terça-feira, 31 de março de 2020

Ford vs Ferrari

Ford vs Ferrari (Ford v Ferrari, EUA / França, 2019) – Nota 7,5
Direção – James Mangold
Elenco – Matt Damon, Christian Bale, Jon Bernthal, Caitriona Balfe, Josh Lucas, Noah Jupe, Tracy Letts, Remo Girone, Ray McKinnon, JJ Feild, Corrado Invernizzi, Jack McMullen.

Início dos anos sessenta. O piloto de corridas Carroll Shelby (Matt Damon) é obrigado a abandonar a carreira por causa de um problema no coração. 

Por ter vencido as 24 de Horas de Le Mans na França, Shelby é procurado pelo executivo da Ford Lee Iacocca (Jon Bernthal), que pretende montar uma equipe de corridas da empresa para vencer a italiana Ferrari. 

Sendo obrigado a começar do zero na construção de um carro, Shelby leva consigo o corredor e também mecânico Ken Miles (Christian Bale), um sujeito que não mede palavras para defender suas ideias. 

Baseado numa história real, este longa segue o formato tradicional de histórias de conquistas em que um ou dois personagens enfrentam vários obstáculos, inclusive de pessoas que aparentemente estavam a seu lado. 

Neste contexto, o roteiro coloca como vilões os arrogantes Henry Ford II (Tracy Letts) e seu braço-direito Leo Beebe (Josh Lucas), que desejam vencer Le Mans, mas não querem a presença do “rebelde” Ken Miles ao volante. 

Os bastidores desta disputa é um dos pontos principais da história, ao lado do desenvolvimento do automóvel, da relação familiar de Miles com a esposa (Caitriona Balfe) e filho (Noah Jupe) e claramente as sequências de corrida, com destaque para a meia-hora dedicada a disputa em Le Mans na parte final. 

Ao mesmo tempo em que é um bom filme, por outro lado é uma obra que não chega a ser marcante, sendo indicada para os fãs de corridas.  

segunda-feira, 30 de março de 2020

Nimitz - De Volta ao Inferno

Nimitz - De Volta ao Inferno (The Final Countdown, EUA, 1980) – Nota 5,5
Direção – Don Taylor
Elenco – Kirk Douglas, Martin Sheen, Katharine Ross, James Farentino, Ron O’Neal, Charles Durning, Soon Tek Oh.

O porta-aviões Nimitz está fazendo manobras de treinamento na região de Pearl Harbor quando é atingido por uma estranha tempestade magnética. 

Mesmo sem avarias, o capitão Yelland (Kirk Douglas), o oficial Owens (James Farentino) e o civil Lasky (Martin Sheen) ficam perplexos ao perceberem que o porta-aviões foi transportado para 1941, em meio a Segunda Guerra Mundial e um dia antes do ataque japonês a Pearl Harbor. Fica a dúvida se eles devem ou não intervir no ataque para mudar o curso da História. 

A premissa deste longa que mistura guerra e ficção é bastante interessante, porém o desenrolar da narrativa deixa bastante a desejar. Um dos pontos negativos é algo comum em muitos longas dos anos setenta, em que a narrativa se arrasta durante dois terços da trama para criar uma ou duas cenas de ação na parte final. 

Boa parte do filme foca em decolagens e aterrissagens de caças, algo que seria repetido de uma forma muito mais interessante em “Top Gun”. Os efeitos especiais também envelheceram demais. 

A trama ganha alguns pontos pela subtrama em relação ao senador vivido por Charles Durning, que é um personagem fictício, porém inserido em um contexto político verdadeiro. A surpresa da cena final também destaque. Fora isso, é um filme indicado apenas para os cinéfilos curiosos.

domingo, 29 de março de 2020

Luce

Luce (Luce, EUA, 2019) – Nota 7,5
Direção – Julius Onah
Elenco – Naomi Watts, Octavia Spencer, Tim Roth, Kelvin Harrison Jr., Norbert Leo Butz, Andrea Bang, Marsha Stephanie Blake, Omar Shariff Brunson Jr., Noah Gaynor, Astro.

Prestes a ir para a universidade e ser o orador da turma de formatura no colégio, Luce (Kelvin Harrison Jr.) é confrontado por sua professora Harriet (Octavia Spencer) ao escrever um artigo defendendo o uso da força para enfrentar inimigos, citando um revolucionário assassino de seu país de origem, a Eritreia. 

A professora entrega o artigo para a mãe adotiva de Luce, Amy (Naomi Watts), fato que desencadeia uma sucessão de desencontros e desconfiança entre os envolvidos, incluindo o pai de Luce (Tim Roth), o diretor do colégio (Norbert Leo Butz) e uma jovem de origem asiática (Andrea Bang). 

O sorriso forçado no rosto do personagem de Kelvin Harrison Jr durante o discurso na cena inicial deixa claro que existe algo de errado, assim como a entrada em cena da personagem de Octavia Spencer. A partir daí o roteiro entrega aos poucos os segredos e os defeitos de cada personagem, todos muito próximos da realidade. 

O aluno perfeito começa a mostrar seu lado obscuro, a professora idealista que coloca seu lado de ativista a frente do interesse dos alunos, os pais que deixam de lado a ética para ajudar o filho, ou seja, situações atuais e universais. 

É um filme que deixa uma sensação de tristeza em relação a sociedade, mostrando que nos momentos de crise cada pessoa defende seus interesses, mesmo que isso prejudique o próximo.

sábado, 28 de março de 2020

Uma Dia de Chuva em Nova York

Um Dia de Chuva em Nova York (A Rainy Day in New York, EUA, 2019) – Nota 5,5
Direção – Woody Allen
Elenco – Timothée Chalamet, Elle Fanning, Liev Schreiber, Selena Gomez, Jude Law, Diego Luna, Cherry Jones, Will Rogers, Annaleigh Ashford, Rebecca Hall.

Gatsby (Timothée Chalamet) é um jovem rico de Nova York que foi obrigado pelo família a estudar em uma universidade em um local afastado. Sua namorada Ashleigh (Elle Fanning) é filha de um fazendeiro do Arizona que cursa jornalismo. 

O casal fica animado quando Ashleigh consegue um horário em um sábado para entrevistar um famoso escritor (Liev Schreiber) em Nova York. O que seria a chance do casal aproveitar a cidade, se transforma em passeios isolados quando a garota se encanta pelo escritor e recebe o convite de visitar um set de filmagem com ele. 

Esta comédia bobinha é o trabalho mais fraco de Woody Allen em muitos anos. As situações de desencontros, mentiras e traições comuns a seus filmes não convencem aqui, tanto pelos diálogos pouco inspirados, como pelas fracas atuações do elenco. A personagem de Elle Fanning chega a ser irritante. 

O ponto alto é a revelação da personagem de Cherry Jones que interpreta a mãe de Timothée Chalamet. É uma situação que mostra como muitas pessoas vivem de aparências, escondendo segredos. 

