segunda-feira, 30 de junho de 2014

Meu Melhor Inimigo

Meu Melhor Inimigo (Mein Liebster Feind, Alemanha / Inglaterra / Finlândia / EUA, 1999) – Nota 8,5
Direção – Werner Herzog
Documentário

O diretor Werner Herzog e o falecido ator Klaus Kinski trabalharam juntos em cinco filmes e criaram uma intensa relação de amizade e ódio. Esta complicada convivência é contada em detalhes por Herzog neste documentário que desnuda as loucuras explosivas de Kinski e os próprios demônios de Herzog. 

Logo na primeira cena vemos Kinski em um teatro no início dos anos setenta interpretando um Jesus Cristo maluco, discutindo com o público e com seus próprios companheiros de peça. Em seguida, Herzog visita em Munique um casarão totalmente reformando onde vive um casal de idosos, local que nos anos cinquenta era uma pensão em que ele morou com as mãe e os irmãos quando tinha treze anos. Por uma coincidência do destino, no mesmo local morou o então ator desconhecido Klaus Kinski, que como Herzog conta, assustava os outros moradores com suas loucuras. 

Anos depois, após ter feito alguns filmes, Herzog se lembrou de Kinski e enviou o roteiro de “Aguirre, a Cólera dos Deuses”. Para sua surpresa, Kinski quis o papel e aceitou viajar com Herzog e a equipe de filmagem para a Amazônia Peruana, dando início a maluca parceria que renderia ainda “Nosferatu – O Vampiro da Noite”, “Woyzeck”, “Fitzcarraldo” e “Cobra Verde”. 

Para dar maior veracidade do doc, Herzog voltou a floresta no Peru, às margens do Rio Urubamba e contou detalhes das filmagens de “Aguirre” e “Fitzcarraldo”, principalmente os ataques de fúria de Kinski, alguns deles registrados pelas câmeras. É inacreditável a discussão de Kinski com o produtor de “Fitzcarraldo" por causa da qualidade da comida ou a sequência em que ele atacou os figurantes de “Aguirre” com uma espada e quase matou um sujeito. 

Na discussão sobre a comida, o detalhe curioso é a falta de reação dos vários índios que eram figurantes no longa e que olhavam com um misto de incredulidade e desprezo para os gritos histéricos de Kinski. Em um certo momento do doc, Herzog conta que no final da participação dos índios, o chefe da tribo disse que se se Herzog quisesse, ele mandaria matar Kinski. 

As ameaças entre diretor e ator se tornaram folclóricas, como quando Kinski quis abandonar as filmagens de “Fitzcarraldo” e Herzog disse que o mataria se ele tentasse ir embora. Apesar de Herzog mostrar Kinski como um maluco egocêntrico, ele também faz sua mea culpa ao citar que se aproveitava das explosões do ator para tirar dele sua melhor interpretação, além de não negar que também é um sujeito teimoso, por isso o conflito era inevitável. 

Herzog não toca na vida pessoal de Kinski, que depois de falecer foi acusado de ter sido um pai abusivo por sua filhas Pola e Nastassja, sendo a segunda também uma famosa atriz. 

No final Herzog deixa claro que Kinski era seu amigo, algumas cenas gravadas em locais longe das filmagens mostram que havia algo de especial entre eles, inclusive a última cena do doc apresenta o ator em um momento descontraído e aparentemente feliz, como sendo uma última homenagem ao amigo.   

domingo, 29 de junho de 2014

Velozes & Furiosos 6

Velozes & Furiosos 6 (Furious 6, EUA, 2013) – Nota 6
Direção – Justin Lin
Elenco – Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Jordana Brewster, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson, Sung Kang, Gal Gadot, Chris “Ludacris” Bridges, Luke Evans, Elsa Pataky, Gina Carano, Clara Paget.

A série de filmes “Velozes & Furiosos” pode ser considerada uma montanha-russa na questão de qualidade. O filme original era divertido, criou uma legião de fãs e alavancou a moda dos carros tunados. A inevitável sequência perdeu muito em qualidade por causa da fraca história e pela saída de Vin Diesel, que preferiu trabalhar na sequência de “Eclipse Mortal”.

Quando foi lançada a terceira parte rodada em Tóquio com história e personagens completamente diferentes, a série parecia ter chegado ao fim, porém para surpresa geral, Vin Diesel decidiu voltar ao papel, chamou o amigo Paul Walker e as atrizes Michelle Rodriguez e Jordana Brewster para uma recomeço, que resultou em um novo sucesso, mesmo com o longa sendo apenas razoável.

Com o caminho aberto, a série rendeu um quinto longa com locação no Rio de Janeiro reunindo personagens dos filmes anteriores numa bem bolada trama de golpe, com ótimas cenas de ação e um vilão competente interpretado pelo português Joaquim de Almeida. Na minha opinião o melhor da filme da série.

Então chegamos a esta parte seis, que tenta continuar a trama do longa anterior, mas que peca pelo roteiro ruim, a história forçada e as cenas de ação absurdas. Tudo começa com um o agente Hobbs (Dwayne Johnson) investigando um roubo cometido por uma gangue que utiliza carros envenenados. Hobbs que foi enganado pela equipe de Dominic “Dom” Toretto (Vin Diesel) e Brian O’Conner (Paul Walker), a princípio acredita que eles seriam os responsáveis por este novo crime, mas não demora para descobrir que outro grupo realizou o assalto e que estes pretendem ainda roubar um valioso aparato tecnológico.&

Para tentar capturar este grupo de mercenários, Hobbs procura Toretto e O’Conner, que hoje vivem tranquilamente nas Ilhas Canárias na Espanha, para ajudá-lo na missão. A dupla reúne novamente seu parceiros e aceita o trabalho, desde que sejam perdoados por seus crimes.

A partir deste ponto o filme se transforma num apanhado de perseguições absurdas, sem contar a maluca criatividade dos roteiristas que conseguiram “ressuscitar” a personagem de Michelle Rodriguez que havia sido assassinada no quarto filme.

Mesmo com a irregularidade da série que citei no início do texto, uma nova sequência está sendo filmada, que a princípio poderia fazer sucesso por apresentar como vilão o astro Jason Stathan, mas por outro lado, a morte trágica de Paul Walker atrasou a produção e poderá comprometer muito o resultado, pois os roteiristas terão de criar uma explicação plausível para saída de seu personagem, o que com certeza será bem complicado.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Operação Thunderbolt

Operação Thunderbolt (Mivtsa Yonatan, Israel, 1977) – Nota 7,5
Direção – Menahem Golan
Elenco – Klaus Kinski, Sybil Danning, Yehoram Gaon, Assaf Dayan.

Em 1976, um avião da Air France que saiu de Israel e fez escala em Atenas, decola com destino a Paris com duzentos passageiros, sendo que a metade eram de judeus, é sequestrado por quatro terroristas (três homens e uma mulher) que desviam a rota até Benghazi na Líbia, onde duas mulheres que estão passando mal são libertadas, o avião é reabastecido e volta ao ar desta vez para pousar no aeroporto de Entebbe em Uganda. 

Os terroristas pertenciam a Frente de Libertação da Palestina e escolheram Uganda como destino por terem a simpatia do sanguinário ditador Idi Amin Dada, que também era inimigo de Israel. Eles soltaram em torno de 100 passageiros e mantiveram como reféns outros 100 que eram judeus, exigindo a libertação de 43 membros do seu grupo que estavam presos em Israel, caso o pedido não fosse aceito, os terroristas matariam os reféns judeus. Percebendo que era impossível negociar, o governo de Israel aciona um comando de elite do exército que arma um arriscado plano de resgate. 

