é proibido de voltar aos ringues pelos médicos, que temem por sua vida caso continue a lutar. Para piorar a situação, ele descobre que foi enganado por seu contador e perdeu toda sua fortuna. 

Voltando a morar em uma casa simples na Filadélfia com a esposa Adrian (Talia Shire) e o filho Robert (Sage Stallone), Rocky vê uma nova chance surgir ao conhecer o jovem boxeador Tommy Gunn (Tommy Morrison). Ele decide treiná-lo, mas terá de encarar novamente o submundo do boxe. 

A trama ufanista e absurda de “Rocky IV” fez sucesso nos cinemas, mas foi detonada pela crítica. Para levantar a franquia seria necessário um recomeço com os pés no chão, para isso Stallone chamou o veterano John G. Avildsen, diretor do original e do clássico “Karatê Kid” para comandar este longa. 

A premissa segue esta ideia, porém o longa falha no roteiro e até no ponto principal da série, as lutas. O roteiro é totalmente clichê, com reviravoltas previsíveis e um clímax que foge ao espírito da série, colocando os personagens de Stallone e Tommy Morrison em uma briga de rua. 

Por sinal, o falecido Morrison é outro ponto fraco. Ele era um boxeador que jamais havia atuado e foi escolhido para papel também por ser sobrinho do eterno astro John Wayne. 

É com certeza o filme mais fraco da série, que por muitos anos foi considerado o fim de Rocky nos cinemas, até que o Stallone conseguiu ressuscitá-lo em 2006 com o ótimo e surpreendente “Rocky Balboa”.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A Grande Aposta

A Grande Aposta (The Big Short, EUA, 2015) – Nota 8,5
Direção – Adam McKay
Elenco – Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling, Brad Pitt, Rafe Spall, Hamish Linklater, Jeremy Strong, John Magaro, Finn Wittrock, Marisa Tomei, Melissa Leo.

Em meados de 2005, o excêntrico Michael Burry (Christian Bale) é o administrador de um fundo de investimentos que opera em Wall Street. Sempre procurando oportunidades, Burry decide estudar o mercado imobiliário e descobre uma verdadeira pirâmide de investimentos arriscados, que em sua análise resultariam em uma quebradeira de bancos e seguradoras em dois anos. 

Mesmo sem o apoio dos acionistas de seu fundo e tratado como maluco pelos operadores de Wall Street, Burry aposta uma fortuna contra o mercado imobiliário. Sua aposta arriscada chama a atenção de um operador do Deutsch Bank, o cínico Jared Vennett (Ryan Gosling. que narra a história), que procura vários grupos para investir no mesmo negócio, mas consegue apoio apenas do estressado Mark Baum (Steve Carell), que aos poucos vê a chance de lucrar. 

O terceiro elo da trama segue dois jovens investidores do Colorado (John Magaro e Finn Wittrock), que desejam operar em Wall Street e que por caso descobrem a história maluca de Burry. Com ajuda de um investidor aposentado e um pouco paranoico (Brad Pitt), eles também decidem investir contra o mercado de imóveis. 

Baseado numa maluca história real, este ótimo longa faz uma raio-x completo dos acontecimentos que antecederam o caos financeiro que atingiu os EUA em 2008, situação que afeta o país até hoje. 

Diferente de filmes como “Margin Call” e “Grande Demais Para Quebrar”, que abordam a crise financeira americana de modo mais formal, este longa de Adam McKay (especialista em comédias), utiliza o bom humor misturado ao drama para descrever a história de um modo que mesmo o espectador totalmente leigo ao assunto entenderá o básico sobre o que ocorreu. 

McKay utiliza várias músicas no meio da trama para ilustrar determinadas situações, além das pontas da cantora Selena Gomez em uma mesa de carteado num cassino e do chef Antoine Bourdain na cozinha de um restaurante, fazendo uma curiosa analogia entre apostas, comida e o mercado financeiro. 

Os grande astros que encabeçam o elenco tem atuações competentes, inclusive com Christian Bale sendo indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante, porém como opinião pessoal, o destaque maior fica para Steve Carell. Seu personagem é ao mesmo tempo estressado, dramático e engraçado. 

O grande acerto do filme é contar uma história complexa sobre um tema que é chato para a maioria das pessoas de uma forma agradável e de fácil entendimento.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ponte dos Espiões

Ponte dos Espiões (Bridge of Spies, EUA / Alemanha / Índia, 2015) – Nota 7,5
Direção – Steven Spielberg
Elenco – Tom Hanks, Mark Rylance, Sebastian Koch, Scott Shepherd, Alan Alda, Amy Ryan, Austin Stowell, Jesse Plemons, Mikhail Gorevoy, Michael Gaston, Will Rogers, Peter McRobbie.

Em 1961, durante a Guerra Fria, Rudolf Abel (Mark Rylance) é preso acusado de ser um espião soviético infiltrado em território americano e também por se negar a cooperar com o governo americano. 