Vamos esperar que Woody Allen esteja mais inspirado em seu próximo filme.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Cemitério Maldito (1989, 1992 & 2019)


Cemitério Maldito (Pet Sematary, EUA, 1989) – Nota 6,5
Direção – Mary Lambert
Elenco – Dale Midkiff, Fred Gwynne, Denise Crosby, Brad Greenquist, Miko Hughes, Blaze Berdahl.

O médico Louis Creed (Dale Midkiff) e sua esposa Rachel (Denise Crosby) mudam para uma casa na zona rural do Maine com a filha Ellie (Blaze Berdahl) e o filho pequeno Gage (Miko Hughes). 

Quando o gato da família morre atropelado na estrada que passa ao lado da casa, Louis aceita o estranho conselho de um morador local para enterrar o animal em um antigo cemitério indígena que está abandonado. O local é considerado sagrado e com poderes de ressuscitar os mortos. A decisão de Louis dá início a um inferno na vida da família. 

Este longa é um das razoáveis adaptações de Stephen King para o cinema. Os pontos positivos são o clima de tragédia, o assustador gato e as sequências violentas na parte final. Por outro lado, os efeitos envelheceram bastante e o casal de protagonistas é bem fraco. O destaque do elenco fica para o falecido Fred Gwynne que era conhecido pelo série “Os Monstros”. 

Cemitério Maldito II (Pet Sematary II, EUA, 1992) – Nota 5,5
Direção – Mary Lambert
Elenco – Edward Furlong, Anthony Edwards, Clancy Brown, Darlanne Fluegell, Jared Rushton, Jason McGuire, Sarah Trigger.

Após sua mãe morrer eletrocutada em um set de filmagens, o garoto rebelde Jeff (Edward Furlong) e seu pai Chase (Anthony Edwards) se mudam para uma casa no Maine. Logo, Jeff faz amizade com Drew (Jason McGuire), que conta a história do cemitério indígena. Os garotos pensam em testar a lenda utilizando o cão de um deles, quando na verdade Jeff deseja ressuscitar a mãe. 

Esta continuação utiliza apenas a premissa do cemitério para contar uma nova história, que não foi escrita por Stephen King. Este é mais violento e acelerado do que o primeiro e com um elenco melhor, porém o roteiro é inferior.

O resultado é basicamente um filme de terror genérico ao estilo dos anos oitenta e noventa, cheio de falhas, mas que prende a atenção para quem não se importar com isso.

Cemitério Maldito (Pet Sematary, EUA / Canadá, 2019) – Nota 6
Direção – Kevin Kolsch & Dennis Widmyer
Elenco – Jason Clarke, Amy Seimetz, John Lithgow, Jeté Laurence.

O médico Louis (Jason Clarke) e sua esposa Rachel (Amy Seimtetz) mudam de Boston para uma casa em uma região isolada do Maine em busca de tranquilidade. Eles tem a filha pré-adolescente Ellie (Jeté Laurence) e o garoto Gage de três anos de idade. 

A morte do gato da família leva o vizinho Jud (John Lithgow) a indicar para Louis que o bicho seja enterrado em um local que fica além de um cemitério de animais localizado no bosque no fundo da propriedade da família. O que ele não explica é que o local tem o poder de ressuscitar os mortos. O gato volta à vida, deixando Louis perplexo e ao mesmo tempo curioso. 

Este remake do longa de 1989 muda algumas situações para tentar apresentar algo novo, porém entrega um final exagerado e até cínico que deixa bastante a desejar. O ponto positivo é o sinistro clima de terror e a assustadora mata ao redor da casa da família. 

O resultado é mais um remake que pouco acrescenta ao original.

quinta-feira, 26 de março de 2020

A Espiã Vermelha

A Espiã Vermelha (Red Joan, Inglaterra, 2018) – Nota 6,5
Direção – Trevor Nunn
Elenco – Judi Dench, Sophie Cookson, Stephen Campbell Moore, Tom Hughes, Tereza Sborva, Ben Miles.

Londres, ano 2000. A morte de um político traz à tona uma pequena rede de espiões ingleses que passavam informações para os soviéticos nos anos cinquenta. O fato leva a octogenária Joan Stanley (Judi Dench) a ser interrogada por agentes do governo. 

Enquanto tenta se defender, a trama volta para a Universidade de Cambridge nos anos cinquenta, quando a jovem Joan (Sophie Cookson) participava de reuniões com alunos comunistas, ao mesmo tempo em que trabalhava em um projeto secreto do governo para desenvolvimento da bomba atômica. 

Este longa é inspirado na história real de Melita Norwood, que teve seu segredo revelado décadas depois do ocorrido. O filme peca um pouco por pender demais para o lado romântico, ao colocar a personagem de Sophie Cookson em um triângulo amoroso entre um comunista e um professor. 

Os motivos que levam a personagem a se envolver com os espiões e acreditar no comunismo são ingênuos e por incrível que pareça muito semelhantes ao jovens que nos dias de hoje tentam defender regimes sanguinários e corruptos baseados no comunismo e no socialismo. 

O filme vale pela curiosidade da história, a reconstituição de época e a sensível atuação da veterana Judi Dench.

quarta-feira, 25 de março de 2020

O que as Pessoas Vão Dizer

O que as Pessoas Vão Dizer (Hva Vil Folk Si, Noruega / Alemanha / Suécia / França / Dinamarca, 2017) – Nota 7,5
Direção – Iram Haq
Elenco – Maria Mozhdah, Adil Hussain, Ekavali Khanna. Rohit Saraf.

Nisha (Maria Mozhdah) é uma adolescente de dezesseis anos que vive na Noruega com os pais que são imigrantes paquistaneses.

Quando seu pai (Adil Hussain) encontra Nisha no quarto com o namorado, a vida da garota se transforma em um inferno. 

O pai e a mãe (Ekavali Khanna) se revoltam com a garota preocupados em como seus vizinhos imigrantes vão olhar para a família. Eles tomam uma decisão radical que mudará para sempre a vida de Nisha. 

O roteiro escrito pela diretora Iram Haq provavelmente parte de sua experiência pessoal com a comunidade paquistanesa na Noruega, sendo ela mesmo descendente assim como a protagonista.

A diretora vai direto ao ponto na crítica ao fundamentalismo religioso, situação em que o amor familiar ou mesmo o carinho são deixados de lado para seguir uma tradição absurda. 

A questão da aceitação em um grupo é outro ponto importante do roteiro. As atitudes dos pais e também do irmão (Rohit Saraf) colocam as regras do grupo que eles acreditam pertencer acima da felicidade da filha. 

A atuação da jovem Maria Mozhdah é destaque. Sua dor, frustração e sentimento de estar presa a algo sem ter feito nada de errado é perfeita. Ela consegue se transformar de uma jovem alegre em uma pessoa oprimida, como se sua alma tivesse sido roubada. 