Baseado numa história real, esta produção israelense colocou no mapa mundial do cinema a dupla de produtores Menahem Golan e Yoram Globus. O razoável sucesso do longa abriu o caminho para a dupla de primos que no início dos anos oitenta se mudou para Hollywood e fundou a produtora Cannon. Para quem quiser saber com detalhes a trajetória da Cannon, clique aqui e visite minha postagem sobre a produtora. 

Voltando ao filme, como a história ainda estava quente e foi considerada uma vitória de Israel sobre os palestinos, como se fosse um troco pelo massacre da Olimpíada de Munique quando atletas israelenses foram assassinados, por si só a produção tinha tudo para fazer sucesso no país. 

Com a expectativa em alta, a dupla de produtores investiu dois milhões e meio de dólares, caprichou na produção, inclusive no roteiro e na direção de atores, detalhes que muitas vezes eles deixaram de lado em trabalhos posteriores, além de contratar o temperamental e então famoso ator alemão Klaus Kinski para o papel do líder dos terroristas, além da bela austríaca Sybil Danning, que nos anos oitenta se tornaria estrela de filmes B. 

A narrativa segue o estilo dos filmes catástrofe que estavam na moda na época, mostrando na primeira parte a chegada dos passageiros no aeroporto e suas pequenas histórias, para depois jogá-los no meio do inferno do sequestro. O clima pesado entre sequestradores e reféns no aeroporto é de tensão na medida certa, assim como os preparativos do comando israelense para o resgate, até a inevitável sequência final de ação, que também se mostra competente. 

Como informação, esta mesma história foi filmada outras três vezes. Em 1976,  logo após o ocorrido, foram produzidos dois filmes para a tv com elencos recheados de astros. O também diretor israelense Irvin Kershner, de “O Império Contra-Ataca”, comandou um telefilme chamado “Resgate Fantástico” que tinha Charles Bronson, Peter Finch,  Martin Balsam e outros astros. Marvin G. Chomsky dirigiu “Vitória em Entebbe” com Kirk Douglas, Richard Dreyfuss e Elizabeth Taylor. 

O último longa sobre o tema foi “Comando Delta”, que o próprio Menahem Golan dirigiu colocando como protagonistas Chuck Norris e Lee Marvin. Esta produção é ótima como filme de ação, porém muda um pouco a história, o que faz com que “Operação Thunderbolt” seja ainda a melhor versão e a mais próxima da realidade em relação ao ocorrido.  

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Caçadores de Obras-Primas

Caçadores de Obras-Primas (The Monuments Men, EUA / Alemanha, 2014) – Nota 6,5
Direção – George Clooney
Elenco – George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett, John Goodman, Jean Dujardin, Hugh Bonneville, Bob Balaban, Dimitri Leonidas, Justus von Dohnanyi.

Apesar de ser fã de filmes sobre a Segunda Guerra, reconheço que o tema já foi explorado a exaustão, por isso quando li a sinopse deste novo trabalho de George Clooney atrás das câmeras fiquei curioso por ser uma história que parecia fugir do lugar comum, ao colocar como heróis um grupo de civis que se “vestem” de soldados com o intuito de recuperar obras de artes roubadas pelos nazistas, mas infelizmente o resultado é decepcionante. 

No início vemos Frank Stokes (George Clooney) tentando convencer o presidente americano a enviar um grupo para recuperar as obras de arte no meio da guerra, para em seguida mostrar as figuras escolhidas por Stokes para ajudá-lo. A apresentação destes personagens em cenas específicas segue o mesmo estilo do sucesso “Onze Homens e um Segredo”, deixando a impressão de que um grande plano seria montado para executar a missão, porém a semelhança acaba aqui. 

Na sequência da trama, o grupo com homens de meia-idade especialistas em artes segue para Europa, se divide em duplas e começa a investigação para descobrir onde estariam as obras roubadas. 

O início divertido é apenas fogo de palha, o restante da trama se perde numa narrativa fria e lenta, com um roteiro que falha na passagem do tempo com a trama correndo durante dois anos com sobressaltos sem explicação, além da coincidência que parece absurda e que liga um dentista, um oficial nazista e a secretária francesa interpretada por Cate Blanchett. 

É uma pena que uma premissa interessante e um elenco de primeira tenha sido desperdiçado num filme fraco. 

Como curiosidade, o final que mostra os personagens e os nomes dos atores é uma espécie de homenagem aos clássicos de guerra dos anos sessenta como “Os Doze Condenados” e “Fugindo do Inferno”.     

quarta-feira, 25 de junho de 2014

The Square

The Square (Al Midan, Egito / Estados Unidos / Inglaterra, 2013) – Nota 8
Direção – Jehane Noujaim
Documentário com Khalid Abdalla, Ahmed Hassan, Magdy Ashour.

No início de 2011, o povo egípcio foi as ruas para exigir a renúncia do ditador Hosni Mubarak, que desde 1981 comandava o país através da repressão ao povo e do abuso aos direitos humanos. Com uma câmera na mão, a diretora Jehane Noujaim filmou todas as etapas da revolta durante dois anos, resultando neste documento que pode ser considerado histórico. 

O doc segue principalmente três personagens que estavam entre as lideranças do movimento. O jovem Ahmed Hassan, o muçulmano Magdy Ashou e o ator Khalid Abdalla, famoso por trabalhos em “O Caçador de Pipas”, “Zona Verde” e “Voo United 93”, que deixou a carreira de lado neste período para abraçar a causar. 

A primeira etapa da revolta surpreendeu o presidente Mubarak, que não demorou para renunciar, mas este fato foi apenas o começo da luta. O passo seguinte foi lutar contra a Junta Militar que tomou o poder, que na verdade eram as mesmas pessoas ligadas ao ex-presidente.

Após muita pressão, foi marcada uma eleição, porém o grupo chamado “Irmandade Muçulmana” se aproveitou do espaço vago no poder, se apropriou da revolta e conseguiu eleger um novo presidente, Mohamed Morsi, sujeito muito mais preocupado em dominar o povo através da religião, do que praticar as reformas que o país necessitava. A luta pela queda de Morsi foi o terceiro ato da revolta e com certeza a mais violenta, como mostram as diversas cenas filmadas no meio das batalhas entre populares e exército. 

As mudanças no país apenas começaram, este processo deverá durar anos e provavelmente outros protestos ocorrerão. 

Este documentário fica como o registro dos primeiros passos da mudança. 

Como informação, os grandes protestos e as batalhas ocorreram na Praça Tharir na centro do Cairo.   

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Fera do Rock

A Fera do Rock (Great Balls of Fire!, EUA, 1989) – Nota 6,5
Direção – Jim McBride
Elenco – Dennis Quaid, Winona Ryder, Alec Baldwin, John Doe, Lisa Blount, Stephen Tobolowsky, Trey Wilson, Steve Allen.

No início dos anos cinquenta, Jerry Lee Lewis (Dennis Quaid) surge como um dos primeiros astros de rock ao lado de Elvis Presley, Roy Orbison e Carl Perkins. Ao mesmo tempo em que sua carreira decola através de apresentações explosivas com seu piano, Jerry leva uma vida pessoal cheia de problemas com bebidas, drogas e um complicado casamento com sua prima Myra (Winona Ryder), que tinha apenas treze anos. Em 1958,  um repórter descobre sobre o casamento de Jerry com a prima adolescente, publica uma reportagem e quase acaba com a carreira do cantor. 