Para defender Abel em julgamento, o governo pede ajuda a um escritório de advocacia especializado com seguros, que por seu lado indica James B. Donovan (Tom Hanks) para o trabalho. Mesmo relutante, Donovan aceita o caso e aos poucos cria um inusitado laço de amizade com Abel. 

A competência demonstrada no complicado caso, faz com que Donovan receba uma nova proposta, ainda mais complicada, que envolve uma negociação com russos e alemães em plena Berlim Oriental, pouco tempo depois do famigerado Muro de Berlim ter sido levantado. 

Este longa comandado por Spielberg explora uma história real sobre uma complexa negociação de presos e também sobre os bastidores políticos da Guerra Fria, principalmente as mentiras e a hipocrisia por parte dos governos envolvidos, que agiam através de terceiros, como se estes fossem os únicos responsáveis pelos atos de espionagem. 

Como é comum nos trabalhos de Spielberg, a parte técnica é de primeira, com destaque para a recriação em estúdio de Berlim Oriental e do Muro. O única falha neste quesito é a cena do acidente aéreo com um caça que se mostra exagerada. 

No elenco, Tom Hanks está competente como sempre e o inglês Mark Rylance se destaca como gelado e astuto espião. 

Apesar destas qualidades e da ótima história, a narrativa é fria como a temperatura que o personagem de Hanks enfrenta em Berlim. Falta emoção, a única certa mais forte é a sequência em que Donovan assiste do trem algumas pessoas sendo mortas tentando pular o Muro.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O Regresso

O Regresso (The Revenant, EUA, 2015) – Nota 8,5
Direção – Alejando Gonzalez Iñarritu
Elenco – Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Will Poulter, Paul Anderson, Kristoffer Jones, Lukas Haas, Brendan Fletcher.

Século XIX, região do Rio Missouri durante o inverno. Um grupo de homens está acampado à beira do rio, retirando as peles dos animais que eles mesmos caçaram e que levarão para serem vendidas na cidade. 

Um inesperado e violento ataque indígena resulta na morte da maioria dos homens. Os poucos sobreviventes fogem em um barco liderados pelo capitão Henry (Domhnall Gleeson). Um pouco mais à frente, o rastreador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) avisa que o ideal seria o grupo abandonar o barco e seguir pelas montanhas. Mesmo sendo um longo caminho, a chance de escapar dos índios é maior. O capitão confia plenamente em Glass e aceita a ideia, enquanto isso, alguns homens são contra a decisão, principalmente o sinistro Fitzgerald (Tom Hardy). 

A brutalidade da vida no oeste americano durante a colonização é retratada de forma crua neste novo trabalho do mexicano Iñarritu. Esqueçam os westerns tradicionais, aqui o foco é na luta pela vida, tanto contra os perigos da natureza inóspita, como o conflito com os índios. Nos dois casos, o homem branco é o intruso que invadiu as terras indígenas e que explorou a natureza, sendo obrigado a enfrentar as consequências. 

A narrativa aparentemente lenta é comum nos trabalhos de Iñarritu, que aqui tem a seu favor as belas paisagens naturais que são exploradas em longas sequências através da obstinação do personagem de DiCaprio, que por sinal tem outra grande interpretação, desta vez com a ajuda do ótimo Tom Hardy. A cada novo trabalho, o ator inglês confirma seu talento através da força de seus personagens. 

Pode ser um filme cansativo para alguns, mas para quem conhece e gosta do estilo de Iñarritu, este é mais belo trabalho a ser apreciado.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Spotlight: Segredos Revelados

Spotlight: Segredos Revelados (Spotlight, EUA, 2015) – Nota 8,5
Direção – Tom McCarthy
Elenco – Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John Slattery, Brian D’Arcy James, Stanley Tucci, Billy Crudup, Jamey Sheridan, Neal Huff, Paul Guylfoyle.

Em meados de 2001, o judeu Martin Baron (Liev Schreiber) assume como editor chefe do jornal The Boston Globe e logo se interessa pelo caso de um padre da cidade acusado de pedofilia e que muitos acreditam tenha sido acobertado pela Igreja Católica. 

Baron pede que o caso seja investigado pela equipe Spotlight, especialista em reportagens complexas sobre temas polêmicos. A equipe é composta pelo editor Walter Robinson (Michael Keaton) e os repórteres Mike Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian D’Arcy James). 

O que a princípio parece ser um caso isolado, se torna uma bola de neve conforme os jornalistas se aprofundam na história, principalmente após encontrarem o estranho Phil Saviano (Neal Huff), um sujeito que fora abusado por um padre quando criança e que dedicou sua vida a colher provas sobre pedofilia na Igreja. As informações de Saviano levam os jornalistas a desvendar o maior escândalo da história contemporânea da Igreja Católica. 

Não espere cenas de suspense, perseguições ou algo do gênero, o foco aqui é a investigação jornalística que costura um emaranhado de pistas para construir uma sinistra história que envolveu a alta cúpula da Igreja Católica, advogados, policiais, autoridades e outras figuras poderosas de Boston que por anos fecharam os olhos para os crimes de um grande número de padres. 

