terça-feira, 17 de março de 2020

Graças a Deus

Graças a Deus (Grâce a Dieu, França / Bélgica, 2018) – Nota 8
Direção – François Ozon
Elenco – Melvil Poupaud, Denis Ménochet, Swann Arlaud, Éric Caravaca, François Marthouret, Bernard Verley, Josiane Balasko.

Lion, França, 2014. Alexandre Guérin (Melvil Poupaud) trabalha em um banco, tem esposa e cinco filhos, porém vive atormentado pelos abusos que sofreu quando criança. 

Ele decide contar a história para a família e entrar em contato com o cardeal da cidade (François Marthouret) em busca de um encontro com seu agressor, o padre Bernard Preynat (Bernard Verley). 

As tentativas amigáveis de conversa com os representantes da Igreja se transformam em decepção por conta da falta de vontade dos envolvidos em pedir uma desculpa pública ou expulsar o padre do seu cargo. 

Guérin decide entrar com um processo criminal, dando início a uma investigação e o aparecimento de várias pessoas que também sofreram abuso, entre eles François Debord (Denis Ménochet), Giles Perret (Érica Caravaca) e Emmanuel Thomassin (Swann Arlaud). 

Baseado em uma história real que teve uma espécie de final jurídico em 2019, este longa tem como ponto mais triste do roteiro mostrar como um padre pedófilo mudou para sempre a vida de várias crianças que se tornaram adultos com problemas psicológicos, alguns deles sofrendo graves consequências. 

O roteiro detalha a forma como vieram à tona as acusações e principalmente as reações das vítimas. O personagem de Debord seguiu a vida, mas procura vingança quando a história explode, enquanto Thomassin levou uma vida de sofrimento, raiva e enfrentando até mesmo convulsões. 

Ao mostrar como várias pessoas dentro da Igreja sabiam dos abusos e se calaram por medo, amizade ou tentaram esconder o que seria uma publicidade negativa, fica claro como o corporativismo é terrível e existe mesmo dentro das religiões. 

A questão de utilizar o perdão citado na bíblia para tentar fazer os acusadores se calarem é de uma total falta de caráter. 

Não interessa se o espectador seja ou não religioso, este filme é um daqueles que incomodam e deixam claro que a maldade pode estar escondida em qualquer lugar.

3 comentários:

Pedrita disse...

acho que a tentativa do filme é mostrar a conivência da igreja com esses crimes. a igreja em geral só transfere o padre de local que continua trabalhando e tendo acesso a crianças. um padre que nunca é preso. e que são inúmeros casos. no dia que assisti ao filme são paulo tinha uma denúncia de um padre pedófilo. não sei como esse caso está. tanto nque a igreja tentou impedir o lançamento do filme judicialmente.

Liliane de Paula disse...

Hugo, não sabia do enredo desse filme e não tive interesse de vê por conta do título.
Achei que era uma história "amémjesus".
Mas estou vendo pela sua resenha.
O que é estranho, sendo baseado numa história real é a vítima esperar anos e anos para fazer a denuncia, considerando que por muito anos o agressor continuou fazendo vítimas.
E a história para mim, perde o sentido.
Não vou colocar na minha lista.
Bjs,

Hugo disse...

Pedrita - Era uma espécie de procedimento comum a Igreja esconder o padre mudando o sujeito de paróquia. Realmente a Igreja tentou proibir o lançamento deste filme na França.

Liliane - É uma história real bem forte. Acredito que seja muito difícil para a vítima se expor.

Bjs