O longa de Jim McBride é uma biografia que cobre apenas um pequeno pedaço da vida de Jerry Lee Lewis, basicamente o período da chegada ao topo das paradas até o escândalo do casamento, sendo este um dos motivos das críticas negativas da época. A história de vida do cantor é repleta de outros escândalos e com um roteiro mais completo com certeza renderia um filme melhor. 

Outro ponto controverso foi a interpretação de Dennis Quaid, que demonstra uma enorme energia nas cenas dos shows, o melhor do filme por sinal, mas se mostra exagerado nas outras sequências. 

Uma pequeno destaque vai também para o curioso relacionamento entre o cantor e seu primo, o pastor Jimmy Swaggart, personagem interpretado por Alec Baldwin. Swaggart foi um dos primeiros pastores a utilizar a televisão como veículo para propagar a mensagem de uma igreja, até que no final dos anos oitenta foi pego com um prostituta e assim como Jerry Lee Lewis, teve sua carreira praticamente arruinada.

Como informação, a fotografia do filme é do brasileiro Afonso Beato, que foi levado pelo diretor McBride para Hollywood em seu filme anterior, o policial “Acerto de Contas” e que a partir daí fez carreira internacional, inclusive trabalhando com Almodovar.

domingo, 22 de junho de 2014

Repulsa ao Sexo

Repulsa ao Sexo (Repulsion, Inglaterra, 1965) – Nota 8
Direção – Roman Polanski
Elenco – Catherine Deneuve, Ian Hendry, John Fraser, Patrick Wymark, Yvonne Furneaux.

A jovem Carol (Catherine Deneuve) trabalha como manicure em salão de luxo e mora com a irmã Helene (Yvonne Furneaux) em um pequeno apartamento. A princípio o espectador percebe que Carol é extremamente tímida, fala pouco e com voz baixa, não consegue olhar as pessoas nos olhos, principalmente os homens e sente-se mal em saber que a irmã tem um namorado. Quando a irmã viaja e deixa Carol sozinha no apartamento, a frágil mente da garota entra em parafuso. 

Depois de ficar conhecido mundialmente pelo longa “A Faca na Água”, Polanski comandou este assustador drama psicológico que foi seu primeiro trabalho com elenco internacional. O roteiro do próprio Polanski não explica o porquê da degradação mental da jovem, a trama deixa apenas pistas, criando algumas cenas como a do coelho morto ou a das mãos que saem das paredes para dar ênfase a loucura da personagem. 

Alguns críticos tem a teoria de que a trama seria uma alfinetada nas consequências da liberação sexual das mulheres, situação que estava mudando os costumes na época. Outros acreditam que seria uma crítica ao machismo, mas o fato é que o longa é uma verdadeira viagem para dentro de uma mente perturbada. 

O filme também é considerado o primeiro da chamada “Trilogia do Apartamento”, sendo seguido pelo clássico “O Bebê de Rosemary” (meu preferido entre os três) e o sufocante “O Inquilino”, outro longa sobre loucura com o próprio Polanski interpretando o papel principal. 

Finalizando, não posso deixar de destacar a beleza de Catherine Deneuve, mostrando aqui um misto de ingenuidade e loucura.    

sábado, 21 de junho de 2014

A Dama Oculta

A Dama Oculta (The Lady Vanishes, Inglaterra, 1938) – Nota 7,5
Direção – Alfred Hitchcock
Elenco – Margaret Lockwood, Michael Redgrave, Paul Lukas, Dame May Whitty, Nauton Wayne, Basil Radford.

Algumas pessoas, na sua maioria ingleses, que estão hospedadas num hotel no interior da Hungria, precisam aguardar a neve derreter para que o trem possa chegar ao local e assim voltarem para seu país. No grupo temos dois amigos ingleses que desejam chegar a Manchester para assistir uma partida de críquete, um casal de amantes, a jovem Iris (Margaret Lockwood) que vai se casar e o músico Gilbert (Michael Redgrave). 

Assim que partem no trem, por acidente um objeto cai na cabeça de Iris que acaba sendo ajudada pela idosa Miss Froy (Dame May White). As duas ficam amigas, porém pouco tempo depois a velha senhora desaparece. Iris fica desesperada procurando a amiga, mas vários passageiros e funcionários do trem alegam não terem visto a mulher. Apenas Gilbert acredita na jovem, ao mesmo tempo em que um médico que viaja no trem, Dr. Hartz (Paul Lukas), tem certeza que Iris está tendo alucinações por causa da pancada na cabeça. 

Este suspense com toques de comédia é um trabalho de Hitchcock ainda em sua fase inglesa, fato que fica claro na produção simples, quase toda passada em dois cenários apenas, com a primeira parte no hotel e a segunda dentro do trem. 

Marcas do diretor como os diálogos cheios de ironia e alguns com duplo sentido já aparecem aqui, assim como um segredo que segura boa parte da trama. 

Vale destacar a beleza de Margaret Lockwood e o divertido papel de Michael Redgrave, patriarca da família de atores e atrizes. Michael era pai de Corin, Lynn e Vanessa Redgrave, sendo que apenas a última está viva e avô de Jemma Redgrave, Joely Richardson e da também falecida Natasha Redgrave. 

Como curiosidade, mesmo sendo completamente diferente no estilo, o suspense “Plano de Vôo” protagonizado por Jodie Foster em 2005 tem uma premissa semelhante, ao criar a história em torno do desaparecimento de uma criança dentro de um avião em pleno ar.   

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Ação Entre Amigos

Ação Entre Amigos (Brasil, 1998) – Nota 7,5
Direção – Beto Brant
Elenco – Leonardo Villar, Zé Carlos Machado, Cacá Amaral, Genésio de Barros, Carlos Meceni.

Quatro amigos na faixa dos quarenta anos partem para uma viagem de final de semana para o interior de São Paulo no que seria uma simples pescaria. A princípio contando piadas e brincando, três deles não imaginam que na realidade Miguel (Zé Carlos Machado), que armou a viagem, tem o objetivo de encontrar um sujeito (Leonardo Villar), a quem ele viu em uma foto atual e que durante a ditadura teria sido um policial que os torturou e também foi responsável pela morte de sua namorada. Quando o fato vem à tona, o grupo passa a discutir o que fazer, se vale a pena remexer o passado em busca de vingança e assim arriscar suas vidas atuais ou esquecer o que aconteceu.

Este interessante drama sobre traumas do passado e vingança foi o segundo filme de Beto Brant, que havia estreado como diretor um ano antes com o ainda melhor “Os Matadores” e que faria em 2002 o competente “O Invasor”.

Aqui Brant entrega um filme curto (em torno de uma hora e quinze minutos) com uma trama concisa que vai direto ao ponto principal, discutir se a vingança pode curar as feridas do passado, principalmente quando segredos que podem mudar a percepção dos fatos são revelados.

O talento de Brant para o drama policial tinha tudo para render outros bons filmes, porém ele preferiu dar uma guinada na carreira para tramas quase experimentais como o fraco “Crime Delicado” e na minha opinião errou feio.

Além do roteiro, aqui vale destacar o elenco que conta com atores pouco conhecidos do público, mas com grande experiência em teatro, além do veterano Leonardo Villar no papel do torturador, ele que está na história do cinema brasileiro por ter sido o protagonista do clássico “O Pagador de Promessas”.   