O estilo da narrativa lembra o ótimo “Zodíaco” de David Fincher, que tinha o mesmo Mark Ruffalo entre os protagonistas. Se aquela história jamais teve uma solução, aqui a investigação jornalística derrubou um verdadeiro castelo de cartas. 

É um ótimo filme, que aparentemente é simples no estilo e nos enquadramentos, mas que tem uma história extremamente forte que poderá levá-lo a uma vitória no Oscar.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Contagem Regressiva

Contagem Regressiva (Hours, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Eric Heisserer
Elenco – Paul Walker, Genesis Rodriguez, Natalia Safran, Nancy Nave, T. J. Hassan, Shane Jacobsen.

Na noite em que o Furacão Katrina está chegando em New Orleans, Nolan Hayes (Paul Walker) corre com a esposa Abigail (Genesis Rodriguez) que está grávida para dar entrada na emergência de um hospital da cidade. Após horas de espera, chega a triste notícia. Abigail não resistiu a uma hemorragia após dar a luz a uma menina. 

O desespero inicial pela perda da esposa se transforma em resignação no momento em que Nolan vê a filha no respiradouro artificial. Com o furacão cada vez mais forte, o hospital é evacuado apressadamente, com a promessa de um médico em voltar para levar Nolan e a filha, pois é impossível mover o aparelho naquele momento. Nolan se vê sozinho em um imenso hospital e obrigado a manter o aparelho funcionando para salvar o bebê. 

O roteiro escrito pelo diretor Eric Heisserer mistura o fato real da destruição de New Orleans pelo Furacão Katrina com uma trama absurda até a medula. O curioso é que ele consegue prender a atenção do espectador com apenas um fio de história, explorando os obstáculos que o personagem do saudoso Paul Walker é obrigado a enfrentar para manter a filha viva. 

É um filme em que o espectador precisa comprar a ideia, esquecer os absurdos e se divertir com boa narrativa.  

sábado, 16 de janeiro de 2016

Os Oito Odiados

Os Oito Odiados (The Hateful Eight, EUA, 2015) – Nota 8
Direção – Quentin Tarantino
Elenco – Samuel L. Jackson, Kurt Russell, Jennifer Jason Leigh, Walton Goggins, Demian Bichir, Tim Roth, Michael Madson, Bruce Dern, James Parks.

Na paisagem gelada do Wyoming, o ex-major confederado Marquis Warren (Samuel L. Jackson) pede carona a uma diligência que segue para Red Rock. Warren deseja carregar os corpos de fugitivos que ele matou e que darão uma bela recompensa. Na diligência está John Ruth (Kurt Russell), um ex-carrasco que se tornou caçador de recompensas e que carrega a assassina Daisy Domergue (Jason Jennifer Leigh) para ser enforcada também em Red Rock. Pouco tempo depois, a diligência é parada novamente, desta vez por Chris Mannix (Walton Goggins), outro que segue para Red Rock onde será nomeado xerife.

A viagem continua, porém a nevasca faz com que o grupo seja obrigado a parar mais uma vez, agora para passar a noite em uma espécie de taverna isolada, local onde outros três sujeitos (Tim Roth, Michael Madsen e Brude Dern) também esperam o tempo melhorar, além do mexicano Bob (Demian Bichir), que diz estar tomando conta do estabelecimento enquanto os donos estão viajando. A total desconfiança entre os desconhecidos transforma o local em um verdadeiro barril de pólvora. 

Depois do ótimo “Django Livre”, que era uma homenagem aos westerns spaghetti, Tarantino retorna ao gênero, desta vez utilizando elementos dos clássicos americanos para contar uma explosiva história. O interessante é que Tarantino não divide a trama em um conflito entre heróis e vilões, todos os personagens flertam com os dois lados, lógico que alguns mais cruéis do que os outros. 

Os personagens são todos muito bem delineados, como os carismáticos Samuel L. Jackson e Kurt Russell perfeitos como figuras que são a cara do gênero, dividindo o destaque com as atuações Jennifer Jason Leigh como a cínica e bagaceira assassina e Walton Goggins, ator conhecido por trabalhos nas séries “The Shield” e “Justified”, que aqui tem seu primeiro papel importante no cinema. 

Como opinião pessoal, considero os dois primeiros terços do filme ótimos, principalmente pelos deliciosos diálogos nas sequências dentro da diligência e na taverna até a cena do envenenamento. A partir daí, Tarantino foca na violência e entrega um verdadeiro banho de sangue, o que perde alguns pontos pelo exagero. 

No geral é um ótimo filme, com todo o estilo de Tarantino.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Caro Francis

Caro Francis (Brasil, 2010) – Nota 7
Direção – Nelson Hoineff
Documentário

Mais do que um jornalista, Paulo Francis foi uma figura pitoresca e sem limites em meio a uma profissão onde a maioria prefere fazer média para não entrar em conflito com os poderosos. Este documentário dirigido por seu amigo Nelson Hoineff disseca a trajetória pessoal e profissional do jornalista, entrevistando amigos e também dando a palavra a alguns inimigos. 