É um daqueles filmes que deixam o espectador revoltado ao final da sessão.

terça-feira, 24 de março de 2020

Carbono

Carbono (Carbone, França / Bélgica, 2017) – Nota 7
Direção – Olivier Marchal
Elenco – Benoit Magimel, Laura Smet, Gerard Depardieu, Michael Youn, Gringe, Idir Chender, Dani, Moussa Maaskri.

Antoine Roca (Benoit Magimel) é um empresário que está à beira da falência e que enfrenta uma crise no casamento por conta das atitudes do arrogante sogro, o milionário Aron Goldstein (Gerard Depardieu). 

Em uma conversa informal com seu advogado (Michael Youn), surge a ideia de vender licenças de carbono para empresas que precisam pagar uma espécie de taxa para produzir materiais que poluem o meio ambiente. 

Percebendo que o negócio virtual da venda de licenças é fácil de ser manipulado, Antoine e seu advogado se unem a dois irmãos trambiqueiros (Gringe e Idir Chender), criando várioas empresas de fachada para lucrar. O negócio acaba envolvendo um perigoso grupo de bandidos árabes. 

O roteiro explora o fato real do golpe da venda de licenças de carbono que ocorreu na França há alguns anos para criar uma trama com personagens fictícios envolvendo o submundo do crime em Paris. 

É interessante notar que o esquema de passar o dinheiro por várias empresas para dificultar o rastreio das autoridades é habitual nos grandes esquemas de golpes milionários. 

Esta ótima premissa se desenvolve bem até pouco mais da metade, para no final o roteiro passar a impressão de que acelerou as situações para não alongar a duração. 

O filme passa longe de ser ruim por causa disso, mas fica claro que uma trama como esta, com os muitos detalhes e vários coadjuvantes interessantes, com certeza renderia uma obra melhor nas mãos de um diretor mais talentoso.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Joias Brutas

Joias Brutas (Uncut Gems, EUA, 2019) – Nota 7,5
Direção – Benny Safdie & Josh Safdie
Elenco – Adam Sandler, LaKeith Stanfield, Julia Fox, Kevin Garnett, Eric Bogosian, Judd Hirsch, Idina Menzel.

Howard Ratner (Adam Sandler) é um judeu negociante de pedras preciosas que passa por um momento conturbado e também decisivo em sua vida. 

Ele enfrenta um casamento falido, tem que lidar com a amante (Julia Fox) que é sua funcionária, além de ser pressionado por seu cunhado (Eric Bogosian) e seus capangas por causa de uma dívida. 

A chance de quitar os débitos surge quando ele recebe uma enorme pedra preciosa que vale uma fortuna, joia esta que que atiça o desejo do jogador de basquete Kevin Garnett (interpretando ele mesmo), que no mesmo momento da chegada da pedra está visitando a loja de Howard. 

Este curioso longa dirigido pelos irmãos Safdie guarda semelhanças no estilo nervoso da narrativa e nos personagens marginais com o filme anterior da dupla, o interessante “Bom Comportamento”. 

Aqui a câmera dos irmãos explora ângulos inusitados e criativos, como nas sequências inicial e final que se casam perfeitamente, de uma forma cruel por sinal. 

O lado “nervoso” fica por conta do comportamento agitado do protagonista vivido por Adam Sandler e dos diálogos que parecem discussões intermináveis repletas de palavrões. Em várias sequências fica difícil acompanhar os diálogos, a gritaria e as discussões. Mas fica claro que isso é uma opção dos diretores, que desejavam criar um clima de loucura em torno do protagonista. 

Assim como aconteceu com comediantes como Eddie Murphy, Jim Carrey e o falecido Robin Williams, Adam Sandler mostra seu verdadeiro talento em filmes diferentes como este, deixando as comédias bobas de lado. 

Sandler entregou bons desempenhos em longas como “Embriagado de Amor”, “Reine Sobre Mim” e “Homens, Mulheres e Filhos”, repetindo a qualidade neste “Joias Brutas”. 

Mesmo sem entrar em detalhes, não posso deixar de citar o surpreendente, marcante e ousado final deste longa.

domingo, 22 de março de 2020

Os Irmãos Sisters

Os Irmãos Sisters (The Sisters Brothers ou Les Frères Sisters, França / Espanha / Romênia / Bélgica / EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Jacques Audiard
Elenco – Joaquin Phoenix, John C. Reilly, Jake Gyllenhaal, Riz Ahmed, Rutger Hauer, Carol Kane, Rebecca Root.

Oregon, 1851. Charlie (Joaquin Phoenix) e Eli Sisters (John C. Reilly) são irmãos e caçadores de recompensa que trabalham para o Comendador (Rutger Hauer). 

A missão atual é capturar Herman Kermit Warm (Riz Ahmed), que teria roubado algo e fugido. No rastro do foragido está John Morris (Jack Gyllenhaal), que ao encontrar Herman avisará os irmãos do paradeiro do fugitivo. 

Este curioso western dirigido pelo francês Jacques Audiard foge do estilo habitual do gênero ao inserir temas incomuns como a química em referência a profissão do personagem de Riz Ahmed, ao colocar um homem vestido de mulher como dono de um saloon e criar conflitos que vão além dos tiroteios. 

A narrativa é um pouco irregular, principalmente a partir do momento em que a questão da perseguição sofre uma reviravolta e os personagens mudam o objetivo. As boas atuações do quarteto principal também são o destaque. 

Vale citar que este é um dos últimos trabalhos do recentemente falecido Rutger Hauer, que por ironia do destino tem sua última cena neste filme dentro de um caixão.

sábado, 21 de março de 2020

O Culpado & Suspeito Zero


O Culpado (The Guilty, Inglaterra / EUA / Canadá, 2000) – Nota 7
Direção – Anthony Waller
Elenco – Bill Pullman, Devon Sawa, Gabrielle Anwar, Angela Featherstone, Joanne Whalley, Darcy Belsher, Jaimz Woolvett, Bruce Harwood.

O jovem Nathan (Dewon Sawa) consegue a liberdade após cumprir pena por roubo de automóveis. Sua mãe decide contar que Nathan na verdade é filho de um famoso advogado chamado Callum Crane (Bill Pullman), que está prestes a se tornar juiz. 

Enquanto Nathan planeja encontrar o pai, Crane violenta sua secretária (Gabrielle Anwar) que se recusava a se envolver com ele. Mesmo acreditando estar acima de lei, Crane se desespera ao ser confrontado pela vítima. Um fato novo faz com que pai e filho, os dois criminosos, cruzem o mesmo caminho. 

Esta interessante mistura de suspense e policial tem como ponto alto as pequenas reviravoltas, naquele tipo de história em que todos os personagens tem um lado obscuro. 

O eterno canastrão Bill Pullman defende bem o papel do advogado canalha, enquanto o mais canastrão ainda Devon Sawa comprova porque não conseguiu se firmar na carreira. 