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Cova Rasa

Cova Rasa (Shallow Grave, Inglaterra, 1994) – Nota 7,5
Direção – Danny Boyle
Elenco – Kerry Fox, Christopher Eccleston, Ewan McGregor, Keith Allen, Ken Stott.

Três amigos dividem um apartamento em Edimburgo, capital da Escócia. David (Christopher Eccleston) é um sujeito certinho que namora com Juliet (Kerry Fox), uma garota aparentemente com os pés na realidade, enquanto Alex (Ewan McGregor) é o irresponsável do trio. Mesmo com personalidades diferentes, a amizade parece ser verdadeira, fato demonstrado nas brincadeiras que eles fazem ao entrevistar outros jovens procurando um novo companheiro para morar no apartamento e assim ajudar a pagar o aluguel. 

Os amigos acabam escolhendo o estranho Hugo (Keith Allen), que logo no primeiro dia morre de overdose. Antes de chamarem a polícia, eles encontram uma mala cheia de dinheiro entre os pertences do sujeito. David deseja entregar o dinheiro, mas é dissuadido por Juliet e Alex que acreditam ser uma oportunidade para mudar de vida. O que eles não imaginavam é que ao cruzar esta linha moral transformariam a amizade em desconfiança, brigas e traições. 

Esta comédia de humor negro foi o primeiro filme de Danny Boyle para o cinema, assim como também foram os primeiros trabalhos importantes de Eccleston e McGregor. 

O roteiro de John Hodge explora com inteligência as situações de humor negro, sem apelar para os exageros comuns do gênero, assim como faz uma crítica a ambição, mostrando do que o ser humano é capaz por causa de dinheiro. 

As marcas do cinema de Boyle já apareciam aqui, como o ritmo rápido da narrativa, a trilha sonora marcante e a criatividade em filmar cenas em ângulos diferentes, como na sequência em que os amigos decidem o que fazer com a mala cheia de dinheiro. 

Foi uma interessante estreia para um diretor que comprovaria seu talento em ótimos trabalhos como “Trainspotting – Sem Limites”, “Extermínio” e “Quem Quer Ser um Milionário?”.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Celebridades

Celebridades (Celebrity, EUA, 1998) – Nota 7
Direção – Woody Allen
Elenco – Kenneth Branagh, Judy Davis, Winona Ryder, Joe Mantegna, Melanie Griffith, Leonardo DiCaprio, Famke Janssen, Charlize Theron, Dylan Baker, J. K. Simmons, Michael Lerner, Kate Burton, Debra Messing, Andre Gregory, Larry Pine, Bebe Neuwirth, Gretchen Mol, Hank Azaria, Sam Rockwell, Ned Eisenberg, Ainda Turturro, Jeffrey Wright, Allison Janney.

O jornalista Lee Simon (Kenneth Branagh) trabalha escrevendo matérias sobre celebridades, ao mesmo tempo em que acabou de se separar da esposa Robin (Judy Davis) e se aproveita de seu novo estilo de vida para sair com diversas mulheres. Enquanto isso, Robin sofre por causa da separação, até conhecer o produtor de tv Tony (Joe Mantegna). 

O roteiro segue em paralelo a vida amorosa e profissional destes dois personagens que por motivos diferentes se envolvem no mundo das celebridades. O objetivo de Woddy Allen era fazer uma crítica sarcástica a este estilo de vida, premissa que funciona em várias situações, mesmo que o resultado seja apenas morno, provavelmente pelo excesso de personagens que surgem na tela. 

O jornalista interpretado por Kenneth Branagh seria seu alter ego, personagem comum em quase todos os seus filmes, o sujeito que deseja ser escritor e que comete todo tipo de erro para ter as mulheres que passam por seu caminho. Enquanto os demais personagens escritos por Allen são esteriótipos das celebridades. Temos a atriz adúltera (Melanie Griffith), o jovem ator entregue aos excessos (Leonardo DiCapro), a aspirante a atriz (Winona Ryder), a  modelo temperamental (Charlize Theron) e até o cirurgião plástico das famosas (Michael Lerner). 

Vale destacar ainda a piada sobre o diretor que filma em preto e branco para se mostrar cult, sendo que o longa de Allen é todo em preto e branco também. 

Longe de estar entre os melhores trabalhos de Allen, esta comédia vale a sessão pelo elenco repleto de famosos em pequenas participações.

sábado, 14 de junho de 2014

Mauá - O Imperador e o Rei

Mauá – O Imperador e o Rei (Brasil, 1999) – Nota 7,5
Direção – Sergio Rezende
Elenco – Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bastos, Michael Byrne, Antonio Pitanga, Rodrigo Penna, Roberto Bomtempo, Jorge Neves, Richard Durden, Murilo Grossi, Elias Mendonça, Cláudio Corrêa e Castro, Edwin Luisi, Rogério Fróes, Carlos Gregório, Hugo Carvana, José de Abreu, Ernani Moraes, Denise Weinberg.

A parceria entre o diretor Sergio Rezende e o ator Paulo Betti rendeu cinco filmes, sendo que dois deles foram grandes produções com temas históricos. O quase épico “Guerra de Canudos” de 1997 conta a história da famosa revolta ocorrida no interior da Bahia no final do século XIX, enquanto “Mauá – O Imperador e o Rei” tinha o objetivo de mostrar ao grande público a história pouco conhecida do grande empreendedor Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá. 

A narrativa começa em 1820, quando Irineu ainda criança tem o pai assassinado no interior do Rio Grande do Sul e sua mãe ao se casar novamente decide enviá-lo com o tio (Ernani de Moraes) para o Rio de Janeiro. O tio era uma traficante de escravos que por te contatos na então capital do país, consegue emprego para o garoto no empório de Pereira (Elias Mendonça). 

Já adolescente (interpretado por Jorge Neves), Irineu se torna o contador de Pereira, dando início a sua vida como negociante e empreendedor, não demorando para aflorar seu dom para os negócios e principalmente não ter medo de investir em seus sonhos. 

Anos depois (interpretado por Paulo Betti), Irineu se torna uma das pessoas mais ricas e influentes do Brasil Império, fato que desperta a inveja no Visconde de Feitosa (Othon Bastos), sujeito a favor da escravidão e conselheiro de Dom Pedro II (Rodrigo Penna), que influencia o rei para dificultar os negócios de Irineu. 

O grande destaque do filme é a riqueza da história de vida do Visconde de Mauá, que é mostrado como uma mente a frente do seu tempo e por isso se tornou uma espécie de inimigo do império, também por ser contra a escravidão, acreditar na livre escolha de trabalho e principalmente por realizar obras que fizeram o país avançar em direção ao fim da monarquia. 

Muitos não sabem, mas entre as obras do Visconde estão a reabertura do Banco do Brasil que havia falido nas mãos do império, a colocação de cabos submarinos telegráficos que ligaram o Brasil a Europa, a criação da empresa de iluminação do Rio de Janeiro, além de ter sido o homem que bancou a construção da ferrovia no país, negócio que o fez perder muito dinheiro por ter sido enganado pelo Barão de Rothschild (Richard Durden), seu sócio inglês no empreendimento. 

O roteiro mostra ainda seu casamento com a própria sobrinha (Malu Mader), sua amizade com o ex-escravo Valentim (Antonio Pitanga) e com outro banqueiro inglês, Mr. Carruthers (Michael Byrne) que foi seu mentor nos negócios, além do envolvimento com a Maçonaria, fato que o ajudou nos empreendimentos, mas também foi determinante para o ódio do Visconde de Feitosa. 

