terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Um Barco e Nove Destinos

Um Barco e Nove Destinos (Lifeboat, EUA, 1944) – Nota 8
Direção – Alfred Hitchcock
Elenco – Tallulah Bankhead, William Bendix, Walter Slezak, John Hodiak, Mary Anderson, Henry Hull, Hume Cronyn, Canada Lee, Heather Angel.

Durante a Segunda Guerra Mundial, um navio de passageiros é atacado por um submarino alemão e os poucos sobreviventes ficam a deriva em um barco. 

Entre os sobreviventes estão um cínica jornalista (Tallulah Bankhead), um milionário (Henry Hull), quatro tripulantes do navio (William Bendix, John Hodiak, Hume Cronyn e Canada Lee), uma enfermeira (Mary Anderson) e uma mãe (Heather Angel) com um bebê. Este grupo heterogêneo de pessoas terá de lidar ainda com a presença do capitão do submarino alemão que afundou após o ataque (Walter Slezak). 

A pouca comida e água, a falta de uma bússola, uma tempestade, as diferenças de pensamento entre o grupo e a desconfiança com o alemão são os ingredientes para análise do comportamento de pessoas comuns em situação de risco. 

O grande acerto de Hitchcock, que se baseou num livro de John Steinbeck, foi criar personagens próximos da realidade, que sofrem com a situação, mas não tentam resolvê-la através de heroísmo ou cenas absurdas. Hitchcock procurou enfatizar o lado humano de cada personagem, com erros e acertos, sendo que até mesmo um ato de violência não é pré-determinado, mas sim consequência de uma gama de situações que explodem em certo momento. 

O longa ganha pontos ainda por ser o primeiro, ou pelo menos um dos primeiros a utilizar um único cenário em todo o filme e manter a atenção do espectador, sendo que Hitchcock explora com o talento usual o pequeno espaço para contar várias histórias e ainda criar uma ótima cena de tempestade. 

Apenas dois fatos hoje incomodam um pouco. Apesar da personagem de Tallulah Bankhead ser perfeita em seu cinismo, em algumas partes ela aparenta estar arrumada demais para quem esteve num naufrágio. Logo no início do longa, um dos personagens cita o fato, porém até quase na parte final ela ainda aparece com o cabelo sedoso e arrumado. 

O segundo ponto é a clara escolha do roteiro em transformar a história numa propaganda política contra os nazistas. Mesmo o ator Walter Slezak tendo uma boa interpretação, a ruindade do sujeito é exagerada. Esta situação pode ser relevada pelo fato do longa ter sido filmado no meio do conflito, onde o “esforço americano” para demonizar os nazistas era enorme. 

No geral é um ótimo drama, com algumas boas cenas de ação e personagens bem construídos.

3 comentários:

Gonga disse...

não conhecia, este cineasta tem tantos filmes que é quase hiposivel conhecer todas as suas obras.

Gilberto Carlos disse...

Um dos meus preferidos de Hitchcock. Só mesmo o "mestre" para dirigir um filme inteiro dentro de um barco e em nenhum momento ele ser chato. Primoroso!

Hugo disse...

Gonga - A filmografia de Hithcock é extensa, também ainda não consegui assistir a todos.

Gilberto - Hitchcock mostra um incrível domínio da linguagem cinematográfica num pequeno espaço.

Abraço