Paulo Francis trabalhou como crítico de teatro, foi colunista dos jornais Folha de SP e do Estado de SP e ficou muito conhecido como comentarista político e de fatos em geral em telejornais da Rede Globo. Seu último trabalho na TV foi no canal GNT no programa Manhattan Connection, que está no ar até hoje. 

Francis tinha uma estranha dicção, era um sujeito cheio de contradições e conhecido por dizer o que pensava, sendo considerado por muitos como machista, preconceituoso e fascista. Nos dias atuais ele faria muito sucesso na TV, mas também provavelmente teria de enfrentar vários processos. 

O doc tem como base depoimentos de diversas pessoas que comentam sobre fatos importantes da carreira de Francis, como sua briga com o ator Paulo Autran por causa de uma crítica negativa de uma peça de teatro, a saída da Folha de SP e também a famosa acusação contra diretores da Petrobrás, que na época foi tratada como invenção, mas que hoje se mostra bem menos maluca após o escândalo do Petrolão. 

Esta acusação foi rebatida pelo então presidente de estatal que o processou utilizando advogados da empresa solicitando uma indenização de cem milhões por danos morais. Para muitos dos seus amigos, este processo destruiu a saúde física e psicológica de Francis, que faleceu em 1997. O doc cita ainda um possível erro do médico particular de Francis, que teria dado um diagnóstico errado dias antes de sua morte. 

Como informação, o diretor Nelson Hoineff comandou também os documentários “O Homem Pode Voar” sobre Santos Dumont e “Alô, Alô Terezinha” sobre o apresentador Chacrinha. Hoineff também foi o criador do programa de TV “Documento Especial”, exibido em sua primeira fase na extinta Rede Manchete entre 1989 e 1991. Temas como tráfico de drogas, rachas entre automóveis, prostituição, produção de filmes pornográficos e violência eram retratados sem pudor. O programa foi o primeiro a mostrar o chamado “Mundo Cão Brasileiro” em detalhes e criou um novo estilo de jornalismo verdade na TV. 

Este “Caro Francis” é um documentário correto, que vale mais como homenagem a figura de Paulo Francis. 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Michael Collins: O Preço da Liberdade

Michael Collins: Preço da Liberdade (Michael Collins, Inglaterra / Irlanda / EUA, 1996) – Nota 7,5
Direção – Neil Jordan
Elenco – Liam Neeson, Aidan Quinn, Stephen Rea, Alan Rickman, Julia Roberts, Ian Hart, Charles Dance.

Esta postagem é uma homenagem ao ótimo ator Alan Rickman que faleceu nesta semana.

Belfast, 1916. Após ser preso pela primeira vez ao participar de um protesto a favor da independência da Irlanda do Norte em relação ao Reino Unido, o ativista Michael Collins (Liam Neeson) decide criar um exército para enfrentar os inimigos ingleses. 

Ao lado dos amigos Harry Boland (Aidan Quinn) e Eamon de Valera (Alan Rickman), Collins recruta um grande número de pessoas descontentes com os ingleses e juntos comandam ações para desestabilizar o governo. Com o crescimento do movimento, se tornam necessárias também ações políticas, situações que levam Collins a um beco sem saída. 

O diretor irlandês Neil Jordan conta aqui a sua versão sobre a criação do IRA, o Exército Republicano Irlandês, através das ações de guerrilha urbana e também dos bastidores políticos do movimento, incluindo conflitos entre os líderes e traições. 

O roteiro tende a humanizar o personagem de Collins, inclusive mostrando seu envolvimento com Kitty Kiernan (Julia Roberts), mas nada verdade ele teria sido um sujeito violento, que desejava a independência da Irlanda do Norte a qualquer custo. 

A visão de Jordan coloca como vilão o personagem de Alan Rickman. Eamon de Valera era muito mais um político do que um guerrilheiro e com sua inteligência chegou a ser chefe de Estado do país. 

Jordan também foi criticado por ter escalado americanos como Aidan Quinn e Julia Roberts em papéis de irlandeses, assim como Rickman que era inglês. 

Vale destacar a parte técnica e o figurino. A reconstituição de época é perfeita, assim como as cenas de ação são bem filmadas. O roteiro ainda amarra muito bem a trama política. 

É um filme interessante por retratar o início do IRA e por homenagear um personagem praticamente esquecido na história mundial.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O Exótico Hotel Marigold 1 & 2


O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel, Inglaterra / EUA / Emirados Árabes Unidos, 2011) – Nota 7,5
Direção – John Madden
Elenco – Judi Dench, Tom Wilkinson, Dev Patel, Bill Nighy, Maggie Smith, Penelope Wilton, Ronald Pickup, Celia Imrie, Diana Hardcastle, Tina Desai, Lillete Dubey, Denzil Smith.

