sexta-feira, 10 de abril de 2015

Era Uma Vez em Tóquio

Era Uma Vez em Tóquio (Tokyo Monogatari, Japão, 1953) – Nota 9
Direção – Yasujiro Ozu
Elenco – Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara, Haruko Sugimura, So Yamamura, Kuniko Miyake, Kyoko Kagawa.

Shukichi (Chishu Ryu) e Tomi (Chieko Higashiyama) são um casal de idosos que vive numa pequena cidade do litoral do Japão e que decide viajar de trem até Tóquio para visitar os filhos. Acostumados com a vida simples da pequena cidade, o objetivo do casal é simplesmente rever os filhos, que por seu lado, mesmo sem admitir para os pais, encaram a visita como um problema. 

O filho mais velho é um médico que atende a população do bairro onde mora, enquanto a outra filha é dona de um salão de beleza. Os dois estão mais preocupados com suas vidas, não tendo tempo para acompanhar o casal de idosos, que acaba sendo mais bem tratado pela nora (Setsuko Hara), que é viúva de outro filho do casal que faleceu na guerra. 

Este sensível drama sobre família e envelhecimento é considerado por muitos críticos uma obra-prima. A câmera do diretor Yasujiro Ozu foca nas pequenas situações do cotidiano, que aparentemente são simples, mas que no fundo são exemplos de egoísmo e de como muitas pessoas olham para os idosos como um estorvo. 

O roteiro também foca nas mudanças de costumes pelo quais o Japão passava após a Segunda Guerra. O respeito pelos idosos e pela família ainda existia, porém a preocupação em pensar primeiro em si próprio e as diferenças entre o ritmo de vida de uma cidade do interior em relação a uma metrópole como Tóquio, já eram fatos que alteravam a relação entre as pessoas. 

O exemplo de que em pouco tempo as mudanças seriam radicais, também está na atitude dos netos. Dois garotos que não demostram o menor interesse em dar atenção ao avós, além de um deles reclamar muito após o pai deixar de levá-lo para passear porque foi obrigado a atender um paciente. 

A sutileza oriental das interpretações do casal principal e da nora, rendem diálogos primorosos. A sequência em que sogra e nora conversam sobre a vida no pequeno apartamento da segunda e a conversa do avó com dois amigos em um bar durante uma bebedeira, são ao mesmo tempo simples e geniais. Nestas duas sequências os personagens comentam sobre família, filhos, casamento, solidão e velhice. 

Muitas vezes li críticos elogiando as obras de Ozu e este é o primeiro filme do diretor que assisto. Com certeza procurarei outros para conferir. 

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