Mesmo com algumas falhas e as passagens do tempo que não ficam muito claras, o filme é extremamente interessante para quem gosta de história.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Silk Stalkings

Silk Stalkings (1991 a 1999)
Criador - Stephen J. Cannell
Elenco - Rob Estes, Mitzi Kapture, Charlie Brill, Chris Potter, Janet Gunn, Ben Vereen.

O produtor e roteirista Stephen J. Cannell foi um nome forte no comando de seriados de sucesso dos anos setenta aos noventa.

Seu foco era a criação de seriados populares, onde o principal era divertir o público e logicamente conseguir audiência, sem grandes preocupações com roteiros de qualidade.

Era uma época antes da HBO revolucionar os seriados elevando a qualidade das produções, das tramas e das interpretações, o que resultou nas séries de altíssimo nível dos dias de hoje, algumas até melhores que obras produzidas direto para o cinema.

Neste filão explorado por Cannell posso destacar séries como "O Esquadrão Classe A", "Super-Herói Americano", "O Homem da Máfia" e "Anjos da Lei", estes dois últimos com tramas um pouco melhor trabalhadas.

Este "Silk Stalkings" foi produzido numa época em que os seriados começavam a mudar na tv americana. Além das citadas produções da HBO, no mesmo ano era lançado "Nova York Contra o Crime", série que apresentava roteiros que pareciam pequenos filmes policiais e que se tornou um grande sucesso.

Como estas mudanças demoraram pelo menos uma década, "Silk Stalkings" também conseguir fazer sucesso e rendeu oito temporadas. Esta série foi o último sucesso de Cannell, junto com "Renegade", que ficou cinco anos no ar e tinha o canastrão Lorenzo Lamas como protagonista.

O sucesso de "Silk Stalkings" teve dois fatores principais: A química entre os protagonistas e as tramas que envolviam sexo e traição na elite de Los Angeles. A série tinha como protagonistas a dupla de detetives Chris Lorenzo (Rob Estes) e Rita Lee Lance (Mitzi Kapture), que a cada episódio investigavam crimes que tinham como motivos sexo e dinheiro, sempre apresentando mulheres voluptuosas e um clima de erotismo baseado na sugestão, sem cenas de nudez.

A dupla de protagonistas segurou a série por cinco temporadas, até que Cannell e os produtores decidiram trocar todo o elenco, substituindo o casal por Janet Gunn e Chris Potter, que ficaram na série por mais três temporadas, porém sem a química dos anos anteriores.

Após a virada do século a carreira de Cannell como produtor de seriados acabou, muito porque as tramas que estava acostumado a escrever já não agradavam ao novo público.

Cannell faleceu em 2010 e deixou como legado uma carreira com divertidos seriados populares.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

The Lunchbox

The Lunchbox (Dabba, Índia / França / Alemanha / EUA, 2013) – Nota 8
Direção – Ritesh Batra
Elenco – Irrfan Khan, Nimrat Kaur, Nawazuddin Siddiqui, Lillete Dubey, Nakul Vaid.

Saajan Fernandes (Irrfan Khan) é um viúvo solitário e amargurado que está prestes a se aposentar do trabalho de contador que exerce numa grande empresa. Ila (Nimrat Kaur) é uma dona de casa que cuida da filha e sofre com o marido que a ignora. 

Tentando fazer o esposo se reaproximar através da comida, Ila monta uma marmita especial (a lunchbox do título) para ser entregue ao marido, porém por um erro dos entregadores a comida acaba na mesa de Fernandes, que se assusta com a qualidade da refeição. Quando Ila descobre que a comida foi entregue para a pessoa errada, ela envia um bilhete e surpreendentemente recebe resposta, dando início a uma sensível relação à distância entre duas pessoas sofridas. 

Este simpático drama ambientado em Mumbai é uma grata surpresa, muito pela sensibilidade de como é criada a relação através da troca de bilhetes entre duas pessoas que não se conhecem. Em tempos de internet e informações rápidas, a espera dos personagens pelo bilhete do dia remete as antigas relações por cartas, onde os pares esperavam ansiosamente para ler as palavras do parceiro. 

O elenco ajuda muito na qualidade, com ótimos desempenhos do sempre competente Irrfan Khan (“As Aventuras de Pi”, “Quem Quer Ser um Milionário?), a bela Nimrat Kaur e o engraçado Nawazuddin Siddiqui, o jovem escolhido para substituir o personagem principal no trabalho e que pela insistência se torna seu amigo. 

O resultado é um ótimo drama sobre pessoas comuns, com um história contada com leveza, mesmo mostrando tristezas e frustrações.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

A Caminho da Copa

A Caminho da Copa (Brasil, 2012) – Nota 7
Direção – Carolina Caffé & Florence Rodrigues
Documentário

A Copa do Mundo começa amanhã e por mais triste que pareça, este evento que em tese serviria para unir, na realidade ajudou a dividir o Brasil de uma forma terrível. Protestos, manifestações, quebra-quebra e discussões nas redes sociais são exemplos de como este partido que governa o país há quase doze anos fomentou o ódio entre a população para benefício próprio, utilizando o estilo “dividir para conquistar”. Mesmo não acreditando nos outros partidos políticos também, não é possível manter as coisas como estão, a mudança precisa ocorrer nas próximas eleições, mais quatro anos com este tipo de governo será trágico para o país e a população.

Aqui em SP praticamente não existe clima de Copa do Mundo, entendo que se a seleção começar a vencer a festa vai surgir naturalmente, mas isso não esconderá o descontentamento de grande parte da população. 

Este documentário produzido em 2012 não tem uma grande qualidade analisando como cinema, mas por outro lado mostra alguns exemplos das absurdas desapropriações ocorridas em SP e no Rio de Janeiro para as obras da Copa e também das Olimpíadas de 2016. Esta expulsão da população carente de áreas onde os governos federais, estaduais e municipais desejam construir suas obras ocorreram em todas as sedes da Copa. Nas doze cidades do evento, milhares de famílias foram tratadas como objetos e removidas praticamente à força. 

Alguns dos entrevistados criticam com veemência esta situação, o jornalista Juca Kfouri, o professor Carlos Vainer e a socióloga Raquel Rolnik são vozes poderosas contra a situação, a última por sinal cita que a escolha de desapropriação de áreas onde vivem a população pobre é uma questão para diminuir o gasto público e valorizar os terrenos para lucro das incorporadoras e construtoras, ou seja, a maldita especulação imobiliária. 

Por outro lado, dois outros entrevistados dão depoimentos lamentáveis. Um tal de Toni Sando, citado como empresário do ramo hoteleiro, diz que “o mundo cruel” e “tirar a sujeira das ruas (no caso os pobres)” é algo normal para se mostrar aos convidados (os turistas). O outro sujeito é um vereador que não vale a pena sequer citar o nome, um dos principais articuladores do governo que faz a ligação com os clubes de futebol e federações, que aqui desdenha das reclamações das pessoas que foram desapropriadas. 

Quando o Brasil foi escolhido em 2007 para sediar a Copa, era fácil prever que seria uma verdadeira farra de dinheiro público sendo gasto, o que pessoa alguma sabia era o montante, que hoje aparentemente chega a 11 bilhões. Não esqueçam que as contas ainda não fecharam e que teremos mais dois anos de gastos para as Olimpíadas.

Para quem quiser ver o documentário, ele está disponível no Youtube neste link.