Na Inglaterra, alguns idosos descobrem o anúncio de um hotel em Jaipur na Índia, que se diz especialista em receber pessoas da terceira idade que queiram passar seus últimos anos de vida em um local exótico. A viúva Evelyn (Judi Dench), o juiz aposentado Graham (Tom Wilkinson), o casal Douglas e Jean (Bill Nighy e Penelope Wilton), o galanteador Norman (Ronald Pickup), a caçadora de maridos Madge (Celia Imrie) e a ranzinza Muriel (Maggie Smith) encaram a aventura. Ao chegar no local, encontram um hotel decadente dirigido pelo agitado Sonny (Dev Patel), que sonha em transformá-lo em um grande empreendimento. 

Este simpático longa foca nas relações humanas e sentimentais na terceira idade e também nas mudanças sociais e econômicas que estão ocorrendo na Índia, resultando numa disputa entre a modernidade e as tradições. Esta questão da tradição é dissecada na briga entre Sonny e sua mãe (Lillete Dubey), que não aceita o namoro do jovem com uma garota (Tina Desay) que trabalha em uma empresa de telemarketing. 

O destaque é o ótimo elenco de veteranos britânicos, que defendem com talento seus personagens, sendo que cada um deles tem uma motivação diferente para estar ali. É interessante como o roteiro desenvolve cada personagem e a forma como eles encaram a nova vida, num local com costumes totalmente diferentes do que estavam acostumados na Inglaterra. 

É um filme que passa a ideia de que não existe idade para sonhar, basta viver o máximo enquanto é possível.  

O Exótico Hotel Marigold 2 (The Second Best Exotic Marigold Hotel, Inglaterra / EUA, 2015) – Nota 6,5
Direção – John Madden
Elenco – Judi Dench, Dev Patel, Bill Nighy, Maggie Smith, Richard Gere, Ronald Pickup, Celia Imrie, Diana Hardcastle, Tina Desai, Lillete Dubey, Tamsin Greig, David Strathairn, Denzil Smith, Penelope Wilton, Shazad Latif, Claire Price.

Acostumados com a nova vida na Índia, os veteranos ingleses agora enfrentam os problemas do dia a dia. Transformar uma paixão platônica em romance, superar uma traição e a busca pelo amor são os novos desafios. Enquanto isso, Sonny (Dev Patel) tem a ajuda de Muriel (Maggie Smith), com quem viaja aos Estados Unidos em busca de parceria com uma grande rede hoteleira para a abertura de uma filial do Hotel Marigold. Além disso, Sonny precisa se preparar para o casamento com Sunaina (Tina Desai) e ainda enfrentar a possível concorrência de um ex-amigo que voltou para a cidade. 

O charme e a sensibilidade do filme original diminuem bastante nesta sequência que perde muito tempo nas confusões causadas por Sonny, tanto pelo ciúme da noiva, quanto pelo desespero em agradar um novo hóspede (Richard Gere), que ele acredita ter sido enviado pela corporação americana para analisar seu hotel. Mesmo as crises enfrentadas pelos idosos são pouco profundas em relação ao filme original. Não chega a ser um filme ruim, mas perde muito na comparação. 

Para quem gosta do cinema indiano, vale destacar as sequências do noivado e do casamento entre Sonny e Sunaina, filmadas ao estilo dos longas produzidos em Bollywood.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O Grande Lebowski

O Grande Lebowski (The Big Lebowski, EUA / Inglaterra, 1998) – Nota 7,5
Direção – Joel & Ethan Cohen
Elenco – Jeff Bridges, John Goodman, Julianne Moore, Steve Buscemi, David Huddleston, Philip Seymour Hoffman, Tara Reid, John Turturro, Peter Stormare, Flea, Ben Gazzara, David Thewlis, Jon Polito, Sam Elliott, Philip Moon, Mark Pellegrino, Torsten Voges.

Jeff Lebowski (Jeff Bridges) é um desocupado que gosta de ser chamado de Dude (“Cara”), passa o dia fumando maconha e parece um hippie saído dos anos sessenta. Quando dois capangas de um bookmaker o confundem com um milionário de mesmo nome (David Huddleston) e o enchem de porrada para cobrar uma dívida da esposa vagabunda do sujeito (Tara Reid), o fato dá início a uma maluca jornada de Dude, que deseja ressarcimento pelos bandidos terem urinado em seu tapete. 

Com auxílio de seus amigos de boliche Walter (John Goodman), um veterano obcecado pelo Vietnã e o medroso Donny (Steve Buscemi), Dude se envolve com os mais diversos e estranhos personagens, com destaque para a filha do milionário (Julianne Moore), um trio de bandidos niilistas (Peter Stormare, Flea e Torsten Voges) e um pervertido jogador de boliche (John Turturro). 

Comparado por muitos com o ótimo e superior “Queime Depois de Ler”, este “O Grande Lebowski” tem a seu favor a presença de um dos personagens mais engraçados da história do cinema. O maluco Dude está com certeza entre os três melhores trabalhos da carreira do astro Jeff Bridges. 

O personagem é ao mesmo tempo um drogado com o cérebro danificado e um exemplo de crítica ácida ao americano médio que vive alienado, não dando a mínima para o que ocorre ao seu redor, até que algum fato interfira em sua vida e o faça se mexer. Os personagens coadjuvantes também são caricaturas críticas da sociedade americana. 