Apesar disso, o filme cumpre o que promete ao prender a atenção do espectador que curte o gênero.

Suspeito Zero (Suspect Zero, EUA, 2004) – Nota 6
Direção – E. Elias Merhige
Elenco – Aaron Eckhart, Ben Kingsley, Carrie Anne Moss, Harry Lennix.

Após ser acusado de ter passado dos limites ao prender um suspeito de ser um serial killer, o agente do FBI Thomas Mackelway (Aaron Eckhart) é enviado para trabalhar em um pequena agência em Albuquerque no Novo México.

Um assassinato ocorre no primeiro dia em que Mackelway incia seu trabalho, seguido por duas outras mortes que podem estar ligadas ao antigo caso do serial killer. A investigação ao lado de uma nova parceira (Carrie Anne Moss) leva Mackelway a um novo suspeito (Ben Kinglesy). 

O diretor E. Elias Merhige tem uma carreira curiosa, quase toda voltada para curtas e com apenas dois longas no currículo. O intrigante “A Sombra do Vampiro” com John Malkovich e Willem Dafoe e este policial “Suspeito Zero” que apresenta uma premissa promissora, mas que resulta em um filme apenas razoável. 

O desenvolvimento do roteiro é cheio de furos e as atuações de Aaron Eckhart e Carrie Anne Moss deixam bastante a desejar. Mesmo aparecendo pouco, Ben Kingsley entrega um personagem marcante. O final é outro ponto fraco.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Zumbilândia: Atire Duas Vezes

Zumbiândia: Atire Duas Vezes (Zombieland: Double Tap, EUA / Canadá, 2019) – Nota 7
Direção – Ruben Fleischer
Elenco – Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin, Zoey Deutch, Avan Jogia, Rosario Dawson, Luke Wilson, Thomas Middleditch.

Dez anos após o início do apocalipse zumbi, o grupo formado por Tallahasse (Woody Harrelson), Columbus (Jesse Eisenberg), Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) continuam a viajar pelo país procurando um local seguro para viver. 

Após uma estadia na Casa Branca, Wichita e Little Rock decidem sair sozinhas pelo estrada, para logo depois se separarem também. Wichita retorna para a Casa Branca, o que faz com Tallahasse e Columbus voltem a se unir para procurar a amiga desaparecida. 

Esta sequência não é tão divertida quanto o original, mas mesmo assim entrega algumas sequências e ideias bastante criativas. O zumbi “Homer”, a maluquinha personagem de Zoey Deutch, os diálogos engraçados, as piadas em relação a Elvis Presley, a tiração de sarro em cima de “Walking Dead” quando o grupo chega na cidadela e por fim a sequência aleatória com Bill Murray durante os créditos finais garantem o divertimento. 

É um bom passatempo para quem gosta do estilo sangue e comédia.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Freaks

Freaks (Freaks, Canadá / EUA, 2018) – Nota 6
Direção – Zach Lipovsky & Adam B. Stein
Elenco – Emile Hirsch, Bruce Dern, Grace Park, Lexy Kolker, Amanda Crew.

Em um casa no subúrbio, o pai (Emile Hirsch) vive isolado com a filha de sete anos Chloe (Lexy Kolker).

A garota deseja sair para passear e tomar sorvete em um caminhão que fica parado na frente de sua casa, mas o pai proíbe de forma veemente.

Aos poucos, a relação entre pai e filha vai se deteriorando dentro da casa e deixando o espectador curioso para saber o porquê das atitudes do pai. 

Esta curiosa ficção dirigida por uma desconhecida dupla de diretores varia entre o intrigante e o estranho. A primeira meia-hora é bizarra, com os diretores abusando na luminosidade nas cenas em que a garota tenta sair de casa, assim como a enigmática participação do veteraníssimo Bruce Dern como o motorista do caminhão. 

O filme cresce quando as respostas começam a surgir, mas termina de uma forma que não vai agradar a maioria das pessoas. No final fica a impressão de que o filme poderia ser um piloto de seriado. 

quarta-feira, 18 de março de 2020

King of Thieves

King of Thieves (King of Thieves, Inglaterra, 2018) – Nota 6
Direção – James Marsh
Elenco – Michael Caine, Jim Broadbent, Ray Winstone, Michael Gambon, Charlie Cox, Francesca Annis, Tom Courtenay, Paul Whitehouse.

Londres, 2015. Após a morte da esposa, o ladrão aposentado Brian Reader (Michael Caine) decide voltar ao crime ao receber a proposta de um especialista em segurança (Charlie Cox) para roubar uma joalheria. 

Ele reúne seus antigos companheiros de crime (Jim Broadbent, Ray Winstone, Tom Courtenay e Paul Whitehouse) para colocar o plano em ação durante o feriado da Páscoa. 

Baseado em uma história real, este longa se perde em meio a um roteiro que peca no desenvolvimento da trama, principalmente na segunda parte quando os veteranos criminosos se voltam uns contra outros. 

O filme falha também na narrativa, que mesmo nos momentos mais tensos passa a impressão de que vai se transformar em uma comédia, muito por causa dos personagens peculiares. 

O destaque fica para o elenco recheado de veteranos atores britânicos, que tentam mas não conseguem salvar o filme, que resulta em uma obra no máximo razoável.

terça-feira, 17 de março de 2020

Graças a Deus

Graças a Deus (Grâce a Dieu, França / Bélgica, 2018) – Nota 8
Direção – François Ozon
Elenco – Melvil Poupaud, Denis Ménochet, Swann Arlaud, Éric Caravaca, François Marthouret, Bernard Verley, Josiane Balasko.

Lion, França, 2014. Alexandre Guérin (Melvil Poupaud) trabalha em um banco, tem esposa e cinco filhos, porém vive atormentado pelos abusos que sofreu quando criança. 

Ele decide contar a história para a família e entrar em contato com o cardeal da cidade (François Marthouret) em busca de um encontro com seu agressor, o padre Bernard Preynat (Bernard Verley). 

As tentativas amigáveis de conversa com os representantes da Igreja se transformam em decepção por conta da falta de vontade dos envolvidos em pedir uma desculpa pública ou expulsar o padre do seu cargo. 

Guérin decide entrar com um processo criminal, dando início a uma investigação e o aparecimento de várias pessoas que também sofreram abuso, entre eles François Debord (Denis Ménochet), Giles Perret (Érica Caravaca) e Emmanuel Thomassin (Swann Arlaud). 

Baseado em uma história real que teve uma espécie de final jurídico em 2019, este longa tem como ponto mais triste do roteiro mostrar como um padre pedófilo mudou para sempre a vida de várias crianças que se tornaram adultos com problemas psicológicos, alguns deles sofrendo graves consequências. 

