quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Recursos Humanos

Recursos Humanos (Ressources Humaines, França / Inglaterra, 1999) – Nota 8
Direção – Laurent Cantet
Elenco – Jalil Lespert, Jean Claude Vallod, Chantal Barré, Véronique de Pandelaere, Lucien Longueville, Danielle Mélador.

Para terminar o curso universitário, Franck (Jalil Lespert) volta de Paris para sua cidade natal no interior de França para fazer um estágio na indústria onde seu pai (Jean Claude Vallod) trabalha como operário há mais de trinta anos. 

Bem recebido pelo executivo responsável pela indústria (Lucien Longueville), a princípio Franck demonstra motivação ao conhecer o funcionamento da fábrica e a abertura dada pelo sujeito para que ele apresente ideias. 

Os problemas começam quando Franck é jogado no meio de uma negociação entre empresa e sindicalistas sobre a diminuição do tempo de trabalho. Não demora para ele bater de frente com a hipocrisia das atitudes dos executivos, o descontentamento dos operários e a ação de uma sindicalista radical (Danielle Mélador), tudo isto influenciando ainda seu relacionamento com antigos amigos e com a própria família. 

O diretor Laurent Cantet expôs os problemas do sistema educacional francês no ótimo “Entre os Muros da Escola” de 2008, porém nove anos antes ele já havia desnudado as relações trabalhistas entre patrões, sindicatos e empregados de modo brilhante neste longa. 

Cantet se aproveitou da discussão real sobre a diminuição de quarenta para trinta e cinco e horas de trabalho semanais na França para escrever este roteiro colocando como protagonista um jovem extremamente inteligente, porém um pouco ingênuo e totalmente inexperiente. 

O roteiro toca ainda na rivalidade entre os jovens que vivem no interior e os que moram em cidades grandes, as diferenças de pensamento entre os próprios operários e até no conflito de gerações representado pela crise que se instala entre Franck e seu pai. 

O filme foca também na questão da mudança de atitudes das novas gerações em relação ao trabalho. Até meados dos anos noventa, as empresas e os empregados pregavam a estabilidade. Hoje a mudança de empregos é algo comum, sendo quase impossível alguém se manter trinta anos na mesma empresa. 

Apesar de ter sido produzido há dezesseis anos, o filme continua extremamente atual.

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