sexta-feira, 6 de abril de 2018

Vício Maldito & Farrapo Humano


Vício Maldito (Days of Wine and Roses, EUA, 1962) – Nota 8
Direção – Blake Edwards
Elenco – Jack Lemmon, Lee Remick, Charles Bickford, Jack Klugman, Alan Hewitt.

Joe Clay (Jack Lemmon) é o novo relações públicas de uma grande empresa em Nova York. Seu primeiro trabalho é “recrutar” garotas para participarem de uma festa no iate de um milionário. Joe termina por confundir a secretária de seu chefe com uma das garotas contratadas. No dia seguinte, Joe procura Kirsten (Lee Remick) para se desculpar, dando início a um relacionamento que se transformará em casamento. A vida profissional agitada leva Joe a beber cada vez mais, muitas vezes junto com a própria esposa. 

Este ótimo longa sobre a tragédia do alcoolismo tem como destaque e também curiosidade as presenças de Jack Lemmon e Blake Edwards, astro e diretor que são lembrados pelos trabalhos em comédia. No ano anterior, Blake Edwards havia feito o hoje clássico “Bonequinha de Luxo”, um misto de drama e comédia palatável para o público em geral. Aqui o foco é bem mais pesado. 

A escalada do vício da bebida nas vidas dos personagens de Jack Lemmon e Lee Remick é cruel e realista, muito parecida com as consequência do uso de drogas mais pesadas nos dias atuais. O filme ganha pontos pelas ótimas atuações da dupla de protagonistas, principalmente Jack Lemmon. 

Ele consegue demonstrar com competência os estágios de um bêbado. A alegria do início, a melancolia da segunda fase, a raiva e por fim as terríveis crises de abstinência. Sua habilidade demonstrada nas comédias físicas aqui são extremamente importantes para recriar as atitudes malucas de um alcoólatra. É sem dúvida um dos grandes clássicos sobre o tema.

Farrapo Humano (The Lost Weekend, EUA, 1945) – Nota 8
Direção – Billy Wilder
Elenco – Ray Milland, Jane Wyman, Phillip Terry, Howard Da Silva, Doris Dowling.

Prestes a viajar para um final de semana na casa da família, o alcoólatra Don Birman (Ray Milland) faz de tudo para escapar do passeio. Seu irmão Wick (Phillip Terry) termina viajando sozinho, enquanto sua namorada Helen (Jane Wyman) passa os dias procurando o parceiro em bares da cidade. 

Esta obra produzida há mais de setenta anos é um dos longas mais realistas sobre as atitudes de um alcoólatra. O grande diretor Billy Wilder divide o filme em duas narrativas. A principal segue o protagonista pela cidade durante o final de semana em sua luta para saciar o vício. Mentiras, desculpas e pequenos roubos são as armas utilizadas pelo protagonista, que muitas vezes termina sendo humilhado. 

A outra narrativa mostra em flashbacks a relação de Don e Helen. A forma como eles se conheceram, as tentativas de esconder o vício e as crises causadas pela bebida. 

O filme não ganha mais pontos pelo final que tenta ser positivo, provavelmente uma imposição do estúdio para amenizar a polêmica. 

Vale destacar a ótima atuação de Ray Milland, no melhor papel de sua carreira.

6 comentários:

José Gomes disse...

Desses dois, eu só assisti "Farrapo Humano".
Abraço

Luli Ap. disse...

Olá Hugo
Não assisti nenhum dos dois, que triste o título Farrapo Humano :/
Acho importante a divulgação de filmes sobre o alcoolismo, apesar de também ser um vício e de acabar com a dignidade, saúde e vida do alcoólatra (e abalar emocionalmente a família), por não ser considerado droga é não só legalizado como algumas vezes até incentivado e as vezes dentro de casa e com adolescentes :(
Vou anotar os dois aqui, quero assistir
Excelente fds pra ti e todos aí
Bjs Luli
https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

Hugo disse...

José - O nível de qualidade dos dois filmes é semelhante.

Luli - Um vício devastador para a pessoa e na maioria das vezes para família também. Os dois filmes retratam com realista esta situação.

Abraço

Marília Tasso disse...

Assisti Farrapo Humano. Filmaço. Realista e cruel.

Liliane de Paula disse...

Hugo, comentei desses 2 filmes na outra postagem.
Não lembro se assisti algum dos 2.
Como médica sempre fui intolerante com alcoólatras.
Porque mesmo na consulta, mentem muito.
E eu tinha medo de errar no diagnóstico pelas mentiras.
Acho que a sociedade é conivente com vícios.

Hugo disse...

Marília - O filme com Jack Lemmon tb é bastante realista.

Liliane - Todo pessoa que se deixa tomar pelo vício utiliza mentiras para conseguir saciar seu desejo. Tb conheço algumas pessoas que agem desta forma e que fazem a família sofrer bastante.

Bjos