O roteiro detalha a forma como vieram à tona as acusações e principalmente as reações das vítimas. O personagem de Debord seguiu a vida, mas procura vingança quando a história explode, enquanto Thomassin levou uma vida de sofrimento, raiva e enfrentando até mesmo convulsões. 

Ao mostrar como várias pessoas dentro da Igreja sabiam dos abusos e se calaram por medo, amizade ou tentaram esconder o que seria uma publicidade negativa, fica claro como o corporativismo é terrível e existe mesmo dentro das religiões. 

A questão de utilizar o perdão citado na bíblia para tentar fazer os acusadores se calarem é de uma total falta de caráter. 

Não interessa se o espectador seja ou não religioso, este filme é um daqueles que incomodam e deixam claro que a maldade pode estar escondida em qualquer lugar.

segunda-feira, 16 de março de 2020

A Proposta

A Proposta (The Proposition, Austrália / Inglaterra, 2005) – Nota 7
Direção – John Hillcoat
Elenco – Guy Pearce, Ray Winstone, Danny Huston, Emily Watson, John Hurt, David Wenham, Richard Wilson, Noah Taylor.

Interior da Austrália, século XIX. Charlie Burns (Guy Pearce) e seu irmão Mike (Richard Wilson) são bandidos que terminam presos pelo Capitão Stanley (Ray Winstone), que na verdade deseja capturar o irmão mais velho do bando, o assassino Arthur (Danny Huston). 

Stanley oferece a Charlie a chance deles escaparem da forca. Charlie é obrigado a buscar o irmão que se esconde no deserto. Enquanto isso, a população do vilarejo se revolta contra Stanley, querendo fazer justiça com as próprias mãos contra Mike. 

Esta produção anglo-australiana segue o estilo dos westerns, tanto os americanos quanto os clássicos italianos, porém levando a trama para o outback (deserto australiano). 

O roteiro explora temas comuns do gênero, como obsessão na busca de um assassino, personagem querendo vingança, outro procurando redenção, além das clássicas sequências de tiroteio e violência. 

É um filme sujo, em que os personagens se mostram castigados pelo calor e a aridez do deserto. 

Destaque para as interpretações marcantes de Guy Pearce e de Ray Winstone.

domingo, 15 de março de 2020

O Iluminado & Doutor Sono


O Iluminado (The Shining, EUA, 1980) – Nota 10
Direção – Stanley Kubrick
Elenco – Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Barry Nelson, Philip Stone, Joe Turkel, Tony Burton.

Jack Torrance (Jack Nicholson) é contratado para ser o zelador de um hotel no Colorado que está fechado na época do inverno. Ele leva a esposa Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd). 

O trabalho aparentemente tranquilo vai se transformando em um inferno quando Jack começa  a se comportar de forma estranha por causa do isolamento e o pequeno Danny passa a ter visões sobrenaturais. 

Um dos grandes clássicos do terror e suspense, este longa é uma adaptação de um livro de Stephen King e um belo exercício cinematográfico do diretor Stanley Kubrick. Ele explora os espaços vazios do grande hotel para criar um ambiente claustrofóbico através de sequências assustadoras que são copiadas até hoje. 

As sinistras gêmeas, a mulher morta na banheiro, o rio de sangue, a garoto pedalando nos corredores intermináveis, o assustador labirinto e por fim a explosão de loucura do personagem de Jack Nicholson resultam em um dos melhores filmes do gênero da história do cinema.

Doutor Sono (Doctor Sleep, EUA / Inglaterra / Canadá, 2019) – Nota 7
Direção – Mike Flanagan
Elenco – Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Kyliegh Curran, Cliff Curtis, Zahn McClarnon, Emily Alyn Lind, Selena Anduze, Robert Longstreet, Carol Struycken, Catheriner Parker, Carl Lumbly, Henry Thomas, Bruce Greenwood, Alex Essoe, Roger Dale Floyd, Jacob Tremblay.

Trinta anos depois de ver o pai enlouquecer e tentar matá-lo, Dan Torrance (Ewan McGregor) ainda sofre com as consequências do fato e também pela sua extrema sensibilidade, inclusive o dom de falar com um antigo amigo que está morto (Carl Lumbly). 

O destino leva Dan a cruzar o caminho de um novo amigo (Cliff Curtis) que o ajuda a mudar de vida e também de uma adolescente sensitiva (Kyliegh Curran) que demonstra estranhos poderes que chamam a atenção de um grupo liderado por Rose (Rebecca Ferguson), que sequestra pessoas como ela. 

Esta sequência do clássico “O Iluminado” também é um adaptação de um livro de Stephen King. A história tem ideias interessantes ao criar personagens com poderes fora do normal que vivem à margem da sociedade. A forma como estas pessoas se alimentam para sobreviver é outro acerto. 

O problema maior aqui é a longa duração. Eu vi uma versão com três horas, que mesmo não chegando a ser cansativa, fica claro que muitas situações poderiam ter sido resumidas. A vilã vivida por Rebecca Ferguson também é um pouco exagerada e seus parceiros inexpressivos. 

O resultado é apenas mediano.


sábado, 14 de março de 2020

Um Lindo Dia na Vizinhança

Um Lindo Dia na Vizinhança (A Beautiful Day in the Neighborhood, China / EUA, 2019) – Nota 7,5
Direção – Marielle Heller
Elenco – Tom Hanks, Matthew Rhys, Chris Cooper, Susan Kelechi Watson, Maryann Plunkett, Enrico Colantoni, Wendy Makkena, Tammy Blanchard, Noah Harpster, Christine Lahti.

Em 1998, o jornalista investigativo Lloyd Vogel (Matthew Rhys) é obrigado por sua editora a entrevistar Fred Rogers (Tom Hanks), o apresentador de um programa infantil com marionetes que foca em disseminar valores familiares. 

Desmotivado para a entrevista, Lloyd se surpreende ao encontrar um sujeito extremamente gentil, educado e com uma visão de vida completamente diferente da dele. A rápida conversa desperta a curiosidade em Lloyd, que deseja saber mais sobre Fred. 

Baseado na história real da entrevista do jornalista Tom Junod com o verdadeiro Fred Rogers, este longa é um exemplo de como é difícil, mas não impossível, encarar a vida com serenidade. 

A perplexidade do jornalista ao conversar com o apresentador, acreditando que o mesmo tenha criado um personagem, é algo normal quando nos deparamos com alguém que foge completamente do lugar comum. 

O roteiro acerta na construção da amizade entre os dois personagens e nas descobertas que surgem a cada nova conversa. 

Tom Hanks entrega mais uma ótima atuação, criando um personagem complexo que dá pistas de seus sentimentos escondidos através de pequenos detalhes, como o olhar ou a forma de tocar o piano. 

No final fica a mensagem de que uma grande amizade pode ser libertadora. 

sexta-feira, 13 de março de 2020

Esquadrão 6

Esquadrão 6 (6 Underground, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Michael Bay
Elenco – Ryan Reynolds, Mélanie Laurent, Manuel Garcia Rulfo, Ben Hardy, Adria Arjona, Dave Franco, Corey Hawkins, Lior Raz, Payman Maadi.