Como é comum nos trabalhos dos Irmãos Cohen, os diálogos são estranhos e engraçados e a parte técnica é perfeita, inclusive as cenas surreais das “viagens” de Dude quando ele está chapado. 

Para quem gosta do estilo dos diretores, este longa é uma ótima opção de diversão.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Apocalipse

Apocalipse (Extinction, Espanha / EUA / Hungria / França, 2015) – Nota 6,5
Direção – Miguel Angel Vivas
Elenco – Matthew Fox, Jeffrey Donovan, Quinn McColgan, Valeria Vereau, Clara Lago.

Em um prólogo, um grupo de pessoas é escoltado pelo exército em um ônibus escolar. Ao parar na entrada de uma base militar, antes que os passageiros consigam entrar no local, o ônibus é cercado e eles são atacados por pessoas raivosas que parecem zumbis. Em meio ao caos, Patrick (Matthew Fox) e Jack (Jeffrey Donovan) tentam salvar Emma (Valeria Vereau), que recebe uma mordida e sua bebê. 

A trama pula nove anos. Agora, o mundo está debaixo da neve. Jack vive com a filha Lu (Quinn McColgan) em uma casa toda cercada e Patrick é seu vizinho, porém eles não se falam. A vida reclusa de Jack e a inimizade com Patrick é colocada à prova quando uma estranha criatura reaparece pronta para atacar. 

Esta co-produção de baixo orçamento entre quatro países é uma ficção misturada com terror que basicamente explora dois cenários. As casas dos protagonistas em meio a neve e o galpão abandonado do exército que eles utilizam para procurar comida. 

O prólogo é assustador, deixa a impressão de que veremos um filme eletrizante, porém a situação muda rapidamente. O roteiro explora mais a relação entre os ex-amigos utilizando flashbacks para explicar o que ocorreu entre eles, assim como destrincha também a relação da menina Lu com os dois personagens. 

O longa ainda tem outras boas cenas de ação, além de uma competente fotografia, mas infelizmente a narrativa é irregular, principalmente pela duração. As quase duas horas se mostram exageradas pelo tamanho da história, acredito que com vinte minutos a menos a trama seria mais eficiente. 

É um interessante filme para quem gosta do gênero e nada mais. 

domingo, 10 de janeiro de 2016

Sem Retorno

Sem Retorno (Self/less, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Tarsem Singh
Elenco – Ryan Reynolds, Natalie Martinez, Matthew Goode, Ben Kingsley, Victor Garber, Derek Luke, Jaynee Lynne Kinchen, Melora Hardin.

Damian (Ben Kingsley) é um megaempresário da construção civil que sofre com um câncer terminal. Ao descobrir sobre uma empresa que desenvolveu uma tecnologia para “transferência de consciência”, Damian procura o cientista responsável, um sujeito chamado Albright (Matthew Goode). 

Vendo que a morte está chegando, o velho empresário aceita a proposta, com a explicação de que sua consciência será repassada para o corpo de um jovem que fora criado através de manipulação genética. 

A experiência dá certo e Damian acorda no seu novo corpo (Ryan Reynolds), ganhando também uma nova identidade e outra vida. O aparente sucesso da transferência se confunde com pequenas alucinações que Damian passa a sofrer e que ele acredita serem experiência reais. 

Mesmo com o roteiro reciclando ideias de vários filmes de ficção, entre eles “O Vingador do Futuro” e “Robocop” e não apresentando grandes surpresas, o resultado é um competente longa, com uma narrativa ágil que prende a atenção do início ao fim, além de boas cenas de ação. 

O roteiro faz ainda uma crítica ao mau uso dos avanços da ciência, situação comum em filmes do gênero e a figura do cientista brilhante, porém cego pela ganância e pelo poder. 

Não é um grande filme, mas com certeza divertirá os fãs do gênero. 

sábado, 9 de janeiro de 2016

Deuses e Monstros

Deuses e Monstros (Gods and Monsters, EUA / Inglaterra, 1998) – Nota 7,5
Direção – Bill Condon
Elenco – Ian McKellen, Brendan Fraser, Lynn Redgrave, Lolita Davidovich, David Dukes, Kevin J. O’Connor.

Em 1957, após sofrer um derrame, o aposentado diretor de cinema James Whale (Ian McKellen) volta para sua bela casa onde tem apenas a companhia da empregada Hanna (Lynn Redgrave). 

Homossexual assumido, Whale se interessa pelo jovem Clayton Boone (Brendan Fraser), que trabalha em sua casa como jardineiro. Whale convence Boone a posar como modelo, para que ele pinte um quadro do rapaz. Mesmo deixando claro que é hétero, Boone cria um estranho laço de amizade com o velho cineasta, que por seu lado passa a sofrer de alucinações sobre seu passado, como sequela do derrame. 

Baseado em um livro sobre os últimos dias da vida de James Whale, responsável pelo clássico “Frankenstein” de 1931, este longa é uma história de amizade entre dois personagens solitários. Whale nasceu em uma família pobre, lutou na Primeira Guerra e sempre foi tratado como diferente, enquanto Boone jamais conseguiu o respeito do próprio pai. É interessante que o roteiro chega a fazer uma analogia entre a relação de Whale e Boone com a história do Dr. Frankenstein e seu monstro. 