Indico também este outro link onde o comediante e apresentador inglês John Oliver explica de modo bem humorado e sarcástico como a FIFA está se aproveitando do Brasil para lucrar bilhões.

Agradeço a amiga Amanda do site CinePipocaCult por indicar este documentário.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Julgamento em West Point & A Condecoração


Julgamento em West Point (Assault at West Point: The Court-Martial of Johnson Whittaker, EUA, 1994) – Nota 6,5
Direção – Harry Moses
Elenco – Samuel L. Jackson, Sam Waterston, John Glover, Seth Gilliam, Al Freeman Jr, Robert Clohessy, Josef Somer, Val Avery, Greg German.

Em 1920 no Estado de Oklahoma, Johnson Whittaker (Al Freeman Jr) é procurado por um jornalista (Robert Clohessy), que deseja saber o que realmente ocorreu com ele durante a juventude quando era um cadete na escola militar de West Point. O velho Johnson decide contar sua história, começando em 1880 quando tinha vinte e um anos (interpretado por Seth Gilliam) e foi perseguido por ser o único cadete de cor negra. 

Johnson foi atacado por outros cadetes com máscaras que o deixarem quase morto, mas mesmo assim o exército decidiu julgá-lo como se ele próprio tivesse criado a cena de espancamento. No absurdo julgamento, Johnson é defendido por uma famoso advogado branco, Daniel Chamberlain (Sam Waterson), que pouco faz para ajudá-lo, mesmo tendo como auxiliar o advogado negro Richard Greener (Samuel L. Jackson), que por seu lado sente-se impotente por ser obrigado a seguir as instruções do sujeito sem contestar. 

Baseado numa história real tirada dos arquivos de West Point, este drama produzido para a tv é um vergonhoso exemplo de injustiça, onde o racismo transformou vítima em réu com a colaboração de vários indivíduos. A trama é melhor que o filme, que se mostra um pouco arrastado e didático, falta ritmo e emoção. Vale destacar a forte de presença de Samuel L. Jackson.

A Condecoração (Decoration Day, EUA, 1990) – Nota 7
Direção – Robert Markowitz
Elenco – James Garner, Judith Ivey, Bill Cobbs, Ruby Dee, Laurence Fishburne, Jo Anderson, Norman Skaggs.

O viúvo Albert Sidney Finch (James Garner) vive recluso nos arredores de uma cidade do interior dos Estados Unidos. Albert acaba sendo obrigado a visitar a cidade quando seu afilhado (Norman Skaggs) se mete em confusão, ao mesmo tempo em que um velho amigo de infância, o negro Gee (Bill Cobbs) se recusa a receber uma medalha de condecoração por sua participação na Segunda Guerra. 

Esta produção para tv toca com sensibilidade em temas universais como amizade e vida simples, além de colocar em discussão até que ponto uma condecoração por ter lutado na guerra é uma homenagem verdadeira ou se na realidade ela serve apenas para desenterrar tristes lembranças e traumas. Os destaques são as interpretações dos veteranos James Garner e Bill Cobb.    

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Yol - O Caminho

Yol – O Caminho (Yol, Turquia / Suiça / França, 1982) – Nota 8
Direção – Serif Goren & Yilmaz Guney
Elenco – Tarik Akan, Halil Ergun, Necmettin Çobanoglu, Meral Orhonsay, Serif Sezer.

Numa prisão de segurança mínima na Turquia, vários detentos conseguem uma espécie de liberdade provisória. Eles tem uma semana para visitar a família e depois precisam retornar para cumprir o resto da pena. A câmera segue três destes detentos. 

Seyit (Tarik Akan) viaja de trem para encontrar a esposa e os filhos. O problema é que ele descobre que foi traído e a própria família da esposa deseja que a mulher seja punida. Mehmet (Halil Ergun) também deseja visitar esposa e filhos, porém a família de sua mulher o culpa pela morte de um cunhado durante um assalto e deseja vingança. O terceiro sujeito é Omer (Necmettin Çobanoglu), um turco de origem curda que viaja até a vila onde nasceu e descobre que seu povo está sendo perseguido pelo exército turco. 

Este ótimo e praticamente esquecido drama sobre a opressão na Turquia é baseado nas memórias do diretor Yilmaz Guney, que durante os anos setenta ficou alguns anos preso por criticar o governo. Inclusive o longa foi filmado por seu amigo Serif Goren enquanto Guney estava preso. Ele fugiu da prisão de 1981 e foi morar em Paris onde conseguiu finalizar o longa que foi apresentado e elogiado no Festival de Cannes de 1982. 

O roteiro faz uma critica a sociedade turca da época, mostrando a opressão do governo turco através do exército que tratava todos como suspeitos e caçava aqueles que eram considerados inimigos, a extrema pobreza em que viviam os moradores das pequenas cidades e os preconceitos da própria população, principalmente contra a mulher. 

Algumas sequências são fortes, como as cenas com choros de crianças, o olhar perdido de vários personagens perplexos perante a falta de perspectiva, a tentativa de linchamento no trem e a caminhada no meio do gelo. 

É um grande filme que infelizmente poucos cinéfilos assistiram.

domingo, 8 de junho de 2014

Não Se Pode Viver Sem Amor

Não Se Pode Viver Sem Amor (Brasil, 2010) – Nota 5,5
Direção – Jorge Durán
Elenco – Cauã Reymond, Simone Spoladore, Ângelo Antônio, Fabiula Nascimento, Victor Navega Mott, Maria Ribeiro, Rogério Fróes, Babu Santana, Roney Villela.

Pouco dias antes do Natal, Roseli (Simone Spoladore) sai do interior do Rio de Janeiro levando o garoto Gabriel (Victor Navega Mott) para tentar encontrar o pai do menino que o abandonou ainda bebê. Em paralelo, o professor Pedro (Ângelo Ântonio) passa por uma crise no relacionamento com Malu (Maria Ribeiro), sem contar que ainda precisa fazer jornada dupla dirigindo o táxi do pai (Rogério Fróes). A terceira trama tem o jovem João (Cauã Reymond), um desempregado que deseja se casar com a dançarina de boate Gilda (Fabiula Nascimento), mas precisa conseguir dinheiro. 

A premissa de contar três histórias que se cruzam em determinado momento é interessante, porém a escolha do diretor Jorge Durán, um chileno radicado no Brasil desde os anos setenta, em criar uma trama com toques de fantasia através do personagem do garoto não funciona, muito pelo roteiro confuso que deixa a impressão de entregar um filme inacabado, inclusive pelo forçado final feliz com cara capítulo final de novela. Para piorar um pouco mais, o personagem do garoto Gabriel chega a ser irritante em alguns momentos. 

É estranho que o mesmo Jorge Durán tenha sido roteirista de grandes filmes como “Pixote” e “Lúcio Flávio – O Passageiro da Agonia”.

sábado, 7 de junho de 2014

Zulu

Zulu (Zulu, Inglaterra, 1964) – Nota 7,5
Direção – Cy Endfield
Elenco – Stanley Baker, Michael Caine, Jack Hawkins, James Booth, Ulla Jacobsson, Nigel Green.

Em 1879, uma missão em uma colônia britânica na África é avisada por um missionário (Jack Hawkins) e sua filha (Ulla Jacobsson), que quatro mil guerreiros zulus aniquilaram um batalhão com mil e duzentos soldados britânicos e que estão a caminho para destruir o local. 

O tenente Chard (Stanleu Baker) é o oficial em comando, que mesmo sendo alertado para o possível massacre, decide ficar no local com pouco mais de cem soldados para defender a missão. O segundo em comando é o tenente Bromhead (Michael Caine), sujeito de família tradicional no exército inglês, que não concorda com a decisão de Chard, mas aceita ficar ao lado do companheiro para cumprir seu dever. 

Baseado numa heroica história real, este drama de guerra segue o estilo clássico do gênero, intercalando pequenas histórias entre os soldados, com cenas grandiosas de batalhas com dezenas de figurantes. Para quem gosta do gênero, as cenas de ação são bem legais, tanto os tiroteios como as brigas entre soldados com baionetas e guerreiros zulus com lanças. 

O desenvolvimento dos personagens principais também é competente, com o prematuramente falecido Stanley Baker como o oficial decidido, um jovem Michael Caine como o aristocrata que precisa mostrar que é um verdadeiro soldado e Jack Hawkins como o missionário que declama salmos e faz sermões tentando fazer com que os soldados desistam de lutar para não morrer. 

Como informação, o diretor americano Cy Endfield foi um dos perseguidos pelo Macarthismo e por este motivo se mudou para a Inglaterra onde seguiu sua carreira. 

Uma espécie de prequel deste “Zulu”foi filmado em 1979 com o título de “Zulu Dawn” (“Alvorada Sangrenta”), com roteiro do próprio Endfield, tendo Burt Lancaster e Peter O’Toole como protagonistas e mostrando como teria ocorrido a batalha anterior a este filme, aquela em que os zulus massacraram os soldados ingleses.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O Homem Duplicado

O Homem Duplicado (Enemy, Canadá / Espanha, 2013) – Nota 7
Direção – Denis Villeneuve
Elenco – Jake Gyllenhaal, Mélanie Laurent, Sarah Gadon, Isabella Rossellini.

O professor de história Adam Bell (Jake Gyllenhaal) leva uma vida rotineira, quase frustrante em Toronto no Canadá. As aulas na universidade durante o dia e os encontros sexuais com a namorada (Mélanie Laurent) a noite são toda a vida do sujeito. Quando outro professor tentando puxar assunto com Adam, indica um determinado filme, ele fica curioso e decide assisti-lo. Para sua surpresa, durante uma cena Adam vê um figurante idêntico a ele. 

O fato mexe com o professor, que decide procurar o sujeito e descobre que seu sósia é o ator Anthony Saint Claire (também Gyllenhaal), que por seu lado passa por uma crise no casamento, principalmente porque a esposa (Sarah Gadon) está grávida. O encontro entre os dois sujeitos trará consequências inesperadas na vida dos casais. 

Baseado num livro de José Saramago, o diretor canadense Denis Villeneuve entrega um longa inferior a seus trabalhos anteriores, os ótimos “Incêndios” e “Os Suspeitos”, mas mesmo assim “O Homem Duplicado” não deixa de ser instigante. 

O ponto principal da trama é a insatisfação com a vida que os dois sujeitos idênticos apresentam, até quando descobrem terem uma cópia e passam a acreditar que a vida do outro é melhor. Esta possibilidade de mudança cria uma situação fora do comum, até a sequência final quase surreal, que foi filmada com o objetivo de deixar o espectador com um ponto de interrogação na cabeça. 

As imagens desfocadas propositadamente ajudam a mostrar uma Toronto sempre acinzentada, uma cidade de concreto totalmente sem alma, assim como se sentem os dois personagens principais. 

Vale destacar a boa atuação de Jake Gyllenhaal, que diferencia os dois personagens em pequenos detalhes e aparentemente no caráter, mesmo que no final tudo pareça voltar para o mesmo lugar.   

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Os Cafajestes

Os Cafajestes (Brasil, 1962) – Nota 6
Direção – Ruy Guerra
Elenco – Jece Valadão, Norma Bengell, Daniel Filho, Lucy de Carvalho.

O malandro Jandir (Jece Valadão) e o playboy Vavá (Daniel Filho) armam um esquema para levar Leda (Norma Bengell), que é amante do tio de Vavá, para uma praia deserta e fotografá-la sem roupa para desta forma extorquir o velho. Vavá precisa de dinheiro para salvar o pai da falência e oferece a Jandir seu carro conversível para ajudá-lo no golpe. 

A dupla consegue tirar as fotos e humilhar a mulher, mas esta faz um proposta para um golpe maior. Fazer o mesmo com a filha de seu amante, a jovem Vilma (Lucy de Carvalho), que é prima de Vavá e assim exigir uma quantia maior de dinheiro ao pai da garota. Novamente eles conseguem tirar as fotos, porém a atração de Vavá por Vilma e a crise na relação entre Jandir e Leda atrapalham os planos iniciais. 

Considerado um clássico do chamado Cinema Novo, este drama me decepcionou, muito pelo lentidão da narrativa e principalmente pela crise existencial dos personagens, num estilo que tenta copiar a Novelle Vague francesa, mas que deixa o sentimento de vazio. Não é um tipo de cinema que me agrada, fica a impressão de ser um filme que força a barra para se considerado uma obra intelectual ou algo do gênero. 

Muito da fama desta obra vem das cenas ousadas para a época, como a sequência em que Norma Bengell corre nua pela praia atrás do carro da dupla de malandros e a cena em que eles fumam maconha nas ruínas do forte ao lado de antigos canhões. 

No final me pareceu muita fama para pouco cinema.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Rush - No Limite da Emoção

Rush – No Limite da Emoção (Rush, Inglaterra / Alemanha, 2013) – Nota 8
Direção – Ron Howard
Elenco – Chris Hemsworth, Daniel Bruhl, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara, Pierfrancesco Favino, Christian McKay, Alistair Petrie, Julian Rhind Tutt, Colin Stinton.

Não dirijo, não sou fã de carros ou de corridas e jamais tive paciência para assistir um Grande Prêmio de Fórmula 1 do início ao fim, mesmo nos tempos de Piquet e Senna, mas isso não impediu que tivesse interesse em conhecer a história deste esporte, que por si só apresenta personagens fascinantes e disputas fantásticas. 

É curioso que este mundo da Fórmula 1 tenha sido pouco explorado pelo cinema. Temos o péssimo “Alta Velocidade” protagonizado por Stallone, o bom documentário “Senna” que foca mais no personagem e até o lançamento de “Rush”, o grande filme sobre o tema era “Grand Prix” de John Frankenheimer. 

Quando foi lançado no final dos anos sessenta, “Grand Prix” fez muito sucesso pelas cenas de corrida e principalmente pela recriação do som do ronco dos motores que rendeu o Oscar. Aqui em SP consta que no finado cine Comodoro as filas eram enormes, pois era a sala que tinha a melhor aparelhagem de som. Demorou quase cinquenta anos, mas surgiu um filme para superar “Grand Prix”. 

Esta parceria do diretor Ron Howard com o roteirista Peter Morgan (“A Rainha”, “Frost/Nixon”, “O Último Rei da Escócia”) foca na disputa pessoal entre o métodico piloto austríaco Niki Lauda (Daniel Bruhl de “Adeus Lênin”) e o festeiro e mulherengo inglês James Hunt (Chris Hemsworth, de “Thor”), que em 1976 disputaram o título do campeonato até a última corrida, passando inclusive pelo terrivel acidente que quase tirou a vida de Lauda. 