Um milionário (Ryan Reynolds) lidera um grupo especializado em agir contra criminosos internacionais.

Sem grandes explicações, o sujeito apelidado de Número Um escolhe como alvo atual um ditador (Lior Raz) que persegue opositores e promove o terror em um país dissidente da antiga União Soviética. 

Esta longa de ação dirigido por Michael Bay é uma espécie de “Missão Impossível” totalmente descerebrada, misturando sequências grandiosas de perseguição, explosões, sangue e comédia, tudo isso com uma cínica narração em off do protagonista vivido por Ryan Reynolds. Por sinal, o papel é perfeito para Reynolds, ator acostumado com este tipo de personagem. 

Outro ponto positivo é deixar o politicamente correto totalmente de lado, tanto nos diálogos, quanto na ação. Os personagens não agem por patriotismo, dinheiro ou ordem do governo, o foco é eliminar o inimigo como se fosse uma caçada para matar seus demônios pessoais. 

É um filme de ação que remete ao anos oitenta no conteúdo com a marca do estilo agitado e cheio de cortes do diretor Michael Bay. Para quem gosta do estilo, o longa é um bom divertimento.

quinta-feira, 12 de março de 2020

O Mistério das Garotas Perdidas

O Mistério das Garotas Perdidas (Svaha: The Sixth Finger, Coreia do Sul, 2019) – Nota 7
Direção – Jae Hyun Jang
Elenco – Jung Jae Lee, Ji Tae Yoo, Min Tanaka, Jin Young Jung, Jung Min Park, Sang Woo Lee, Seung Hyeon Ji.

Pastor Park (Jung Jae Lee) é uma espécie de investigador de seitas religiosas, sempre procurando escândalos ou picaretagens. Seu novo alvo é uma seita que prega um estranho tipo de budismo. 

Em paralelo, o chefe de polícia (Jin Young Jung) investiga o assassinato de uma garota em que as pistas levam para a mesma seita. 

Para deixar a situação ainda mais estranha, os avós de duas adolescentes gêmeas escondem uma das garotas que nasceu deformada e que todos acreditam ser amaldiçoada. 

Esta curiosa produção sul-coreana mistura ficção e policial em uma complexa trama que parece que nunca irá se encaixar. O diretor explora simbolismos religiosos, misticismo e até um pouco de sobrenatural para explicar o porquê das mortes que ocorrem durante o desenvolvimento da história. 

É um filme em que a complexidade chega perto de passar do ponto, obrigando o espectador a prestar muita atenção aos detalhes. 

Não está entre os grandes filmes sul-coreanos, mas mesmo assim é um longa interessante e indicado para procura obras que fogem do lugar comum.

quarta-feira, 11 de março de 2020

O Apanhador Era um Espião

O Apanhador Era um Espião (The Catcher Was a Spy, EUA, 2018) – Nota 6
Direção – Ben Lewin
Elenco – Paul Rudd, Sienna Miller, Jeff Daniels, Paul Giamatti, Pierfrancesco Favino, Tom Wilkinson, Connie Nielsen, Mark Strong, Guy Pearce, Shea Whigham, Hiroyuki Sanada, Giancarlo Giannini.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Morris “Moe” Berg (Paul Rudd) é um jogador de beisebol que atua na principal liga americana. 

Sua fluência em várias línguas e a inteligência acima da média o leva a trabalhar em paralelo como espião para o governo americano, que o indica para uma complicada missão. 

Moe segue para a Suíça ao lado de um cientista (Paul Giamatti) com a missão de assassinar o físico alemão Werner Heisenberg (Mark Strong) que estaria desenvolvendo uma bomba atômica para os nazistas. 

Baseado numa história real pouco conhecida e também nebulosa, este longa peca pela frieza da narrativa e pelo próprio desenvolvimento da trama que parece rodar, rodar e não chegar a lugar algum. 

O roteiro ainda insere uma suposta bissexualidade enrustida do protagonista, além de um romance com uma bela mulher (Sienna Miller). 

É um filme bem produzido, com ótimo elenco, mas que deixa bastante a desejar.

terça-feira, 10 de março de 2020

A Luz no Fim do Mundo

A Luz no Fim do Mundo (Light of My Life, EUA, 2019) – Nota 6,5
Direção – Casey Affleck
Elenco – Casey Affleck, Anna Pniowsky, Tom Bower, Elisabeth Moss.

Uma doença desconhecida dizimou quase a totalidade da população feminina. Neste contexto, um pai (Casey Affleck) tenta esconder a identidade da filha pré-adolescente (Anna Pniowsky), fazendo com que ela se passe por menino. 

Com medo da garota ser reconhecida e sequestrada, pai e filha vivem como nômades, procurando abrigo em barracas, casas isoladas e fugindo de estranhos. 

Escrito e dirigido pelo ator Casey Affleck, este longa explora a curiosa premissa de como seria um mundo praticamente sem mulheres e como os homens reagiriam a situação. 

O roteiro também foca na relação entre pai e filha, com direito a uma sequência inicial de doze minutos em que ele conta uma história infantil dentro da barraca em que estão deitados. 

Esta sequência deixa claro que o ritmo da narrativa será lento e até contemplativo em alguns momentos. Esta lentidão acaba tirando um pouco da força da premissa e minimizando o clima apocalíptico. 

O filme cresce no final quando aumenta a tensão com a entrada em cena de outros personagens e deixando uma mensagem bastante pessimista.

segunda-feira, 9 de março de 2020

Adopt a Highway

Adopt a Highway (Adopt a Highway, EUA, 2019) – Nota 6
Direção – Logan Marshall Green
Elenco – Ethan Hawke, Elaine Hendrix, Diane Gaeta, Mo McRae, Christopher Heyerdahl.

Após mais de vinte anos preso, Russell (Ethan Hawke) é libertado. Ele consegue um emprego em uma lanchonete para tentar recomeçar a vida. 

Numa certa noite, ele ouve o choro de um bebê que foi abandonado em uma lata de lixo. Ao invés de chamar as autoridades na mesma hora, Russell resolve levar o bebê para sua casa, mesmo sabendo das prováveis consequências. 

Escrito e dirigido pelo ator Logan Marshall Green, este inusitado longa explora alguns pontos interessantes como a questão da solidão, da dificuldade de um ex-detento em voltar para a sociedade e também a da “lei dos três strikes” que ainda funciona em alguns Estados americanos. 

Variando de acordo com o Estado, na Califórnia a lei previa um tempo longo de cadeia a até a prisão perpétua em alguns casos para um sujeito condenado três vezes. O roteiro acaba não se aprofundando neste tema, focando mais na luta do personagem de Ethan Hawke em achar seu caminho. 

É curiosa a sequência em que ele precisa aprender a utilizar a internet para enviar um simples um email e ao mesmo tempo realista para quem ficou encarcerado por duas décadas. 

É um filme independente com algumas boas ideias e um resultado no máximo razoável.

domingo, 8 de março de 2020

Adoráveis Mulheres

Adoráveis Mulheres (Little Women, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Greta Gerwig
Elenco – Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Timothée Chalamet, Tracy Letts, Bob Odenkirk, James Norton, Louis Garrel, Chris Cooper, Meryl Streep, Jayne Houdyshell.

Durante a Guerra Civil Americana, uma família com mãe e quatro filhas esperam a volta do pai, enquanto tentam realizar seus sonhos.

O filme se divide em duas narrativas, com uma focando no presente em que cada irmã enfrenta um desafio em sua vida e outra no passado detalhando a adolescência das garotas.

O longa é baseado em um famoso livo americano e já rendeu outras adaptações para o cinema. Esta nova versão está sendo muito elogiada por ser dirigida pela queridinha da crítica Greta Gerwig e por focar praticamente apenas em personagens femininos, com exceção de Timothée Chalamet vivendo um confuso herdeiro de família rica.

Começando pelos pontos altos, temos uma produção extremamente caprichada, uma narrativa fluída e ótimas interpretações de Saoirse Ronan como a irmã “moderna” e Florence Pugh como a invejosa.

Por outro lado, a história é basicamente um novelão que explora situações dramáticas na vida das irmãs de forma simultânea, para chegar até um final feliz totalmente familiar.

Eu vejo como um filme correto e nada mais.

sábado, 7 de março de 2020

Fireworks Wednesday

Fireworks Wednesday (Chaharshanbe-Soori, Irã, 2006) – Nota 8
Direção – Asghar Farhadi
Elenco – Taraneh Alidoost, Hamid Farokhnezhad, Hediyeh Tehrani, Pantea Bahram, Sahar Dolastshahi.

Na véspera do Ano Novo, Roohi (Taraneh Alidoost) é uma jovem diarista que está prestes a casar. Ela é indicada para trabalhar em um apartamento de classe média em Teerã um dia antes do seu casamento. 

Pessoa simples, mas inteligente, durante aquele dia Taraneh se envolve na vida de uma casal em crise (Hamid Farokhnezhad e Hediyeh Tehrani) e de uma vizinha (Pantea Bahram) que pode ser amante do marido. 

Este longa do ótimo diretor iraniano Asghar Farhadi foi o trabalho anterior a “Procurando Elly”, obra que chamou a atenção da crítica e do público pela primeira vez em relação a seu nome. 

Este “Fireworks Wednesday” é um drama que lembra as comédias sobre desencontros, em que uma personagem muda completamente a vida das pessoas ao redor através de sua atitudes, mesmo que de forma involuntária. 

O desenrolar do dia é uma verdadeira montanha russa de emoções entre o casal, até chegar a noite quando os “fogos de artifício” do título surgem para comemorar o ano novo. 

O resultado é um ótimo filme realista com uma interessante visão da sociedade iraniana.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Dogman

Dogman (Dogman, Itália / França, 2018) – Nota 7,5
Direção – Matteo Garrone
Elenco – Marcello Fonte, Edoardo Pesce, Nunzia Schiano, Adamo Dionisi.

Em um bairro decadente de uma cidade do sul da Itália, Marcello (Marcello Fonte) é o dono de um pet shop. 

Para aumentar sua renda, Marcello trafica pequenas doses de cocaína, tendo como cliente o valentão Simoncino (Edoardo Pesce), que é odiado pelos demais moradores e comerciantes da região. 

Apesar de vender drogas, Marcello é um sujeito amigável que demonstra carinho pela filha e os animais. A vida do pobre Marcello se transforma em um inferno quando Simoncino o pressiona a participar de um roubo. 

O diretor Matteo Garrone é o responsável por um dos melhores filmes italianos dos últimos quinze anos. O drama “Gomorra” focava na violência da Camorra, a Máfia Napolitana. Aqui novamente Garrone explora uma história no sul da Itália, a região mais pobre e também mais violenta do país. 

Desta vez sua câmera se vira para um protagonista que se envolve em pequenos delitos não por maldade, mas por falta de personalidade. A reviravolta da parte final é ao mesmo tempo absurda e também uma forma de mostrar o desejo de ser aceito por um grupo. 

O destaque fica para a complexa interpretação do desconhecido Marcello Fonte, que cria um personagem bondoso, triste e digno de pena em vários momentos.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Amanda

Amanda (Amanda, França, 2018) – Nota 7
Direção – Mikhael Hers
Elenco – Vincent Lacoste, Isaure Multrier, Stacy Martin, Ophélia Kolb, Marianne Basler, Greta Scacchi.

David (Vincent Lacoste) é um jovem que administra a locação de apartamentos em um prédio antigo em Paris. 

Sua vida tranquila vira de ponta cabeça quando um acidente tira a vida de sua irmã (Ophélia Kolb), que deixa a pequena filha Amanda (Isaura Multrier).

David se torna o guardião da menina e os dois precisam se adaptar a nova realidade. 

Este simpático drama tem a seu favor a narrativa sóbria que mesmo focando em uma perda não apela para o melodrama. Lógico que o longa apresenta algumas sequências mais emotivas, porém tudo dentro do contexto da premissa.

O filme ganha pontos pela química entre o ator em ascensão na carreira Vincent Lacoste e a pequena desconhecida Isaure Multrier, que entrega uma interpretação espontânea. 

Vale a sessão para quem gosta do gênero.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Brooklyn: Sem Pai Nem Mãe & Tenha Fé


Brooklyn: Sem Pai Nem Mãe (Motherless Brooklyn, EUA, 2019) – Nota 7,5
Direção – Edward Norton
Elenco – Edward Norton, Gugu Mbatha Raw, Bruce Willis, Alec Baldwin, Bob Cannavale, Willem Dafoe, Ethan Suplee, Cherry Jones, Dallas Roberts, Josh Pais, Fisher Stevens, Michael Kenneth Williams, Peter Gray Lewis, Robert Wisdom, Radu Spinghel.

Nova York, anos cinquenta. Frank Minna (Bruce Willis) é o dono de uma agência de detetives que termina assassinado por capangas de um chefão do crime. Um de seus funcionários é Lionel Essrog (Edward Norton), que não se conforma com a morte do patrão e também amigo.

Ele decide investigar e se envolve em um complexo caso envolvendo chantagens e segredos entre um grupo de criminosos e autoridades da prefeitura. A investigação é ainda mais difícil porque Lionel sofre da Sindrome de Tourette, que resulta em tiques nervosos e vocais, principalmente palavrões ditos em momentos inoportunos.

