quarta-feira, 18 de maio de 2011

Os Idiotas


Os Idiotas (Idioterne, Espanha / Dinamarca / Suécia / França / Holanda / Itália, 1998) – Nota 7
Direção – Lars Von Trier
Elenco – Bodil Jorgensen, Jens Albinus, Anne Louise Hassing, Troels Lyby.

Acabei de ler uma reportagem sobre a entrevista que Lars Von Trier deu no festival de Cannes e citou que sua família era nazista e que entendia Hitler. Este tipo de declaração misturada com outras anteriores e com seus filmes, fica claro que Von Trier é um marqueteiro que gosta de causar polêmica usando a maior cara de pau possível. Quem assistiu “Anticristo” por exemplo, não pode negar que a única intenção dele era chocar o público, o que acabou conseguindo. 

Sua carreira não é ruim, pelo contrário, tem bons trabalhos como este “Os Idiotas” e dramas como “Europa” e “Dançando no Escuro” mas sua intenção de chamar a atenção começou com o Movimento Dogma em meados dos anos noventa. O movimento foi criado por ele e pelo diretor dinamarquês Thomas Vinterberg, que pregavam um cinema mais simples, onde o som e a iluminação deveriam ser captados na hora da filmagem, a câmera deveria ser digital e usada na mão do diretor e estes detalhes não deveriam ser alterados na sala de edição. A idéia era boa, mesmo que no fundo fosse marketing puro e gerou filmes interessantes como “Festa de Família” de Vinterberg e “Mifune” de Soren Kragh Jacobsen, além de “Os Idiotas”. 

Este longa tem como base um grupo de amigos intelectuais que resolve agir como idiotas em todos os lugares, restaurantes, lojas, no dia a dia, culminando com uma orgia filmada em ângulos inusitados, inclusive com uma cena verdadeira de penetração. Como em quase todas as obras de Von Trier, a obra é polêmica, com as cenas filmadas com câmera na mão tremendo a todo momento e com certeza não sendo diversão para o consumidor de cinema, mas sim uma obra para cinéfilos analisarem e discutirem. Mesmo não gostando dos exageros do diretor, tenho de reconhecer que aqui ele acerta na inusitada história e nas curiosas cenas que beiram a anarquia.

4 comentários:

Luís Azevedo disse...

Estava mesmo agora a ler sobre essa entrevista. Até a publicidade tem limites. Se ele faz isto para vender, é de condenar, porque está a utilizar um dos movimentos ideológicos mais abomináveis de sempre para se publicitar. Se na realidade é um nazi, como afirma, é condenável porque, bem, é um NAZI!
Nos dias de hoje, os bons filmes quase invariavelmente terão um público. Isto parece-me simplesmente uma manobra de alguém completamente inseguro do seu trabalho.
Cumps Baú-dos Livros

Unknown disse...

Nao assisti esse filme,mas desde dogville, que acho um saco, ando meio desiludio com von trier, mas gosto bastante de Dançando no Escuro.
Acho que ele deve se achar o diretor/cineasta mais foda do mundo.
Muita pretensão.
Vlw

Amanda Aouad disse...

Eu gosto muito do trabalho de Lars Von Trier, mas não se deve mesmo levar a sério as falas e provocações dele. Agora a declaração foi bem menor do que a imprensa alardeou. Foi algo mais irônico, como "tá, todo alemão é nazista".

Quanto a Os Idiotas não gosto muito, acho que do Dogma o melhor filme é mesmo Festa de Familia.

bjs

Hugo disse...

Luís - Sendo verdade ou não, a declaração dele é puro marketing, no pior sentido possível.

Celo - Apesar de boa parte da crítica elogiar "Dogville" e "Manderlay', ainda não tive vontade de conferir.

Amanda - Entendo que foi algo apenas para polemizar, mas é tipo de brincadeira besta, no mínimo.

Abraço a todos