A trama começa no início dos anos setenta, quando os dois pilotos disputavam ainda a Fórmula 3 na Inglaterra e alguns incidentes na pista criaram uma grande rivalidade entre eles, passando depois pela forma como cada um conseguiu chegar na Fórmula 1, até a disputa de 1976.  O roteiro mostra ainda detalhes da vida pessoal dos pilotos, seus relacionamentos amorosos e também com outros pilotos. 

Quem conhece a história da Fórmula 1, sabe que diferente do que vemos na atualidade, onde a segurança dos pilotos é quase total e a vitória depende muito da tecnologia do carro, nos anos setenta a disputa era perigosa, muitas vezes fatal e o vencedor tinha quer ter talento, já que a diferença entre os carros era mínima e a briga por posições nas pistas aconteciam do início ao fim. 

Vários pilotos famosos da época são interpretados ou citados durante o filme. Temos o italiano Clay Regazzoni (Pierfrancesco Favino) que tem participação importante na trama, o ex-piloto Stirling Moss (Alistair Petrie) que era repórter na época e outros que são citados, como o americano Mario Andretti, o alemão Jochen Mass, o sulafricano campeão em 1979 Jody Scheckter e o brasileiro Emerson Fittipaldi, que por sinal é citado de forma pouco elogiosa pelos diretores da McLaren, que teriam sido enrolados pelo piloto. 

Como informação, o verdadeiro Niki Lauda auxiliou no roteiro como consultor, o que com certeza ajudou para que os fatos mostrados aqui chegassem bem próximos da realidade.

O resultado é um ótimo longa, com história interessante e bem contada, bons personagens e cenas de corrida competentes.

terça-feira, 3 de junho de 2014

O Mordomo da Casa Branca

O Mordomo da Casa Branca (The Butler, EUA, 2013) – Nota 7
Direção – Lee Daniels
Elenco – Forest Whitaker, Oprah Winfrey, Cuba Gooding Jr, Lenny Kravitz, Terrence Howard, David Oyelowo, Robin Williams, John Cusack, James Marsden, Liev Schreiber, Alan Rickman, Jane Fonda, Clarence Williams III, Vanessa Redgrave, Alex Pettyfer, Mariah Carey, Yaya DaCosta, Minka Kelly, Olivia Washington, Jim Gleason.

Por trinta anos, Cecil Gaines (Forest Whitaker) trabalhou como mordomo na Casa Branca, vendo de perto os problemas enfrentados por sete presidentes diferentes. 

O longa começa no final dos anos vinte, quando Cecil ainda criança vê a mãe (Mariah Carey) ser estuprada e o pai assassinado por um jovem fazendeiro (Alex Pettyfer). Levado para dentro da casa da família do rapaz que matou seu pai, Cecil se transforma em mordomo mirim de uma velha senhora (Vanessa Redgrave), até que decide seguir sua vida.

Alguns anos mais tarde, trabalhando como mordomo em um grande hotel, Cecil chama a atenção de um sujeito que o indica para trabalhar na Casa Branca. O roteiro mostra ainda a vida familiar de Cecil, seu casamento com Gloria (a apresentadora Oprah Winfrey) e a dificuldade de relacionamento com os filhos, principalmente o mais velho (David Oyelowo). 

O longa é baseado em um artigo escrito em 2008 sobre Eugene Allen, um mordomo negro que trabalhou por décadas na Casa Branca, porém o roteiro é uma ficção que modificou toda a história de vida de sujeito, provavelmente para encaixar fatos reais importantes na trama, colocando o protagonista como uma espécie de testemunha silenciosa da história. 

Além da boa atuação de Forest Whitaker, vale a destacar a participação de astros interpretando presidentes. Robin Williams é Eisenhower, John Cusack é Nixon, James Marden é Kennedy, Liev Schreiber é Lyndon Johnson e Alan Rickman se transforma em Reagan. 

A narrativa é correta até demais e a trama totalmente sem surpresas, resultando num típico produto hollywoodiano que prende a atenção, mas que se esquece facilmente após a sessão.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Em Busca de um Assassino

Em Busca de um Assassino (Texas Killing Fields, EUA, 2011) – Nota 7
Direção – Ami Canaan Mann
Elenco – Sam Worthington, Jeffrey Dean Morgan, Jessica Chastain, Chloe Grace Moritz, Jason Clarke, Annabeth Gish, Stephen Graham, Sheryl Lee, James Landry Hébert.

Na cidade de Little Texas, os detetives Mike (Sam Worthington) e Brian (Jeffrey Dean Morgan) são designados para solucionar o caso do corpo mutilado de uma mulher encontrada em um pântano. Em paralelo, a também detetive Pam (Jessica Chastain), que é ex-mulher de Mike e que trabalha em um condado vizinho, investiga o desaparecimento de outra mulher. 

A troca de informações entre os detetives leva a outros crimes semelhantes ocorridos na região. Com investigações individuais, cada detetive segue uma pista, chegando a diferentes suspeitos, sendo que Brian ainda tenta ajudar uma adolescente infratora (Chloe Grace Moritz) que vive com a mãe abusiva e o irmão. 

Este trabalho comandado pela filha de Michael Mann, se diz baseado numa história real, apresentando uma ótima premissa e a sempre instigante locação em uma pequena cidade na zona rural, porém fica claro que faltou a direção de alguém mais experiente, com seu certeza o próprio Michael Mann faria um grande filme. 

O longa não chega a ser ruim, o que atrapalha é o ritmo irregular e a direção de atores que por exemplo desperdiça o talento de Jessica Chastain. Por outro lado, a história prende a atenção e as cenas de ação são competentes.

É uma pena que uma premissa tão interessante tenha resultado num filme apenas mediano.

Como informação, os Killing Fields do título é uma área selvagem considerada amaldiçoada pelos índios e por muitos habitantes da pequena cidade.

domingo, 1 de junho de 2014

Séptimo

Séptimo (Séptimo, Argentina / Espanha, 2013) – Nota 6,5
Direção – Patxi Amezcua
Elenco – Ricardo Darin, Belén Rueda, Luis Ziembrowski, Osvaldo Santoro, Guillermo Arengo, Jorge D’Elia.

O advogado Sebastian (Ricardo Darin) vive em Buenos Aires e está em processo de separação da esposa Delia (Belén Rueda), que por seu lado deseja voltar para a Espanha e levar os dois filhos do casal. 

Em meio a este processo complicado, Sebastian chega ao apartamento da esposa para levar as crianças para escola. Ele costuma brincar com as crianças, enquanto desce do sétimo andar pelo elevador, os filhos seguem pela escada para tentar chegar primeiro ao térreo, porém neste dia eles desaparecem no meio das escadas. 

O desespero de pai e mãe para encontrar as crianças faz com que eles desconfiem de várias pessoas que vivem no prédio, como um delegado, um sujeito solitário, uma amiga da esposa e até o porteiro, sem contar que o sumiço também pode estar ligado com o trabalho do pai. 

Com uma ótima premissa, o longa prende a atenção por quase uma hora através de um narrativa consistente e pela dúvida que fica na cabeça do espectador sobre o que realmente ocorreu. Os problemas na trama surgem na meia hora final, quando o mistério é resolvido parcialmente e fica fácil para o cinéfilo acostumado com o gênero finalizar o quebra-cabeças.

A resolução além de ser fraca e previsível, ainda deixa vários furos na trama, o que compromete demais a qualidade do filme. É uma pena, a trama desperdiça o talento de Ricardo Darin, que como sempre está competente como o advogado que tem a vida virada de ponta cabeça e principalmente não explora como deveria todas as possibilidades da ideia inicial.