terça-feira, 21 de abril de 2015

Salvador - O Martírio de um Povo & Romero


Salvador – O Martírio de um Povo (Salvador, EUA / Inglaterra, 1986) – Nota 7,5
Direção – Oliver Stone
Elenco – James Woods, James Belushi, John Savage, Elpidia Carrillo, Michael Murphy, Tony Plana, Cynthia Gibb.

Estamos em 1980, o decadente jornalista Richard Boyle (James Woods) é enviado para El Salvador com o objetivo de registrar a guerra civil que teve como estopim o assassinato do Padre Oscar Romero. Ao lado do amigo Doctor “Doc” Rock (James Belushi), Boyle a princípio acredita que será um trabalho qualquer, em um lugar onde poderá continuar sua rotina de usar drogas e pegar mulheres, porém não imagina que a experiência mudará sua vida. Ele ficará no meio do conflito entre a violenta ditadura apoiada pelo governo americano e os rebeldes camponeses que decidiram pegar em armas para enfrentar a situação. 

Lançado quase que simultaneamente com “Platoon”, este “Salvador” é um drama político tão forte e violento como o longa vencedor do Oscar. Os dois trabalhos transformaram o então roteirista Oliver Stone em diretor do primeiro escalão, tendo seu cinema comparado na época com as obras políticas do grego Costa Gavras e do polonês Andrzej Wajda (“Danton”, “Katyn”). 

O filme é baseado em uma história real e tem como um dos grandes destaques a interpretação de James Woods. De um sujeito egoísta e indiferente com o mundo, o jornalista amadurece ao ser testemunha de muito sofrimento, injustiças e mortes, em sequências retratadas por Oliver Stone de uma forma realista, quase cru, porém sem os exageros que o diretor mostraria em alguns trabalhos posteriores. 

Como informação, El Salvador sofreu com a guerra civil por doze anos, de 1980 até 1992.

Romero (Romero, EUA, 1989) – Nota 7
Direção – John Duigan
Elenco – Raul Julia, Richard Jordan, Eddie Velez, Ana Alicia, Alejandro Brachom Tony Plana, Harold Gould.

Como praticamente toda América Latina nos anos setenta, El Salvador sofreu com uma ditadura violenta que perseguia os oposicionistas e enfrentava milícias de camponeses. Neste contexto, oficialmente a Igreja Católica tentava se manter neutra, porém seus integrantes se mostravam divididos. Alguns defendiam a aliança com o governo, que era apoiado pelos americanos, enquanto outros auxiliavam os camponeses. 

A princípio, o padre Oscar Romero (Raul Julia) defendia que a Igreja deveria ficar neutra, posição mantida até testemunhar atos de violência do exército contra o povo, perseguições e mortes, inclusive de um padre amigo (Richard Jordan). O fato faz com que Romero passe a defender o povo pobre e atacar o governo através de discursos nas missas e pela rádio, se tornando assim alvo da ditadura. 

O roteiro segue a vida do padre Romero de 1977 até 1980, quando ele foi assassinado e se transformou em mártir para o povo e as milícias, que declararam guerra ao governo, dando início ao conflito que durou doze anos. 

É um história forte, um drama pesado que denuncia os abusos ocorridos em El Salvador, mas não chega a ser um grande filme. O ponto principal é a atuação do falecido Raul Julia, talentoso ator que durante a carreira interpretou outros personagens fortes e engajados em lutas como Chico Mendes em “Amazônia em Chamas” e o preso político de “O Beijo da Mulher Aranha”. 

2 comentários:

Gustavo H.R. disse...

O arco transformativo do personagem de Woods é o que dá força a esse filme do Stone, mas acho que em termos de tom o trabalho do diretor é errático. Gostaria de ter gostado mais, mas enfim...

Cumps.

Hugo disse...

Gustavo - O filme tem o estilo do início dos anos oitenta, talvez por isso você não tenho do trabalho de Stone.

Abraço