Dezenove anos após do simpático “Tenha Fé”, o ator Edward Norton retorna à direção neste longa que remete aos antigos filmes noir, porém com uma pitada de comédia explorada através da condição do protagonista. É necessário ressaltar que o personagem é extremamente inteligente e competente como detetive, mesmo com o transtorno nervoso.

O roteiro ainda toca em temas como os direitos civis que estavam surgindo nos Estados Unidos na época e a especulação imobiliária.

Além da boa atuação de Edward Norton, vale destacar o estranho personagem de Willem Dafoe e a ótima reconstituição de época.

É um filme interessante com um protagonista inusitado.

Tenha Fé (Keeping the Faith, EUA, 2000) – Nota 6,5
Direção – Edward Norton
Elenco – Ben Stiller, Edward Norton, Jenna Elfman, Eli Wallach, Anne Bancroft, Ron Rifkin, Milos Forman, Holland Taylor, Rena Sofer, Lisa Edelstein, Ken Leung, Brian George.

Jake (Ben Stiller) e Brian (Edward Norton) são amigos de infância que na vida adulta seguiram caminhos diferentes de acordo com a religião de cada um. Jake se tornou rabino, porém é visto com desconfiança pelas pessoas que frequentam sua sinagoga por não ser casado, enquanto o católico Brian estudou para ser padre. 

As diferenças religiosas nunca ameaçaram a amizade, até que entra em cena a amiga de infância da dupla chamada Anna (Jenna Elfman), que volta para cidade. O reencontro desperta a atração dos amigos pela mulher e o início de uma rivalidade. 

Este longa que marcou a estreia do ator Edward Norton na direção apresenta uma premissa interessante e atual ao explorar as diferenças religiosas e os dogmas que muitas vezes amarram os desejos das pessoas. 

A proposta do roteiro é mostrar estes conflitos de uma forma leve, sem se aprofundar no drama, inclusive com pitadas de comédia. Esta escolha faz com que o filme jamais decole, ficando em um meio-termo morno. 

O resultado é um longa apenas razoável. 

terça-feira, 3 de março de 2020

Invasão ao Serviço Secreto

Invasão ao Serviço Secreto (Angel Has Fallen, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Ric Roman Waugh
Elenco – Gerard Butler, Morgan Freeman, Danny Huston, Nick Nolte, Tom Blake Nelson, Lance Reddick, Piper Perabo, Michael Landes, Jada Pinkett Smith, Joseph Milson.

Mike Banning (Gerard Butler) é um agente do serviço secreto que cuida da segurança do presidente Trumbull (Morgan Freeman). Durante as férias do presidente, a comitiva é atacada por drones. 

Todos os agentes são assassinados, exceto Mike que consegue salvar Trumbull que entra em coma. Por ter sobrevivido, Mike é tratado como suspeito do ataque. Ele precisará descobrir quem são os culpados. 

Depois do competente “Invasão a Casa Branca” e o no máximo razoável “Invasão a Londres”, este terceiro longa fica no meio-termo em relação a qualidade. As sequências de ação são criativas, o ritmo é muito bom e tem ainda a divertida presença do veterano Nick Nolte como o pai paranoico do protagonista. 

A história tem até uma boa explicação em relação ao porquê do atentado, o problema é o roteiro ruim, recheado de clichês e com algumas soluções fáceis demais. 

O resultado é um filme de ação divertido, indicado para quem não se preocupar com estas falhas.

segunda-feira, 2 de março de 2020

Sete Dias com Marilyn

Sete Dias com Marilyn (My Week with Marilyn, Inglaterra / EUA, 2011) – Nota 7
Direção – Simon Curtis
Elenco – Michelle Williams, Eddie Redmayne, Kenneth Branagh, Julia Ormond, Judi Dench, Dominic Cooper, Zoe Wanamaker, Emma Watson, Toby Jones, Dougray Scott, Jim Carter, Simon Russell Beale, Peter Wight, Derek Jacobi.

Londres, 1956. Colin Clark (Eddie Redmayne) é um jovem de família aristocrática que tem como objetivo trabalhar no cinema. 

Por sua família ser amiga do famoso ator e diretor Laurence Olivier (Kenneth Branagh), Colin consegue um emprego como terceiro assistente de direção em um filme que será protagonizado por Marilyn Monroe (Michelle Williams). 

Empolgado pela chance e deslumbrado com a beleza da atriz, aos poucos Colin cria um estreita relação com a complicada Marilyn. 

O verdadeiro Colin Clark se tornou escritor e somente nos anos noventa levou a público sua história com Marilyn, resultando em um livro que deu origem a este longa. O que vemos na tela é a Marilyn através da visão do jovem Clark, por sinal muito bem interpretado por Eddie Redmayne. 

Marilyn é mostrada com uma mulher extremamente insegura que se apaixonava de forma fácil e também rapidamente perdia o interesse no parceiro. Sua dificuldade em lidar com a fama, além das pessoas ao seu redor que a tratavam como uma mina de outro a ser explorada e o excesso de uso de medicamentos levaram sua vida a um final trágico. 

Michelle Williams encarna com personalidade a protagonista. Vale destacar ainda as atuações de Judi Dench como uma veterana atriz e de Kenneth Branagh criando um Laurence Olivier atraído pela beleza da atriz e desapontado pelos problemas em filmar com ela.

domingo, 1 de março de 2020

O Caso Richard Jewell

O Caso Richard Jewell (Richard Jewell, EUA, 2019) – Nota 8
Direção – Clint Eastwood
Elenco – Paul Walter Hauser, Sam Rockwell, Kathy Bates, Jon Hamm, Olivia Wilde, Nina Arianda.

Durante os Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996, uma bomba caseira foi detonada durante um show ao ar livre. 

A princípio, o segurança Richard Jewell (Paul Walter Hauser) se tornou herói por ter encontrado a bolsa que carregava o artefato explosivo e salvo algumas pessoas. 

Três dias depois do ocorrido, a falta de pistas e a pressa em encontrar um culpado levaram o FBI a classificar Jewell como suspeito, transformando sua vida em uma inferno. 

Aos oitenta e nove anos de idade, Clint Eastwood entrega mais um ótimo drama, desta vez baseado numa história real que critica duramente o poder da imprensa e também a arrogância das autoridades. 

O que aconteceu com Richard Jewell é semelhante a vários outros casos pelo mundo em que a imprensa divulga uma notícia distorcida e as autoridades decidem devastar a vida da pessoa para acalmar a opinião pública. 

É um julgamento antecipado em que mesmo quando a pessoa é inocente, sua vida estará destruída. Clint Eastwood cria uma narrativa fluída, recheada de detalhes e com algumas sequências dolorosas. 

Tudo isto ganha pontos pelas marcantes interpretações de Kathy Bates como a mãe do protagonista, de Sam Rockwell como seu advogado e principalmente do pouco conhecido Paul Walter Hauser no papel do falante, sonhador e até ingênuo Richard Jewell. 

O resultado é mais um ótimo drama na carreira de Clint Eastwood.