Entre as atuações, até mesmo o limitado Brendan Fraser se mostra perfeito no papel do jardineiro simples, sendo que os destaques ficam para McKellen, sensacional como o atormentado Whale e Lynn Redgrave como a empregada que trata o velho como se fosse um filho. 

Mesmo pesado em algumas sequências, o filme é uma verdadeira homenagem a um diretor que deixou uma bela carreira, mas que foi totalmente esquecido pelo público.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Lute Por Sua Vida

Lute Por Sua Vida (Reach Me, EUA, 2015) – Nota 3
Direção – John Herzfeld
Elenco – Tom Berenger, Sylvester Stallone, Thomas Jane, Kyra Sedgwick, Kevin Connolly, Lauren Cohan, Tom Sizemore, Terry Crews, Nelly, Omari Hardwick, David O’Hara, Kelsey Grammer, Danny Trejo, Danny Aiello, Cary Elwes, Rebekah Chaney, Ryan Kwanten, Christoph M. Ohrt, Elizabeth Henstridge.

Um livro de autoajuda intitulado “Reach Me” faz enorme sucesso em Los Angeles, porém o autor (Tom Berenger) deseja se manter anônimo. Várias pessoas decidem mudar de vida após lerem o livro. Entre eles um cantor de rap (Nelly), uma ex-presidiária (Kyra Sedgwick) e dois capangas de um mafioso (Omari Hardwick e David O’Hara). 

Em paralelo, o dono de uma revista sensacionalista (Sylvester Stallone) pressiona um repórter (Kevin Connolly) para encontrar o escritor e descobrir algum podre do sujeito. O roteiro segue ainda um violento policial (Thomas Janes), que cada vez que mata um bandido corre para se confessar com um padre beberrão (Danny Aiello). 

Uma verdadeira salada indigesta. Este péssimo longa consegue reunir personagens caricatos, diálogos risíveis, situações absurdas e ainda colocar no centro da trama um livro de autoajuda vagabundo. 

O diretor John Herzfeld é um veterano da tv que as vezes se arrisca no cinema, geralmente em filmes fracos como “15 Minutos” e “Contrato de Risco”, porém desta vez ele se superou e entregou um trabalho horroroso. 

Acredito que o diretor seja um sujeito com ótimo relacionamento com atores e agentes, pois é a única explicação para atores famosos aceitarem papeis num filme tão ruim.

domingo, 3 de janeiro de 2016

The Ridiculous 6 & Férias Frustradas


The Ridiculous 6 (The Ridiculous 6, EUA, 2015) – Nota 4
Direção – Frank Coraci
Elenco – Adam Sandler, Nick Nolte, Terry Crews, Jorge Garcia, Rob Schneider, Taylor Lautner, Luke Wilson, Will Forte, Steve Zahn, Harvey Keitel, Jon Lovitz, Whitney Cummings, David Spade, Danny Trejo, Blake Shelton, Vanilla Ice, Julia Jones, Steve Buscemi, John Turturro, Chris Parnell, Chris Kattan, Norm MacDonald.

Faca Branca (Adam Sandler) é um homem branco que foi criado pelos índios e se tornou um grande guerreiro de sua tribo. Quando um veterano bandido (Nick Nolte) o procura dizendo ser seu pai verdadeiro, afirmando ainda que está morrendo e que precisa de ajuda para recuperar uma fortuna que ele mesmo roubou, Faca Branca acaba aceitando ajudar o sujeito, que em seguida é sequestrado por seus antigos companheiros. Para conseguir o dinheiro e resgatar o pai, Faca Branca decide assaltar bancos e pelo caminho cruza com cinco outros filhos do ladrão, todos seus meio-irmãos. 

Infelizmente o gênero de comédia rasgada parece ter chegado ao seu limite. Desde que John Landis fez “O Clube dos Cafajestes” em 1978 e o trio ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker) comandou “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!” em 1980, o gênero que explora o absurdo e a anarquia apenas regrediu. 

Durante os anos oitenta e noventa, outros filmes como “Top Secret”, “Por Favor, Matem Minha Mulher” e “Top Gang” fizeram o público rir seguindo a mesma receita dos filmes citados, porém nos últimos vintes anos, o gênero se tornou um pastiche, dividido entre as paródias sem graça e as comédias que exploram a escatologia, como este péssimo “Ridiculous 6”. A premissa dos irmãos diferentes no velho oeste é ótima, o problema são os roteiristas e o diretor que acreditam serem engraçadas piadas com excrementos. 

É uma pena, tirando os dois primeiros “Se Beber, Não Case!” e alguns filmes da turma de Judd Apatow, pouca coisa se salva no gênero nestas últimas duas décadas. 

Férias Frustradas (Vacation, EUA, 2015) – Nota 5,5
Direção – John Francis Daley & Jonathan M. Goldstein
Elenco – Ed Helms, Christina Applegate, Skyler Gisondo, Steele Stebbins, Chris Hemsworth, Leslie Mann, Chevy Chase, Beverly D’Angelo, Charlie Day, Ron Livingston, Norman Reedus, Keegan Michael Kelly, Regina Hall.

Rusty Griswold (Ed Helms) trabalha como piloto em uma pequena empresa de aviação e leva uma vida normal de classe média. Casado com Debbie (Applegate) e pai de dois filhos adolescentes, Rusty decide criar uma aventura. Ela compra um estranho carro e decide atravessar o país com a família até um parque de diversões para dar uma volta em uma montanha russa gigante. Durante a viagem, a família se mete em diversas trapalhadas. 

Esta refilmagem da comédia com Chevy Chase e Beverly D’Angelo que fez sucesso em 1983 e que rendeu três continuações, se mostra uma longa apenas razoável, com poucas piadas engraçadas. O original fez sucesso, mas também não era um grande filme. 

Ed Helms e Christina Applegate seguram bem os papéis dos pais atrapalhados e tentam fazer rir com o material. Até mesmo a participação de Chase e D’Angelo como os pais de Ed Helms é apenas burocrática. 

A curiosidade fica por conta da direção dupla, sendo que um dos responsáveis é o ator John Francis Daley, que quando criança era um dos protagonistas da ótima série “Freeks and Geeks, que por sinal logo comentarei no blog.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Martha Marcy May Marlene

Martha Marcy May Marlene (Martha Marcy May Marlene, EUA, 2011) – Nota 7
Direção – Sean Durkin
Elenco – Elizabeth Olsen, Sarah Paulson, Hugh Dancy, John Hawkes, Brad Corbet, Maria Dizzia.

Na sequência inicial, em uma fazenda, um grupo de homens faz a refeição em silêncio. Em seguida, a mesa a preenchida apenas por mulheres, todas jovens. Assim que todos estão dormindo, a garota Martha (Elizabeth Olsen) foge pela mata. Mesmo sendo perseguida, ela escapa e consegue contato com a irmã Lucy (Sarah Paulson), que vai buscá-la. 

A partir daí, Martha tenta voltar a ter uma vida normal com a irmã e o marido desta (Hugh Dancy), porém seu estado mental é frágil após todo o sofrimento que passou naquela comunidade. Em paralelo, a narrativa mostra em flashbacks a vida de Martha na fazenda e sua relação com o manipulador Patrick (John Hawkes). 

Uma das grandes aberrações criadas pelo ser humano são as seitas. A fórmula é sempre a mesma. Um líder carismático utiliza sua lábia para dominar pessoas carentes, solitárias ou com problemas financeiros, a princípio mostrando solidariedade, para depois cobrar “o favor”. 

O interessante neste longa é mostrar as consequências desta lavagem cerebral na vida da protagonista, que se sente perdida ao voltar para a sociedade, como se estivesse em um limbo entre dois mundos, não conseguindo se encaixar em nenhum deles. 

A narrativa é lenta e a trama é psicologicamente pesada, não sendo um filme indicado para todo o público. 

O destaque fica para a interpretação da jovem Elizabeth Olsen, que consegue passar todo o sofrimento de sua personagem. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O Preço de uma Verdade

O Preço de uma Verdade (Shattered Glass, EUA, 2003) – Nota 7,5
Direção – Billy Ray
Elenco – Hayden Christensen, Peter Sarsgaard, Chloe Sevigny, Steve Zahn, Rosario Dawson, Melanie Lynskey, Hank Azaria, Mark Blum, Chad Donella, Ted Kotcheff.

Washington, 1998. A famosa revista “The New Republic” é a leitura preferida no avião presidencial americano e escrita basicamente por jovens jornalistas. Entre eles se destaca Stephen Glass (Hayden Christensen), um jovem de vinte e poucos anos, famoso por seus artigos e também pelo ótimo relacionamento com os colegas de redação. 

Seu sonho de vencer o Prêmio Pulitzer se torna pesadelo quando uma matéria sobre um hacker adolescente contratado por uma grande empresa de tecnologia é colocada sob suspeita por um jornalista de uma publicação concorrente (Steve Zahn). 

Baseado numa história real, este longa toca em vários pontos interessantes sobre jornalismo, profissionalismo e caráter. Uma das questões é a disputa por reconhecimento, situação que leva algumas pessoas a tomar atitudes questionáveis para crescer na profissão, como mentir e manipular, sem se preocupar se está prejudicando alguém. 

A história também é um exemplo de como nos dias atuais o jornalismo se confunde com entretenimento, quando na realidade o papel do jornalista é reportar e analisar os fatos, não criá-los para a matéria parecer mais interessante. 

O fraco Hayden Christensen tem até um bom desempenho como o dissimulado Glass, mas quem apresenta a melhor atuação é Peter Sarsgaard como Chuck Lane, um jornalista correto, porém visto como “caxias” pelos companheiros de redação. 

É um bom filme, que faz o espectador refletir sobre como devemos analisar as entrelinhas das notícias antes de acreditar em tudo que está escrito.