quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Meu Jantar com André

Meu Jantar com André (My Dinner with Andre, EUA, 1981) – Nota 7
Direção – Louis Malle
Elenco – Wallace Shawn, Andre Gregory.

Neste filme, o falecido diretor francês Louis Malle pode ser considerado apenas espectador de uma conversa entre dois sujeitos que discutem filosoficamente temas como carreira, teatro, destino, casamento, crenças, entre vários outros durante um jantar de quase duas horas. 

O longa foi uma ideia do ator Wallace Shawn e do diretor de teatro Andre Gregory, que durante um jantar real decidiram que a conversa entre os dois poderia render um roteiro. Eles repetiram o jantar algumas vezes e a partir daí desenvolveram o roteiro que resultou neste interessante filme. 

Exceto um prólogo que tem em torno de cinco minutos, com o ator Wallace Shawn se deslocando por Nova York para encontrar o amigo Andre e o epílogo quando ele retorna para casa de taxi analisando a conversa do jantar, o restante do filme se passa em um restaurante no tempo real do jantar da dupla. 

Os atores interpretam basicamente a si mesmos. Shawn estudava teatro com Andre e sonhava ser dramaturgo, mas desistiu da carreira pelo falta de oportunidades e decidiu se tornar ator. O fato o deixa preocupado em reencontrar o amigo após vários anos, também por que as informações que ele tinha era que Andre tinha surtado, abandonado carreira e família para viajar o mundo. 

Logo que se encontram, Shawn parece receoso, mas logo é envolvido pela fluente conversa do amigo, que conta ter viajado o mundo para ter novas experiências, o que conseguiu ao passar por vários países como Polônia, Índia e Tibete. 

Os diversos temas levantados por Andre fazem Shawn se envolver e opinar, o que gera um interessante debate, que mostra Shawn como um sujeito racional, que não acredita no acaso e deseja apenas ganhar seu dinheiro para viver, enquanto Andre procura algo mais do que bens materiais ou carreira. 

É difícil descrever o teor das conversas, algumas discussões chegam a ser incompreensíveis pela enorme quantidade de divagações ou por citações filosóficas demais. Os dois atores são o protótipo dos intelectuais novaiorquinos que Woody Allen costuma satirizar em seus filmes. É o tipo de longa que os cinéfilos que gostam apenas dos filmes de arte amam, enquanto o cinéfilo comum pode ser cansar com o falatório exagerado. Eu fico no meio termo, considero a premissa interessante, resultando em alguns bons diálogos que nos fazem refletir sobre a vida, porém o excesso de conversa filosófica acaba cansando e diminui a força da ideia.

Nenhum comentário: